General tenta salvar imagem, mas ataques às urnas ainda o comprometem

Dirceu chama Tarcísio de ‘ficção’ e defende punição de Eduardo Bolsonaro

Com Macron fragilizado, extrema-direita francesa mira maioria parlamentar

Condenação de Bolsonaro é certa, mas a anistia já se vê no horizonte

Tribuna da Internet | PL busca líderes de partidos para fechar votos da  anistia até o Carnaval

Charge do Laerte (Folha)

William Waack
Estadão

O problema para o “acerto” que se procura fechar em Brasília é a falta de controle e convergência entre os potenciais participantes. Por “acerto” entende-se a ação política, na qual o governador de São Paulo acabou assumindo o papel mais visível, de buscar algum tipo de anistia benéfica a Bolsonaro. E alcançar o que se chama de “pacificação”.

O preço a ser pago por Bolsonaro é alto: indicar imediatamente fora do seu clã familiar o “herdeiro” de seu cacife eleitoral. Na prática significa abdicar da posição atual de “king maker” – nos termos até aqui conhecidos desse “acerto”, Bolsonaro continuaria inelegível, e precipitaria justamente a situação que tenta evitar, a de uma direita competitiva sem ele.

DECISÃO ERRADA – Nesse sentido, o apelo feito a Trump foi a pior decisão estratégica possível do agrupamento bolsonarista. Não só pela dificuldade em se acomodar com vários setores do espectro de centro-direita, que consideram inaceitáveis as interferências da potência estrangeira nos assuntos brasileiros.

Mas também por trazer danos eleitorais, ajudar o adversário no governo e reforçar a ideia de que os caminhos melhores para o Brasil não passam por Lula nem por Bolsonaro.

O “acerto” precisaria de termos a serem combinados de alguma maneira – de preferência informal – com integrantes do STF. Hoje são termos ainda muito difusos, dentro de uma Corte na qual as antigas vozes de condução dos grandes assuntos perderam a capacidade de coordenação, ou mesmo influência. A falta de freio de arrumação em Alexandre de Moraes é o mais eloquente indício.

FALTA DE LIDERANÇA – Também o STF sofre com falta de liderança. Problema mais grave ainda dentro do Congresso, para nem se falar o que acontece fora dele. No amplo espectro de centro-direita há vários operadores hábeis num jogo concentrado na defesa dos interesses diretos de parlamentares, que consiste em encurralar o governo para manter e ampliar ferramentas de poder e emendas. Mas não estão até aqui à altura de executar um “grande jogo” como esse da anistia.

O “acerto” pressupõe que uma “pacificação” possa significar uma volta a um “normal” que ninguém é capaz de dizer qual seria, nem quando deixou de existir. Ao contrário, o cenário evoluiu para uma inédita complexidade que envolve fatores geopolíticos, além da constante deterioração da relação entre os poderes no Brasil e da notória falta de lideranças.

O que se tem pela frente são águas nunca dantes navegadas. Serão enfrentadas por gente variada portando bússolas oscilantes. Nem dá para contar com o GPS controlado pelo Pentágono.

7 de Setembro vira campo de batalha simbólica entre Lula e Bolsonaro

Mensagem profética de uma contagem regressiva neste mundo agredido

Planeta Terra Com Diversos Ecossistemas Foto Realística Ilustração ...

ilustração reproduzida do Arquivo Google

Paulo Peres
Poemas & Canções

O administrador de empresas e poeta carioca Marcos Fernandes Monteiro, conhecido como Coquito, na letra de “Contagem Regressiva”, parceria com Johnny do Matto, personifica-se de profeta e alerta para os primeiros sinais.

A música “Contagem Regressiva” foi gravada por Johnny do Matto no CD Parcerias, em 2009, produção independente.

CONTAGEM REGRESSIVA
Johnny do Matto e Cokito

Fique atento aos primeiros sinais
Movimentos celestes
A chegada das pestes
Mensagens astrais

Fique atento aos primeiros sinais
Caso a lua se vá
Sem querer mais voltar
E o sol também for
E levar seu calor

Fique atento aos primeiros sinais
Só restará uma prece
E é bom que se apresse
Pois a estrela cadente
Desce incandescente
Anunciando a matança
Mas ainda há esperança
Na força de um grito
Que leve ao infinito
Toda a redenção
De um novo ser humano
Em um novo plano
Através da lição
Em um novo mundo
Na recriação

Anistia em debate: Como o Congresso quer apagar o 8 de Janeiro

Manobra busca blindar Bolsonaro e seus aliados

Marcelo Copelli
Revista Fórum

O debate sobre a anistia irrompe novamente no centro da cena política brasileira. O termo, que carrega em si a ideia de perdão e esquecimento, foi resgatado não apenas como um instrumento jurídico, mas como estratégia política de sobrevivência. E, embora se fale em “pacificação nacional” e “reconciliação do país”, o que está em jogo, na prática, é a tentativa de salvar o ex-presidente Jair Bolsonaro e proteger seu círculo mais próximo das consequências penais e políticas dos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.

Por trás da retórica de “virar a página”, move-se uma engrenagem de poder cujo real objetivo é blindar o ex-mandatário e seus aliados, numa disputa direta com o Supremo Tribunal Federal e com a própria lógica constitucional. No Congresso, a articulação em torno da anistia ganhou fôlego com projetos de lei que buscam apagar a punibilidade dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado. 

MANOBRA – Sob a justificativa de proteger “manifestantes” ou “inocentes arrastados pelo contexto”, a proposta abrange, na prática, lideranças políticas e financiadores que hoje enfrentam processos no STF. Trata-se, portanto, menos de um gesto magnânimo em direção à sociedade e mais de uma manobra para interromper o cerco judicial que já alcança Bolsonaro e poderá atingir figuras centrais de sua campanha e de seu governo. A insistência nesse debate revela que não se trata de um esforço para acalmar ânimos, mas de uma operação política com endereço certo.

Do ponto de vista constitucional, a anistia é prerrogativa do Congresso, mas não ilimitada. A Carta de 1988 veda expressamente o perdão para crimes de tortura, terrorismo, tráfico de drogas e crimes hediondos. Embora os crimes imputados aos réus de 8 de Janeiro não tenham sido enquadrados formalmente como terrorismo, a essência dos atos — a tentativa de derrubar a ordem democrática pela força — se aproxima daquilo que a Constituição quis proteger de forma absoluta.

É aqui que emerge a tese da inconstitucionalidade material: ainda que o texto não vede de forma literal, conceder anistia a crimes que atacam o coração da democracia violaria os princípios fundamentais da República, a separação dos Poderes e o dever estatal de preservar o Estado Democrático de Direito.

“RASURA CONSTITUCIONAL” – Não por acaso, juristas críticos à anistia lembram que ela equivaleria a uma “rasura constitucional” disfarçada de acordo político. A comparação com a Lei de Anistia de 1979 não se sustenta, uma vez que, naquele contexto, havia uma transição da ditadura para a democracia, e a discussão girava em torno de como permitir a abertura política.

Hoje, a situação é inversa: discute-se perdoar crimes cometidos contra uma democracia consolidada, em pleno funcionamento institucional, com todas as garantias constitucionais em vigor. O que em 1979 foi apresentado como ponte para o futuro, em 2025 soa como um atalho para o retrocesso.

O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, já consolidou sentenças contra envolvidos nos atos. Ao intervir com uma anistia ampla, o Congresso não apenas enfraqueceria essa resposta, mas passaria a perigosa mensagem de que a democracia pode ser negociada no balcão da política. Além disso, transformaria o esforço de responsabilização em peça descartável, sujeita ao humor das maiorias parlamentares.

IMPUNIDADE – Politicamente, o argumento da pacificação é sedutor, mas, sem memória e garantias de não repetição, se reduz a mero sinônimo de impunidade. O que se busca, ratifique-se, é proteger Bolsonaro da inelegibilidade, das condenações e do estigma de ter liderado ou incentivado um movimento contra as instituições. A anistia seria o mecanismo de salvação para recolocar o ex-presidente no jogo político de 2026, ainda que ao custo de deslegitimar a Constituição de 1988 e enfraquecer a autoridade do Supremo.

Mais grave ainda é a erosão da confiança pública nas instituições. Para os milhões de brasileiros que assistiram, estarrecidos, às imagens de prédios históricos depredados, de obras de arte destruídas e de símbolos da República violados, a mensagem de um perdão coletivo soaria como traição. Seria como dizer que o Congresso não enxerga gravidade em crimes que, em qualquer democracia madura, seriam tratados como uma linha vermelha intransponível. Esse desgaste simbólico pode ser mais perigoso do que as consequências jurídicas imediatas, pois mina o pacto de confiança entre cidadãos e Estado.

Outro ponto que deve ser considerado é o precedente político. Uma anistia agora poderia abrir caminho para que futuros ataques às instituições sejam encarados como apostas de baixo risco. Testa-se o limite da violência, avalia-se a correlação de forças no Congresso e, se houver maioria política, o perdão é concedido.

DIMENSÃO INTERNACIONAL – A democracia não pode se permitir normalizar a lógica da reincidência, em que atos contra a ordem constitucional passam a ser tratados como meras manobras de pressão, passíveis de absolvição a cada ciclo eleitoral. Há também a dimensão internacional. O Brasil, como signatário de tratados de direitos humanos e integrante de organismos multilaterais, assumiu o compromisso de punir ataques contra o Estado de Direito e proteger suas instituições. Uma anistia ampla e indiscriminada para crimes dessa magnitude seria interpretada como sinal de fragilidade institucional e poderia comprometer a imagem do país como democracia estável.

Em tempos de crescente autoritarismo global, a indulgência em relação a atos golpistas colocaria o Brasil na contramão das nações que fortalecem suas defesas contra ameaças internas. Assim, é importante lembrar que a verdadeira pacificação não se alcança pelo esquecimento, mas pela responsabilização.

SALVO-CONDUTO – Países que enfrentaram períodos de instabilidade democrática só conseguiram construir estabilidade duradoura quando combinaram justiça com memória e garantias de não repetição. O que se propõe hoje no Congresso não é um pacto de reconciliação, mas um salvo-conduto para que lideranças políticas escapem das consequências de seus atos.

Em vez de curar feridas, a anistia ampliaria as cicatrizes. A democracia brasileira já foi atacada no fatídico 8 de Janeiro; cabe agora ao país decidir se irá se defender com firmeza ou se permitirá que um acordo político de ocasião reescreva, em nome da conveniência, a sua própria Constituição.

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Os brasileiros mais amados e mais odiados deste país

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Na discussão do processo de Jair Bolsonaro, o país continua dividido e o Supremo não consegue atrair o apoio da maioria da opinião pública, por mais que alegue e divulgue ter apresentado provas de que o ex-presidente e seu núcleo duro “tentaram” aplicar um golpe de estado. Como se sabe, nesse tipo de processo é preciso provar que se configurou uma “tentativa”, para que possa haver crime concretamente, com a devida punição.

Não há a menor dúvida de que os réus “planejaram” o golpe e alguns deles chegaram até a imaginá-lo de uma forma espetacular, com assassinato de alguns envolvidos.

Esse “planejamento” está mais do que provado nos autos, mas faltou comprovar que houve mesmo a “tentativa”, e essa lacuna jogaria tudo por terra, juridicamente, num país sério.

DOGMA JURÍDICO – A configuração da “tentativa” é tema importantíssimo, porque se trata de um dos principais dogmas jurídicos em vigor no mundo inteiro, inclusive no Brasil, mas agora o Supremo inventou de tentar desconhecê-lo, para inicialmente condenar os envolvidos no 8 de Janeiro.

As defesas, é claro, exigem obediência a essa doutrina jurídica, mas a acusação finge que nem existe polêmica, e o procurador Paulo Gonet, também passa por cima, ao concordar com a posição claramente equivocada do ministro relator Alexandre de Moraes.

Para a acusação, a “tentativa” de golpe teria ocorrido devido a três motivos – a manutenção dos acampamentos diante dos quartéis, o episódio de vandalismo de 12 de dezembro e o quebra-quebra de 8 de janeiro, como se existisse uma forte conexão de causalidade entre os três eventos, que então teriam sido liderados pessoalmente por Bolsonaro e o núcleo duro, embora o ex-presidente estivesse morando nos EUA desde 30 de dezembro de 2022.

FALSA CONEXÃO – Com a máxima vênia, a acusação não tem nenhuma prova desta falsa conexão, que fez o Supremo considerar como “terroristas armados” os cidadãos que invadiram os Três Poderes no domingo 8 de janeiro, absolutamente desarmados, para protestar contra a eleição e posse de um criminoso vulgar, extraído da cadeia pelo Supremo sem motivo rigorosamente legal, conforme todos sabem.

Pela invasão dos Três Poderes, cidadãos de bem foram para a cadeia cumprir indevidamente 17 anos de cadeia e pagar multa milionária.

Por isso, o Supremo tem agora dificuldade para julgar os supostos líderes, porque teriam de receber penas ainda mais graves.

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P.S. – Bolsonaro, Lula, Alexandre de Moraes, é tudo uma vergonheira só. São maus brasileiros, despreparados para servir ao público. Eu não entendo por que são tão odiados e amados ao mesmo tempo, mas talvez Freud explique. (C.N.)

CGU aponta que INSS foi avisado em 2019 sobre desconto ilegal e nada fez

Relatora da CGU diz que INSS ignorou recomendações

Levy Teles e
Vinícius Valfré
Estadão

A diretora de auditoria de previdência e benefícios da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Viegas Mota, disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que o órgão foi informado da existência de um esquema fraudulento de descontos associativos em aposentadorias em 2019, depois foi comunicado pela própria CGU em julho de 2024 e acabou por não fazer nada.

A comunicação da CGU ao INSS foi feita em uma reunião com o então presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, em julho de 2024. O próprio Stefanutto só viria a ser destituído do cargo por decisão judicial quase um ano depois, em abril de 2025, quando foi deflagrada operação da Polícia Federal.

ESQUEMA – Segundo Mota, ela teve conhecimento do esquema a partir da recomendação que foi feita pelo Ministério Público Federal no Paraná, em 2019, quando o órgão no Estado deu ciência ao INSS sobre um crescimento diferenciado, em relação a quatro entidades, em reclamações de beneficiários. O MP recomendou ao INSS suspender acordos de cooperação técnica com essas entidades que começavam a operacionalizar o esquema fraudulento. “No primeiro relatório, nós mencionamos um trecho dessa recomendação”, disse.

O relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), voltou a perguntar se a CGU só tomou conhecimento de irregularidades em descontos associativos a partir de 2019. “Eu não tenho acesso, não tenho conhecimento, a nenhum registro anterior”, respondeu Mota, que trabalha na CGU há 24 anos.

Em 2019, foi criado no âmbito da CGU uma Diretoria de Auditoria de Previdência e Benefícios. Até então, as questões relacionadas ao tema eram pulverizados dentro do órgão. Em março de 2024, a CGU começou uma auditoria. Os trabalhos foram concluídos e levados ao conhecimento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, em julho daquele ano.

PROVIDÊNCIAS – Houve uma reunião de Mota com Stefanutto e outras pessoas para tratar do relatório. Na ocasião, ele se prontificou em avaliar a viabilidade das providências listadas. A diretora da CGU afirmou que o INSS não suspendeu acordos de cooperação técnica (ACTs) com entidades suspeitas após essa reunião.

Stefanutto foi nomeado para o cargo de presidente do INSS no dia 11 de julho de 2023 pelo então ministro da Previdência, Carlos Lupi. O pedetista teceu elogios ao subordinado, dizendo que ele não “se deixa dobrar por interesses menores”. “Continue esse homem reto, leal à causa pública e, principalmente, que não se deixa dobrar por interesses menores. Quem ganha é o povo brasileiro, é o INSS, somos todos nós”, disse Lupi à época da nomeação.

Em entrevista em junho de 2025, o ministro da CGU, Vinicius Carvalho, disse que todo mundo sabia do problema e que a CGU estava fazendo auditoria, inclusive o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Gravação de áudio de Michelle marca mobilização bolsonarista no 7 de Setembro

Cármen Lúcia se impressiona com defesas do núcleo central da trama golpista no STF

Cármen conversou com advogados de réus do ‘núcleo crucial’

Eduardo Barretto
Estadão

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficou impressionada com os argumentos apresentados pelas defesas do “núcleo crucial” da trama golpista nesta semana à Primeira Turma da Corte, segundo os advogados. Cármen conversou na última quarta-feira, 3, após a sessão, com os defensores do tenente-coronel Mauro Cid, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier.

De acordo com defensores ouvidos pela Coluna do Estadão presentes à reunião, que ocorreu poucas horas após o término do segundo dia de julgamento, a magistrada disse que analisará em detalhes as manifestações dos advogados da sessão e considerou as declarações bem preparadas. A ministra também pediu ajuda a seus auxiliares para examinar as contestações. Procurada, Cármen Lúcia não respondeu.

PERGUNTA – Durante o julgamento na Primeira Turma, uma pergunta da ministra levou o advogado do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, a incriminar o ex-presidente Jair Bolsonaro, outro réu no processo. O advogado Andrew Fernandes disse que o então ministro tentava demover Bolsonaro de medidas extremas.

“Vossa Senhoria por cinco vezes disse que seu cliente ‘estava atuando para demover o presidente da República’. Demover de quê? Porque até agora todo mundo diz que ninguém pensou nada (de teor golpista)”, questionou a ministra, ao que o defensor respondeu: “Falo claramente para Vossa Excelência. Demover de adotar qualquer medida de exceção”.

Na próxima semana, Cármen e os outros quatro ministros da Primeira Turma devem apresentar seus votos sobre os oito réus do “núcleo crucial” da ação da trama golpista. Além do relator, Alexandre de Moraes, o colegiado é composto pelos ministros Luiz Fux, Flávio Dino e Cristiano Zanin.

Acordo da anistia não significa pacificação, porque cria uma eterna polarização

Charge: Polarização. - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Vicente Limongi Netto

Aplausos para o firme e esclarecedor editorial do Correio Braziliense (06/09), sob o título “Anistia é afronta à democracia e à Constituição”. O texto do irretocável editorial diz que “rasgar a Constituição é abrir caminho para novas aventuras autoritárias”, afirmando também “que não se trata de pacificação, mas de intimidação. Não se trata de reconciliação, mas de nova ameaça”.

Nessa linha, a nação está farta de declarações cretinas e ameaçadoras, de levianos e insanos partidários do quanto pior, melhor. Políticos medonhos que cretinamente tratam o assunto como palanque eleitoreiro.

MARIONETES – A começar pelas marionetes Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, que atuam como deploráveis office boys e moleques de recado do topetudo Donald Trump. É inacreditável a arrogância do medonho trio.

Quando abrem a boca para arrotar tolices, pioram ainda mais a situação do ex-presidente Bolsonaro. Aquele que na chefia da nação debochou da vacina e da pandemia, causando a morte de milhares de brasileiros. Que reuniu embaixadores estrangeiros para declarar que as eleições presidenciais foram fraudadas. Que jogava as patas em jornalistas. A mesma sinistra figura pública que setores políticos insistem agora em transformar em impoluto santo.  É o fim da picada. Valha-me Deus.

Anistia em disputa: Senado costura saída que pode poupar réus, mas não Bolsonaro

Oposição rejeita texto que não trate da anistia geral

Elisa Clavery,
Julia Lindner
e Fernanda Rouvenat
G1

Lideranças do Centrão na Câmara dos Deputados admitem a possibilidade de que o projeto da anistia comece a tramitar pelo Senado, com a solução negociada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Neste caso, o benefício poderia não ser estendido ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O entendimento é que, se o projeto do Senado for apresentado e votado antes do texto da Câmara, é esse que deve ganhar força também entre os deputados.

Aliados de Alcolumbre dizem que o senador trabalha em um texto não para conceder anistia aos condenados, mas para reduzir as penas previstas hoje em lei para crimes contra a democracia. A depender da redação, isso poderia beneficiar Bolsonaro ao reduzir a pena em uma eventual condenação, mas não o livra da punição.

SINUCA DE BICO – A avaliação de parlamentares é que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está “entre a cruz e a espada”, em um momento fragilizado, e não consegue superar o assunto da anistia para seguir a sua gestão na Casa. A avaliação é que o texto do presidente do Senado ganha força por já ter apoio do STF e do governo.

Um deputado afirma que nem adianta insistir em anistiar Bolsonaro, já que “todo mundo sabe que o Supremo vai considerar a anistia ampla, geral e irrestrita inconstitucional.” Outro líder do Centrão diz que a iniciativa do Senado, de certa forma, “ajuda” Motta a se livrar de ter que tomar uma decisão neste momento. Ao mesmo tempo, enfraquece a liderança da Câmara na condução de um debate que essencialmente começou na Casa.

Enquanto isso, a oposição rejeita qualquer texto que não trate da anistia geral e diz conseguir barrar o avanço de uma proposta alternativa no Senado. Alguns parlamentares passaram a admitir abertamente que o projeto deve contemplar o ex-presidente Jair Bolsonaro – algo que, até então, não era dito explicitamente.

RASCUNHO – Um dos principais entusiastas da proposta, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), apresentou um rascunho de projeto nesta quinta-feira (4). A proposta beneficiaria aqueles que “tenham sido, estejam sendo ou, ainda, eventualmente, possam vir a ser investigados, processados ou condenados”, por exemplo, por ataques a instituições públicas, descrédito ao processo eleitoral ou reforço à polarização política.

A proposta garante a anistia a partir de 2019, com o inquérito das fake news como marco temporal. O texto é amplo e poderia, por exemplo, beneficiar não apenas o ex-presidente, mas o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, e o ex-deputado Daniel Silveira.

Além disso, o texto tenta garantir a possibilidade de Jair Bolsonaro concorrer às eleições de 2026 ao dizer que a anistia alcança “os crimes políticos ou conexos, eleitorais e aqueles que tiveram seus direitos sociais e políticos violados”. Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisões da Justiça Eleitoral.

RESISTÊNCIA – Dentro do Centrão, há resistência em recolocar Bolsonaro no jogo político, já que partidos como Republicanos e a federação União-PP tratam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como o nome preferido à corrida do Palácio do Planalto pela direita.

Especialistas em direito eleitoral também afirmam que uma eventual anistia não serviria para derrubar a inelegibilidade de Bolsonaro por crimes eleitorais, algo que dependeria de uma alteração na Lei da Ficha Limpa.

Defesa aposta em princípio jurídico para reduzir pena de Braga Netto

General está preso preventivamente desde o fim do ano passado

Bela Megale
O Globo

Um dos advogados que atuam no julgamento da tentativa de golpe conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito um cálculo otimista sobre a pena à qual o general da reserva Walter Braga Netto pode ser condenado.

Para o criminalista, haveria chance de o militar receber uma pena de cerca de 13 anos, caso a maioria da Primeira Turma da Corte aplique o chamado princípio da consunção, pleiteado pela defesa. Esse princípio permite que um crime mais grave absorva outro de menor gravidade, evitando uma dupla punição. Somadas, as penas atribuídas ao general podem ultrapassar 40 anos.

ACUSAÇÕES – Braga Netto é acusado de cinco crimes, sendo eles: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

Os advogados de Braga Netto pedem, no entanto, que o princípio da consunção seja aplicado aos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático e golpe de Estado, além de deterioração de patrimônio e violência contra o patrimônio. Braga Netto está preso preventivamente desde o fim do ano passado.

Nesta terça-feira, o advogado José Luís de Oliveira Lima, que defende o militar, fez sua sustentação oral na Primeira Turma. Oliveira Lima focou sua defesa em atacar as inconsistências da delação de Mauro Cid, que aponta Braga Netto como um dos artífices centrais da tentativa de golpe, e pediu a absolvição de seu cliente.

Um muro em forma de soneto, de Pedro Kilkerry, o mais radical dos simbolistas

BENDITA SEJA “PEDRO KILKERRY: MALDITO ENTRE MALDITOS” - EVIDENCIE-SEPaulo Peres
Poemas Canções

O advogado e poeta baiano Pedro Militão Kilkerry (1885-1917), é considerado o mais radical dos simbolistas brasileiros, que faziam poesias até sobre objetos inanimados. No soneto “O Muro”, Kilkerry descreve uma visão da realidade, embora não no sentido visual, mas o que seria invisível aos olhos ou diferentes formas de olhar sobre o mesmo mundo, de forma a mostrar aquilo que não se vê.

O MURO
Pedro Kilkerry

Movendo os pés doirados, lentamente,
Horas brancas lá vão, de amor e rosas
As impalpáveis formas, no ar, cheirosas.. . .
Sombras, sombras que são da alma doente!

E eu, magro, espio… e um muro, magro, em frente
Abrindo à tarde as órbitas musgosas
— Vazias? Menos do que misteriosas —
Pestaneja, estremece. . . O muro sente!

E que cheiro que sai dos nervos dele,
Embora o caio roído, cor de brasa,
E lhe doa talvez aquela pele!

Mas um prazer ao sofrimento casa. . .
Pois o ramo em que o vento à dor lhe impele
É onde a volúpia está de uma asa e outra asa. . 

Generais tentam se salvar e deixam Bolsonaro à deriva no Supremo

Advogados de generais lançaram capitão ao mar

Bernardo Mello Franco
O Globo

A primeira semana de julgamento no Supremo trouxe más notícias para Jair Bolsonaro. Na terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes indicou que vai pesar a mão nas condenações pela trama golpista. Na quarta, os advogados de dois generais jogaram o capitão ao mar.

Moraes abriu os trabalhos com a leitura do relatório. O ministro resumiu as principais teses da acusação e das defesas. Antes, ressaltou a dimensão histórica do processo, que atrai os olhos do mundo para o Brasil.

GOLPE DE ESTADO – “O país e a Suprema Corte só têm a lamentar que na história republicana brasileira se tenha novamente tentado um golpe de Estado, atentando-se contra as instituições e a própria democracia, pretendendo-se a instalação de um estado de exceção e uma verdadeira ditadura”, afirmou

A frase mostra que Moraes não tem dúvidas sobre o que se tramou entre a derrota de Bolsonaro nas urnas e o ataque coordenado às sedes dos três Poderes. Antes que alguém o acuse de fazer pré-julgamento, o ministro citou a fonte. Quem atestou que houve tentativa de golpe foi o próprio Supremo, que já condenou 683 participantes da intentona de 8 de janeiro de 2023.

Depois do relator, falou o procurador-geral da República. Paulo Gonet acusou o ex-presidente de comandar um “plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas”. Listou manuscritos, gravações e mensagens que provam a conspiração para impedir a alternância de poder.

ALEGAÇÕES – Por último, o tribunal passou a ouvir os advogados dos oito réus. No esforço para salvar os clientes, dois deles complicaram o ex-presidente. Matheus Milanez, defensor de Augusto Heleno, alegou que o general seria inocente por ter se distanciado de Bolsonaro no fim do governo. Portanto, ele estaria longe da trama contra a sucessão.

Andrew Fernandes Farias, advogado de Paulo Sérgio Nogueira, foi ainda mais contundente. Disse que o general teria tentado “demover” o chefe de adotar “qualquer medida de exceção” para se perpetuar no poder.

O julgamento será retomado na próxima terça com o voto de Moraes. Pelo desespero para aprovar uma anistia a toque de caixa, o bolsonarismo já entendeu que está na hora do Jair.

Lula transforma a rejeição à anistia em força popular e desgaste do bolsonarismo

Ciro Nogueira cita apoio de Barroso à anistia e causa crise no Supremo

Fala do presidente do Supremo é interpretada por bolsonaristas como aceno para a anistia a golpistas - Portal Parlamento Piauí

Nogueira quer aprovar a anistia e ser vice de Tarcísio

Catia Seabra
Folha

A declaração em que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) atribui o avanço de negociações sobre a anistia de envolvidos na trama golpista a uma avaliação do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, provocou a irritação de ministros da corte com o colega.

Barroso contrariou integrantes do tribunal ao afirmar que, após o julgamento e a eventual condenação dos réus, a anistia seria uma decisão política. Embora o ministro negue essa intenção, a fala foi interpretada por bolsonaristas como um aval à deflagração de uma articulação no Congresso para concessão de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

AMBIENTE PROPÍCIO – Em entrevista à Folha, Ciro Nogueira, que é presidente do PP e foi ministro de Bolsonaro, afirmou que a declaração de Barroso criou o ambiente propício para o debate no Congresso.

Contrário à tese de Barroso, um ministro do STF fez duras críticas, sob reserva, à declaração do presidente do tribunal. Esse magistrado aponta que o regime democrático é uma cláusula pétrea da Constituição, sendo absurdo considerar perdoável um ataque à democracia.

Uma ala do tribunal considerou a declaração como um desrespeito à maioria do tribunal, que seria contrária à anistia. Barroso teria dado uma justificativa para a deflagração de um movimento de bolsonaristas no Congresso sem consultar a corte.

SEM IMPEDIMENTO – Um magistrado acrescenta que, do ponto de vista jurídico, não haveria nem mesmo impedimento à anistia antes da decisão da corte, como afirmou Barroso.

Outro ministro, também contrário à anistia, avalia que a visão expressada por Barroso é minoritária no plenário. Ele calcula que apenas três ou quatro dos 11 integrantes do STF pensam dessa maneira, o que incluiria o próprio presidente do tribunal.

Nas palavras desse magistrado, há “chance zero” de o tribunal avalizar uma anistia ampla, mesmo que tenha apoio em massa no Congresso Nacional.

GESTO POLÍTICO – Esse ministro interpreta as declarações de Barroso como uma tentativa de fazer um gesto político num momento considerado delicado, diante das ameaças constantes de sanções do governo dos EUA a integrantes do Supremo.

Ministros lembram que Barroso deu um dos oito votos no STF que invalidaram o indulto concedido por Bolsonaro ao então deputado Daniel Silveira. Em 2022, ele foi condenado pelo STF por incitação à abolição violenta do Estado democrático de Direito e coação no curso do processo.

Então presidente, Bolsonaro concedeu o indulto ao parlamentar, mas a medida foi derrubada pela corte. Na ocasião, Barroso acompanhou a tese de que o ato do presidente havia sido marcado por desvio de finalidade e apontou que o Supremo tinha a prerrogativa de avaliar os atos do Executivo.

PAPEL DO SUPREMO – “Num Estado democrático de Direito, constitucional, quem diz o sentido e o alcance da Constituição e das leis é o Supremo”, afirmou.

Outro ministro que votou pela derrubada do indulto foi Luiz Fux, que tem dado sinais de alinhamento a teses da defesa dos réus dos ataques de 8 de janeiro e da trama golpista. Naquele julgamento, Fux afirmou que não caberia perdão do Congresso no caso de crimes contra a democracia.

“Entendo que crime contra o Estado democrático de Direito é um crime político e impassível de anistia, porquanto o Estado democrático de Direito é uma cláusula pétrea que nem mesmo o Congresso Nacional, através de uma emenda, pode suprimi-la”, disse o ministro.

Procurado para comentar a declaração de Ciro Nogueira, Barroso não se manifestou.