Poeticamente, Cruz e Sousa ironiza o romantismo da devoção às estrelas

Tribuna da Internet | Não há nada que domine e vença a alma romântica do  poeta, dizia Cruz e SousaPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Em sua visão poética, no soneto “As Estrelas”, ele questiona se tais astros não são sentimentos dispersos de primitivos grupos humanos.

AS ESTRELAS
Cruz e Sousa

Lá, nas celestes regiões distantes,
No fundo melancólico da Esfera,
Nos caminhos da eterna Primavera
Do amor, eis as estrelas palpitantes.

Quantos mistérios andarão errantes,
Quantas almas em busca de Quimera,
Lá, das estrelas nessa paz austera
Soluçarão, nos altos céus radiantes.

Finas flores de pérolas e prata,
Das estrelas serenas se desata
Toda a caudal das ilusões insanas.

Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
Se as estrelas não são os ais perdidos
Das primitivas legiões humanas?!

4 thoughts on “Poeticamente, Cruz e Sousa ironiza o romantismo da devoção às estrelas

  1. O poeta Cruz e Souza, que muito me honra por ter nascido na mesma terra que também nasci, chama a minha atenção, pelas fotos que ficaram dele, a sua aparência física com o ator americano Eddie Murphy.

    • A principal cinebiografia sobre o poeta é “Cruz e Sousa – O Poeta do Desterro”, de 2007, dirigida por Sylvio Back. O filme dramatiza a vida de Cruz e Sousa, um descendente de escravos que se tornou o fundador do Simbolismo no Brasil, destacando sua luta contra o preconceito racial, sua paixão pela poesia e seu reconhecimento póstumo.

      • Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
        Se as estrelas não são os ais perdidos
        Das primitivas legiões humanas?!

        A intuição do poeta, polissêmico, atravessa o espaço e o tempo.

  2. Lá, nas celestes regiões distantes,
    No fundo melancólico da Esfera,
    Nos caminhos da eterna Primavera
    Do amor, eis as estrelas palpitantes.
    =======

    Como as coisas mudam com o conhecimento… Essa concepção de universo esférico, perfeito, com estrelas fixadas nos limites da esfera já foi tida como verdade. Hoje sabemos que cada estrelinha cintilante queima energia equivalente a 10 bombas nucleares por dia!
    Se formos mais distantes no tempo, vamos aprender que nossa terra, com tudo o que nela existe, foi feita em 7 dias!
    Mas poeta é poeta e como tal pode até falar e ouvir estrelas…

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