Alvo de delação por desvios na pandemia, Rui Costa nega ter criticado diretor da PF

Ministro da Casa Civil Rui Costa concede coletiva sobre primeira impeachment - Metrópoles

Na pandemia, todo mundo pagava adiantado, diz Rui Costa

Guilherme Amado
Metrópoles

Citado em uma delação premiada que o ligou a desvios milionários na compra de respiradores durante a pandemia, como publicou o jornalista Aguirre Talento nesta quarta-feira (3/4), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vem se queixando do inquérito desde o início do governo, e a investigação foi aberta em 2020.

Costa já manifestou a integrantes das gestões Flávio Dino e Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça seu descontentamento com as apurações em torno do caso, que remete à época em que era governador da Bahia e presidia o Consórcio Nordeste.

IRRITAÇÃO – O chefe da Casa Civil de Lula se irritou especialmente com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, por considerar que ele não vinha tratando com a devida atenção o inquérito, que corre na Superintendência da PF na Bahia, e que o ministro considera injusto contra si.

A propósito: no contexto da briga da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada a Costa, com a PF, o ministro da Casa Civil tentou minar Andrei Passos Rodrigues junto a Lula. Assessores do Palácio do Planalto perceberam o movimento como algo relacionado ao inquérito dos respiradores, e não, propriamente, com a briga entre Abin e PF no governo.

A delação premiada que cita Rui Costa foi fechada pela empresária Cristiana Prestes Taddeo, dona da Hempcare, que recebeu R$ 48 milhões adiantados pela importação de 300 respiradores da China, mas não entregou nenhum deles. O acordo de Cristiana foi fechado com a PGR em 2022 e ela devolveu R$ 10 milhões aos cofres públicos.

ALTA PROPINA – Em seus depoimentos, a empresária disse que a contratação da Hempcare teve como intermediário um empresário que se disse amigo de Rui Costa e da então primeira-dama do estado, Aline Peixoto. O intermediário teria cobrado comissões de R$ 11 milhões na transação.

O advogado criminalista Leonardo Magalhães Avelar, que defende a empresária Cristiana Taddeo, afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso porque a investigação tramita em segredo de Justiça.

Por meio de sua assessoria de imprensa, Rui Costa negou irregularidades no contrato. “Após a não entrega dos respiradores, o então governador Rui Costa determinou que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia abrisse uma investigação contra os autores do desvio dos recursos destinados a compra dos equipamentos. Os mesmos foram presos pela Polícia Civil por ordem da Justiça baiana semanas após a denúncia”, disse a nota.

PAGAMENTO ANTECIPADO – O texto negou que Costa tenha tratado com intermediários na negociação pelos respiradores e alegou que, durante a pandemia, compras de equipamentos de saúde foram feitas com pagamento antecipado no mundo inteiro.

“O ex-governador Rui Costa deseja que a investigação prossiga e que os responsáveis pelo desvio do dinheiro público sejam devidamente punidos e haja determinação judicial para ressarcimento do erário público”, disse a assessoria do ministro, afirmando que ele nega ter feito críticas ao trabalho do diretor da PF.

Piada do Ano! Datena se filia ao PSDB, seu 11º partido, com apoio de Tabata 

Carolina Linhares
Folha

A filiação do apresentador José Luiz Datena (PSB) ao PSDB, nesta quinta-feira (4), tem a bênção da deputada federal Tabata Amaral (PSB), pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, que segue contando com ele para ser o vice em sua chapa, só que num partido diferente.

O prazo para quem quer concorrer na eleição municipal se filiar a um partido termina no sábado (6), com o fim da janela de migração partidária.

DECISÃO EM JULHO – Para os tucanos, no entanto, a filiação de Datena não limita o partido a essa única possibilidade —pelo contrário, adia para julho, época das convenções partidárias, qualquer decisão definitiva sobre lançar candidatura própria ou integrar uma coligação.

O acerto com Datena, contudo, enterrou outras apostas de nomes, como o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), que foi convidado pelo PSDB para concorrer à prefeitura pelo partido.

Em nota nesta quinta-feira, Kim afirmou que vai permanecer na União Brasil e convidou os tucanos para sua vice. “Agradeço a receptividade dos dirigentes do PSDB e afirmo que as portas estão abertas para coligarmos e o partido indicar meu vice”, diz.

RECUOS DE DATENA – A trajetória de Datena na política é marcada desde 2015 por recuos na hora H, idas e vindas e trânsito nas mais diferentes correntes ideológicas. Em dezembro passado, ele se filiou ao PSB para ser vice de Tabata.

Em 2015, depois de se desfiliar do PT, partido ao qual estava desde 1992, Datena se filiou ao PP de Paulo Maluf e cogitou disputar a prefeitura de São Paulo no ano seguinte, 2016. Em 2018, depois de passar pelo PRP (hoje PRD, resultado da fusão de PTB e Patriota), ameaçou se lançar ao Senado pelo DEM (hoje União Brasil), mas também desistiu na última hora.

Dois anos depois, em 2020, se filiou ao MDB e cogitou novamente disputar a prefeitura da capital paulista ou ser vice de Covas. Também não deu certo.

MAIS TROCA-TROCA – Depois disso, se filiou ao PSL (hoje União Brasil) em 2021, ocasião em que foi cotado para disputar a Presidência da República no ano seguinte, mas em 2022 migrou para o PSD de Gilberto Kassab e, pouco tempo depois, para o PSC.

Na ocasião, ele almejava disputar o Senado na chapa de Tarcísio, em acordo fechado com o então presidente Bolsonaro. Mas também teve seu nome cotado para a vice na chapa presidencial de Ciro Gomes (PDT), além de ter flertado com a pré-candidatura presidencial de João Doria (PSDB), que também acabou desistindo. Assim como nas demais vezes, Datena anunciou o recuo na última hora.

Já em 2023, o apresentador mudou novamente de partido e se filiou ao PDT, que na época deu como certa a candidatura dele à prefeitura. Ainda no ano passado, ele chegou a sugerir a formação de uma chapa com Boulos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na verdade, é só Piada do Ano, porque Datena não pretende ser candidato a nada. Em toda eleição ele aparece como pré-candidato a alguma coisa. Na verdade, é um grande espertalhão, que com isso ganha visibilidade na mídia e dá sucessivas declarações, tudo isso para valorizar seu passe junto às emissoras de TV e aumentar sua fortuna. Não é enriquecimento ilícito, mas sem dúvida é antiético. Tudo que Datena faz é planejado nos mínimos detalhes, igual ao Chapolin Colorado. (C.N.)

Fugitivos do CV foram presos perto de Marabá (PA), muito longe de Mossoró

Veja o momento em que fugitivos do presídio de Mossoró são presos e chegam  à PF

Os fugitivos foram levados para a delegacia de Marabá

Raquel Lopes e José Marques
Folha

A prisão dos dois foragidos do presídio federal de Mossoró (RN) foi realizada em uma operação conjunta pela Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal nesta quinta-feira (4). A PRF usou quatro viaturas e contou com a participação de 14 policiais, ajudando na localização dos veículos.

Os fugitivos estavam com mais quatro pessoas, em três carros —todos foram presos e apreendidos— e foram localizados em uma rodovia federal perto de Marabá (PA).

LONGE DE MOSSORÓ -A Polícia Federal buscou permanentemente a dupla depois que soube que eles não estavam mais na região próxima a Mossoró, de acordo com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

“Estavam num verdadeiro comboio do crime”, disse o ministro. “Eles foram presos numa ponte. Esta ponte foi fechada, de um lado, pela Polícia Rodoviária Federal e, do outro lado, pela Polícia Federal.”

Oito celulares e um fuzil com dois carregadores também foram apreendidos na operação. Os dois fugitivos voltarão para o presídio de Mossoró.

PRISÃO REFORMADA – Lewandowski disse que a penitenciária foi totalmente reformulada, no que diz respeito aos equipamentos de segurança. “Eles ficarão separados, haverá vistorias diárias. A direção [do presídio] foi trocada, os protocolos foram reafirmados e aperfeiçoados e, de lá, certamente [eles] não se evadirão”, afirmou.

A fuga ocorreu na madrugada do dia 14 de fevereiro e expôs o governo de Lula (PT) a uma crise justamente em um tema explorado por adversários políticos, a segurança pública.

Lewandowski disse ainda que os dois fugitivos da penitenciária federal de Mossoró tiveram ajuda de facções e estavam fugindo para o exterior quando foram presos. Enquanto eram procurados, Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Tatu ou Deisinho, mantiveram uma família como refém, foram avistados em comunidades diversas, se esconderam em uma propriedade rural e agrediram um indivíduo na zona rural de Baraúna.

COMANDO VERMELHO – Os investigadores suspeitam que os dois detentos tenham sido mantidos por membros do Comando Vermelho do Rio de Janeiro em parte desse tempo.

O Ministério da Justiça afirma que houve falhas em procedimentos, mas descarta corrupção de agentes na fuga de dois presos da penitenciária federal de Mossoró (RN), segundo apontou um relatório da corregedoria-geral da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), órgão ligado à pasta.

Sobre as falhas, a corregedora Marlene Rosa afirma que elas se deram nos procedimentos carcerários de segurança. Como mostrou a Folha, as celas dos dois presos que fugiram ficaram ao menos 30 dias sem revista e, por isso, foram abertas as apurações contra os dez servidores.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Marabá é uma importante cidade, onde há o entroncamento de 5 rodovias e passam dois grandes rios, Tocantins e Itacaíunas. A Piada do Ano é dizer que não houve corrupção na fuga. Ora, a cela ficou sem sofrer revista por um mês, eles fizeram barulho quebrando a parede e ninguém ouviu? Dizer que eles fugiram sem ajuda interna ou externa é piada realmente ótima. E o alicate para cortar a cerca, eles arranjaram onde? (C.N.)

Prates se irrita, pede uma “conversa  com Lula e pode deixar a Petrobras

O indicado do Governo Lula para presidir a Petrobras, Jean Paul Prates - Por Marta Nogueira

Prates conhece o setor e está ajudando a conter a inflação

Mônica Bergamo
Folha

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu uma audiência com Lula (PT) para conversar sobre o bombardeio disparado contra ele por pessoas do próprio governo. O ex-senador está inconformado e pretende dar um basta na situação. A audiência está marcada para esta sexta-feira, dia 6.

A saída da estatal está entre as possibilidades consideradas por ele, embora seu desejo maior seja o de que o presidente da República manifeste forte apoio por sua permanência — o que não vem acontecendo.

DATA CERTA – Prates pretende definir de uma vez por todas a sua situação na empresa, expondo a Lula as conquistas e os problemas de sua gestão.

Ele decidiu tomar a iniciativa depois que os ataques se intensificaram, partindo especialmente do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Silveira admitiu em entrevista à Folha que tem conflitos com Prates. Já Costa estaria inclusive sondando candidatos que poderiam vir a comandar a estatal.

HADDAD APOIA – O presidente da Petrobras mantém o apoio de lideranças do PT, de senadores da base de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Eles consideram que a saída de Prates, neste momento, poderia ser traumática para a empresa e o governo, gerando uma crise desnecessária.

Os rumores de uma queda próxima são tantos que há uma lista de possíveis substitutos já circulando em Brasília. Ricardo Savini, fundador da 3R Petroleum, está entre os cotados.

Segundo a coluna Painel S.A., nela figuram também Bruno Moretti, hoje Secretário Especial de Análise Governamental da Presidência da República, e Magda Chambriard, engenheira química, que atuou na Petrobras antes de migrar para a ANP (Agência Nacional de Petróleo), que presidiu entre 2012 e 2016.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro Alexandre Silveira é um ex-delegado de polícia e comerciante. Não é especialista em minas ou em energia, mas é um político competente. Foi colocado no cargo por Gilberto Kassab, presidente do PSD. É uma pena que não consiga se entender com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que é um conhecido consultor no setor do petróleo, está no cargo certo e sabe o que está fazendo à frente da Petrobras. Lula precisa conciliar Silveira e Prates, para que a Petrobras atenda aos interesses nacionais. (C.N.)   

Acordo com Partido Comunista cubano é mais uma amostra dos delírios do PT

Qual é o pior partido político no Brasil atualmente? - Quora

Charge reproduzida do Arquivo Google

Deu no Estadão

Em seu prodigioso talento para demonstrar o apreço lulopetista a ditaduras amigas, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, viajou a Havana com o companheiro Lindbergh Farias – e de lá voltou com um acordo de “cooperação e intercâmbio” assinado com o Partido Comunista cubano.

Segundo ela informou, o acordo prevê “troca de experiências”, seja lá o que isso signifique, entre petistas e o partido único de Cuba. Gleisi também se encontrou com o presidente Miguel Díaz-Canel, transmitindo-lhe o interesse de encontrar ainda mais meios de o Brasil ajudar Cuba, “em meio ao bloqueio que está sofrendo”.

FIDELIZAÇÃO – Fosse o PT irrelevante, o desvario diplomático permaneceria restrito ao breviário esquerdista de quem nutre fidelidade aos comunistas cubanos e à memória do ditador Fidel Castro.

Como se trata do partido que tem a Presidência da República e influência na política externa, o gesto de Gleisi ganha contornos mais sérios.

Na cosmologia lulopetista, o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos é a única razão da gravíssima crise econômica de Cuba – um zelo persecutório no qual se omite o preço pago por uma ditadura que transforma a vida dos cubanos comuns num inferno de escassez e paranoia.

APOIO IRRESTRITO – Não se trata de um gesto pontual. O governo de Lula da Silva vem promovendo sucessivos atos em defesa da ditadura cubana – e de outras igualmente odiosas, como a Venezuela de Maduro, a Rússia de Putin e a Nicarágua de Ortega.

No caso de Cuba, tem estimulado a retomada de investimentos no País e tentado oferecer projetos em áreas como agricultura e energia. Seriam gestos louváveis para ajudar o sofrido povo cubano não fosse o silêncio voluntário de Lula e da companheirada diante das atrocidades pelo governo de Cuba e seu Partido Comunista.

Quase sempre à margem do Itamaraty, a política externa também trabalha para livrar a barra dos grupelhos autoritários que comandam Cuba há mais de 60 anos.

BÚSSOLA MORAL – É mais um sintoma de um partido que tem a bússola moral e política avariada, para usar a feliz expressão do cientista político Sergio Fausto, em artigo no Estadão que analisou a felicitação do PT a Putin e sua reeleição fajuta.

Parece difícil exigir que certas lideranças partidárias mudem suas convicções seletivas sobre democracia. Também é tarefa inútil esperar que modernize seu pensamento rupestre – aquele que usa o “imperialismoamericano” para justificar o apoio a tiranos sanguinários mundo afora.

Mas não se pode admitir que o vício do esquerdismo infantil siga intoxicando nossa política externa.

VOLTA AO PODER – O PT de Gleisi e de Lula ainda não entendeu: sua volta ao poder não foi obra e graça de um Lula redivivo depois do calvário da Lava Jato, mas fruto de circunstâncias excepcionais de resistência a um autoritarismo iminente e de defesa da democracia.

A frente ampla que o elegeu desabona tentações autoritárias, menos ainda se forem de inspiração cubana. Promover a

pacificação nacional, espírito central da eleição de 2022, requer também romper com o vício de confundir partido e Estado.

O Brasil não pode ser uma mera correia de transmissão dos delírios petistas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente editorial do Estadão, enviado por Mário Assis Causanilhas. Demonstra que Lula e o PT não têm capacidade de adotar uma política externa que seja do interesse do Brasil e não dependa de preferências ideológicas. É preciso entender que o interesse nacional precisa se sobrepor a tudo. Como dizia John Foster Dulles, secretário norte-americano de Estado na guerra fria, as nações não têm amigos ou aliados, têm apenas interesses. Mas Lula e a petralhada não têm capacidade de entender essa lição. (C.N.)

Petrobras tem de pagar dividendos para maquiar o rombo fiscal do governo Lula

Haddad: AGU estuda judicializar retirada da reoneração dos municípios | Metrópoles

Haddad não conseguiu conter o rombo e apelou à Petrobras

Malu Gaspar
O Globo

A reunião desta quarta-feira no Palácio do Planalto entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e Rui Costa, da Casa Civil, selou a decisão de pagar os dividendos extraordinários da Petrobras que foram retidos pelo conselho de administração em março.

A distribuição de 100% dos cerca de 43,9 bilhões de reais extras aos acionistas da petroleira foi acordada ontem pelos ministros, na reunião realizada na Casa civil, da qual participaram também alguns auxiliares. Alguns administradores, incluindo o CEO, Jean Paul Prates, já foram comunicados.

LULA DECIDIRÁ – A decisão será levada agora para a chancela do presidente Lula, mas, diante do consenso entre os três ministros, a avaliação na Petrobras é de que os pagamentos devem ser liberados.

O próximo passo será aprová-la na reunião do conselho da companhia marcada para 19 de abril. Na última discussão do conselho sobre o assunto, os representantes do governo votaram em peso pela retenção dos recursos, que foi aprovada com 6 votos a 4. Prates, que é conselheiro, se absteve.

Na ocasião, o próprio Lula disse ter tido “uma conversa séria com a administração da Petrobras” sobre os dividendos e afirmou que não atenderia “à choradeira do mercado”. Agora com a mudança de rumo, os governistas devem trocar o voto e aprovar a distribuição.

VITÓRIA DE HADDAD – A decisão é uma vitória de Fernando Haddad sobre Rui Costa e Silveira, que defendiam segurar os recursos, alegando que sem eles a companhia poderia correr o risco de não ter dinheiro suficiente para sustentar o plano de investimentos.

Na reunião, Haddad argumentou que teve frustrações de receitas previstas com benefícios fiscais e afirmou que precisava dos dividendos da Petrobras para ajudar a compensar o rombo e cumprir a meta fiscal.

A União tem direito a 30% do valor distribuído, cerca de R$ 13 bilhões, que farão diferença para o esforço de Haddad de cumprir a meta fiscal de 2024.

FREIO NOS INVESTIMENTOS – Haddad disse ainda que conversou previamente com Prates sobre o assunto e relatou que o CEO da Petrobras informou que o plano de investimentos não será integralmente executado e que vão sobrar recursos. O presidente da Petrobras tem uma reunião nesta sexta-feira (5) com Lula.

A diretoria, capitaneada por Prates, defendeu perante o conselho o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários, mas foi derrotada depois que o próprio presidente Lula interferiu na questão e mandou os conselheiros votarem para reter todo o dinheiro.

A decisão provocou um abalo no valor de mercado da Petrobras, que perdeu R$ 55,2 bilhões (mais de 10%) na B3 logo após o anúncio.

RACHA NO GOVERNO – Expôs, ainda, um racha no próprio governo a respeito dos rumos da empresa. De um lado os ministros Silveira e Rui Costa e de outro o CEO, Jean Paul Prates, apoiado por Fernando Haddad.

As divergências entre as duas alas acontecem em vários temas, da política de preços dos combustíveis até o tipo de investimento que deve ter prioridade – Prates defende apostar em usinas eólicas em alto mar, Silveira prefere investir em gás natural – e, agora, na questão dos dividendos.

Desde então, o ministro da Fazenda vem atuando nos bastidores para reverter a decisão e, pelo que ficou claro na reunião de quarta-feira, conseguiu. No encontro, a decisão foi tratada como favas contadas. Só falta Lula mandar seguir, para que seja de fato implementada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – Tudo acaba bem quando termina bem. Divergências são naturais. Agora, o ideal é preservar Prates, que é especialista em petróleo, vem fazendo excelente administração e tem ajudado a conter a espiral inflacionária dos combustíveis. (C.N.)

Elon Musk declara guerra a Moraes por restringir liberdade de expressão

Elon Musk comenta atual situação em que o Brasil se encontra: “Extremamente preocupante”

Elon Musk ataca frontalmente o ministro Moraes, do STF

Deu no Brasil 247

O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e um dos principais protagonistas da extrema direita internacional, declarou guerra ao ministro Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira 3. Musk vazou para o jornalista Michael Shellenberger, conhecido repórter investigativo estadunidense, os “Twitter files Brazil”, ou seja, os arquivos secretos do Twitter relacionados ao Brasil.

Em postagem no X, Shellenberger afirmou que “o Brasil está envolvido em uma ampla repressão à liberdade de expressão liderada por um juiz da Suprema Corte chamado Alexandre de Moraes”.

AS ACUSAÇÕES – Segundo ele, “Moraes colocou pessoas na prisão sem julgamento por coisas que postaram nas redes sociais, exigiu a remoção de usuários das plataformas de mídia social, exigiu a censura de postagens específicas, sem dar aos usuários qualquer direito de recurso ou mesmo o direito de ver as provas apresentadas contra eles”.

O repórter também afirma que Moraes tentou minar a democracia no Brasil e “exigiu ilegalmente que o Twitter revelasse detalhes pessoais sobre usuários do Twitter que usaram hashtags de que ele não gostou”. Segundo ele, o objetivo de Moraes seria impedir a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.

A divulgação dos “Twitter files Brazil” repete a estratégia utilizada por Musk, logo depois da compra da rede social, quando ele vazou, em dezembro de 2022, os “Twitter files” para o jornalista americano Matt Taibbi. O objetivo da série de reportagens de Taibbi era demonstrar que as políticas de moderação do Twitter teriam um viés favorável ao Partido Democrata e contrário aos republicanos.

ALIADO A TRUMP – Musk é um notório apoiador do republicano Donald Trump, que, neste ano, disputará a eleição presidencial americana contra o presidente democrata Joe Biden. Trump e Musk fazem parte de uma rede internacional de extrema direita, que também inclui figuras como Viktor Orban, da Hungria, Javier Milei, da Argentina, e o próprio clã Bolsonaro. Confira abaixo o post de Shellenberger:

Nesta quarta-feira, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, assinou acordos de cooperação técnica entre um órgão criado pela corte, a Polícia Federal e a AGU (Advocacia-Geral da União) visando o enfrentamento das notícias falsas durante as eleições.

O órgão, denominado Ciedde (Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia), foi lançado recentemente com o intuito de evitar que as fake news influenciem o pleito municipal deste ano. Moraes destacou que o Ciedde já tomou medidas contra perfis falsos que se passavam pelo próprio órgão. Ele enfatizou a gravidade da desinformação, chamando-a de “mal do século 21”, e ressaltou a importância de proteger o voto dos eleitores.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na matéria enviada por José Guilherme Schossland, nem tudo que Musk diz é despropositado. Ele acha exageradas as punições que Moraes e o Supremo aplicam, ao considerar como “terroristas” os réus que deveriam estar respondendo apenas por invasão de prédio público e depredação de patrimônio. Dizer que os invasores do 8 de Janeiro faziam parte de uma “organização criminosa armada” também é uma viagem psicodélica. Afinal, que armas eram essas? Na verdade, essas decisões arbitrárias da Justiça fazem o Brasil passar vergonha lá fora. Apenas isso. (C.N.)  

Venezuela já se tornou ditadura, com prisões arbitrárias, torturas e mortes

Afinal, qual a chance do Brasil virar uma Venezuela? | by Juão Rodriguez  Kyntyno | Medium

Não há mais vestígios de democracia na Venezuela de Maduro

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

Fez bem o presidente Lula da Silva ao demarcar distância regulamentar do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que manipula as eleições para não correr o risco de não ser eleito e, para isso, impede a candidatura de seus oponentes. Primeiro, havia sido o Itamaraty a manifestar preocupação com as eleições em nome do governo brasileiro, agora foi o próprio Lula que criticou Maduro e considerou “grave” que Corina Yoris não tenha conseguido registrar sua candidatura à Presidência da Venezuela.

A representante do principal grupo de oposição a Maduro não conseguiu inscrever a candidatura no prazo previsto e, por isso, está sendo impedida de concorrer.

DISSE LULA – “Eu fiquei surpreso com a decisão. Primeiro, a decisão boa, da candidata que foi proibida de ser candidata pela Justiça indicar uma sucessora”, disse Lula. É que Maria Corina Machado indicou sua xará, Corina Yoris, para substituí-la como candidata de oposição.

“Achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça. Me parece que ela se dirigiu até o lugar e tentou usar o computador, o local, e não conseguiu entrar. Então, foi uma coisa que causou prejuízo a uma candidata”, comentou Lula.

As declarações foram dadas durante cerimônia de recepção ao presidente Emmanuel Macron, em visita ao Brasil, no Palácio do Planalto. O contexto era perfeito para demarcar o distanciamento em relação ao líder venezuelano; Macron endossou as declarações de Lula. A condescendência do presidente brasileiro com Maduro até aqui estava se tornando um grande desgaste político.

CHAVE DE UM ACORDO – As eleições venezuelanas estão marcadas para 28 de julho e eram a chave de um acordo intermediado pelo Brasil, a pedido do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para suspender as sanções econômicas norte-americanas ao país vizinho.

Como Maduro não cumpriu o acordo, essas medidas foram restabelecidas. Por isso, Lula disse a Nicolás Maduro que o processo democrático é “importante para a Venezuela voltar ao mundo com normalidade”.

Maduro não está nem aí. Os Estados Unidos precisam do petróleo venezuelano devido à guerra na Ucrânia, porém, para restabelecer relações econômicas normais com Maduro, Biden não pode abrir mão dos fundamentos da democracia na América Latina. Seria perder o discurso de sua política externa em relação a Putin. Ocorre que o eixo de relações políticas e econômicas da Venezuela mudou dos Estados Unidos e do Brasil para a China e a Rússia.

DITADURA PESSOAL – Com Forças Armadas equipadas pela Rússia e pela China, e treinadas por assessores cubanos, Maduro fia-se no controle que exerce sobre elas (todo o setor produtivo estatal foi militarizado) para operar a transição do seu regime “iliberal” para uma ditadura pessoal. Quando assumiu o poder, com a morte de Hugo Chávez, os problemas já existiam, mas não como agora. Está no auge de seu poder político, porém seu prestígio popular caiu muito.

Denúncias de prisões arbitrárias, ameaças, torturas e mesmo a execução de opositores do regime são constantes. A Venezuela vive uma situação de caos econômico.

Maduro aponta as sanções impostas pelos Estados Unidos como causa dos problemas, mas a crise venezuelana é anterior. O país não paga seus credores, inclusive os empréstimos contraídos com o BNDES.

SANÇÕES DURÍSSIMAS – As sanções norte-americanas foram duríssimas: bloqueio de 31 toneladas de ouro que pertenciam à Venezuela e que estavam armazenadas em bancos ingleses; imposição de licença que limita os investimentos das empresas norte-americanas na Venezuela; sanções do governo norte-americano a milhares de políticos e empresários venezuelanos.

Há, ainda, proibição da venda para a Venezuela de peças que podem ser usadas para material bélico; bloqueio de transações econômicas envolvendo moedas digitais por parte do governo venezuelano; sanções a empresas russas que compraram e transportaram petróleo venezuelano.

Milhões de venezuelanos procuraram abrigo em outros países, inclusive nos Estados Unidos e no Brasil. Em 2019, o salário mínimo na Venezuela correspondia ao equivalente a R$ 77; em junho de 2023, era de 130 bolívares, o equivalente a cinco dólares e meio e a R$ 27. Maduro promete um grande aumento às vésperas da eleição.

Casos de Cid e de Marielle expõem as lacunas nas delações premiadas

Nani Humor: DELAÇÃO PREMIADA

Charge do Nani (nanihumor.com)

Ana Gabriela Oliveira Lima e Angela Pinho
Folha

O instituto da delação premiada foi aperfeiçoado desde a sua implementação em 2013, mas ainda tem lacunas expostas em casos recentes, como o de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) investigado por uma série de crimes pela Polícia Federal, e o do ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSoL).

Entre as dúvidas que suscitam debate entre especialistas estão a quantidade de provas necessárias para, somadas ao depoimento do delator, ensejar uma prisão preventiva; as implicações de uma rescisão da delação; os benefícios oferecidos em negociação; a separação precisa das etapas de negociação; e os casos de divergências entre diferentes autoridades envolvidas nos acordos.

É PRECISO PROVAR – No Brasil, as delações precisam de provas de corroboração para subsidiarem medidas cautelares como a prisão preventiva. A exigência aparece expressa no pacote anticrime de 2019, que trouxe uma série de medidas para aperfeiçoar o instituto.

Como a Folha mostrou, um relatório da Polícia Federal usado para prender os suspeitos de terem mandado matar Marielle expôs dificuldades de provas para confirmar a delação.

“Pessoas foram presas preventivamente oriundas de uma colaboração premiada [no caso Lessa]. O que se espera é que o Judiciário tenha, ainda que minimamente, analisado a existência de provas de corroboração apresentadas pelo colaborador”, afirma Luísa Walter da Rosa, mestre em direito do Estado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e autora de livros sobre acordos penais e colaboração premiada.

SE HOUVER RESCISÃO? – No caso de Mauro Cid, uma dúvida levantada e ainda em aberto é sobre os efeitos de uma possível rescisão da delação, aventada após vazamento de áudios do tenente-coronel com críticas à condução da investigação pela PF e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Segundo Luísa, ainda não é claro quais são as consequências de se rescindir um contrato.

“Isso é importante porque afeta o que vai poder ser feito com os elementos que foram produzidos na colaboração premiada. A depender da maneira como o acordo é extinto, o Estado pode usar ou não as provas que foram entregues pelo colaborador”, afirma.

A especialista cita ainda como lacunas o enrijecimento excessivo da margem de benefícios que se pode negociar com o delator e a insegurança a respeito do que deve acontecer quando a polícia e Ministério Público discordam se vale a pena firmar uma colaboração.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na situação em que se encontra a Justiça brasileira, é um verdadeiro vale-tudo, o Supremo dá sucessivos exemplos de que a lei pode ser interpretada assim ou assado. No caso das delações, é (ou era) ponto pacífico que a Lei Anticrime (13.964/2019) garantiu que colaborações precisam ser corroboradas por provas e não podem ensejar medidas cautelares ou o oferecimento de denúncia com base apenas na fala do delator. É isso que está valendo. A não ser que o Supremo decida em contrário... (C.N.)

Supremo derruba decisão que afetaria investigações sobre crimes financeiros

Tribuna da Internet | Virou bagunça! Nem o Supremo consegue determinar o  que é inconstitucional ou não

Charge do Tacho (Jornal NH)

José Marques
Folha

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou nesta terça-feira (2) uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que colocava em risco ações sobre crimes financeiros e que afetaria processos sobre os ataques de 8 de janeiro e os da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Por unanimidade, os integrantes da turma decidiram acompanhar o relator do processo, Cristiano Zanin, que havia determinado a cassação da decisão do STJ. Zanin já havia derrubado a decisão de forma individual, e, agora, a turma referendou seu entendimento. Votaram nesse sentido, além do próprio Zanin, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes.

DECISÃO ANTERIOR – Em agosto do ano passado, a Sexta Turma do STJ entendeu que a polícia não pode solicitar dados diretamente ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), também chamado de UIF (Unidade de Inteligência Financeira), sem autorização da Justiça.

Como mostrou a Folha, a decisão do STJ tinha o potencial, segundo investigadores, para anular uma série de investigações de crimes como lavagem de dinheiro e corrupção.

Essa decisão, que tratava de uma cervejaria investigada no Pará, foi questionada pelo Ministério Público do estado ao Supremo.Os ministros entenderam que a posição do STJ foi no sentido contrário da já manifestada pelo STF em julgamento sobre o tema em 2019, quando o Supremo avaliou pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para anular provas no caso da “rachadinha”.

NA FORMA DA LEI – No julgamento desta terça, Zanin citou que investigadores manifestaram preocupação a respeito do processo e disse que, no caso em que estava sendo julgado, a requisição de dados ao Coaf foi feita de modo regular. Os outros ministros da turma concordaram.

“O STJ, com todo respeito, deu aquela desviada de interpretação entendendo que só poderia ser compartilhado se fosse o enviado pelo Coaf, o que não foi o decidido pelo Supremo Tribunal Federal”, disse Moraes ao votar.

Flávio Dino afirmou que “seria ilógico se o compartilhamento de ofício pelo órgão que não é de persecução penal possa ser feito, mas a solicitação pelo órgão de persecução penal não possa ser feita”. “Não há lógica que sustente essa distinção”, disse o ministro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Supremo deu uma dentro, como se dizia antigamente, e facilitou a investigação de enriquecimento ilícito e o combate a crimes financeiros. Acredite se quiser. (C.N.)  

Se o STF alterar o foro privilegiado, o que já é ruim poderá ficar péssimo

Uma gaveta fechada há 1.200 dias paralisa a PEC que acaba com o foro  privilegiado - Espaço Vital

Charge do Duke (O Tempo)

J.R. Guzzo
Estadão

É raro no Brasil de hoje que o Supremo Tribunal Federal, quando decide fazer alguma coisa, perca a oportunidade de fazer o pior possível. É o que está acontecendo agora, mais uma vez, com o suposto debate sobre a extensão do “foro privilegiado” – a deformidade legal que dá direitos e obrigações desiguais aos cidadãos brasileiros.

O STF, para infortúnio geral, resolveu se meter também nisso, e aí não pode dar outra: o que já é ruim tem tudo para ficar péssimo. Trata-se de um debate suposto porque não existe, no mundo das realidades, debate nenhum.

NOVO EMBUSTE – É mais um embuste dos ministros para esconder com latinório e português incompreensível a malícia fundamental daquilo que de fato querem impor ao país: um sistema judicial em que tudo que os ministros quiserem julgar pode ser julgado por eles mesmos, sem os inconvenientes e as incertezas da justiça comum.

Penal, civil, extra-terrestre – se os ministros mudarem a lei, mais uma vez, em seu próprio benefício, tudo pode ser classificado como “foro especial” e ser entregue ao julgamento do Supremo. O placar da votação já está em 7 a 0 para a ampliação dos poderes do STF.

É disso, e não de outra coisa, que se trata. O Supremo já deu a si próprio o direito de mandar em tudo – da legalização da maconha para “uso recreativo” à proibição de gibis de palavras cruzadas para os presos que o tribunal define como “golpistas”. Agora decidiu mandar em mais do que tudo.

TOTAL DISPARATE – O “foro privilegiado” é um disparate. Por conta dessa invenção, os gatos gordos da República não precisam responder pelo que fazem à justiça comum – têm direito a serem julgados diretamente no STF, se os seus casos preencherem determinadas condições.

É óbvio que eles foram massageando a lei de forma a incluir nisso o máximo possível de gatos gordos. Hoje, acredite se quiser, há 55.000 pessoas com direito a “foro especial” – o que deveria ser uma situação excepcional virou uma feira livre.

É impossível, obviamente, que se possa fazer justiça num sistema assim. Mas o STF acha que ainda não está bom. Quer que o privilégio do foro se estenda a virtualmente qualquer coisa que o privilegiado fizer, a qualquer tempo e em qualquer circunstância.

MUITA ENCENAÇÃO – Há toda uma encenação, entre os que se consideram “juristas” e coisas parecidas, para fazer de conta que os ministros estão discutindo questões de direito ou de ciência política – ou até, para os mais descontrolados, um “aprimoramento” das instituições.

Mas não há um debate jurídico, nem o aprimoramento de coisa nenhuma. O que há na prática é a multiplicação de casos a serem julgados no STF – onde, entre outras coisas extraordinárias, as mulheres dos próprios ministros podem advogar em causas a serem julgadas pelos maridos.

É uma vantagem multiuso. Serve, de um lado, para livrar os magnatas acusados de corrupção de alguma bala perdida na justiça comum – onde ainda há juízes dispostos a aplicar a lei e condenar quem rouba.

MAIS UTILIDADE – De outro lado, serve para garantir que os inimigos políticos não tenham oportunidade de receber um julgamento imparcial nas instâncias inferiores da justiça.

Um dos ministros diz que a mudança pretendida vai aumentar a “segurança jurídica” no Brasil. Segurança do que e de quem? Há apenas seis anos atrás o mesmo Supremo aprovou um entendimento contrário ao que está sendo proposto agora.

Isso é insegurança jurídica direto na veia – a criação de uma jurisprudência em permanente mutação, de acordo com as circunstâncias, os interesses políticos dos ministros e os nomes dos envolvidos. É como o Brasil de hoje está obrigado a viver.

Voto de juiz que Lula nomeou para condenar Moro foi vazio e sem base

Juiz indicado por Lula vota pela cassação de Moro; placar é de 1 a 1

Argumentos do juiz Sade foram infantis e decepcionantes

Deu no UOL

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná retomou na tarde desta quarta-feira, 3, o julgamento que pode culminar na cassação do senador Sérgio Moro (União-PR), investigado por suposto abuso de poder econômico nas eleições de 2022.

O placar está em de 1×1: o relator, desembargador Luciano Carrasco Falavinha, votou contra a perda do mandato do ex-juiz da Operação Lava Jato, sob o entendimento de que ‘não foi provado abuso, caixa 2 e nem corrupção’; já o desembargador José Rodrigo Sade entendeu que houve ‘patente abuso’ no caso, com a ‘quebra da isonomia do pleito, comprometendo sua lisura’.

PEDIDO DE VISTA – Após Sade abrir divergência, a desembargadora Cláudia Cristina Cristofani pediu vista do caso, suspendendo a sessão. A análise será retomada na segunda, 8, com a expectativa de conclusão da averiguação do julgamento no mesmo dia.

O caso ainda pode aportar no Tribunal Superior Eleitoral, em grau de recurso. O TRE estima que, em tal hipótese, os autos sejam remetidos à Corte superior em maio.

Recém-chegado à Corte eleitoral por indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Sade fez um paralelo entre futebol e o julgamento de Moro. Apontou que o TRE discute se o senador e seus suplentes teriam ‘desrespeitado o fair play financeiro’, o teto de gastos. Nessa analogia, a Corte estaria fazendo um ‘VAR’ do pleito: “o candidato venceu, sua torcida comemorou e estamos avaliando se o gol foi válido”.

GASTO MENOS – A avaliação do magistrado é de que é irrelevante saber se Moro pretendia ou não recorrer ao Senado pelo Paraná, desde o início. Segundo o desembargador, se o candidato escolhe fazer pré-campanha para um cargo maior, deve ter planejamento para que, em casos de mudança para um cargo menor, haja controle de gastos para evitar incorrer em abuso de poder econômico.

Sade entendeu que Moro assumiu risco em começar a gastar como pré-candidato a Presidência expondo-se a impugnação de sua candidatura.

Para o desembargador, no caso concreto, Moro investiu mais recursos que os demais candidatos, porque, até determinado ponto, sua base para o teto era maior, gerando ‘completo desequilíbrio’ para o pleito.

APAGAR O CAMINHO – O magistrado ressaltou que não é possível apagar os caminhos que o pré-candidato percorreu. “Tentando participar de três eleições diferentes, desequilibrou Moro, a seu favor, a última, ao Senado pelo Paraná. E o desequilíbrio decorre da constatação incontroversa de que os demais candidatos não tiveram as mesmas oportunidades de exposição, o que fez toda a diferença”.

Para Sade, as provas são contundentes ao mostrar a realidade da pré-campanha de Moro quando de sua filiação ao Podemos e também ao União Brasil. Em seu voto, o desembargador chegou a citar o precedente da senadora Selma Arruda de Mato Grosso.

“A existência do abuso é patente e verificável de per si, independentemente de considerações sobre o efetivo impacto e resultado do pleito. Basta a comprovação dos fatos abusivos, no caso, o uso excessivo de recursos financeiros, para que reste configurado o ilícito eleitoral”, afirmou.

SEM ISONOMIA – Para o desembargador estreante, houve a quebra da isonomia do pleito, comprometendo sua lisura e legitimidade, de modo que deve ser reconhecida a prática de abuso de poder econômico, uma vez que foram comprovadamente realizadas condutas aptas a caracterizá-lo”, frisou.

Na próxima sessão de julgamento, votarão, na seguinte ordem: Cláudia Cristina Cristofani; Julio Jacob Junior; Anderson Ricardo Fogaça; Guilherme Frederico Hernandes Denz; e Sigurd Roberto Bengtsson, que é presidente da Corte Regional Eleitoral e, usualmente, só vota em julgamentos quando há empate e dá o voto de Minerva. No caso de Moro, no entanto, ele irá se manifestar em razão de o processo envolver pedido de cassação do mandato de um senador.

O Tribunal ainda acordou ritos para que o julgamento não seja travado, com uma devolução rápida de pedidos de vista.

OUTRA VISÃO – O relator do caso, desembargador Luciano Falavinha, tem entendimento diverso da Procuradoria. Em sua avaliação, para averiguação de um eventual abuso de poder econômico, não é possível somar os valores gastos por Moro em suas três pré-campanhas – à Presidência e ao Senado por São Paulo (ambas frustradas) e ao Senado pelo Paraná. Em sua avaliação, não foi provado o direcionamento da pré-campanha do ex-juiz, desde o início, para o Estado que o elegeu para o Congresso.

O desembargador analisou, uma a uma, as despesas de Moro na campanha de 2022, desconsiderando gastos ligados à propaganda para a Presidência e para o Senado por São Paulo.

Ao final da avaliação, o relator entendeu que as despesas efetivamente direcionadas ao Paraná totalizaram R$ 224 mil – e não R$ 2 milhões como calculado pela Procuradoria Eleitoral. O valor representa 5% do teto de gastos de campanha ao Senado do Paraná e 11,51% da média de gastos de campanha considerando as outras candidaturas ao Senado pelo Estado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como já se esperava e havia até sido noticiado pela imprensa, o desembargador Sade fez um voto destinado a agradar o presidente Lula, que acaba de nomeá-lo para o cargo. Mas esperava-se maior consistência na fundamentação. O que se viu, no entanto, foram argumentos genéricos, vazios, que em momento algum enfrentaram a minuciosa demonstração contábil feita pelo relator. Sade foi infantil, fez analogia com futebol e mostrou ser verdadeiramente sádico, ao defender uma condenação desmotivada. E vida que segue, diria João Saldanha, que adorava política, mas não suportava atos meramente servis, como esse voto despropositado. (C.N.)

EUA seguem investigando corrupção na Petrobras nas gestões Lula e Dilma

Lava Jato: furacão em empresários, brisa em políticos – Blog do Robson Pires

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

José Casado
Veja

Os Estados Unidos continuam a investigar a corrupção na Petrobras no período 2003-2014, ou seja, durante os governos Lula e Dilma Rousseff. O governo Joe Biden anunciou na semana passada a confissão de culpa da Trafigura. A companhia baseada na Suíça aceitou pagar o equivalente a 630 milhões de reais em multas por subornar funcionários brasileiros, durante uma década, para conseguir e manter contratos com a Petrobras na comercialização de combustíveis.

A Trafigura foi a última das cinco grandes tradings a confessar participação num esquema de corrupção no qual pagavam-se propinas de 20 centavos até dois dólares sobre cada barril de produtos petrolíferos comprados ou vendidos à Petrobras. As outras foram Glencore, Vitol, Mercuria e Gunvor.

TRADING IMENSAS – Juntas, essas cinco “irmãs” controlam quase um quarto do comércio mundial de mercadorias — de petróleo a grãos. Individualmente, são maiores que a Petrobras.

Foi a mais ampla investigação nos EUA sobre negócios obscuros nesse mercado desde os anos 80, quando Rudolph Giuliani, então promotor de Nova York, saiu à caça de Marc Rich, fundador da Glencore.

Rich acabou condenado por corrupção a três séculos de prisão. Fugiu, perdeu parte da fortuna, mas morreu ainda bilionário em 2013. Não voltou aos EUA, mesmo depois de perdoado pelo presidente Bill Clinton — era um dos financiadores relevantes do partido Democrata.

PERDEU A CARTEIRA – O promotor Giuliani, republicano, elegeu-se prefeito de Nova York (1994-2001). Em 2018 integrou a assessoria jurídica de Donald Trump, com quem envolveu-se em tentativas de fraudes eleitorais na disputa presidencial, vencida por Joe Biden. Perdeu sua licença de advogado.

A etapa brasileira da investigação na Lava Jato avançou com executivos contando como aconteciam os subornos em troca de vantagens nos contratos. A Petrobras negociava, em média, 400 mil barris de combustíveis por dia, a preços variáveis nas praças de Houston, Londres e Nova York.

A empresa afirmou à Justiça que parte desses negócios, durante uma década, foi realizada em operações sem registro, em papel ou eletrônico.

COMISSÃO ALTÍSSIMA – Em alguns contratos, segundo as confissões, foi paga comissão de até dois dólares por barril, embora a média fosse de 20 centavos de dólar.

O dinheiro da propina era rateado entre funcionários da Petrobras, intermediários nas operações e políticos vinculados aos partidos PT, MDB, PL, Progressistas e PSDB, entre outros.

Uma dezena de empresas brasileiras e estrangeiras já confessaram corrupção em negócios com a Petrobras e aceitaram multas criminais. A maior delas, equivalente a 13 bilhões de reais, foi imposta à antiga Odebrecht, atual Novonor. A Petrobras pagou cerca de 4,2 bilhões de reais.

MAIS EXIGÊNCIAS – Todas concordaram, também, com a submissão a uma série de exigências do Departamento de Justiça e do órgão de controle de mercados de capitais (Securities and Exchange Comission) para continuar operando no sistema financeiro norte-americano.

Como a Petrobras, e a antiga Odebrecht, por exemplo, as cinco “irmãs” das commodities precisam informar e demonstrar, periodicamente, as mudanças nos seus padrões operacionais no comércio mundial de petróleo, alimentos, minérios e metais.

Outra cláusula comum nesses acordos judiciais feitos nos EUA é a da colaboração obrigatória de cada empresa em novas investigações sobre corrupção.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enquanto na matriz USA a Justiça funciona, aqui na filial Brazil ocorre o contrário e a Justiça faz um esforço descomunal para sepultar o que resta da Lava Jato, para proteger os corruptos de sempre. Sinceramente, é desanimador. (C.N.)

Moro é perseguido pelas virtudes, e não por seus defeitos grotescos

Julgamento de Moro é mais político do que técnico | Blogs CNN | CNN Brasil

É preciso que Sérgio Moro seja julgado com imparcialidade

Fabiano Lana
Estadão

O senador Sérgio Moro tem sido um político bisonho, pode ter cometido abusos durante a condução da Operação Lava Jato, foi oportunista ao se unir ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e deixou a ambição cegá-lo em tantos momentos de sua trajetória. Mas a aversão de setores da sociedade pela sua figura não se deve exatamente a esses defeitos apontados.

 Se deve ao fato de ele ter atingido um grupo político ao desnudar bilionários esquemas de corrupção que acabaram por atingir até mesmo o atual presidente Lula.

VIDA DURA – Quando o então juiz Sérgio Moro decidiu deixar a magistratura para se tornar ministro da Justiça de Bolsonaro, um experiente e perspicaz congressista comentou com esse colunista:

“Agora Moro vai perceber como é dura a vida na política. Terá de fazer coisas que não é acostumado, como negociar, ceder, firmar acordos com quem não gosta e vai apanhar muito da imprensa”. Dito e feito.

Naquela época, inclusive, análises apontavam que Bolsonaro havia errado ao colocar alguém “maior politicamente do que ele” como auxiliar. O ex-presidente, talvez, quisesse apenas diminuir um potencial rival deixando-o bem por perto. Vai ver que recebeu aquele meme do chinês Lao Tsé que dizia, a cinco séculos antes de Cristo, “Mantenha os amigos perto de você e os inimigos mais perto ainda”.

HERÓI NACIONAL – Poucos meses antes, no auge da Lava Jato, Moro era o maior herói nacional, sem nenhuma dúvida. Eram tempos em que se desvendavam desvios bilionários nas estatais, utilizados para enriquecimentos pessoais e para a eternização de projetos de poder. Nos carnavais bonecos e máscaras do juiz eram aplaudidos pelos foliões.

Em um país que atravessava uma recessão feroz, imaginava-se que toda culpa fosse dos esquemas de corrupção conduzidos por políticos de todos os vieses, mas principalmente pelo Partido dos Trabalhadores. O juiz federal de Curitiba era o herói que viria nos salvar.

A Lava Jato de Curitiba foi um tiro de fuzil no Partido dos Trabalhadores, que demorou uns anos a se recuperar. Já a Lava Jato de Brasília, conduzida pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot atingiu principalmente os partidos do centro e do centrão, principalmente o MDB de Michel Temer e o PSDB de Aécio Neves (nesse caso, o tiro pode ter sido fatal).

OPERAÇÕES MIDIÁTICAS – Ambas as operações, do sul do país e da capital, souberam ser midiáticas a ponto de dominar massivamente os noticiários. Tornou-se rotina dos brasileiros acordar com a notícia de um figurão em cana – em prints enviados por algum grupo de WhatsApp com fotos de tal sujeito, algemado, muitas vezes conduzidos por um agente de feições orientais, a adentrar num camburão da Polícia Federal.

Nesse cenário de desolação e corrupção, o brasileiro passou a procurar alguém fora de tal sistema para ser seu condutor de dentro do Palácio do Planalto. Houve alguns cometas políticos de ocasião, como o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, algoz do PT no mensalão. Ele desistiu.

O então prefeito de São Paulo, João Dória, também viu sua chance de ir para a Presidência. Considerado outsider, foi vetado pelo próprio partido, o PSDB.

CAVALO SELADO – Nessa procurar pela barata do holocausto na política, o brasileiro passou a prestar cada vez mais atenção em Jair Bolsonaro. Mesmo com sete mandatos consecutivos na Câmara dos Deputados, em geral por partidos também atingidos pelos escândalos mostrados na TV, o capitão soube se apresentar como a novidade contra tudo aquilo que estava ali e conquistou o Planalto.

Não existe “se” na história, mas podemos abrir uma exceção: se Sérgio Moro tivesse se candidato em 2018 teria vencido as eleições. Era o juiz que havia colocado o ex-presidente Lula na cadeia – o maior troféu possível numa sociedade então dominada pelo antipetismo.

Talvez Moro tenha percebido que o cavalo selado passou na sua porta, mas ele não montou. Talvez achasse que poderia ser sucessor de Bolsonaro. Ou, mais humilde, um ministro do Supremo Tribunal Federal. Foi aí que, vitimado pela picada da mosca azul, aceitou ser ministro da Justiça.

FIASCO NOTÁVEL – O fiasco de sua atuação no ministério foi notável. À esquerda, ficou provada a teoria da conspiração de que o “fascista” Sergio Moro perseguia politicamente Lula.

 O vazamento de suas conversas com os integrantes da Lava Jato, com direito a momentos de deslumbramento explícito de procuradores como Deltan Dallagnol, não facilitou as coisas para ele. Do lado do bolsonarismo, não se adaptou em ser um membro de uma seita na qual todo o rebanho precisa pensar e se expressar exatamente como o líder para não sofrer retaliações.

Moro entrou grande e saiu pequeno do ministério, acusando seu ex-chefe de abuso de poder. A esquerda continuou o odiando. A direita passou a tratá-lo como traidor e sua influência na imprensa se esvaiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Excelente artigo de Fabiano Lana. Cabe apenas um adendo. Moro foi boicotado pelo presidente Bolsonaro e pelo Congresso, que transformaram seu pacote anticrime em pacote a favor do crime, aprovando inclusive a Lei de Abuso da Autoridade, para tirar a liberdade de juízes e procuradores. Recordar é viver. (C.N.)

Empresa australiana DefendTex avança em negociações para adquirir a Avibras

Avibras Indústria Aeroespacial S/A - ASTROS

Avibras é fabricante do lançador de foguetes Astros II

 Deu em Forças de Defesa 

A empresa nacional Avibras Indústria Aeroespacial e a australiana DefendTex comunicam que vêm mantendo tratativas avançadas para viabilizar um potencial investimento que visa a recuperação econômico-financeira da Avibras, de forma a manter suas unidades fabris no Brasil, retomar as operações o mais breve possível e manter o fornecimento previsto nos contratos com o governo brasileiro e demais clientes.

Ambas as companhias estão empenhadas e trabalhando diligentemente para finalizar os termos e condições específicas do investimento e manterão o mercado informado.

AS EMPRESAS – A Avibras é uma empresa brasileira de tecnologia e inovação com capacidade industrial única e reconhecida mundialmente pela excelência e qualidade de seus produtos, sistemas e soluções de engenharia nas áreas de Aeronáutica, Espaço, Eletrônica, Veículos e Defesa. Com mais de 60 anos de atuação, a Avibras consolidou sua posição como uma das empresas líderes mundiais no segmento de Defesa e Aeroespacial.

A DefendTex é uma empresa internacional de defesa com sede na Austrália e líder estabelecida em soluções de guerra assimétrica de múltiplos domínios. Fornecendo tecnologias de defesa líderes no mundo, os recursos da DefendTex incluem armas guiadas de precisão, energia, fabricação de foguetes e loitering munitions.

DefendTex tem ampla experiência em pesquisa colaborativa, tendo comercializado tecnologias de defesa revolucionárias.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Matéria enviada por José Guilherme Schossland. Como não há uma política de defesa delineada de forma permanente, fica difícil produzir armamentos no Brasil. A solução é estatizar essas empresas, mas os comandantes preferem sustentar as Odebrechts da vida, que adoram uma mamata. (C.N.)

Conselho ignora Lula e reabre o caso da morte de Rubens Paiva na ditadura

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Em 1986, Eunice Paiva ainda tentava saber o que houve

Mateus Vargas
Folha

O Conselho Nacional de Direitos Humanos aprovou nesta terça-feira (2) a reabertura da apuração sobre o assassinato do do ex-deputado Rubens Paiva por agentes da ditadura militar. O caso havia sido arquivado em 1971, ano da prisão e assassinato de Paiva, pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

Em 20 de janeiro daquele ano, o engenheiro e parlamentar que tinha sido cassado após o golpe de 1964, teve a sua casa no Rio invadida, foi levado a uma unidade militar para depoimento e desapareceu. Relatos e apurações da Comissão Nacional da Verdade e do Ministério Público Federal apontam que os militares montaram uma farsa para encobrir o assassinato sob tortura e a ocultação do corpo.

VETO NÃO VALEU – A decisão do conselho ocorre após o presidente Lula (PT) vetar atos relacionados aos 60 anos do golpe de 1964 para não se indispor com as Forças Armadas. Integrantes do governo planejavam desde eventos até mobilizar ministérios por pedido de desculpas públicas às vítimas da ditadura.

O Ministério da Justiça se absteve na votação desta terça-feira. Representante da pasta no conselho, Roseli Faria disse que qualquer defensor dos direitos humanos seria favorável à reabertura da apuração, mas que o ministério não havia alcançado uma “posição oficial”.

Ela pediu desculpas e disse que “desconfortavelmente” teria de se abster.

MEMÓRIA E VERDADE – Filha do ex-parlamentar, Vera Paiva participou da sessão do conselho. “O fato de a gente não ter um túmulo, lugar onde possa honrar a memória, é a tortura que eles [os agentes da ditadura] queriam perpetuar”, disse ela.

Representante do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Hélio Leitão disse durante a votação que é preciso pressionar por políticas de memória e verdade. Ele afirmou que o veto de Lula a atos relacionados ao golpe “dá bem a nota do retrocesso e limitações impostas pelo 8 de janeiro” a essas ações.

O assassinato de Rubens Paiva é um dos crimes mais conhecidos crimes da ditadura. Apenas nos anos 1990 o Estado brasileiro oficializou a inclusão do ex-parlamentar em lista de desaparecidos em razão de atividades políticas no regime, e a família recebeu uma certidão de óbito. Também obteve na Justiça uma indenização.

RECEBEU CARTAS – Paiva, à época com 41 anos, não tinha atuação na luta armada. O pretexto de sua prisão foi o envio, por exilados no Chile, de cartas para o Brasil endereçadas a ele.

As correspondências tinham sido apreendidas por militares no mesmo dia da prisão com duas mulheres em um voo vindo de Santiago, também detidas.

A esposa de Paiva, Eunice, que morreu em 2018, ficou presa por 12 dias. Após o desaparecimento, a mobilização dela pelo paradeiro do marido se tornou simbólica da resistência da sociedade ao regime.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Preso, torturado e morto porque ia receber cartas de exilados. Será que Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro, que têm admiração pelo torturador e assassino Brilhante Ustra, orgulham-se do que aconteceu a Rubens Paiva, que era empresário bem-sucedido e nada tinha de comunista? Perguntar não ofende. (C.N.)  

Seja qual for a decisão do TRE sobre Moro, a corrupção vai sair ganhando

Análise das charges – Iran Rocha Markus

Charge do Nani (nanihumor.com)

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Está em curso o julgamento do processo que poderá terminar na cassação do mandato do senador Sergio Moro. Se ele for condenado, a corrupção ganha porque o símbolo da maior operação de combate à corrupção da história nacional foi apanhado em malfeitorias eleitorais. Se ele for absolvido, a corrupção também ganha, porque, tendo cometido ilegalidades, saiu inteiro.

Essa situação parece absurda, mas segue uma lógica demonstrada na segunda metade do século passado pelo economista sueco Gunnar Myrdal. Leis complexas e ambíguas são produzidas pelo Estado e por burocratas para preservar a prática da corrupção.

FIM DA LAVA JATO – Passados dez anos, no Supremo Tribunal Federal descostura-se o manto de moralidade da Operação Lava Jato. Confissões são desconsideradas e multas são congeladas. Em poucas palavras, no cumprimento de leis complexas e ambíguas, o jogo virou.

Há duas semanas completaram-se dez anos da explosão do caso da compra, pela Petrobras, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Neste ano da graça de 2024, a empresa suíça Trafigura acaba de pagar US$ 126 milhões para a Justiça americana por conta do seu esquema multinacional de capilés.

A repórter Julia Affonso revelou que a Trafigura molhou a mão de um diretor da Petrobras com US$ 1,5 milhão em operações de compra e venda de óleo.

PROCESSO SUSPENSO – Como as leis são complexas e ambíguas, em 2022 o Superior Tribunal de Justiça suspendeu o processo. Apesar das confissões de executivos, a defesa dos investigados argumentou “práticas espúrias de parte dos procuradores da República, integrantes da força-tarefa Lava Jato, e da autoridade judiciária, reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal como contaminadoras de sua atuação e das provas por eles produzidas”.

Bingo. Era o ocaso da Lava Jato, alvorada para os réus. Passaram-se dois anos e as roubalheiras com a Trafigura explodiram nos Estados Unidos. Lá, o Departamento de Justiça afirmou que “por mais de uma década, a Trafigura subornou autoridades brasileiras para obter negócios ilegalmente e obter mais de US$ 61 milhões em lucros”. No Brasil, o caso dorme em berço esplêndido.

O juiz Sergio Moro divulgou a delação premiada do petista Antonio Palocci às vésperas da eleição de 2018 e foi para o Ministério da Justiça de Jair Bolsonaro. O magistrado, que surgiu em 2004 defendendo uma faxina no sistema político nacional, viu-se acusado pelo Podemos de ter torrado R$ 45 mil do fundo partidário em roupas, inclusive uma bermuda.

LARÁPIOS/VÍTIMAS – Moro fez uma carreira literalmente meteórica e, como sucede com os meteoros, produziu brilho, barulho e buraco. O metabolismo nacional levou dez anos para digerir a República de Curitiba, que ousou encarcerar os barões da corrupção organizada. Cassou o mandato do ex-procurador e deputado Deltan Dallagnol e poderá cassar Sergio Moro.

Moro e os procuradores pagam pelo que fizeram de errado. Até aí, é o jogo jogado, mas criou-se uma situação na qual a culpa de um alivia os crimes dos outros. Resultado: os larápios de 2014 viram vítimas dos réus de 2024.

Os réus de 2014 confessaram seus crimes e aceitaram pagar multas proporcionais aos prejuízos que causaram à Viúva para abastecer seus cofres. Uma coisa era uma coisa e outra coisa, outra coisa.

Pelo péssimo uso da imagem de Cristo, Boulos é alvo de oportunismo político

MTST rebate críticas à postagem 'bandido bom é bandido morto': 'falta de  interpretação' - País - Diário do Nordeste

Mensagem do MTST continua provocando polêmica

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Jesus, pendurado na cruz em sua agonia final, é observado por um grupo de soldados romanos, um dos quais exclama: “Bandido bom é bandido morto”. Essa imagem, mais a sucinta legenda “Boa Sexta-feira Santa!”, foi o post feito pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em sua rede social na sexta-feira. O que se seguiu foi um verdadeiro Carnaval de indignação.

Além de pastores, entraram na dança políticos como Bia Kicis, Magno Malta, Nikolas Ferreira, Carla Zambelli, Kim Kataguiri; todos aproveitaram para rasgar as vestes. O prefeito de São Paulo não deixou por menos: “Na sexta-feira Santa, ver uma postagem dessas é de cortar o coração. Um sacrilégio. Essa turma do Boulos só ataca a tudo e a todos. Estou indignado”.

OUTRA VISÃO – Não há sacrilégio, blasfêmia ou qualquer insulto a Jesus no post. Basta ler com boa-fé. Jesus não foi comparado a um bandido. “Bandido” é como as autoridades romanas o viam, e por isso o executaram. Da mesma forma, diz a esquerda, tantos são executados no Brasil sob o argumento de que seriam “bandidos”.

O alvo tampouco é a coletividade dos cristãos. O escárnio é dirigido a quem defende o lema “bandido bom é bandido morto” e ao mesmo tempo é (ou se diz) cristão. É um grupo grande, mas não tem o monopólio da fé. Segundo o post, caso estivessem vivos lá na Palestina do século 1, estariam do lado dos que mataram Jesus. Ou seja, embora professem a religião, seus valores seriam profundamente anticristãos.

A crítica acerba aos “cidadãos de bem” é uma das mais antigas tradições cristãs, que aliás começou com o próprio Jesus ao desferir suas invectivas contra fariseus e doutores da lei. Depois dele, vimos a mesma coisa em figuras como Martinho de Tours, Francisco de Assis, John Wesley, Martin Luther King e Oscar Romero.

OPORTUNISMO – É óbvio que a mobilização de lideranças religiosas e políticas não passa de oportunismo político. Isso fica evidente na tentativa de ligar Boulos ao post.

O ponto relevante, contudo, é que esse oportunismo funciona. Milhões de pessoas se sentiram ofendidas e realmente viram no post um ataque à sua fé.

Já não vivemos em tempos de boa interpretação de texto. E o contexto também não ajudou. O post ser feito na Sexta-feira Santa com um desejo irônico de “feliz dia” ao lado da imagem terrível sublinha sua intenção de provocar. Não é exatamente o sentimento mais positivo para se cultivar num dos dias mais solenes para a maioria dos cristãos.

FORA DE LUGAR – Além disso, o MTST pouco fala sobre religião. Não tem o “lugar de fala” para fazer sua crítica. Sim, os cristãos estão plenamente imersos no caldo identitário em que vivemos, no qual “quem” diz é mais importante do que o que é dito.

Com razão ou não, o post criou um problema político para Boulos, e nos lembra como a fé cristã no Brasil está profundamente identificada à direita. O trabalho de torná-la independente das ideologias políticas é de longo prazo e terá que ser feito por pessoas de dentro das igrejas, e não por críticos externos.

A esses, cabe não hostilizar gratuitamente, o que só aumenta o problema e traz altos custos políticos. Não é à toa que todos os grandes reformadores foram crentes devotos.

Partido de Bolsonaro quer usar exemplo de Brazão para mudar foro privilegiado

Todos BrasilBruna Lima
Metrópoles

O PL, partido de Jair Bolsonaro, decidiu apresentar a proposta de emenda à Constituição contra o foro privilegiado nesta semana para aproveitar a contrariedade gerada entre alguns parlamentares a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão, preso no dia 25 de março a mando do ministro Alexandre de Moraes, por ter sido delatado como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco.

A avaliação é que o contexto da prisão de Chiquinho abriu uma janela para os deputados discutirem o foro privilegiado porque deixou uma “sensação de vulnerabilidade” no Congresso Nacional.

Como antecipou a coluna, o PL irá protocolar a PEC nesta semana na Câmara. O projeto define que o foro de deputados federais será nos Tribunais Regionais Federais de seus estados e teriam opções de instâncias para recursos.

O foro do Supremo Tribunal Federal, segundo a proposta que será apresentada, continuaria apenas para ministros e os presidentes dos Três Poderes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa questão do foro privilegiado está destinada a agravar a guerra entre Supremo e Congresso, que terá batalhas empolgantes no decorrer deste ano. O fator principal é a mania que o STF resolveu desenvolver, ao pretender legislar no lugar do Parlamento. É um superpoder que os onze ministros julgam ter, mas na verdade não possuem. Cabe os parlamentares a missão de legislar. Aos integrantes do STF cabe apenas confirmar se a lei é constitucional ou não. Somente isso. Os ministros do STF acham que são representantes de Deus, mas não representam ninguém, porque nunca foram eleitos, são meramente nomeados. (C.N.)

Para absolver Moro, o relator no TRE cita as campanhas de Lula e Bolsonaro

Relator vota contra cassação do mandato de Moro no TRE-PR

Falavinha sustentou seu voto citando exemplos concretos

Júlia Duailibi
GloboNews

O relator do caso Sergio Moro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná citou as pré-campanhas de Bolsonaro e Lula para argumentar que não acataria as acusações contra o ex-juiz de Curitiba. que responde por possível abuso de poder econômico na pré-campanha eleitoral de 2022. O voto foi dado na segunda-feira (1º) e o julgamento será retomado nesta quarta (3).

Luciano Carrasco Falavinha afirmou que as acusações deveriam trazer “dados empíricos assimiláveis, ou seja, quais foram as despesas de seus pré-candidatos (a Presidência) para se aferir se, em comparação com os gastos dos investigados, esses seriam excessivos”.

CASOS CONCRETOS – “No que tange aos gastos quando era pré-candidato à Presidência da República, o Partido Liberal não indicou, por exemplo, quanto foi gasto nas “motociatas” realizadas pelo então Presidente Jair Messias Bolsonaro, algumas reconhecidas como atos de pré-campanha inclusive.”

Depois, cita o caso de Lula. “Do mesmo modo, o Partido dos Trabalhadores, aqui integrante da Federação, não indicou uma despesa sequer que tenha realizado em favor do atual Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tendo impugnado o ato de lançamento da candidatura do investigado Sergio Moro à Presidência, mas nada falou quanto gastou em seu próprio evento de campanha no qual, segundo a reportagem, o PT esperava reunir 4 mil pessoas com a convocação de militantes do país inteiro.”

DUPLA ACUSAÇÃO – Outro ponto do voto de Falavinha, que não acatou a tese do Ministério Público Eleitoral de abuso de poder econômico pelo senador Sérgio Moro, chamou a atenção dos advogados: quando fez relação entre uma ação em São Paulo, movida pelo PT local e que questionava o domicílio eleitoral de Moro no Estado, com a ação que questionava os gastos da pré-campanha, movida pelo PT do Paraná, e que tinha como foco a disputa pelo Senado.

Para o desembargador, o PT “não pode” mover as duas ações porque significaria “impedir o candidato de participar da vida política”. “Não pode aquele que impugna domicílio eleitoral de candidato – e sai vitorioso – depois impugnar candidatura por excesso em outro Estado. É comportamento contraditório que busca impedir candidato de participar da vida política”, disse em seu voto.

LIBERDADE POLÍTICA – E complementou: “A Constituição de 1988 atribuiu relevo único a possibilidade de participação popular, assegurando ampla liberdade de votar e ser votado. A vingar-se a tese sustentada, restringir-se-á de tal forma as candidaturas com repercussão direta em outros Estados, afetando-se outras candidaturas.”

A relação entre as duas ações chamou a atenção já que não há um impeditivo legal em se mover ações distintas e por autores distintos.

Em 2022, a Justiça Eleitoral não concedeu a mudança de domicílio a Moro para São Paulo ao acatar argumento do PT da capital paulista, segundo o qual o ex-juiz não tinha vínculo profissional com a cidade – e a ação de agora é movida pelo PT do Paraná e pelo PL e trata de gastos de pré-campanha ao Senado.