Rafael Moraes Moura
O Globo
Relator de uma ação que contesta acordos de leniência firmados por empresas investigadas pela Operação Lava-Jato, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai dar a palestra de abertura de um seminário promovido por um instituto comandado por um dos advogados que movem o processo.
Na manhã do dia 7 de agosto, Mendonça é aguardado em São Paulo para a palestra magna na abertura do seminário “10 anos da Lei Anticorrupção: Desafios e oportunidades”, organizado pelo Instituto para Reforma das Relações Entre Estado e Empresa (IREE).
ANULAR INDENIZAÇÕES – O instituto é presidido por Walfrido Jorge Warde Júnior, um dos 11 advogados que assinam a ação movida por PSOL, PCdoB e do Solidariedade, partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acionaram o Supremo para suspender as indenizações e multas impostas nos acordos de leniência.
Para as legendas, os acordos de leniência das empreiteiras foram feitos sob “absoluta coação”.
Warde também advoga para a J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batistas, que trabalham para anular os acordos de leniência assinados com o Ministério Público Federal ao confessar pagamento de propinas para lideranças do Congresso. Também é autor do livro “O espetáculo da corrupção – Como um sistema corrupto e o modo de combatê-lo estão destruindo o país”, lançado em 2018.
EFEITO CASCATA – Na ação contra os acordos de leniência que ele subscreve, PSOL, PCdoB e do Solidariedade acusam a Lava-Jato – que levou Lula a ser condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro por 580 dias – de promover “a instalação de um Estado de Coisas Inconstitucional em relação não só aos celebrantes dos acordos de leniência, como à própria sociedade civil, que arcou com o efeito cascata da quebra generalizada de companhias estratégicas para a economia brasileira”.
Além do ministro do STF, o evento vai receber também o diretor global de compliance do grupo JBS, José Marcelo Proença, que participa de um dos painéis, sobre “integridade e responsabilidade social no ambiente empresarial”, ao lado do ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida.
A J&F, que controla a JBS, fechou com MP um acordo de leniência que prevê o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos por seu envolvimento em casos de corrupção. Agora, o grupo quer rever o acordo e diminuir o valor.
APROXIMAÇÃO – Durante viagem por Portugal para participar de um fórum jurídico de um instituto ligado ao ministro Gilmar Mendes, os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, aproveitaram um coquetel para se aproximar de Mendonça, com quem tiraram uma foto em que aparecem confraternizando.
No último dia 25, Mendonça assinou dois despachos que destravaram a ação: pediu informações à Presidência da República, ao Congresso e ao Ministério Público Federal em um prazo de 10 dias; e aceitou que o partido Novo e o Instituto Não Aceito Corrupção acompanhassem a ação na condição de “amigo da Corte”, uma espécie de interessado que pode se manifestar nos autos, elaborar pareceres e até ser ouvido durante o julgamento.
Não há, no entanto, previsão de quando a ação vai ser enfrentada pelo plenário da Suprema Corte.
OBJETIVO ACADÊMICO – Procurado pela reportagem, o ministro do STF disse que a “palestra não é remunerada e tem objetivo acadêmico, a fim de tratar sobre como a Constituição aborda as relações entre o Estado e as empresas”.
“Não há conflito de interesses, uma vez que não haverá nenhum benefício ao referido advogado, sendo a palestra direcionada a um público amplo e diverso e com participação de vários órgãos públicos”, sustentou Mendonça.
Em abril, a equipe da coluna informou que o governo Lula vai trabalhar, pelo menos oficialmente, contra a ação que está nas mãos de Mendonça. À época, a Advocacia-Geral da União (AGU) disse em nota que “deverá cumprir seu dever constitucional de defesa dos atos impugnados na ação proposta à Suprema Corte, com intuito de preservar os acordos de leniência firmados”.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Já houve um tempo, aqui no Brasil, em que juiz só falava nos autos, a Justiça era mais recatada e comedida. Agora, tudo desandou e a promiscuidade passou a ser regra geral. A farta legislação e a jurisprudência que regulavam a suspeição dos magistrados viraram letra morta, como se dizia antigamente. Vivemos hoje uma era de esculhambação institucional, digamos assim. (C.N.)
Uma palestra que efetiva suspeição do “falador/abre alas”, sobre todo e qualquer processo movido por quem quer que seja, sobre o à ser “descomplicado” tema!
Há “dendos”, em:
“Como o Plano das Seis Etapas Funciona.”
“Etapa 1. Alguma prática que, de tão ofensiva, nem deveria ser discutida em público, é defendida por um especialista respeitado em um foro respeitável.
Etapa 2. A princípio, o público fica chocado, depois indignado.
Etapa 3. No entanto, o simples fato que tal coisa tenha sido debatida publicamente torna-se o assunto do debate.
Etapa 4. No processo, a repetição prolongada do assunto chocante em discussão gradualmente vai anulando seu efeito.
Etapa 5. As pessoas não ficam mais chocadas com o assunto.
Etapa 6. Não mais indignadas, as pessoas começam a debater posições para moderar o extremo, ou aceitam a premissa, procurando os modos de alcançá-la.
Este método insidioso de mudança de valores e atitudes está sendo direcionado com sucesso sobre a população como um todo. Milhões de pessoas estão experimentando mudanças de atitudes em uma grande variedade de assuntos.”
Virou esculhambação.
Só mesmo a terceira instância pra salvar o país: o povo na rua.
O pior é que parece que estamos todos mortos.
Quem determinou essa “khazariana agenda” é poderoso e exigente com seus para tanto LOCUPLETOS súditos!
Durante viagem por Portugal para participar de um fórum jurídico de um instituto ligado ao ministro Gilmar Mendes, os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, aproveitaram um coquetel para se aproximar de Mendonça, com quem tiraram uma foto em que aparecem confraternizando
Cadê a foto ???
Mas já vimos isso before:
Próximo magistrado a ocupar a Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso participou de uma festa no dia 26 de junho deste ano, em Lisboa, Portugal, junto com delator e dono do grupo JBS, Joesley Batista. Esse assume o lugar de Rosa Weber em 28 de setembro deste ano.
A foto está ilustrando a matéria, Vicente,
Abs,
CN