Relatório da CPI quer indiciar seis generais e os ex-comandantes das Forças Armadas

Relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama lê relatório final com indiciamento de bolsonaristas

Relatora da CPI aproveita seus últimos 15 minutos de fama

Camila Turtelli e Eduardo Gonçalves
O Globo

O relatório final da CPI de 8 de janeiro pediu o indiciamento de Jair Bolsonaro, seis generais e dois ex-comandantes das Forças Armadas por suposto envolvimento nos atos golpistas. O texto foi apresentado nesta terça-feira pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) em sessão no Senado.

O relatório atribui a Bolsonaro crimes de associação criminosa, violência política e golpe de estado. E na lista dos indiciamentos propostos, estão os ex-comandantes da Marinha e do Exército: Almirante Almir Garnier Santos e General Marco Antônio Freire Gomes

OUTROS GENERAIS – Também foram acusados generais que foram ministros no governo Bolsonaro: General Braga Netto (Defesa e Casa Civil); General Augusto Heleno (GSI); General Eduardo Luiz Ramos (Secretaria de Governo); General Paulo Sérgio Nogueira (Defesa)

Militares da ativa que foram ajudantes de ordens ou assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro também estão no rol dos pedidos de indiciamento: Tenente-coronel Mauro Cid, Coronel Marcelo Câmara e Sargento Luis Marcos Reis

Os militares foram acusados por crimes diferentes, que vão desde prevaricação a abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que é capitão da reserva, também teve o indiciamento pedido pelos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de depor governo legitimamente constituído e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.

FICARAM DE FORA – Alguns militares que chegaram a ser ouvidos pela CPI, como o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI, e o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que era o chefe do Comando Militar do Planalto no início do ano, ficaram de fora do relatório final.

A relatora da CPI atribuiu ao ex-comandante do Exército o crime de prevaricação. Segundo ela, o general Freire Gomes “atuou para cessar” a desmobilização do acampamento golpista montado em frente ao Quartel General, que ficava próximo à sua residência na Quadra dos Generais. Pelo menos duas operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) foram abortadas no fim do ano passado por determinação do Comando do Exército.

A relatora escreveu que Freire Gomes “deixou de praticar, indevidamente, ato de ofício, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, consubstanciado em evidente simpatia para com os manifestantes que estavam cometendo crimes militares”.

GRAVES CRIMES – O texto acusa o almirante Garnier Santos dos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. A relatora escreveu que Garnier era um dos “elementos que alimentavam o espírito golpista de Bolsonaro”.

Ela afirmou que Garnier “aderiu” ao plano golpista e teria “concordado em executar” a trama junto a Bolsonaro.

Eliziane disse que retirou essas informações de “relatos jornalísticos no âmbito da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parece Piada do Ano. Os oficiais superiores que prestaram depoimentos foram inocentados. Os que sequer foram convocados a depor foram incriminados. E o que vai acontecer com eles? Nada vezes nada. Apenas isso. (C.N.)

É vergonhosa a lista de oficiais-generais que a CPI do Golpe “esqueceu” de ouvir

Altamiro Borges: Capitão humilha generais. Santos Cruz reage! - PCdoB

Charge do Céllus (Arquivo Google)

Francisco Leali
Estadão

Foram 22 reuniões em cinco meses de trabalho. De lá para cá, a CPI que começou em maio deste ano querendo apurar os responsáveis pela tentativa de golpe no 8 de janeiro ouviu alguns ex-ministros, um ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal e ex-comandantes da PM do Distrito Federal. Até onde se sabe, não trouxe à tona uma nova descoberta e preferiu poupar a cúpula das Forças Armadas.

Com sessões transmitidas ao vivo, a CPI patrocinou inúmeras cenas de embate político, comuns à arena que contrapõe governo e oposição. Mas houve momentos em que o decoro saiu da sala. Descambou-se para a falta de educação e até a truculência. As cenas que vão para os anais do Congresso estão ainda repletas de momentos de rara insignificância como a discussão sobre o senador e a senadora que fazem a sobrancelha.

FAZER A SOBRANCELHA – Na sessão da CPI do 8 de Janeiro do dia 3, por exemplo, a senadora Soraya Thronicke perguntou se o deputado Marco Feliciano fazia a sobrancelha e foi acusada pelo colega de “homofobia”.

No que de fato deveria importar à comissão com objeto de investigar uma tentativa golpista, deputados e senadores atiraram para vários lados. Foram despachados 709 ofícios a órgãos investigativos, para a Polícia Militar do DF e ao Judiciário. Tudo em busca de provas sobre quem organizou e financiou os atos que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.

Enquanto isso, a oposição ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro posou como guarda da imagem do governo que findou-se nas urnas, mas deu mostras de querer perpetuar-se ignorando o resultado da votação.

DINO NA MIRA – Nessa cruzada, o ministro da Justiça, Flávio Dino, virou alvo prioritário. A base bolsonarista na CPMI tirou proveito da reação injustificável de Dino que, logo de cara, recusou-se a entregar gravações de câmeras do 8 de janeiro que Congresso e até o Palácio do Planalto já tinham liberado. Se tivesse avisado logo de início que não tinha mais todas as imagens, teriam esvaziado a munição que recebeu na comissão e nas redes sociais.

Do lado governista, apontou-se para Jair Bolsonaro. Seu nome foi repetido inúmeras vezes nas sessões da CPI. O ex-ministro do GSI, general Augusto Heleno, foi chamado para se explicar. Comportou-se como o general de pijama contrariado, soltando palavrões por ser confrontado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

O vice na chapa presidencial, general Braga Netto, chegou a ser convocado, mas a comissão desistiu de ouvi-lo. A desistência poderia entrar num imaginário capítulo final da CPI cujo título poderia ser: Oficiais generais não ouvidos.

FICARAM DE FORA – Além de Braga Netto, a comissão não ousou chamar para se explicar os três comandantes militares que estavam no posto quando a turba entrou no Planalto, no Supremo Tribunal Federal e no Congresso. General, almirante e brigadeiro foram deixados de lado, ainda que a suspeita sob investigação era de que parte das Forças Armadas, em alguma medida, preferiu eximir-se de conter a barbárie, já que há meses silenciosamente parecia concordar com o que se pregava nos acampamentos na porta dos quartéis.

Nos arquivos da CPMI restarão, sem apreciação, 1,3 mil requerimentos. Entre eles, pedidos de convocação dos comandantes militares. Foram parcialmente atendidos apenas os pedidos para que o STF compartilhasse as provas que tem sobre os atos extremistas.

A comissão vai para o fim sem saber o que de fato o tenente-coronel Mauro Cid apresentou em sua delação premiada. E o que o oficial disse sobre Bolsonaro ficará para a Justiça resolver.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. A CPI foi um peça de teatro mal encenada. Nenhum general será punido. É uma certeza, até aceitamos apostas, mas ninguém tem coragem de topar. (C.N.)

Pacheco quer facilitar impeachment de comandante militar e há controvérsias

Comandos militares terão foto de comandantes batendo continência a Lula |  Metrópoles

Lula fica quieto e não opina a respeito do projeto de lei

Thaísa Oliveira e Cézar Feitoza
Folha

A proposta de reformulação da lei do impeachment apresentada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem mobilizado a oposição de militares por prever, entre outros pontos, crime de responsabilidade para comandantes das Forças Armadas. A reclamação dos militares também ocorre por receio de brecha que permita os comandantes serem julgados em duas instâncias: a civil e a militar.

O projeto de lei continua em fase inicial de discussão, mas a entrega da relatoria ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula (PT), foi vista como um sinal de que Pacheco quer dar andamento ao tema. Desde então, militares já procuraram o gabinete do relator e apresentaram emendas para tentar alterar o texto.

ARTIGO VILLAS BÔAS – Um dos pontos mais criticados é o que prevê impeachment do comandante de Força em caso de manifestação político-partidária.

O trecho chegou a ser apelidado de “artigo Villas Bôas”, em referência ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas. Foi dele a autoria de um tuíte em 2018 às vésperas de julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) de um recurso que poderia livrar Lula (PT) da prisão.

A manifestação nas redes sociais foi entendida como uma ameaça ao Supremo. Em livro biográfico, Villas Bôas disse que os tuítes foram “um alerta”.

CRIME DE RESPONSABILIDADE – O projeto regulamenta o artigo da Constituição que trata de crimes de responsabilidade. O dispositivo constitucional prevê que compete ao Senado “processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles”.

A proposta visa preencher o vácuo deixado por essa redação, uma vez que não há detalhamento sobre em quais hipóteses o impeachment dos militares pode ocorrer — bem como os ritos que precisam ser observados.

A possibilidade de destituição de altos cargos públicos pelo Legislativo varia de país para país. O portal mantido e atualizado pela Livraria do Congresso dos EUA, por exemplo, explica que naquele país existe a interpretação entre os primeiros estudiosos do documento de que oficiais militares não estão sujeitos à possibilidade de impeachment.

MOURÃO REAGE – O senador e ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) é um dos autores de emendas que se opõem à previsão do impeachment de comandante em caso de manifestação político-partidária.

“Ele [comandante] não pode defender o partido A ou o partido B. Agora, dentro da política da Força, quem fala pela Força é ele. Ele é o representante da Força para isso”, disse à Folha Mourão, que é general da reserva.

“Por exemplo: ele [comandante] considera que o Hamas é uma organização terrorista e o governo nunca fala isso. Você não pode tachar isso de crime de responsabilidade do comandante. [Proibir manifestação] partidária com certeza, até porque o nosso regulamento proíbe.”

MAIS CRÍTICAS – Outros trechos da proposta em análise também são alvo de críticas de integrantes das Forças. As assessorias parlamentares militares tentam excluir, por exemplo, dispositivo que diz ser crime de responsabilidade “retardar ou deixar de cumprir ordem do presidente da República ou do ministro da Defesa, salvo quando manifestamente ilegal”.

Militares ouvidos pela Folha afirmam que a redação é muito abrangente, porque o conceito de retardar o cumprimento de ordem do presidente é subjetivo.

Membros das Forças também contestam outros pontos do texto, como o de “incitar a participação ou participar de greve ou motim de militares”. As leis que regem a carreira militar já classificam o ato como crime. Os militares temem que a proposta, caso aprovada, leve os comandantes para julgamento na Justiça civil. Eles preferem ser julgados pelo STM (Superior Tribunal Militar).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trata-se de uma regulamentação necessária, pois o impeachment dos comandantes militares já está previsto na Constituição, dentro das quatro linhas, portanto. (C.N.)

É dia de lembrar Helio Fernandes, o maior jornalista brasileiro de todos os tempos

Morre o jornalista Helio Fernandes, aos 100 anos - Janela ...

Helio Fernandes trabalhou até morrer, aos 100 anos de idade

Vicente Limongi Netto

O valoroso repórter (como ele próprio se denominava) era o decano do jornalismo mundial e partiu com 100 anos de idade. Hoje, dia 17, nosso eterno e saudoso Hélio completaria 103 anos de idade. Até o fim, não deixava de escrever no blog e dava entrevistas a cineastas, estudantes e pesquisadores.

Helio Fernandes foi o jornalista que mais vezes esteve preso ou detido para averiguações no regime militar, confinado três vezes – em Pirassununga, Campo Grande e Fernando de Noronha.

JULGADO NO STF – Foi também o único jornalista a ser julgado no Supremo, quando o presidente João Goulart quis prendê-lo por divulgar um documento secreto do Exército, sem revelar sua fonte, que tinha sido o general Cordeiro de Farias. 

A vida inteira ele defendeu a liberdade de imprensa e a democracia. Jamais se submeteu aos caprichos de poderosos de plantão. Por décadas foi conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa.

Escrevia com coragem, destemor e isenção. Sobre todos os assuntos. Tinha memória privilegiada.

Oportunistas e demagogos tinham pavor das verdades e denúncias de Helio Fernandes, que não se intimidou nem mesmo quando falsos democratas jogaram bombas no prédio da Tribuna da Imprensa, em 1981.

FILHOS NOTÁVEIS – Detalhe importante: o mestre teve três filhos jornalistas, que também se destacaram na profissão. Helio Fernandes Filho, que foi vereador e diretor-executivo da Tribuna da Imprensa; Rodolfo Fernandos, respeitado e qualificado diretor de redação de O Globo; e Ana Carolina Fernandes, premiada fotógrafa da Folha. Os outros dois, o cineasta Bruno Fernandes e Isabela, produtora cinematográfica.

Helio Fernandes foi um patriota autêntico, que lutou até o fim pelos interesses nacionais. Seu jornal, a Tribuna da Imprensa, foi o único que ficou sob censura no regime militar por dez anos, de 1968 a 1978.  

Seu exemplo para sempre há de ser lembrado.

Cid tentou poupar ala militar do governo de Bolsonaro em sua delação premiada

O tenente-coronel Mauro Cid durante depoimento na CPI do 8 de janeiro

Delação começa a cheirar mal e já incomoda o próprio Cid

Bela Megale
O Globo

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, buscou poupar os ministros da ala militar do governo anterior em sua delação premiada. Essa é a avaliação feita por membros do Judiciário e investigadores à coluna.

Em sua delação, o tenente-coronel implicou diretamente Bolsonaro, detalhando reuniões que o ex-presidente fez para debater uma minuta golpista, mas evitou apresentar elementos consistentes que envolvessem militares que integraram a Esplanada dos Ministérios.

APENAS CITADOS – Ex-ministros que são generais da reserva chegaram a ser citados de “maneira superficial”, segundo envolvidos na negociação do acordo de Cid, mas não são o foco principal dos relatos.

O próprio pai do ex-ajudante de ordens, o general Mauro Lourena Cid, levou a colegas da caserna que fizeram parte do governo Bolsonaro o recado de que não eram o alvo dos relatos. Depois que a homologação do acordo veio à tona, Lourena Cid trocou de telefone e submergiu, como informou a coluna.

Isso não significa, porém, que esse grupo está fora do radar das investigações. A Polícia Federal tem outras frentes de apurações e provas que implicam membros da ala militar do governo Bolsonaro, independentemente da delação de Cid.

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NOTAS DA REDAÇÃO DO BLOG
Há quem acredite em punição de generais bolsonaristas, mas minha ironia não chega a tanto. Já entramos na parte final de outubro, até agora não tem envolvimento de general em inquérito, quanto mais incriminação em processo. Aceito aposta. Nenhum deles será condenado. O Supremo prefere se divertir rotulando de “terroristas” aquelas vovozinhas que foram enganados pelo lobo mau e invadiram as casas dos porquinhos. Para mim, terroristas são os militantes do Hamas, do Hezbollah e do Estado Islâmico, que mais parecem diabos envolvidos em supostas guerras santas. E o resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)    

No caso da Uber, a culpa é dessa “gente malvada” que divide mal a abundância… 

- Olhar Digital

Uber diz que não vai aumentar incentivos para motoristas

Eduardo Affonso
O Globo

A riqueza global voltou a crescer, depois da queda registrada em 2022. Estima-se que aumente 38% até 2027 — e que esse aumento, nos países emergentes, contribua para a redução da desigualdade. Os culpados são os capitalistas, essa gente malvada que prefere dividir mal a abundância a ratear salomonicamente a miséria.

Felizmente, há pessoas boas e sensíveis, que ficam chocadas com o aumento no número de milionários — e, no bom combate aos muito ricos, acabam nem percebendo que os pobres têm ficado menos pobres.

O CASO DA UBER – Uma dessas almas nobres é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. O ex-sindicalista está incomodado com o liberalismo das relações entre a Uber e os motoristas que, voluntariamente, usam a plataforma para garantir o próprio sustento e o de suas famílias.

O ministro quer melhorar a vida de mais de 1 milhão desses trabalhadores — que hoje escolhem o dia e o horário em que desejam trabalhar, que clientes aceitam, para onde topam fazer a corrida e por quanto tempo estão dispostos a ficar no batente. Sabendo, claro, que seus ganhos dependem dessas escolhas.

Como as negociações andam difíceis (envolvem remuneração mínima, seguridade social, segurança no trabalho, autonomia ou vínculo empregatício etc.), o ministro meteu o pé no acelerador, seguido de uma guinada à esquerda, sem dar seta: “Se caso (sic) queira sair [do Brasil], o problema é só da Uber, porque outros concorrentes ocuparão esse espaço, como é no mercado normal”.

MAIS HUMANO – Marinho sugeriu o desenvolvimento de um aplicativo “mais humano”, que permita ao motorista “trabalhar sem a neura do lucro dos capitalistas” — missão entregue aos Correios, que, como estatal, não têm neura com a questão do prejuízo.

O “mercado normal” a que se refere o ministro deve ser aquele que ele abomina, justamente pela livre concorrência. Algo que, por sinal, já existe: não faltam outras plataformas no segmento (99, BlaBlaCar, inDriver). Todas, possivelmente, desumanas, eis que portadoras de NLC (Neura de Lucro Capitalista), enfermidade ainda não incluída no CID, mas endêmica nos países que geram riqueza.

Mas o ministro está certo. Se o Tinder não quiser garantir a seus usuários o direito a união estável, pensão, comunhão total (ou parcial, que seja) de bens — e insistir em mantê-los em condição análoga ao concubinato, sujeitos a ghosting (em português arcaico, “tomar chá de sumiço”) —, a Petrobras pode assumir o nicho dos apps de relacionamento. A petroleira tem experiência em encontrar parceiros: deu match com Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Mendes Junior, Odebrecht e Queiroz Galvão. E sempre encontrou bons partidos.

OUTROS EXEMPLOS – Se o iFood quiser ir embora, a Conab se encarrega — afinal, é a Companhia Nacional de Abastecimento. Se o Airbnb não se enquadrar na Lei do Inquilinato, entra a Caixa, com o Minha Casa por Temporada, Minha Vida.

O Estado não consegue garantir alfabetização, água encanada, esgoto, remédio e segurança. Mas se acha em condições de pegar, na porta de casa, em cinco minutos, o ilustre passageiro que foge do deficiente transporte público e de deixá-lo no destino.

E por valor menor que o do táxi, tendo na direção alguém em pleno gozo dos direitos trabalhistas. É capaz até de voltar a oferecer uma balinha — agrado que a neura do lucro capitalista sonegou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Com todo respeito ao arquiteto Eduardo Affonso, o problema ocorre no mundo inteiro e merece maior reflexão. Em Nova York, por exemplo, a Justiça decidiu que Uber, DoorDash e GrubHub devem pagar US$ 18 por hora aos entregadores da cidade, causando um tumulto total. Como sabemos, a pobreza gera a necessidade, mas precisamos ter o mínimo de compaixão quando se constata que há demasiada exploração do homem por supostas empresas. Digo supostas empresas, porque a Uber é virtual e nem precisa ter sede. Pensem sobre isso. (C.N.)

No conflito Israel-Palestina, quem é treinado sente de longe um fedor de antissemitismo

A ifoi executada em técnica manual com lápis de cor sobre papel, em acabamento texturizado com marcas de ponta de lápis.  A imagem horizontal, proporção 17,5cm x 9,5cm, apresenta uma paisagem das construções da antiga Massada, no topo de uma montanha em meio a penhascos íngremes (em cor azul). Num primeiro plano, no canto direito inferior, 2 corvos estão em pé de perfil no topo de umas pedreiras (em cor verde). Ao fundo, montanhas de um imponente penhasco (em cor laranja) e uma revoada de corvos. O céu, ao fundo, é cor de rosa.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

A Israel moderna nasceu do Holocausto e pode vir a perecer noutro massacre. Como seria o mundo dos judeus sem Israel? Esta é a intenção do Hamas: a extinção de Israel. Façamos um exercício de imaginação irônica. As forças democráticas da resistência palestina, Hamas e Hizbullah, venceram a guerra e ocorre a ocupação.

A Palestina, agora livre do colonialismo judeu, poderá se tornar uma bela democracia sob a batuta do Hamas. A lei islâmica imperará sob a terra, antes ocupada por sionistas racistas.

MUITAS MUDANÇAS – Bolsas de estudo seriam dadas aos muitos defensores da resistência anticolonialista. Membros do PSOL poderiam mandar seus militantes LGBTQIA+ estudarem a lei islâmica, tal como o Hamas a entende —longe de ser a única interpretação entre os muçulmanos. Estou certo que o convívio seria o mais tolerante já visto na face da terra.

Todos os ocidentais que odiavam o extinto estado judeu poderão circular livremente pelas terras democráticas. Todas as religiões que consideravam o estado judeu terrorista poderão abrir seus templos e pregar sua fé para a população árabe, que seguramente teria liberdade para se converter ao que lhes agradar.

Mas, como fazer a gestão do extinto estado colonialista judeu e sua deplorável população? Haveria cota de pessoas a serem mortas? Estupros legítimos? As feministas antissionistas determinariam quais mulheres devem ser poupadas e quais devem ser castigadas?

AUTONOMIA FEMININA – Pessoalmente, entendo que o princípio da interseccionalidade deveria reger a assembleia, seguramente livre, e dar voz apenas as mulheres nesse assunto — claro que o Hamas concordaria com essa autonomia feminina —, já que apenas elas têm lugar de fala para decidir quem deve ser estuprada em nome de uma Palestina livre e quem merece cidadania na nova terra libertada.

O Hamas tomaria posse de toda a riqueza material e imaterial produzida pelos terroristas sionistas até então. Os jardins construídos em meio ao deserto seriam, agora, geridos por um governo amante da paz.

Mais idosos seriam eliminados em prol da população livre? O Hamas queimaria mais pessoas dentro de carros como fizeram no início da sua grande batalha anticolonialista, no último dia 7 de outubro?

DIREITOS ASSEGURADOS – Campos de prisioneiros judeus usufruiriam das práticas super-humanas típicas de grupos como o Estado Islâmico, o Talibã e o Hamas. Seguramente sinagogas seriam respeitadas e os judeus estariam livres para praticar seu culto.

Agora, de volta ao presente. Imagine alguém estuprando mães, matando filhos, arrastando pelas ruas mulheres mortas, colocando crianças em gaiolas. Agora eu pergunto: que tipo de gente é essa? Resistentes?

Que não me venham com argumentos de má-fé de que isso é resistência contra o colonialismo. Pouco importa o quanto se florear esse argumento, na base está a mesma coisa: antissemitismo. Esse fedor se sente de longe. E ele está se espalhando pelo mundo para quem tem olfato.

NADA DE NOVO – “Especialistas” no conflito israelo-palestino culpam as vítimas do massacre recente —israelenses— por terem sido massacrados. Nada de novo no front.

O antissemitismo em setores da esquerda é uma questão de princípio hermenêutico, desde Stalin. Enfim, o ódio prático do Hamas é um “ódio do bem” para quem gosta de ver judeu morto.

O conflito israelo-palestino é uma fratura espiritual na inteligência pública ocidental. Suas vísceras estão expostas depois desse ataque terrorista que começou no sábado retrasado.

MAIS EDUCADO – O velho antissemitismo volta às ruas, mas, dessa vez, comendo de garfo e faca, e se comportando dentro da etiqueta acadêmica. No fundo da alma, uma boca cheia de água de tanto gozo oculto.

Para entender um pouco a psicologia de um soldado de Israel agora você deve ter em mente que perder uma guerra para os árabes será sempre a extinção do estado judeu.

Eles lembram da história de Massada, quando a última resistência aos romanos, formada por centenas de soldados, cometeu suicídio na fortaleza de Massada, ao lado do Mar Morto. Todo soldado de Israel repete essa frase na sua formação: “Massada nunca mais”. É isso que vamos assistir na segurança de nossos lares e de nossos posts.

Procurador quer Bolsonaro inelegível pelo “uso eleitoral” das festas do 7 de setembro

Jair Bolsonaro durante ato de 7 de Setembro em 2022

Bolsonaro agiu infantilmente ao antecipar sua campanha

Julia Affonso
Estadão

 A Procuradoria-Geral Eleitoral defendeu junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), neste domingo, 15, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ficar inelegível novamente, agora por promover a candidatura durante a celebração oficial do Bicentenário da Independência, no ano passado. O Ministério Público apontou que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e conduta vedada a agente público em campanha eleitoral, em três processos sobre os atos de 7 de setembro de 2022, em Brasília e no Rio.

Bolsonaro já está inelegível até 2030, em outra decisão do TSE, desde junho. Por 5 votos a 2, os ministros da Corte Eleitoral enquadraram o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão da reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas.

CAMPANHA ANTECIPADA – Nos processos sobre o 7 de setembro, Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa, são acusados por abusos de poder político e econômico, por usarem cerimônia oficial para fazer campanha eleitoral, e conduta vedada a agente público, por se favorecerem de verbas públicas, pessoal e material da União nos eventos.

No documento, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, afirma que “a prova dos autos revela uma intencional hibridação dos eventos oficiais, custeados e organizados pelo governo federal, com os atos de campanha do candidato à reeleição”.

“Observa-se uma apropriação de segmentos da estrutura administrativa do Estado com desvirtuamento de atos oficiais comemorativos de data de singular relevância simbólica no calendário cívico”, afirmou Gonet Branco. “A interferência desses atos sobre a lisura do pleito é inequívoca, com favorecimento da candidatura dos investigados, em detrimento dos seus concorrentes.”

USO INDEVIDO – Segundo o vice-procurador-geral, Bolsonaro poderia, “sem dúvida”, estar nas festividades. O que o ex-presidente não poderia fazer, afirmou, era transformar os atos em campanha eleitoral, “com exploração de investimentos de recursos do erário, de pessoal e de bens públicos”.

Gonet Branco apontou que, na manhã de 7 de setembro do ano passado, no Palácio do Planalto, Bolsonaro concedeu uma entrevista convocando a população para o ato. Em seguida, o então presidente passou a “exaltar” a gestão, a economia do País e outros temas considerados eleitorais.

“O fato é que, tanto em Brasília como no Rio de Janeiro, houve estratégia de fusão dos eventos oficiais de desfiles militares e de ritos institucionais com os atos de campanha do primeiro investigado (Bolsonaro), realizados na vizinhança imediata e em que foram proferidos discursos de inegável conteúdo eleitoral”, pontuou Gonet Branco.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esse processo é novo. Bolsonaro já condenado em uma ação e nesta terça-feira, dia 17, será julgado em outras três questões pelo TSE. E ainda ficam faltando outros onze processos. Isso significa que ele pode exercer a liderança política que conquistou, mas nunca mais disputará eleição. (C.N.)

PT agora critica “assassinatos e sequestros” cometidos pelo Hamas e também por Israel

Depois da repercussão, Gleisi Hoffmann nega que PT autorizou alianças com  PSDB e DEM - Blog do BG

Desta vez, Gleisi não quis assinar a nota oficial do partido

Deu em O Globo

O Partido dos Trabalhadores divulgou, em seu site, na tarde desta segunda-feira, uma nova nota oficial a respeito do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Ao contrário do primeiro texto, publicado no dia 7 de outubro, data do primeiro ataque da organização extremista, o Hamas é, desta vez, citado nominalmente pelo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O comunicado do PT, no entanto, recrimina em igual medida o próprio Estado de Israel. “Condenamos os assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, diz a nota, assinada pelo Diretório Nacional da sigla.

RELAÇÕES DO PT – O primeiro texto era chancelado por Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e Romenio Pereira, secretário de Relações Internacionais da legenda. Nessa nova declaração, o partido frisa que mantém, historicamente, “relações partidárias unicamente com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), assim como com a Autoridade Nacional Palestina, sediada em Ramallah”. Desde que o conflito eclodiu, a oposição, sobretudo grupos bolsonaristas, vem tentando vincular o Hamas diretamente ao PT.

“O PT apoia, desde os anos 1980, a luta do povo palestino por sua soberania nacional, bem como a Resolução da ONU pela constituição de dois Estados Nacionais, o Estado da Palestina e o Estado de Israel, garantindo o direito à autodeterminação, soberania, autonomia e condições de desenvolvimento, com economia viável para a Palestina, buscando a convivência pacífica entre os dois povos”, pontua o texto.

O partido também aproveita o comunicado para parabenizar “os esforços compreendidos pelo governo brasileiro, sob a condução do presidente Lula”, na “repatriação rápida de brasileiros na região do conflito e pelo acesso à ajuda humanitária na região da Faixa de Gaza”.

APOIO NA ONU – “O PT manifesta apoio à atuação do Brasil, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, em linha com a tradição diplomática brasileira, em prol de um cessar fogo e pelo cumprimento das resoluções da ONU”, prossegue.

“O PT alerta contra os riscos de uma escalada do conflito. O mundo não precisa de mais guerras. O mundo precisa de paz”, acrescenta a legenda. “O PT convoca sua militância a participar das atividades em defesa da paz, em defesa da solução dos dois Estados (Palestina e Israel) e em defesa dos direitos do povo palestino a uma vida pacífica e com soberania nacional”, conclui o texto.

Desde o primeiro ataque do Hamas em Israel, a oposição tem pressionado tanto Lula quanto o governo como um todo a recriminar com veemência a ofensiva do grupo. O estado brasileiro, contudo, segue a posição da ONU, que ainda não classifica o Hamas oficialmente como terrorista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Depois da forte reação contra o apoio discreto do PT ao Hamas, o partido vai mudando a rota e agora tenta comparar os atos de Israel aos atos do Hamas, porém não há possibilidade de comparação entre procedimentos tão desiguais, desculpem aa franqueza. Quanto a Gleisi Hoffmann, ela tem sobrenome judaico e comportamento prosaico. (C.N.)

DESDE ONTEM, ESTAMOS TENDO PROBLEMAS COM O BLOG.

Expresso a la Castro: Charges: Diga não à censura na internet!

Charge do Jota (Arquivo Google)

Carlos Newton

Pedimos desculpas aos amigos e amigas que nos acompanham, porque desde  a noite do domingo ficamos impedidos de atualizar o blog, moderar comentários, corrigir erros etc. Ou seja, havia dificuldade de acesso para leitura e impossibilidade de acesso para edição.

E vamos em frente, sempre juntos, e de ânimo redrobrado. (C.N.)

“Há 4 anos, sinto que a Polícia Federal vai entrar na minha casa”, diz Carlos Bolsonaro

ENTREVISTA - Carlos Bolsonaro conversou por quase duas horas com Bárbara Destefani, dona do podcast, e que também está na mira do STF

Carlos Bolsonaro diz que se considera um perseguido político

Ricardo Chapola
Veja

Filho Zero Dois do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), em uma rara entrevista, afirmou que convive com o incômodo de que vai ser alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) há pelo menos quatro anos. Criticou o Poder Judiciário sem citar nomes, sugeriu que a Justiça tem a intenção de atingir seu pai e disse que o Brasil vive hoje uma “democracia relativa”.

Carlos conversou por cerca de duas horas com Bárbara Destefani, influenciadora, dona do “PodAtualizar”, alvo do inquérito das fake news junto com o vereador e que chegou a ter as redes retiradas do ar por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. O nome do ministro não foi citado ao longo do bate-papo.

À ESPERA DA PF – “A sensação que eu tenho é que a PF vai entrar na minha casa há quatro anos. Por quê? Confesso que não sei. Mas nada impede que isso aconteça. É uma guerra psicológica que fazem conosco. Todo dia a gente pensa: caramba, será que a PF vem na minha casa hoje? Não tem como não ficar incomodado com isso, né?”, afirmou Carlos, ao responder uma pergunta sobre a perseguição à família Bolsonaro.

O vereador falou sobre as investigações da polícia e da justiça. Citou especificamente o inquérito dos atos de 8 de janeiro, no qual as suspeitas são de que Jair Bolsonaro teria estimulado manifestantes a invadir a Praça dos Três Poderes, como parte de um roteiro de um suposto golpe.

Para o Zero Dois, o Supremo tem um objetivo claro: pegar Jair Bolsonaro, a quem, em diversos momentos da entrevista, o filho chama de “ídolo”.

ACESSO AOS INQUÉRITOS – “É inacreditável como a gente não tem acesso aos inquéritos, para entender o que está acontecendo. Não faço a mínima ideia de em quantos fui citado. Eu sei que o cerco vai se fechando, né? Onde isso vai dar? Ninguém sabe”, disse Carlos.

No entendimento do vereador, o Brasil vive “uma democracia relativa”, na medida em que integrantes da direita receberiam tratamentos diferentes na justiça em relação a quem apoia a esquerda. 

“A gente tem que enfrentar o problema de cabeça erguida, ou estaremos fadados ao que querem que a gente seja: gados. Você acha que, se tivesse algo contra mim, já não teriam partido para cima, para atingir o alvo maior que eles querem?”, questionou.

GABINETE DO ÓDIO – Em um dos inquéritos do STF, Carlos Bolsonaro é apontado como o principal nome do que ficou conhecido como “gabinete do ódio” – uma estrutura teoricamente organizada, voltada à produção e difusão de notícias falsas durante a gestão de Jair Bolsonaro na Presidência. Bárbara, de acordo com as investigações, também faria parte desse grupo.

Os dois abordam esse tema durante a entrevista e ironizaram a acusação. Ambos sustentam que se trata de um movimento orgânico.

Questionado sobre ameaças, o Zero Dois relatou um suposto ataque a seu gabinete no Rio em agosto. Segundo o vereador, o vândalo teria se identificado como um petista e eleitor de Lula, mas foi solto em seguida. “Recebo ameaças 24 horas por dia. Há dois meses, meu gabinete foi depredado. Se eu estivesse lá, acredito que poderia acontecer alguma coisa ruim. Jogaram pedras de fora para dentro. Mas dizem que é só mais um maluco na história”, complementou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGÉ muito difícil dormir com essa sensação. Haja Rivotril e Lexotan para enfrentar a realidade de achar que está devendo alguma coisa à Justiça. (C.N.)

‘Não percam a fé’, dizia Braga Netto aos acampados, incentivando a reação deles

Acampado em Brasília, prefeito de MT revela encontro com Braga Netto: "A coisa vai funcionar" | Power Mix

Bolsonaro afirmava aos acampados que algo iria acontcecer…

Marcela Mattos
Veja

Uma declaração do general Braga Netto, em 18 de novembro do ano passado, é considerada pela Polícia Federal como um dos indícios de que o ex-ministro de Jair Bolsonaro participou ou, no mínimo, teve conhecimento de um suposto roteiro golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.

A um grupo de apoiadores do ex-presidente que estava no cercadinho do Palácio da Alvorada e reclamava de estar tomando chuva enquanto cobrava providências da Justiça Eleitoral, Braga Netto profetizou: “Não percam a fé. É só o que eu posso falar para vocês agora”.

ENCONTRAR FRAUDE – À época, Bolsonaro não tinha reconhecido a vitória de Lula e mantinha-se trancado no Alvorada, reunindo-se somente com seu núcleo duro e militares do Alto Comando. De acordo com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o grupo buscava, naquele momento, encontrar uma fraude na eleição e, assim, contestar o resultado.

Alvo de investigações do Congresso e da Polícia Federal, Braga Netto já tem engatilhada uma explicação para a declaração. A interlocutores, ele minimiza qualquer vinculação golpista e afirma que estava apenas se referindo a uma solução jurídica.

Quatro dias depois da fala, o PL ingressou na Justiça Eleitoral solicitando a verificação do resultado eleitoral e a invalidação de mais de 250 mil urnas, sob o argumento de mau funcionamento do sistema. A proposta foi sumariamente rejeitada pelo ministro Alexandre de Moraes.

NAS QUATRO LINHAS – Interlocutores de Braga Netto afirmam que, ao fim das eleições, nada foi discutido “fora das quatro linhas” e que eventuais contestações ao resultado eleitoral se embasaram sobre as previsões constitucionais.

Eles constataram, por exemplo, que apenas em relação ao tão citado artigo 142, que trata sobre a garantia da lei e da ordem pelos militares, há mais de 17 mil estudos acadêmicos – o que mostra, segundo essa tese, que a simples discussão do tema não se enquadraria em um golpe.

Essas seriam algumas das declarações que Braga Netto se preparava para apresentar à CPMI do 8 de janeiro. Ele foi alvo de cinco requerimentos de convocação, chegou a ter três datas de oitiva agendadas e o comando do Exército foi acionado para eventualmente auxiliar na ida do general da reserva. No entanto, as audiências acabaram canceladas – e uma guerra de versões nos bastidores da comissão foi travada para dar uma justificativa.

ACORDO DE BLINDAGEM – Espalha-se que houve uma espécie de acordão entre a base e a oposição na CPI, fazendo uma blindagem dupla a Braga Netto e ao ministro da Justiça, Flávio Dino. Também é dito que os bolsonaristas pediram para que o general, provável candidato a prefeito do Rio de Janeiro no ano que vem, fosse protegido e, em troca, o ex-ministro Augusto Heleno seria jogado aos leões.

Há, ainda, a versão de que é tudo responsabilidade do presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), que fez um jogo com a oposição, enquanto um outro deputado baiano, o líder do PSD Antônio Brito, negociava uma pacificação com a relatora.

Apesar das blindagens, Braga Netto fez um planejamento de guerra para dar seus esclarecimentos aos parlamentares. Ele reuniu seu núcleo duro, debruçou-se sobre os principais detalhes das investigações sobre o suposto plano golpista e esmiuçou tudo o que se refere à colaboração do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Membros da CP I dão como certo que ele será alvo dos pedidos de indiciamento que constarão no relatório feito pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O parecer será apresentado na próxima terça-feira, 17.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O site Metrópoles colocou uma equipe de reportagem de plantão, diante da central da campanha de Bolsonaro, onde Braga Netto recebia os bolsonaristas acampados. Quando eles saiam, eram entrevistados e repetiam as palavras de incentivo que o general lhes dissera, recomendando que não saíssem do acampamento. Foi por isso que eu escrevi aqui na Tribuna que Bolsonaro nem precisou incentivar o golpe, pois o próprio Braga Netto se encarregou de fazê-lo. (C.N.)

Selvageria do Hamas é sinal de um novo mundo multipolar, brutal e imprevisível

Terroristas do Hamas aproveitam-se de um mundo sem uma potência dominante, em sinal mais recente do fim da era da "pax americana"

Hamas aproveita-se da falta de uma potência dominante

William Waack
Estadão

A selvageria do Hamas é um sinal apropriado para esse mundo novo, mais brutal e imprevisível. Que já chegou: o mundo multipolar no sentido atual da expressão, ou seja, um mundo sem uma potência hegemônica. Esse mundo novo encerra 70 anos do que os historiadores já chamam de “longa paz”.

Nesse novo período, a Rússia iniciou a maior guerra na Europa desde a última conflagração mundial. A China se prepara para abocanhar Taiwan. E na percebida ausência (ou decadência) de uma potência dominante, uma série de líderes e grupos armados regionais considera que o momento favorece ações agressivas, cujos benefícios superariam os riscos.

TÁTICA DO HAMAS – É claramente o que fez o Hamas. Esse grupo terrorista integra um “arco de resistência” formado por países e grupos religiosos muitas vezes inimigos entre si, mas dedicados a diminuir ou eliminar a capacidade dos Estados Unidos de projetar poder no Oriente Médio ampliado.

As imagens do formidável porta-aviões Gerald R. Ford rumo ao mediterrâneo oriental depois dos ataques do Hamas são significativas. O que consegue uma “strike force” dessa magnitude quando os dilemas estratégicos na super potência nessa região nunca foram resolvidos?

Ao contrário, os americanos pagam até hoje o preço da estúpida decisão de 2003 de invadir o Iraque. E de não saber o que fazer durante a larga desintegração do mundo árabe na sequência de eventos de 2011 — a não ser manifestar o cansaço de ser “polícia do mundo”.

A REBOQUE DE ISRAEL – Sucessivas administrações americanas foram a reboque de Israel na marcha de décadas para dentro de um dilema fundamental. Ao abocanhar a totalidade dos territórios árabes e suas populações no lado ocidental do Rio Jordão, como vem fazendo, Israel ou deixa de ser um estado judeu ou deixa de ser um estado democrático — alerta que o próprio serviço secreto interno israelense já fazia em 1998.

Nesse sentido, o que a carnificina injustificável praticada pelo Hamas expõe vai além da complexidade do conflito árabe-israelense. Um dos objetivos dos terroristas é torpedear os acordos de Abraham, a tal “normalização” das relações de Israel com vários países do Oriente Médio ampliado que incluiria até a Arábia Saudita.

IMPOR SOLUÇÃO – Trata-se, portanto, de quem é capaz de impor qual tipo de “solução” não apenas para o conflito mais antigo da atualidade. Mas, sobretudo, com quais alianças regionais associadas a quais “potências de fora”.

Nos últimos vinte anos execrou-se o excepcionalismo americano, também pela assessoria internacional do governo brasileiro, a mesma que exalta a “dimensão internacional” da atuação do Hamas. À espera do “mundo multipolar”. Que está aí, para cada um apreciar como quiser.

FMI não engole a espetaculosa promessa de Haddad sobre o déficit zero em 2024

Notícias sobre Déficit | VEJA

Charge do JCaesar (Veja)

Elio Gaspari
Folha/O Globo

O ministro Fernando Haddad reitera sua espetaculosa promessa de déficit zero nas contas públicas de 2024. O FMI louva a gestão de Haddad, mas não confia na meta e diz que o déficit ficará em 0,2% do PIB. Já o Banco Central não faz previsão, mas constata que a meta só será atingida se forem tomadas medidas adicionais para aumentar a arrecadação no equivalente a 1,7 % do PIB. Como? Não se sabe.

As medidas tomadas até agora para engordar a arrecadação estão em 0,8% do PIB, com uma pequena queda em relação aos dois anos anteriores.

Essa sucessão de estatísticas serve apenas para prenunciar o aparecimento de bodes expiatórios para explicar que uma promessa irreal, irreal era.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Realmente, ninguém pode engolir essa promessa vã do ministro da Fazenda. O mais intrigante é que os números da economia são díspares entre si. Prevê-se alto crescimento do PIB este ano, embora a receita federal esteja em queda. A arrecadação do governo federal caiu 4,14% em termos reais (considerada a inflação) em agosto de 2023 em comparação com o mesmo mês de 2022. A receita foi de R$ 172,3 bilhões. Foi o terceiro mês consecutivo de queda nos ganhos tributários do governo na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Vamos aguardar o resultado de setembro, para ver se houve recuperação que possa assegurar crescimento do PIB em até 3%, como andam prevendo. (C.N.)

TSE julga ações contra Lula e Bolsonaro que a Procuradoria considera inválidas

Corregedor do TSE nega pedido de Bolsonaro para retirar minuta de  investigação

Benedito desprezou parecer e quer condenar Bolsonaro

Levy Teles
Estadão

Ao mesmo tempo em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continua o julgamento de três ações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta semana, a Corte analisará duas ações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A coligação da campanha de Bolsonaro moveu ambos os casos contra o atual chefe do Executivo. Em caso de condenação, Lula poderia ter o mandato cassado e ficar inelegível por oito anos, assim como aconteceu com Bolsonaro em junho. Todas essas matérias estão na pauta desta terça-feira, 17.

O corregedor-eleitoral, Benedito Gonçalves,cé o relator de todas as ações contra Bolsonaro e Lula na pauta do TSE desta terça-feira.

ABUSO DE PODER – No primeiro caso contra Lula, os autores afirmam que a campanha petista cometeu abuso de poder econômico e dos meios de comunicação. A alegação é que, ao pesquisar palavras-chave como “Lula corrupção PT”, “Lula corrupto”, “Lula Lava Jato”, entre outros, em buscadores na internet, um anúncio pago pela campanha que falava de sua inocência e de uma perseguição ao atual presidente era o primeiro resultado na busca.

De acordo com a campanha de Bolsonaro, a estratégia “tinha a intenção de ocultar/falsear a verdade” e que só seria possível saber sobre as condenações sofridas por Lula na segunda página de pesquisas, “devido ao especial número de outras matérias que se antepunham à sua busca”.

Na segunda ação, a coligação de Bolsonaro argumenta que Lula teria cometido a prática do uso indevido dos meios de comunicação, ao fazer propaganda eleitoral irregular no dia do primeiro turno, 2 de outubro, e contou com o apoio de uma das principais emissoras de TV do Brasil para isso.

PROCURADORIA REJEITA – Em ambos os casos contra Lula, a Procuradoria-Geral Eleitoral ofereceu parecer em que julga a improcedência do pedido — o mesmo acontece com as três ações contra Bolsonaro. Benedito Gonçalves, o corregedor-geral eleitoral, é o relator de todas elas.

Por ser um braço do Ministério Público Federal (MPF), mesmo sem ser autora do processo, a Procuradoria Eleitoral se manifesta nas ações de investigação judicial eleitoral, opinando pela procedência ou pela improcedência dos pedidos.

O julgamento das ações contra Bolsonaro começou na última terça-feira, 10, com a leitura do relatório de Benedito Gonçalves, a apresentação dos argumentos da acusação e da defesa e a manifestação da Procuradoria-Geral Eleitoral. O julgamento será retomado na próxima terça-feira com o voto do relator.

INELEGIBILIDADE – Duas ações foram propostas pelo PDT e são assinadas pelo advogado Walber Agra, que foi à tribuna do TSE defender a inelegibilidade de Bolsonaro. Essas ações são sobre as lives feitas pelo ex-presidente nos dias 18 de agosto e 21 de setembro de 2022. A sigla argumentou que Bolsonaro teria usado as estruturas do poder público para pedir votos para ele mesmo e para apoiadores.

A live de agosto, por exemplo, foi feita dentro do Palácio do Planalto. No final dela, o ex-presidente pediu voto para correligionários e chegou a mostrar os santinhos deles. O PDT conseguiu uma liminar do TSE para que a live de setembro fosse retirada do ar.

A terceira ação que vai a julgamento nesta terça é de autoria da coligação do PT e foi assinada, na época, pelo então advogado e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin. O alvo são encontros que Bolsonaro fez nos dias 3, 4 e 6 de outubro de 2022 com governadores e artistas no Palácio do Alvorada para demonstrar apoio e pedir votos.

JÁ É INELEGÍVEL – Em junho deste ano, o TSE tornou Bolsonaro inelegível por oito anos, pelo placar de 5 a 2, após ele ser considerado culpado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, em razão de uma reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas.

Em setembro, a Corte rejeitou um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente manteve sua inelegibilidade até 2030. Neste caso, a derrota de Bolsonaro se deu por sete votos a zero.

Depois disso, Bolsonaro entrou com novo recurso, agora no Supremo Tribunal Federal (STF), que não costuma derrubar decisões tomadas pelo plenário do TSE.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As acusações são frágeis, tanto no que se refere a Bolsonaro quanto a Lula. O mais correto seria absolvê-los, mas o relator já pediu a condenação de Bolsonaro nos três processos. Como diz a velha piada política referente a Benedito Valadares, governador de Minas na ditadura de Vargas durante 12 anos, “será o Benedito?”. (C.N.)

Lewandowski diz a Pacheco que apoia PEC que fixa um mandato para ministro do STF

Lewandowski prepara saída do STF com poder de opinar sobre sucessor | VEJA

Lewandowski saiu do STF,  mas continua como advogado

Igor Gadelha
Metrópoles

Recém-aposentado do STF, Ricardo Lewandowski defendeu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a PEC que institui mandato para ministros do Supremo. Os dois conversaram sobre o assunto no decorrer de um fórum internacional em Paris, durante o fim de semana. O evento foi promovido pelo grupo empresarial Esfera Brasil.

Em uma conversa reservada, Lewandowski sugeriu a Pacheco que a PEC seja debatida por um grupo de trabalho, como o criado para discutir a revisão da Lei do Impeachment.

Aposentado compulsoriamente do STF desde abril, após completar 75 anos de idade, Lewandowski defende prazo entre 10 e 12 anos para mandato de ministros da Corte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parece Piada do Ano! Ricardo Lewandowski ficou como ministro do Supremo até completar 75 anos, quando poderia ter se aposentado muito antes, e agora defende mandato de 10 ou 12 anos para os novos ministros a serem empossados. Com isso, Lewandowski desagradou grandes amigos, como Gilmar Mendes, que está lutando contra o mandato a ministros. Como ensina o ditado, nada como um dia atrás do outro… (C.N.)

Conflitos entre forças de Israel e Hezbollah se intensificam na fronteira com o Líbano

A bandeira palestina e a bandeira do Hezbollah balançam ao vento em um mastro enquanto as forças de manutenção da paz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) patrulham a área fronteiriça entre o Líbano e Israel na colina Hamames, na área de Khiyam, no sul do Líbano, em 13 de outubro , 2023. — Foto: Joseph EID / AFP

As bandeiras da Palestina e do Hezbollah tremulam juntas

Deu no g1

Os combatentes libaneses do Hezbollah lançaram ataques contra postos do exército israelense e uma vila na fronteira norte neste domingo (15). E Israel retaliou com ataques no Líbano.

Os disparos esporádicos na fronteira Israel-Líbano durante a semana passada levantaram preocupações de que os combates com militantes do Hamas em Gaza pudessem evoluir para um conflito mais amplo.

PRIMEIRAS VÍTIMAS – O ataque do Hezbollah a Shtula, uma comunidade agrícola israelense, matou uma pessoa e feriu outras três, disseram o grupo e médicos israelenses. O Hezbollah também disse que atacou quartéis em Hanita, em Israel, com mísseis guiados e disse que infligiu baixas “às fileiras inimigas”.

Os militares israelenses afirmaram ter conduzido ataques no Líbano em retaliação e declararam uma zona a 4 km da fronteira libanesa fora dos limites ao acesso público. Três fontes de segurança confirmaram à Reuters que a artilharia israelense atingiu diversas áreas no sul.

O braço armado do Hamas, as Brigadas Al Qassam, disse ter disparado 20 foguetes do Líbano contra dois assentamentos israelenses.

ESCALADA AUMENTA – A força de manutenção da paz das Nações Unidas, Unifil, disse que a sua sede no sul do Líbano foi atingida por um foguete, mas ninguém ficou ferido. A organização disse que estava trabalhando para determinar de onde veio o projétil.

“Continuamos a envolver-nos ativamente com as autoridades de ambos os lados, mas, lamentavelmente, apesar dos nossos esforços, a escalada militar continua”, afirmou a Unifil em comunicado.

O ministro da Defesa de Israel disse no domingo que Israel não tem interesse em travar uma guerra na sua frente norte. “Não queremos agravar a situação”, disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant. “Se o Hezbollah escolher o caminho da guerra, pagará um preço muito alto. Muito pesado. Mas se conter as agressões, respeitaremos isso e manteremos a situação como está.”

GRUPO RESPONDE – O Hezbollah disse que está pronto para lutar contra Israel e que não se deixará influenciar pelos apelos dos Estados árabes e de potências estrangeiras para que fique à margem.

Fontes dizem que o Hezbollah concebeu as suas ações até agora para serem de âmbito limitado, evitando uma grande repercussão no Líbano e mantendo as forças israelenses ocupadas.

Mas Israel pode lutar em duas ou mais frentes, dizem militares. O país está preparado, informou seu principal porta-voz militar neste domingo, assinalando que o movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã, está aumentando as tensões na fronteira com o Líbano para impedir uma ofensiva de Israel em Gaza.

Israel atende aos apelos e restabelece serviço de água ao sul da Faixa de Gaza

Palestinos enchem recipientes com água potável de um veículo de distribuição de água, em meio à crise hídrica causada pelo cerco israelense à Faixa de Gaza

Caminhões-pipas levaram água aos moradores palestinos

Jessica Bernardo
Metrópoles

O Ministro da Energia e Infraestruturas israelense, Israel Katz, anunciou neste domingo (15/10) que o governo voltará a fornecer água para o sul da Faixa de Gaza. Desde 9 de outubro, o serviço estava totalmente interrompido na região. A mudança de postura se deu após acordo entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

“A decisão de abrir as águas ao sul da Faixa de Gaza, acordada entre o primeiro-ministro Netanyahu e o presidente Biden, resultará no deslocamento da população civil para o sul da Faixa de Gaza e permitirá reforçar o cerco geral em Gaza nas áreas de eletricidade, água e combustível”, escreveu Katz na rede social X, antigo Twitter.

DESTRUIR O HAMAS – Para ele, a ação facilitará a operação das forças de segurança israelenses no sentido de “destruir a infraestrutura do Hamas” durante o conflito no Oriente Médio.

O corte de água, eletricidade e combustíveis a palestinos foi criticado por integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), que lembraram o risco do aumento da propagação de doenças entre a população forçada a usar água suja.

Nesse sábado (14/10), a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) publicou nota pedindo que o fornecimento de combustível fosse restabelecido para disponibilizar água aos cidadãos.

VIDA OU MORTE – “Tornou-se uma questão de vida ou morte. É obrigatório. É necessário entregar agora combustível a Gaza, para disponibilizar água a 2 milhões de pessoas”, afirmou Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA.

A agência calcula que 650 mil pessoas tenham sido afetadas pela escassez de água potável na região.

No mesmo dia, o ministro de Energia e Infraestruturas compartilhou imagens de satélite que mostram o apagão provocado em Gaza após o corte de energia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O presidente americano entrou na questão em boa hora. Matar de sede e de fome é até mais cruel do que dar um tiro. Surge uma tênue esperança de paz, mas muito tênue, mesmo. (C.N.)

Lula ainda busca fórmula para lidar com aplicativos e o novo mundo do trabalho

Yahoo Noticias - Taxistas, sejam realistas: alguma vez na história adiantou  ir na contramão das novas tecnologias? O que você, consumidor, pensa a  respeito disso tudo? Comente a charge do Alpino. #yahoobr |

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Bruno Boghossian
Folha

Lula tinha uma ideia fixa antes de sair de cena para a cirurgia no quadril. Nos dez dias que antecederam a operação, o presidente falou oito vezes sobre o que já chamou de “novo mundo do trabalho”. Afirmou estar incomodado com empregos precários e bateu na tecla da regulação dos aplicativos de entregas.

“Tem muita gente trabalhando em condições quase subumanas”, disse. “A gente não está naquela de exigir que tenha carteira profissional assinada se não quiser. […] O que a gente tem preocupação é garantir para ele um sistema de seguridade social, que, quando ele estiver numa situação difícil, tenha o Estado para dar um suporte de sobrevivência.”

UM MUNDO NOVO – O mundo do trabalho é hoje bem diferente daquele com que Lula conviveu até 2010. Ainda que uma política para o salário mínimo e o incentivo à abertura de vagas na construção civil tenham efeitos positivos, formuladores petistas reconhecem que o governo precisa encontrar soluções que representem uma atualização de sua plataforma.

A gestão de Lula ainda patina. Nas últimas semanas, o ministro do Trabalho lançou provocações aos aplicativos (propondo uma ideia incipiente de concorrência estatal e sugerindo que as empresas podem ir embora se quiserem) e retomou a pauta do financiamento de sindicatos.

Aliados do presidente admitem que os desafios são maiores e que faltam planos para enfrentar temas como a qualificação profissional para a economia verde e para setores dependentes de novas tecnologias.

ASSUNTO DELICADO – No caso dos aplicativos, o perigo é aborrecer uma parcela de trabalhadores que temem perder autonomia e rejeitam o controle do governo.

O PT considera o assunto delicado porque sua relação política com a classe trabalhadora mudou depois de 2013.

Além das transformações nas relações entre patrão e empregado, a última década foi marcada por uma expansão de visões conservadoras sobre o papel do Estado, pelo enfraquecimento do movimento sindical e por uma perda de espaço do partido nas periferias.

Europa teme apoiar uma “limpeza étnica” dos palestinos, que Israel está ameaçando realizar

Isaac Herzog: Israel's new president is softly spoken veteran of  centre-left | Israel | The Guardian

Presidente de Israel diz que todos os palestinos são culpados

Nelson de Sá
Folha

O Financial Times noticia o “nervosismo” da União Europeia com a chegada da alemã Ursula von der Leyen no momento do ultimato de Israel aos palestinos: “A preocupação é que a presidente da Comissão Europeia pareça estar apoiando ações que causarão vítimas civis em massa — e que serão rotuladas como crimes de guerra”.

“Nós podemos estar prestes a assistir a uma limpeza étnica massiva”, afirma uma autoridade da UE a Gideon Rachman, do FT. “A UE já deveria ter se alinhado aos apelos do secretário-geral da ONU para que Israel respeite o direito humanitário internacional”, fala outra.

PREÇO ELEVADO – O problema é a Europa ser prejudicada por isso. “As autoridades europeias dizem que estão se focando na resposta fora do Ocidente. ‘Nosso receio é que paguemos um preço elevado no Sul Global por causa deste conflito’, afirma uma autoridade da UE.”

Ecoa pela plataforma X a resposta do presidente israelense Isaac Herzog a uma pergunta da rede britânica ITV: “O que Israel pode fazer para aliviar o impacto deste conflito sobre dois milhões de civis, muitos dos quais não têm nada a ver com o Hamas?”

“É uma nação inteira que é responsável. Não é verdade essa retórica sobre os civis não estarem conscientes, não estarem envolvidos. Não é verdade, absolutamente. Eles poderiam ter-se levantado, poderiam ter lutado contra aquele regime maligno que tomou o controle de Gaza.”

“SÃO NAZISTAS” – Em seguida, também a CNN cobrou resposta, sem conseguir. A rede americana enfatizou que “a punição coletiva de uma população civil equivale a um crime de guerra”.

A britânica Sky News já havia questionado um ex-primeiro-ministro: “E aqueles palestinos no hospital, bebês cujo suporte de vida terá de ser desligado porque os israelenses cortaram a energia?”

“Você está falando sério, continua me perguntando sobre os civis palestinos? O que há de errado com você? Você não viu o que aconteceu? Estamos lutando contra nazistas” – foi a resposta.