Igreja perde Francisco, o Papa que mais avançou nas liberdades sociais

Acordamos hoje com essa notícia, que não é boa. Deixamos aqui nossa homenagem, carinho e gratidão, Papá Francisco. Obrigado por lutar por um mundo mais justo e fraterno 🙏🏼🥹Reinaldo José Lopes     Folha

Os meses iniciais de papado do argentino Jorge Mario Bergoglio, morto nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, levaram observadores menos familiarizados com o funcionamento da Igreja Católica a achar que uma revolução estivesse por vir. O passar dos anos desfez as expectativas mais afoitas, mas também revelou um pontífice dedicado a implementar mudanças profundas e de longo prazo no catolicismo – ainda que não da maneira esperada pelo público não-religioso.

No programa de Francisco, o primeiro elemento fundamental foi ir ao encontro do que ele costumava chamar de “periferias existenciais”. Em suma, seu pontificado se pôs a operar com base na premissa de que a fé católica do futuro estará cada vez menos ligada aos seus antigos centros de poder e influência na Europa (e, em menor grau, na América do Norte) e será cada vez mais latino-americana, africana e asiática.

ABERTO AOS POBRES – Isso se reflete em elementos tão diversos quanto a constante preocupação do papa e do primeiro escalão do Vaticano com o tema dos migrantes e refugiados globais e a formação de um colégio de cardeais (o grupo de “eleitores” e “candidatos” a futuros papas) tremendamente diversificado, com forte participação de países em desenvolvimento que nunca tinham tido um representante desse tipo.

As “periferias existenciais” – migrantes, refugiados, pobres, idosos, jovens – estariam, segundo Francisco, sob o assédio da “cultura do descarte”, uma visão exclusivamente instrumental e econômica do valor dos seres humanos, uma “economia que mata”.

Trata-se de uma crítica ao capitalismo que, de um lado, reitera boa parte do magistério papal moderno, em especial a partir dos anos 1960, mas que leva essa postura a assumir sua encarnação mais radical até agora.

PELA VIDA – Um impulso semelhante pode ser detectado na maneira como o pontificado do argentino levou até o limite outra tendência já presente nos ensinamentos de João Paulo 2º ou Bento 16: a oposição a qualquer atitude contra a vida humana, ainda que pragmaticamente justificada.

Francisco não cedeu um milímetro na condenação ao aborto, mas também fez questão de condenar a pena de morte em todas as circunstâncias e de criticar a chamada doutrina da guerra justa, aceita pela maioria das vertentes cristãs desde os últimos séculos do Império Romano.

As mudanças defendidas por Francisco na maneira como o catolicismo encara as grandes questões do século 21 enfrentaram oposição cada vez mais forte por parte de membros conservadores da hierarquia católica, em especial alguns cardeais que tinham ganhado força no papado de Bento 16, bem como leigos alinhados a eles do ponto de vista político e religioso.

DIREITA RADICAL – É bastante provável que, no universo de quase 1,4 bilhão de católicos pelo mundo, a insatisfação com Jorge Bergoglio fosse comparativamente insignificante do ponto de vista numérico.

Mas seus adversários mais ferozes acabaram sendo impulsionados pela cultura polarizadora e performática das redes sociais e pela ascensão global da direita radical, que fez com que, para muita gente, as posições do papa deixassem de parecer razoáveis.

As polêmicas tenderam a se concentrar em torno de documentos papais que fizeram mudanças na prática pastoral —ou seja, na maneira como sacerdotes e bispos lidam com os fiéis, e não propriamente na doutrina.

DÚVIDAS CONSERVADORAS – Além da possibilidade de comunhão para católicos divorciados que estão num segundo casamento, abriram-se as portas para bênçãos a pessoas em uniões ditas “irregulares” — o que poderia incluir casais homossexuais.

Em diversas ocasiões, os cardeais críticos de seu papado usaram um método tradicional para expor sua contrariedade: o envio das chamadas “dubia” (“dúvidas”, em latim) após a publicação de documentos polêmicos por parte de Francisco e seus colaboradores.

Exigiam, em outras palavras, que o papa esclarecesse o que queria dizer com certas passagens, enquanto Francisco preferia formular diretrizes que dessem certa margem de manobra a bispos e sacerdotes de cada local.

PADRES CASADOS – Se não foram formalizadas alterações significativas sobre questões como o trabalho pastoral com fiéis homossexuais, a possibilidade de ordenar homens casados como sacerdotes ou mulheres como diaconisas (ministério anterior ao sacerdócio) e a perspectiva de que o diálogo sobre esses temas continue são inegavelmente surpreendentes.

O mesmo vale para a abertura à possibilidade de que fiéis divorciados que se casaram de novo tenham acesso à comunhão, algo que poderia ocorrer caso a caso e após um processo de aconselhamento com o bispo da região que esses fiéis frequentam.

É uma mudança discreta para quem está do lado de fora, mas próxima do impensável diante da maneira como o tema era encarado em pontificados anteriores.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGPensem duas vezes antes de chamar Francisco de “comunista”. É bem mais conveniente chamá-lo simplesmente de “humano”, pois foi o único papa que admitiu ser falível. Agora, é certo que ele terá lugar privilegiado ao lado de Jesus, cujas mensagens foram bem entendidas por Francisco. (C.N.)  

Haddad e a esposa enriquecem recebendo seis rendimentos públicos mensais

Esta é Ana Estela Haddad - 21/10/2018 - Política - Fotografia - Folha de  S.Paulo

Haddad e Ana sabem como fabricar dinheiro com facilidade

Fábio Pupo e Guilherme Seto
Folha

O governo Lula tem acomodado em conselhos de administração de estatais pessoas vinculadas ao PT e membros da gestão que não têm formação relacionada à área de atuação das empresas. A lei exige educação acadêmica compatível, além de experiência e reputação ilibada.

Os conselhos têm como função direcionar os rumos das companhias e fiscalizá-las. O governo ocupa cadeiras nos colegiados, e cabe ao ministro responsável pela área nomear seus representantes, que são remunerados com os chamados jetons.

INFLUÊNCIA POLÍTICA – Alguns conselheiros recebem os honorários todos os meses. Em outros casos, o pagamento é esporádico, pela participação em reuniões. Dados do Ministério da Gestão mostram que a gratificação paga pelas estatais varia de R$ 1.733,33 no caso de participação no conselho da empresa Termobahia (subsidiária da Petrobras) a R$ 13.813,97 mensais pela presença no colegiado da petroleira.

A Folha coletou diferentes exemplos de integrantes de conselhos com formação distante da prevista nas normas. Em alguns casos, eles ocupam cadeiras por aparente influência política. As indicações do governo são feitas em geral tanto pelo ministério ao qual a empresa é vinculada como pela pasta da Gestão (que tem direito de indicar um nome por companhia).

Ana Estela Haddad, 58 anos  é conselheira da Dataprev (estatal responsável por armazenar e processar dados, principalmente sobre benefícios sociais). Ela é graduada em odontologia, além de mestre e doutora em ciências odontológicas. Professora titular da USP, atua como secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde e, segundo seu currículo Lattes, lidera pesquisas sobre o assunto. Também é esposa do ministro Fernando Haddad (Fazenda). A remuneração é de R$ 4.188,89 mensais.

DIZ O MINISTÉRIO – O Ministério da Gestão afirma que todas as pessoas escolhidas respeitam requisitos de experiência profissional e de formação acadêmica. A pasta não apontou os elementos nos currículos de cada conselheiro que atendem a essas demandas.

“A compatibilidade entre a formação acadêmica, a experiência profissional e o cargo é verificada no momento da submissão da candidatura ao comitê de elegibilidade de cada empresa estatal, a quem cabe atestar que o conhecimento acadêmico do indicado o torna apto e capaz de exercer adequadamente as atribuições do cargo”, afirmou a pasta.

Procurado, o Ministério da Saúde orientou que a Dataprev fosse consultada. A estatal, por sua vez, enviou um posicionamento similar ao do Ministério da Gestão.

OUTRO CASO – Emir Simão Sader, 81 anos, que integra desde 2023 o conselho de administração da Ativos S.A., securitizadora de créditos financeiros do Banco do Brasil. A companhia atua na gestão da cobrança de dívidas para instituições e empresas.

Com formação em filosofia e ciência política, o professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo) e autor de livros como “Estado e política em Marx” e “Lula e a esquerda do século 21” é filiado ao PT e construiu sua trajetória em vinculação com o partido. Sader foi escolhido para o conselho numa das vagas selecionadas pela própria empresa.

Em nota, o Banco do Brasil afirma que as indicações submetem-se a procedimento interno no qual são avaliados requisitos e vedações legais. A estatal também ressalta “a importância da diversidade de conhecimentos” para a empresa. O valor do jetom pago pela Ativos não foi informado à reportagem.

MAIS UM EXEMPLO – Situação similar é a de Swedenberger do Nascimento Barbosa, conselheiro na Companhia Docas do Rio Grande do Norte. Ele é formado em odontologia, além de mestre e doutor em ciências da saúde. Foi braço-direito do então ministro José Dirceu no primeiro governo Lula e secretário-executivo do Ministério da Saúde até a saída de Nísia Trindade do comando da pasta, em março.

A lei das estatais, sancionada em 2016, durante a gestão de Michel Temer, exige que todo membro de conselho de administração tenha reputação ilibada, experiência profissional e “formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado”.

Um decreto posterior, também de 2016, trouxe uma lista não taxativa de cursos ligados ao cargo de conselheiro. De acordo com o texto, seria considerada compatível a formação “preferencialmente” em administração, ciências atuariais, ciências econômicas, comércio internacional, contabilidade ou auditoria, direito, engenharia, estatística, finanças e matemática. Além disso, é possível ser considerada a formação na área de atuação da empresa (saúde, por exemplo).

FUNDADOR DO PT – Um outro caso levantado é o de Luiz Antonio Correia de Carvalho, 71 anos —conselheiro da Companhia Docas do Rio de Janeiro (PortosRio), com jetom de R$ 3.741,37 mensal. Ele é jornalista e concluiu graduação em filosofia pela Universidade de Paris X em 1975. Foi fundador do PT, coordenador de instituições de ensino superior e assessor do Ministério do Meio Ambiente de 2008 a 2016.

No conselho do Grupo Hospitalar Conceição, rede pública em Porto Alegre, está Flavio Koutzii, 82 anos. Formado em sociologia na França, ele também está no conselho da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). É ex-vereador, ex-deputado estadual no Rio Grande do Sul e ex-secretário do governo Olívio Dutra (PT-RS). O valor do jetom não foi informado.

Marcio Tavares dos Santos, 39, secretário-executivo do Ministério da Cultura e curador de arte, recebe R$ 3.521,04 por mês como conselheiro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, instituição vinculada ao Ministério da Educação. Ele tem mestrado em história e doutorado em arte e foi secretário nacional de Cultura do PT. Também compõe o conselho da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), cuja atividade tem relação com a sua formação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa da mulher de Haddad é de lascar. O casal tem hoje seis fontes de renda de recursos públicos. Ana Estela é professora da USP, trabalha no ministério da Saúde e é conselheira da Dataprev. O maridão é ministro, professor da USP e atua no Conselho de Itaipu, cuja remuneração é sigilosa, mas sabe-se que está por volta de R$ 34 mil mensais, para nada fazer. Além, disso, Haddad tem cartão corporativo sem limite. Também são conselheiros de Itaipu os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Esther Dweck (Gestão e Inovação). Como se vê, os petistas são roedores insaciáveis, especializados em consumir verbas públicas. (C.N.)

Trump erra ao denunciar, sem provas, que a Covid foi criada em laboratório chinês

Governo Trump lança site com teoria de que Covid-19 surgiu em laboratório

É uma provocação escandalosa, sem provas materiais

Sarah Owermohle
da CNN

Na manhã desta sexta-feira (18), a Casa Branca lançou um novo site defendendo a teoria de que o coronavírus, que causa a Covid-19, foi um patógeno artificial que vazou de um laboratório de doenças infecciosas em Wuhan, China.

A página reacende um longo debate sobre as origens da pandemia de Covid-19, que tem sido alvo de investigações por agências federais, organizações globais de saúde e comitês do Congresso americano.

“BAIXA CONFIANÇA” – Em janeiro, a CIA divulgou um relatório concluindo que um vazamento de laboratório era provável, mas com “baixa confiança” nessa avaliação, em paralelo a conclusões semelhantes dos departamentos de Energia e Estado.

O serviço de inteligência havia afirmado anteriormente que não tinha informações suficientes para determinar a origem do vírus. A Organização Mundial da Saúde afirmou que permanece aberta a todas as hipóteses, incluindo a de que o vírus tenha se espalhado de animais para pessoas em um mercado de Wuhan.

No entanto, o novo site do governo Trump leva a teoria do vazamento de laboratório ainda mais longe do que a maioria desses relatórios, afirmando que o vírus “possui uma característica biológica que não é encontrada na natureza” e “se houvesse evidências de uma origem natural, ela já teria surgido. Mas não surgiu”.

SITE DA CASA BRANCA – O site federal Covid.gov, que anteriormente continha links para informações sobre vacinas, testes e tratamentos, agora redireciona para o site de vazamento de laboratório da Casa Branca.

Embora as agências de inteligência dos EUA tenham permanecido abertas à possibilidade de o vírus ter sido transmitido naturalmente durante pesquisas de laboratório, quase todas concordaram anteriormente que ele não foi geneticamente modificado.

Muitos cientistas acreditam, com base em análises do vírus e nos primeiros casos, que o vírus ocorreu naturalmente em animais e se espalhou para humanos em um surto no mercado de Wuhan. Mas também afirmaram que a origem do vírus pode nunca ser comprovada.

DOCUMENTO DA CÂMARA – De várias maneiras, a nova página da Casa Branca ecoa um relatório final emitido no ano passado pela Subcomissão Seleta da Câmara sobre a Pandemia do Coronavírus, liderada pelos republicanos, cujo link está disponível no site.

Membros republicanos da comissão concluíram no ano passado que o vírus se originou em um laboratório; os democratas publicaram um relatório separado que não chegou a uma conclusão definitiva sobre as origens do vírus, mas também pressionou por mais transparência.

O novo site também detalha falhas percebidas na resposta à Covid-19, incluindo “lockdowns”, obrigatoriedade do uso de máscaras, financiamento para pesquisas sobre doenças infecciosas e “obstrução” do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos às investigações do Congresso.

PERDÃO PREVENTIVO – Alguns desses funcionários são nomeados. Uma seção da página é dedicada ao perdão preventivo concedido pelo presidente Joe Biden ao diretor aposentado do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Dr. Anthony Fauci.

Vários funcionários do governo Trump, como o Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., criticaram a forma como o governo lidou com a pandemia de Covid-19 e, em particular, a resposta do governo Biden.

O site pode desencadear novas ações da agência de saúde, já que Kennedy criticou os amplos requisitos para a vacina contra o coronavírus e os controversos estudos sobre doenças infecciosas, conhecidos como pesquisas de ganho de função.

PROIBIR PESQUISAS – Muitos congressistas republicanos também pediram que o governo reinstitua a proibição desse tipo de pesquisa, que pode envolver tornar um vírus mais transmissível ou alterar outras características para estudar sua disseminação.

Uma moratória sobre estudos de ganho de função foi suspensa durante o primeiro governo Trump.

No ano passado, autoridades de Biden emitiram diretrizes políticas que imporiam uma supervisão mais rigorosa à pesquisa de ganho de função, mas não proibiriam amplamente esses estudos. As diretrizes entrarão em vigor em maio deste ano.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A acusação, sem prova concreta, significa uma nova agressão à China, totalmente desnecessária e num momento delicado como o atual, com a eclosão da guerra de tarifas. Parece que o governo Trump não tem mais diplomatas, mas apenas agentes provocadores, como se dizia antigamente. (C.N.)

Se Trump não ceder, o custo do reequilíbrio mundial recairá sobre os EUA

Um homem em um terno escuro está acenando enquanto desce as escadas de um avião. Ao fundo, há uma grande bandeira da China exibida na fuselagem do avião. O homem parece estar sorrindo e é visto em um ambiente ao ar livre, possivelmente em um aeroporto.

Jinping agora está se aproximando da União Europeia

Demétrio Magnoli
Folha

A China representa 19% do PIB global, mas responde por 32% da produção industrial mundial. O desequilíbrio, cujas implicações contribuíram para a ascensão de Trump, não é sustentável. No fim do percurso, o triunfo chinês na guerra tarifária depende da “normalização” de sua economia.

O modelo exportador da China ancora-se no excesso de poupança doméstica – ou, dito de outro modo, num consumo interno reprimido. O segredo repousa no sistema político totalitário, que mantém baixos salários, veta políticas de bem-estar social e recusa-se a erguer um sistema decente de seguridade social.

SALTOS SUCESSIVOS – Desde o ingresso chinês na OMC, em 2001, à base de uma intrincada rede de subsídios estatais, o modelo propiciou a expansão da indústria em saltos tecnológicos sucessivos, até a produção de veículos elétricos, painéis solares, baterias e softwares de IA.

Os bens chineses inundaram o mercado mundial, eliminando competidores, devastando antigas regiões industriais e, nesse passo, deslocando os sistemas políticos nacionais.

A reação dos EUA começou com as tarifas seletivas de Trump 1, que buscavam estimular a relocalização industrial nos EUA ou em países parceiros. Prosseguiu com Biden, que deflagrou políticas industriais eficazes de subsídio a setores estratégicos (semicondutores, veículos elétricos, aeroespacial) e fracassou na tentativa de sancionar empresas de ponta chinesas, algo ilustrado pela Huawei e pelo Deep Seek.

AVENTURA SEM RUMO -Trump 2, contudo, jogou o tabuleiro pela janela, apostando numa aventura mercantilista sem rumo. Ele tinha a possibilidade de radicalizar as políticas seguidas por Biden. Nessa linha, em coordenação com os aliados na Europa e Ásia, iniciaria uma escalada tarifária coletiva e gradual sobre a China, ao longo de um horizonte plurianual.

A pressão sustentaria negociações baseadas na exigência de redução dos subsídios industriais chineses e, imitando as práticas do rival, obter o deslocamento de unidades produtivas da China para os EUA em joint ventures com empresas nacionais.

O objetivo seria alcançar um reequilíbrio da economia mundial, não edificar uma muralha protecionista em torno dos EUA. Trump, porém, enxerga o comércio como um jogo de soma zero orientado pela busca obsessiva de superávits. Partindo dessa superstição ideológica, resolveu declarar uma guerra tarifária contra o mundo.

CAMINHO DA CHINA – Xi Jinping desenhou seu caminho. A China exibe-se como campeã do livre intercâmbio e das regras comerciais multilaterais. Enquanto aplica retaliações aos EUA, promete abrir seu mercado interno e controlar os preços de suas exportações, evitando uma inundação global de produtos excedentes. De olho na Europa, os chineses exploram as oportunidades criadas pela investida de Trump contra a União Europeia.

O sucesso da estratégia depende de uma revisão estrutural do modelo econômico chinês, com a absorção do excedente de bens industriais pelo mercado interno. No cenário da guerra tarifária, dramatizado pelo envelhecimento demográfico, a China precisa transformar poupança doméstica em consumo, o que demanda reformas sociais profundas.

A China de amanhã não será a “fábrica do mundo”, mas uma economia industrial normal. A mutação inevitável foi acelerada por Trump. Ironicamente, o custo principal do reequilíbrio recairá sobre os EUA.

Nos EUA, o risco de deportação agora passa a depender do guarda da esquina

Um homem de cabelo claro, vestindo um terno azul e uma gravata vermelha, está descendo as escadas de um avião. O céu ao fundo está nublado.

Trump tornou perigoso até mesmo fazer turismo nos EUA

Conrado Hübner Mendes
Folha

Antes de voar para os EUA, responda a este teste: Já escreveu crítica a Donald Trump em rede social? Mandou chacota sobre Elon Musk pelo WhatsApp? Participou de evento sobre mudança climática? De mesa redonda sobre educação e direitos humanos?

E mais: Defendeu diversidade em empresas e universidades? Sugeriu contratação preferencial de mulheres e negros? É empresário engajado em temas de justiça e desenvolvimento?

E AINDA MAIS – É cientista, jornalista ou ativista? Compartilhou post crítico à intensidade do ataque de Israel a Gaza? Tirou foto da faixa “Black Lives Matter”? Foi para as ruas contra a brutalidade policial?

É estudante universitário? Tem amigo que expõe opiniões políticas em universidade dos EUA? Leva na mala livro banido das bibliotecas públicas e escolares? “Mein Kampf”, de Hitler, pode. “Abolition Democracy”, de Angela Davis, não.

Se respondeu um sim qualquer, recomenda-se estratégia. Se respondeu apenas não, se for cordato e de aparência aprazível ao agente de imigração, seu risco é ligeiramente menor. Depende da lua e do que a autoridade comeu no café da manhã.

O RISCO É BAIXO – Se votou em Jair, participou da marcha para o golpe em 8 de janeiro, se tem fotos consumindo popcorn ou ice cream dentro do palácio depredado enquanto pedia morte de Alexandre de Moraes, não se deixe enganar. Porém, se confia em estatística, pode ir sereno. Porque, estatisticamente, o risco ainda é baixo.

Nada mais é como antes. Até portadores de green card têm sofrido detenções e deportações. Não importa o status do seu visto ou a beleza da sua pele branca, o agente de imigração está autorizado a vetar sua entrada. Só não está autorizado, ainda, a te mandar para El Salvador ou Guantánamo. Para isso há uma burocracia.

Parece exagero, mas o exagero virou questão de probabilidade. Desde que a Casa Branca publicou a ordem “Protegendo o povo americano contra invasão”, o guarda da esquina entrou em estado de gozo permanente.

EMPODERAMENTO – Os agentes de aplicação física da lei sentem-se empoderados pelo autocrata. Autorizados a descumprir a lei para agradar ao autocrata. A se comunicar por telepatia com o autocrata.

Arbitrariedade suplantou controles básicos do exercício da autoridade. Regras de direito substituídas por emoções primárias, fidelidade à lei por fidelidade a Trump.

Nesse regime, previsível é a imprevisibilidade. Tudo é possível, até mesmo entrar com tranquilidade. Território de aeroporto sempre foi zona de transição onde o Estado de Direito tem dificuldade em chegar. Onde o estrangeiro está mais vulnerável à torpeza autoritária. Todo sabichonismo político falhou no cálculo do que Trump reeleito seria capaz de fazer.

ARTE SABICHONA – Subestimar o autocrata é uma arte sabichona. Chamar alerta político de “alarmismo” é uma arte sabichona. Usar crachá de ciência social para dar um chute no escuro, com pose de cientista, é uma arte sabichona. Artistas sabichões, vestidos de comentaristas, permanecem influentes lá e aqui.

Apague os registros do seu passado. Obedeça e se comporte na roleta russa. Você está tentando entrar no país da liberdade. Se, afinal, entrar, atenção aos riscos sanitários. O país está abolindo programas de vacinação, bases de dados epidemiológicos e pesquisas. Sarampo voltou a matar. A política pública que sobrar estará de olhos vendados.

“Travessia perigosa, mas é a da vida”, disse o Riobaldo, de Guimarães Rosa. Boa viagem.

Erros da Justiça brasileira consolidam uma imagem altamente desfavorável

A imagem mostra um grupo de pessoas em uma manifestação. Um homem, que está falando ao microfone, usa um boné e uma camiseta escura. Ele levanta a mão em um gesto de fala. Ao fundo, há várias pessoas, incluindo homens com trajes tradicionais indígenas e outros com roupas casuais. Um banner verde é visível, com a frase "monrem a es" parcialmente legível.

Espanha considera Eustáquio como perseguido político

Hélio Schwartsman
Folha

Na mesma semana, Brasil dá asilo a condenada por corrupção no Peru e vê Espanha negar extradição de bolsonarista. A culpa é da Constituição. A contradição em potência dorme lá, no artigo 4º, que enumera os princípios pelos quais o Brasil se rege em suas relações internacionais. Os incisos III e IV mencionam a autodeterminação dos povos e a não intervenção, mas o X estampa a concessão de asilo político.

Inconsistências emergem porque a decisão de dar asilo envolve sempre um juízo qualitativo sobre as instituições do outro país, o que pode ser entendido como uma violação à sua soberania e uma interferência em seu sistema político-judicial.

ASILO A NADINE – Nos últimos dias, assistimos a dois exemplos dessa tensão. O governo Lula concedeu asilo a Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, horas depois de ela ser condenada a 15 anos de prisão. Heredia é mulher do ex-presidente Ollanta Humala, um aliado de Lula que também foi condenado aos mesmos 15 anos por corrupção e já está preso. É um caso ligado à Odebrecht.

Ao conceder o asilo, o recado que o governo Lula, justa ou injustamente, dá a Lima é que não considera seu Judiciário digno de crédito, de modo que permitirá que a ré se furte à aplicação da lei.

Como que a dar materialidade ao dito popular segundo o qual pau que bate em Chico também bate em Francisco, o Judiciário espanhol negou a extradição do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. A extradição fora pedida por Alexandre de Moraes, do STF. Eustáquio é investigado por crimes contra a democracia.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – Justa ou injustamente, a Justiça espanhola julgou a brasileira e viu problemas. Para os espanhóis, o caso de Eustáquio tem forte dimensão política e o investigado poderia ter sua situação prejudicada devido a suas opiniões, razão pela qual negaram a extradição.

Não vejo muito como fugir a esse esquema. Na hora de conceder asilo ou mesmo interpretar notícias, é inevitável fazer juízos sobre os sistemas de Justiça. E não dá para pôr em pé de igualdade o Judiciário na Noruega e o de Putin.

Mas nosso STF deve ter ficado surpreso ao constatar que não é visto lá fora como gostaria.

Maior dúvida do mundo, atualmente, é saber se Trump é desequilibrado mental

Visão | Presidente Trump. A sério?

Donald Trump se comporta como se estivesse fora de si

Roberto Nascimento

No primeiro mandato. Trump se comportou normalmente. Os exageros que demonstrava, como o topete cuidadosamente sustentado a laquê, a maquiagem pesada e as caras e bocas, tudo era levados na brincadeira, porque Trump respeitava os limites de seu cargo, ouvia os conselheiros do Partido Republicano e portava-se como um presidente normal, dentro do protocolo.

Neste segundo mandato, tudo mudou e o presidente norte-americano se comporta como um ogro, que utiliza o formidável poder econômico e militar dos Estados Unidos para espalhar o pânico interna e externamente.

ERROS MONUMENTAIS – Trump está completamente desembestado (a palavra é esta) e neste mandato seus conselheiros revelam-se mais insanos do que ele, porque dão força a decisões absolutamente disparatadas.

A mais importante foi o tarifaço, que se revelou um equívoco injustificável, a ponto de ser criticado publicamente pelo empresário Elon Musk, assessor e amigo de Trump, que chamou de “imbecil” um dos principais assistentes comerciais da Casa Branca, Peter Navarro, classificando-o de “completo idiota” por ter dado força à guerra tarifária.

O pior é que Trump e sua equipe demonstram incapacidade de aprender com os próprios erros. A repercussão foi tão péssima que o presidente teve de recuar e adiou o tarifaço por 90 dias, mantendo a decisão apenas contra a China, dando início a uma guerra comercial que prejudicará os dois países.

MAIS ERROS – Depois, novo recuo, no caso das exportações chinesas das big techs, chegou a ser constrangedor. Ao mesmo tempo, acumulavam-se as derrotas na Justiça, que vem cancelando decisões ilegais nos casos dos imigrantes e outros temas.

E o ogro não sossega. Agora, utiliza o poder econômico para pressionar as maiores universidades do país, cujos alunos defendem os direitos dos palestinos. Conseguiu dobrar a direção da Universidade Colúmbia. Ameaçada de cortes financeiros, sucumbiu a Trump e aceitou todas as suas recomendações, dentre as quais proibir qualquer crítica a Benjamin Netanyahu, premier de Israel e amigo fiel de Trump.

Mas, a Universidade de Harvard, enfrentou o presidente e descartou qualquer interferência do Estado nas políticas educacionais. Trump, então retaliou, cortando os subsídios federais. Mas deu tudo errado. A partir dessa vingança de Trump, a Universidade de Harvard, bem recebendo bilhões de dólares de doação. Trump está uma fera ferida.

LEI DE 1798 – Para piorar o inferno astral do ensandecido presidente, a Suprema Corte decidiu que o governo não pode usar a Lei de 1798 para deportar imigrantes considerados criminosos, porque a legislação só lhe concede poderes ilimitados em caso de guerra.

Em resumo, Trump não pode manter essa política tarifária, que está desmontando a liderança dos EUA no mundo e causando rebuliços globais na economia das nações, atingindo empresas, consumidores e trabalhadores americanos, que começam a serem demitidos em massa, tanto na iniciativa privada como no serviço público.

Com toda certeza, Trump vai enfrentar a ira do povo e pode sofrer impeachment, por falta de habilidade política. Muitos sentem saudades de Joe Biden, o que deixa Donald Trump desesperado, porque não pode recuar inteiramente do tarifaço.

FORA DA REALIDADE – Sem medo do ridículo, o presidente colocou a Receita Federal (órgão que pretende extinguir) para devassar as contas das Universidade e investigar os doadores estrangeiros. Deseja interferir na liberdade acadêmica, sob a alegação de que Harvard estaria infestada de comunista.

Esse cidadão, eleito presidente, dá demonstração clara de falta de compreensão da realidade. Dá sinais de que pretende impedir estudantes estrangeiros de frequentar as Universidades americanas, mas precisaria da aprovação do Congresso. Quer fechar o país para o mundo.

Trump pensa que a Guerra Fria continua e a União Soviética ainda existe. Acha que os comunistas estão prestes a dominar a América e que o Muro de Berlim precisa ser derrubado para ele construir o Muro do México. Não tem equilíbrio emocional para comandar o maior país do mundo. Devia pedir para sair.

Recurso inicial de Braga Netto contesta vídeos que Moraes usou ilegalmente

Vídeo foi exibido ilegalmente por Alexandre de Moraes

Rayssa Motta
Estadão

A defesa do general Walter Braga Netto foi a primeira a apresentar recurso contra a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou réus os integrantes do “núcleo crucial” do plano de golpe.

Os advogados deram entrada em um recurso chamado embargo de declaração – usado para questionar eventuais omissões, contradições ou “obscuridades” no acórdão. Os embargos não têm o poder de alterar a essência da decisão, o mérito, e servem apenas para sanar pontos que não ficaram claros ou não foram abordados no julgamento.

VÍDEO INDEVIDO – Um dos questionamentos é sobre os vídeos do 8 de Janeiro de 2023 e do atentado a bomba em Brasília, em dezembro de 2022, exibidos no plenário a pedido do ministro Alexandre de Moraes.

Os advogados José Luís Oliveira Lima, Rodrigo Dall’Acqua, Rogério Costa, Millena Galdiano e Bruno Dallari Oliveira Lima afirmam que os episódios extrapolam os limites da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e colocam a defesa em uma posição desfavorável.

“Há que se respeitar estritamente os limites da acusação, senão a atuação jurisdicional deixa de ser equidistante e favorece a acusação. É exatamente o que ocorreu ao se trazer aos autos os episódios não narrados na denúncia, em um verdadeiro reforço à materialidade por meio de vídeos desses episódios alheios ao objeto da denúncia”, diz o recurso, em que a defesa pede que as referências sejam suprimidas do acórdão.

ARGUMENTO DESPREZADO – Os advogados também alegam que a Primeira Turma não analisou o argumento de que a delação do tenente-coronel Mauro Cid deve ser anulada por interferência indevida do ministro Alexandre de Moraes.

“O acórdão ora embargado deixou de enfrentar tal tese devidamente, incorrendo em omissão, com o devido respeito”, insistem, ao apontar o desprezo a argumentos da defesa que precisam ser levados em conta e discutidos, para se saber se serão considerados ou não.

Além disso, a defesa reitera que não teve acesso a todas as provas obtidas pela Polícia Federal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGBraga Netto é um golpista oportunista, que manchou o nome das Forças Armadas. Mas isso não permite que o juiz Alexandre de Moraes se exceda na acusação, como ocorreu na exibição ilegal deste vídeo. A defesa tem toda razão de pedir a exclusão dos comentários que prejudiquem ao réu. (C.N.)

Uma reflexão poética sobre a importância da Páscoa no mundo cristão

Tribuna da Internet | No colo da mãe natureza, Paulo Peres criou versos nas nuvens do ateliê do vento

Peres, poeta, letrista e compositor carioca

Carlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor e poeta carioca Paulo Roberto Peres, no poema “Páscoa”, faz uma reflexão sobre o significado deste acontecimento para a Humanidade.

PÁSCOA
Paulo Peres

Há mais de dois mil anos,
Jesus Cristo tentou
Mostrar à Humanidade
Uma vida melhor,
Mas a ignorância
Da maior parte da população,
Incentivada
Pelos poderes da época,
Mercenários e imperialistas,
Como os de hoje,
Impediram-no…

Houve sofrimento,
Houve lágrimas,
Houve escuridão…
Todavia,
Houve sabedoria,
Houve fé,
Houve busca,
Houve perdão,
Houve salvação,
Houve liberdade,
Houve luz
Houve RESSURREIÇÃO!

Ressurreição diária
Que existe na PÁSCOA
Do coração
De quem tem como dogma
Os Mandamentos
Da Justiça Divina!

Advogado de Filipe Martins pode acabar provocando a condenação do cliente

O desembargador aposentado Sebastião Coelho, advogado do ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, quando foi barrado no Supremo Tribunal Federal (STF)

Advogado gosta de aparecer e pode prejudicar o cliente

Francisco Leali
Estadão

Na volta do feriado da Semana Santa, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal julga mais um capítulo da denúncia sobre uma tentativa de Estado. Na primeira rodada, viraram réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete. Na segunda leva está o pessoal do segundo escalonamento golpista.

Estão nessa lista os ex-assessores da Presidência Filipe Martins e Marcelo Câmara; o general Mário Fernandes; o ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques; o ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal Fernando de Sousa Oliveira; e a ex-subsecretária da pasta Marília de Alencar.

GERENTES DO GOLPE – Esses, segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, eram como gerentes do golpe. São descritos como ocupantes de “posições profissionais relevantes” responsáveis ​​por coordenar forças policiais para apoiar a manutenção de Bolsonaro na cadeira de presidente.

De todos eles, um ocupa situação de relevância e deve figurar como o protagonista no julgamento que está marcado para começar no STF no dia 22. Filipe Martins, o ex-assessor de assuntos internacionais, é aquele que já foi acusado de fazer gestos da supremacia branca em visita ao Congresso. É o mesmo que reverberou no Palácio do Planalto as ideias do guru Olavo de Carvalho.

Na denúncia em julgamento, Martins é o responsável por colocar na mesa de Bolsonaro a minuta do golpe. A ele é atribuído a redação do texto que previa a anulação da eleição e prisão do eleito Lula e também de ministros do STF como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

MINUTA DO GOLPE – O documento é uma prova que materializa as ideias de rompimento da ordem democrática. É também o arremedo de um presidente que chegou a ser designado aos comandantes das Forças Armadas, mas só teve a adesão de um deles, o então chefe da Marinha.

Se Filipe Martins é candidato a estar no centro dos votos dos ministros, outro personagem se apresenta como postulante de algum protagonismo na sessão. O advogado Sebastião Coelho, defensor de Martins, é desembargador aposentado e vem atuando em duas frentes: a jurídica e a política. Em postura que difere da maioria dos advogados que atuam no processo – esses preferem se ater ao embate ortodoxo judicial – Sebastião Coelho copia os métodos bolsonaristas e usa as redes para, nas palavras dele, “denunciar” os abusos do Supremo.

ATITUDE NEGATIVA – Coelho foi o advogado que discursou no plenário do Supremo avisando aos ministros da Corte que eles eram pessoas “odiadas” em boa parte do País.

Há quem considere, no mundo jurídico, que advogado que ataca juiz está comprando briga com uma pessoa que vai definir se o cliente é ou não é culpado.

No caso de Filipe Martins, parece não haver outro destino que não o de virar réu e, mais tarde, também condenado. Tem-se, então, a alta probabilidade de o advogado voltar a peitar a Corte e acabar sendo repreendido pelos ministros da Primeira Turma.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGNos escritórios de advocacia onde trabalhei, aprendi que não se pode provocar juiz. Muito pelo contrário, é preciso sempre elogiar o magistrado, apontando os erros dele como simples “lapsos”. Assim, se não trocar de advogado, Filipe Martins pode acabar sendo condenado, embora as provas contra ele sejam apenas circunstanciais, sem materialidade. Dizer que ele era um dos “gerentes do golpe”, responsáveis ​​por “coordenar forças policiais”, é uma tremenda Piada do Ano! Mas quem se interessa? (CN)

Trump põe em xeque independência do Fed, banco central dos EUA

É hora de Tagliaferro revelar tudo o que sabe sobre ilegalidades de Moraes

Quem é Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE que revelou ter medo de  Alexandre de Moraes - D Marília

Tagliaferro diz que tem medo de ser preso ou morto…

Deu na Gazeta do Povo

O perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor-chefe do Tribunal Superior Eleitoral cujas mensagens, trocadas com dois juízes que assessoravam Alexandre de Moraes no STF e no TSE, revelaram o uso da estrutura do Judiciário para perseguição política a críticos dos tribunais superiores, está prestes a ser o único a pagar por um escândalo que, em um país normal, levaria à queda de todos os envolvidos.

 Mas ele provavelmente sabe muito mais do que veio à tona até agora, por meio de reportagens publicadas no jornal Folha de S.Paulo em 2024. A Gazeta do Povo, também em apuração exclusiva, analisou mensagens trocadas entre Tagliaferro e sua atual esposa, na qual ele afirmou temer por sua vida.

TIRADAS DO AR – As conversas ficaram todas disponíveis para acesso nos sistemas do STF por duas semanas, até que fossem retiradas do ar na tarde desta quarta-feira, dia 16 – até mesmo diálogos entre o ex-assessor e seu advogado haviam sido divulgados, em uma violação grotesca do sigilo profissional.

À atual esposa, Tagliaferro afirmou que “hoje, se eu falar algo, o Ministro [Moraes] me mata ou me prende”, usando o exemplo de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro:

“Veja pelo Cid, falou em um grupo privado, algo que nem seria crime, somente comentou uma verdade, o fdp [outra referência a Moraes] mandou prender ele de novo”.

O PAU DA BARRACA – O assessor ainda acrescentou que “minha vontade, [sic] é chutar o pau da barraca, jogar tudo para o alto. Meter o louco e não fazer mais nada, mas não posso, tenho as meninas” – uma referência a duas filhas adolescentes.

Na época das mensagens, Tagliaferro não era mais assessor do TSE, tendo sido demitido da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) em 2023 após ser detido por suposta violência doméstica contra a ex-mulher.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG A Gazeta do Povo tem razão. Em país democrático, nenhum cidadão pode ser blindado e imune a investigações policiais, como está acontecendo com o ministro Alexandre de Moraes. Na vida prática, porém, o perito Tagliaferro tem razão em se manter calado. Se fizer alguma revelação formal, o Judiciário vai persegui-lo de uma maneira verdadeiramente implacável. Afinal, que tem coragem de enfrentar Moraes, o Xandão da tonga da mironga do kabuletê judiciário, como diziam Vinicius e Toquinho? (C.N.)

Seleção não precisa de técnico europeu, mas de um brasileiro que saiba escalar

Torcedores elegem técnico ideal para a Seleção Brasileira

Ancelotti e Jesus, por que querem contratar um deles?

Vicente Limongi Netto

Desperdício de energia e dinheiro, correr atrás de técnicos estrangeiros, se o Brasil dispõe de excelentes profissionais. Renato Gaúcho é um deles. Vitorioso como jogador e treinador. Respeitado pelos jogadores, pela imprensa e pelos torcedores. Grande figura, humana e profissional. Renato Gaúcho é quase unanimidade nacional. 

Jorge de Jesus e Carlos Ancelotti, os mais lembrados e especulados para treinar a seleção brasileira, não são melhores do que Renato Gaúcho em rigorosamente nada. Fama e dinheiro não põem mesa. Sem desmerecer Ancelotti, com o forte elenco que tem o Real Madrid, Renato Gaúcho também faria bonito no poderoso clube espanhol. Acredito, nessa linha, que o treinador do Fluminense, por méritos e qualidades, também esteja no radar da CBF. 

FAZ ENORME FALTA – Glória Maria, inigualável, irresistível, impagável. Oportuna e justa homenagem da TV Globo a uma jornalista que honrou a profissão. Venceu dificuldades, preconceitos e hipocrisias.

Soube se impor como cidadã, como repórter marcante, corajosa, divertida e competente. O Brasil parava para aplaudir as reportagens de Glória Maria. Faz enorme falta.

PÁSCOA DE LUZ – Domingo de Páscoa tem aspectos singelos e amorosos. É o sol acolhendo o bem-estar do mundo. É o abraço de seres humanos alimentando amores, sonhos e ilusões. Quando a Páscoa, junto com o Sol, acabarem a missão de alimentar o mundo com lições de fé, começarão a plantar sementes para acabar com a intolerância e a covardia. Páscoa e o Sol, numa bela manhã, irmanados com Deus e Maria, cobrirão o mundo com vibrações orvalhadas de amor.

E se você tem alguma condição, compre alguns chocolates. Se sair à rua e encontrar a algum desabrigado, seja criança ou adulto, dê um chocolate a eles, para que tenham forças diante do infortúnio. Feliz Páscoa!

Milhares de manifestantes vão às ruas contra as decisões tirânicas de Trump

Imagem

Protestos também atingem Musk, que assessora Trump

Jamil Chade
do UOL

“Não nos esconderemos”. Foi com esse slogan que milhares de pessoas tomaram a 5ª avenida em Nova York, para mais um fim de semana de protestos contra Donald Trump. O ato está sendo organizado em todas as principais cidades americanas, alertando para os ataques contra a democracia, ofensivas contra imigrantes e direitos humanos.

Sem uma reação coordenada por parte de grupos políticos e com uma oposição enfraquecida depois da eleição, ativistas apostam no “barulho das ruas” para tentar frear Trump. Organizadores fazem parte do momento Fifty Fifty One, que projetaram atos nos 50 estados do país. Em Nova York, eles estimam em 20 mil o número de pessoas nas ruas neste sábado.

700 EVENTOS – Pelo menos 200 cidades devem organizar atos neste fim de semana de Páscoa, num total de 700 eventos, segundo o site do Fifty Fifty One.

Ao convocar a multidão a marchar até o Central Park, os organizadores apelaram para que os manifestantes não “cedam ao medo”. A ideia é a de colocar, de forma permanente, ativistas, grupos de direitos humanos e a comunidade mais vulnerável para serem ouvidos.

O ato contou com centenas de bandeiras americanas e cartazes que rejeitam a ideia de os EUA terem um “rei”, numa alusão a Trump.

PARTICIPAÇÃO – Até deficientes físicos compareceram. “Não posso ficar em casa diante do que está ocorrendo”, afirmou Mary Collins, de 83 anos, numa cadeira de rodas.

Um segmento importante da manifestação se referia ainda à deportação por engano de um imigrante de El Salvador. “O que estamos alertando é que isso pode acontecer com qualquer um de nós”, disse David, um ativista.

Pela avenida mais conhecida dos EUA não faltaram ainda cartazes sobre Elon Musk e os bilionários no governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump é um irresponsável, que está semeando uma gravíssima crise no Brasil e no mundo, pois nunca houve nada igual e ninguém sabe aonde isso pode chegar. A insegurança atinge a todos, não importa se são imigrantes, aposentados e investidores, a esculhambação é ampla, total e irrestrita, igual à anistia que Bolsonaro quer emplacar. (C.N.)

Asilada por Lula, a peruana corrupta escapa da Lava Jato e se sente em casa

Ex-primeira-dama do Peru desembarca em Brasília após receber asilo  diplomático

Espertinha, Nadine Heredia alega que está com câncer…

Mario Sabino
Metrópoles

Jornalistas que ajudaram a enterrar a Lava Jato, como se os procuradores e os juízes da operação anticorrupção tivessem ferido de morte o Estado de Direito, agora se escandalizam porque uma das personagens atingidas pela Lava Jato no exterior recebeu asilo do governo Lula.

Eles dizem que não há justificativa para que a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, tenha sido acolhida no Brasil depois de ter sido sentenciada a 15 anos de prisão, assim como o maridão, o ex-presidente Ollanta Humula, que está em cana. Ambos foram condenados por ter levado uma bola de US$ 3 milhões da Odebrecht para financiar a campanha eleitoral que levou o gajo à presidência do Peru, em 2011.

CANCEROSA? – Nadine Heredia refugiou-se na embaixada brasileira em Lima, alegando perseguição política e a necessidade urgente de tratar um câncer, e escapou para cá, em avião da FAB, com a ligeireza de um delivery de ceviche.

Os seus advogados brasileiros, um deles pertencente àquele intrépido clube do charuto e do vinho conhecido por Prerrogativas, afirmam que Nadine Heredia foi injustiçada pelos promotores e juízes peruanos da mesma forma que os condenados pela Lava Jato o foram pelos procuradores e juízes brasileiros.

É claro que colou, e eu não entendo, juro, qual é a surpresa dos meus colegas jornalistas. Para mim, é lógico que, se colocamos os condenados brasileiros pela Lava Jato na rua, e um deles na Presidência da República, também garantamos liberdade a condenados estrangeiros que foram pegos pela operação nos seus países.

VENHAM A NÓS… – A Lava Jato não era uma “organização criminosa”, como gosta de apregoar por aí o decano do STF e aquele outro integrante do tribunal que não gosta da Transparência Internacional? A Odebrecht e outras empreiteiras não eram dirigidas por gente proba que foi torturada pelos fascistas de Curitiba? O nosso Lula também não foi vítima dessa gente horrorosa? Pois então. Venham a nós as criancinhas colhidas pelos tentáculos internacionais da quadrilha.

Ademais, precisamos fazer valer a antiga tradição de sermos valhacouto de corruptos (tivemos até um paraguaio), ladrões (tivemos até um inglês), traficantes (temos até um búlgaro), terroristas (tivemos até um italiano) e assassinos (o mesmo italiano). Acusados de o serem, quer dizer.

A Lava Jato vigarista também ameaçava o nosso belo histórico de terra da eterna presunção de inocência. Já não ameaça mais, ainda bem, com a graça de Deus e a elegância do STF. Bem-vinda, Nadine Heredia.

‘The Economist’ sabe que Bolsonaro não terá um julgamento imparcial 

The Economist chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de "juiz estrela" em matéria publicada nesta quarta-feira, 16.

The Economist diz que Moraes tem um poder excessivo

J.R. Guzzo
Estadão

Até tu, “The Economist”? Sim, até tu, “The Economist”. Tinha de acontecer um dia, mais cedo ou mais tarde, e aconteceu. O semanário inglês, tido como leitura obrigatória dos grandes deste mundo, foi durante mais de 100 anos um dos principais santuários disponíveis para o pensamento conservador com viés racional.

Hoje, antenado na Tábua de Mandamentos do pensamento globalista com viés esquerdoso, serve como um escritório de certificação do que existe de mais politicamente correto na vida pública mundial. Tanto na sua primeira encarnação como na segunda, é visto como um árbitro da virtude dos governos – e esse árbitro acaba de dizer que o STF está nu.

PARCIALIDADE – O que “The Economist” disse, com muita delicadeza e cuidado em cada palavra, mas sem qualquer dúvida para o bom, ou mesmo médio, entendedor, é que o ex-presidente Jair Bolsonaro não vai ter um julgamento imparcial no processo que o STF promove contra ele.

Não dá, realmente, para se dizer que “The Economist” é bolsonarista, como se diz automaticamente de quem afirma a mesma coisa aqui no Brasil – Bolsonaro, ao contrário, é uma “bête noîre” definitiva no seu elenco de maus elementos mundiais.

A conclusão é que o STF, enfim, se vê exposto perante o mundo como aquilo que de fato é: um não-tribunal que se deu poderes totalitários, opera como uma facção política e tornou-se incapaz de fornecer justiça.

ENFIM, JÁ SABEM – Era pouco provável, naturalmente, que o STF continuasse a fazer tudo o que tem feito nos últimos anos sem que ninguém no mundo percebesse, um dia. É o flagrante perpétuo, a prisão provisória por tempo indeterminado e o julgamento dos réus em lotes.

É a anulação de todos os processos de corrupção. É o inquérito policial que continua aberto há seis anos. É a defesa por vídeo. É a nomeação do advogado pessoal do presidente da República para uma cadeira no tribunal.

É o julgamento de Bolsonaro por uma câmara de cinco juízes, e não pelo plenário. É o traficante búlgaro que ganha a proteção do STF por caprichos de vingança de Alexandre de Moraes. É muito mais ainda.

NADA IGUAL – Não existe nada parecido com isso em qualquer sociedade civilizada do planeta. Na verdade, só no Brasil vigora a ficção de que o Supremo Tribunal Federal cumpre a lei, que não há nada de anormal em condenar a 17 anos de cadeia pessoas que participaram de um quebra-quebra e que houve uma tentativa de golpe armado em que a armas eram estilingues, bolas de gude e um batom, no papel de “substância inflamável”.

O que há, no mundo real, é uma fratura que vai ficar cada vez mais exposta até a hora do julgamento. Terão de ser exibidas em juízo as provas do golpe do STF – e aí sim, “The Economist” vai ver o que é a justiça brasileira.

Donald Trump recria um mundo mais perigoso e muito mais decepcionante 

charge trump posse eua world mine again

Chrge do Baggi (Jornal de Brasília

Mario Sabino
Metrópoles

Como vivemos neste planeta, Donald Trump é muito mais relevante do que Lula, anistia a bolsonaristas, desmandos do STF ou qualquer outro assunto brasileiro. No Domingo de Ramos, o exército russo atacou com mísseis balísticos a cidade de Sumy, na Ucrânia, matando 34 civis, inclusive crianças, e ferindo outras 117 que haviam saído de casa para ir à missa. Na última noite, a Rússia voltou a atacar o vizinho, agora em Dnipro, ceifando a vida de mais três civis ucranianos — e outra criança estava entre as vítimas.

Presidido pelo Canadá, o G7 queria condenar formalmente o massacre em Sumy. Os Estados Unidos não concordaram em assinar o documento, em posição semelhante à adotada na ONU, em fevereiro, quando se opuseram a uma resolução elaborada pela Europa que condenava a agressão da Rússia à Ucrânia.

“ERRO RUSSO” – Ao comentar o ataque em Sumy, ocorrido apenas dois dias depois do encontro de cinco horas entre Vladimir Putin e o enviado especial americano a Moscou, Steve Witkoff, para discutir um cessar-fogo na Ucrânia, Donald Trump disse que se tratava de um “erro russo”, e foi só naquele momento.

A Casa Branca justifica a omissão e a tepidez americanas pela necessidade de manter as negociações de paz com os russos. Mas de qual paz está se falando?

A paz negociada por Donald Trump, repita-se pela enésima vez, é a rendição da Ucrânia. Em entrevista à Fox News, Steve Witkoff deu a entender que os Estados Unidos concordariam que os russos conservassem todos os cinco territórios ucranianos ocupados ilegalmente.

AO GOSTO DE PUTIN – Duas potências que discutem territórios de um terceiro país, sem que o principal interessado participe da conversa, é um anacronismo bem ao gosto de Vladimir Putin, nostálgico de antigos imperialismos, assim como de Donald Trump, que gostaria de botar a mão peluda sobre o Canal do Panamá e a Groenlândia dinamarquesa.

A disposição do presidente americano de agradar ao camarada russo é ainda mais comovente, porque ele exclui a Europa das negociações sobre a paz na Ucrânia, embora o seu pau-mandado Marco Rubio (até tu, Rubio?) continue a fazer o teatrinho possível (nesta quinta-feira, o secretário de Estado americano, acompanhado de Steve Witkoff, está em Paris para conversar com Emmanuel Macron).

Não há como negar que Donald Trump tem lado, e esse lado não é o dos ucranianos, e esse lado não é o dos europeus ocidentais, que serão os próximos alvos de Vladimir Putin na sua fronteira leste. Um dia após limitar-se a dizer que o massacre em Sumy era um “erro” dos russos, o presidente americano voltou a reincidir na delinquência de culpar a Ucrânia pela guerra.

NEGANDO APOIO – Ao rejeitar o pedido de Volodymyr Zelensky por mais mísseis de defesa americanos, os Patriot, Donald Trump afirmou que “você não começa uma guerra contra alguém 20 vezes maior do que você e depois espera que as pessoas lhe deem mísseis”. Para piorar, há rumores de que os Estados Unidos também estão pressionando os europeus para que diminuam o fornecimento de armas aos ucranianos.

É fazer o jogo sujo do chantagista Vladimir Putin e dos seus acólitos. Nesta quinta-feira, por exemplo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, ameaçou a Alemanha por fornecer à Ucrânia mísseis Taurus, capazes de atingir mais profundamente território russo.

Ela disse que “um ataque com esses mísseis seria considerado participação direta da Alemanha em hostilidades ao lado do regime de Kiev, com todas as consequências que isso acarreta”.

MAIS PERIGOSO – O mundo se tornou mais perigoso com Donald Trump e a sua boa vontade com ditaduras e má vontade com democracias. Mais perigoso e mais ridículo. Entre as ridicularias, está a recusa infantil do presidente americano de conversar com a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, seja presencialmente, por telefone ou por sinais de fumaça.

Ursula von der Leyen se vê obrigada a usar a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, como intermediária para tentar negociar as tarifas de importação insanas estabelecidas por Donald Trump contra aliados fiéis, que estão muito longe de ser a China.

COMBINAÇÃO -Antes de Giorgia Meloni ir a Washington para conversar com o presidente americano, ambas combinaram um script. É uma situação completamente anômala que a máxima representante da União Europeia não tenha interlocução com o presidente dos Estados Unidos da América. Achar que conseguirá dividir os europeus com essa birra é só mais uma estupidez gerada pela prepotência.

“O Ocidente, tal como o conhecíamos, já não existe”, disse Ursula von der Leyen ao jornal Die Zeit. O Ocidente expirou nas frentes militar, geopolítica e comercial não com uma explosão, não com um suspiro, mas com risadas de escárnio em Washington e Moscou.

O fim do Ocidente não será um final feliz para ninguém, nem mesmo para quem assinou o seu atestado de óbito.

Bolsonaro tem problema de pressão e segue sem receber alimentação oral

Bolsonaro agradece mensagens após uma semana internado

Bolsonaro ainda não está recebendo alimentação por via oral

Adriana Victorino
Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um episódio de alteração da pressão arterial, que já foi controlado, segundo boletim médico divulgado no início da tarde deste sábado, 19. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta.

O relatório médico informou que o ex-presidente continua em jejum oral, se alimentando via corrente sanguínea, já que ainda não apresentou “movimentos intestinais efetivos”. A equipe médica informou que serão intensificadas as sessões de fisioterapia motora e outras medidas de reabilitação.

PÓS-OPERATÓRIO – O ex-presidente passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas no último domingo, 13, para desobstruir uma dobra no intestino delgado que dificultava seu trânsito intestinal. Segundo a equipe médica responsável pelo procedimento, o pós-operatório deverá ser “prolongado”.

Bolsonaro foi atendido com urgência na sexta-feira, 11, após sentir fortes dores abdominais durante um evento do PL no Rio Grande do Norte. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Natal e, na noite do sábado seguinte, transferido para Brasília em uma aeronave equipada com UTI aérea.

A família Bolsonaro tem compartilhado registros do pós-operatório nas redes sociais. Na manhã deste sábado, a página de Bolsonaro no Instagram publicou um vídeo em que o ex-presidente agradece o apoio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o acompanha durante a internação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esta é a sexta operação, no mesmo lugar, para corrigir sequelas da facada que Bolsonaro levou em 2018. A equipe médica atual faz um esforço enorme para livrar Bolsonaro de uma nova bolsa de colostomia, que a equipe anterior conseguiu eliminar. O problema agora é que faltam “movimentos intestinais efetivos”, para que Bolsonaro possa voltar a ter alimentação oral, iniciando com caldos, sopas e pastas. Esses movimentos são causados por contrações musculares coordenadas das paredes do intestino, impulsionando o conteúdo intestinal. A combinação de propulsão e segmentação, conhecida como peristaltismo, garante que os alimentos se movam pelo sistema digestivo. Pela falta dessas contrações é que Bolsonaro continua a ser alimentado por via venosa há dez dias, desde quando foi internado. (C.N.) 

Decisões de Trump afetam bolsas e os aposentados entram em pânico nos EUA

A Nvidia despenca 6,80% no pré-mercado após anunciar impacto bilionário com  restrições dos EUA às exportações de chips à China. O setor tech sofre  efeito contágio com Apple e Meta também em

As ações despencam e os aposentados se apavoram

Pedro Dória
O Globo

Na semana passada, a Apple perdeu US$ 770 bilhões em valor de mercado. É consideravelmente mais do que vale a Tesla. Pegue todas as ações da Tesla, seja capaz de vender todas essas ações ao mesmo tempo pelo valor cobrado no momento do fechamento desta coluna, e dá mais ou menos isso. Uns US$ 640 bilhões.

A Visa, operadora de cartões de crédito, está avaliada pelo mercado em algo próximo de US$ 610 bilhões. Essa dinheirama não é pouco. Valer mais que US$ 600 bilhões quer dizer estar entre as 20 maiores companhias de capital aberto nos Estados Unidos. Até a semana passada, a ação da Apple era considerada estável, segura. Investimento conservador para padrões americanos. Donald Trump, com suas tarifas, a fez sangrar.

HORA DO PÂNICO – Aposentadoria, nos Estados Unidos, é responsabilidade individual. Cada indivíduo pode abrir uma conta-corrente de tipo específico, a 401(k), e mensalmente passar para ela um percentual do salário. Esse valor, até um teto que varia de acordo com a idade do contribuinte, é isento de imposto de renda.

É o contribuinte que decide como investir esse dinheiro. Todo americano tem parte de sua aposentadoria investida em Wall Street. É da natureza americana que os cidadãos tenham o hábito de investir suas economias no futuro das empresas americanas. Está entre as forças do país.

O tombo gigante da Apple, que perdeu 23% do valor entre os dias 2 e 8 de abril, foi refletido em cada poupança voltada para a aposentadoria em todo o país.

CLASSE MÉDIA DESABA – Não foi só a Apple que viu dinheiro virar pó. Num país onde o futuro de cada cidadão está atrelado ao valor das empresas, a loucura de Trump custa muito para todos. Só ficam de fora os tão pobres que não conseguem acumular para o futuro.

Não foi à toa que Trump voltou atrás e isentou parcialmente smartphones, computadores e apetrechos digitais em geral. Foi porque a bomba cresceu rápido e explodiria em sua mão. Ainda assim, o imposto de importação saltou de nada para 20%. Não ser 110%, como a Casa Branca estabelecera até a sexta-feira passada, é pouco consolo.

A briga só está começando. Trump ainda não entendeu o tamanho do problema que criou. Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, anunciou que começou a estudar tarifas sobre serviços digitais americanos.

CÁLCULO INFANTIL – Pois é. Na Casa Branca só fazem conta incluindo coisas que pegamos. Querem, num cálculo infantil, ter certeza de que cada país, individualmente, compre mais coisas dos Estados Unidos do que vende para os Estados Unidos. Só que um terço das exportações americanas não se pega com as mãos. São serviços.

Von der Leyen é uma política conservadora alemã para lá de experiente. Serviu como ministra num dos governos mais frios, pacientes e precisos que a Europa viu desde a unificação — aquele comandado por Angela Merkel. Seu último cargo foi como ministra da Defesa. O trabalho era lidar com gente tipo Vladimir Putin.

A Europa taxar serviços quer dizer o seguinte: a publicidade vendida por Meta e Google sentirá. E pode sentir muito pesado. Publicidade na Europa corresponde a 25% do que fatura a Meta e a 30% do que vende a Alphabet, holding do Google.

SENTINDO O BAQUE… – Se os Estados Unidos continuarem jogando pesado, e a Europa retrucar, algo que ainda não fez no nível dos chineses, outras duas gigantes americanas sentirão o baque. Feio. Isso quer dizer que inúmeros americanos próximos da aposentadoria ficarão ainda mais em pânico.

Um pedaço grande do Vale do Silício fez uma aposta: que, ao apoiar a Presidência de Donald Trump, teriam em Washington um parceiro para enfrentar a regulação do mercado digital no exterior. Esperavam que a Casa Branca pusesse todo o peso do Estado americano para forçar União Europeia, Austrália, Canadá, América Latina a não enfrentar as big techs.

Ora, a China não quer enfrentar as big techs. A Apple sozinha representa, dentro da China, uma cadeia que pode chegar a algo como 3 milhões de empregos. (A conta é de Patrick McGee, autor de um livro por lançar chamado “Apple in China”.) Mas a União Europeia quer. E Trump parece facilitar o trabalho em vez de dificultá-lo. À medida que a UE avança, outros a copiarão. Se ficará mais caro exportar para os Estados Unidos, por que não fazer um troco nas costas do Vale do Silício? E ainda não acabou.

“Descansa em teu amor, que bem estás”, ensina Adélia Prado poeticamente

Quero você na minha frente, extático,... Adélia Prado - Pensador

Atenção: “Extático” significa estar caído em êxtase…

Paulo Peres
Poemas & Canções

A professora, escritora e poeta mineira Adélia Luzia Prado de Freitas, no poema “Entrevista”, aborda temas ligados ao sexo e à religiosidade.

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ENTREVISTA
Adélia Prado

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Um das maravilhas da criação, eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntara cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.

Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
“Se cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte, duro, como o inferno, tenaz”,
descansa em teu amor, que bem estás.