Com o caso das joias, Bolsonaro perde apoio na base da coalizão que o conduziu ao poder

Jair Bolsonaro, na filiação de Fernando Holiday e Lucas Pavanato, ex- MBLs, ao PL, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo

Jair Bolsonaro está enfrentando cada vez mais problemas

Marcus André Melo
Folha

Em coluna publicada em 2019, afirmei que “a exposição da grande corrupção favoreceu Bolsonaro; a da pequena poderá fraturar sua base”. A expectativa mostrou-se acertada. Na atual conjuntura o caso das joias está levando o ex-mandatário a uma bancarrota política inédita.

A literatura especializada distingue a petty corruption (corrupção de pequena escala) da grand corruption (de grande escala). A primeira diferencia-se por ser transações singulares, individualizadas, e não institucionalizadas; a segunda por ser institucionalizada, envolvendo burocracias públicas, partidos políticos, estatais, sendo recorrente e de elevado valor.

PETROLÃO E RACHADINHAS – Referia-me na coluna às rachadinhas e ao papel que a exposição na opinião pública do mensalão e petrolão teve na ascensão de Bolsonaro. O caso teve pelo menos dois desdobramentos institucionais — no Coaf e na Polícia Federal — nos quais teve participação ativa com custos políticos e derrotas no STF.

A fratura na base da coalizão que levou Bolsonaro ao Planalto acarretou a defecção dos setores que apoiavam a Lava Jato. Seu símbolo foi a saída de Moro do governo. Ao que se seguiu o rapprochement do governo com o centrão e a marginalização de olavistas e militares.

A pequena corrupção no país é uma das menores da América Latina e similar à média da OCDE. Já no pioneiro Barômetro da Corrupção (2011) a percentagem de brasileiros que declaravam ter pago propina (a policiais, fiscais, provedores de serviço etc.) foi de 4%, baixa comparada aos 12% da Argentina, 21% do Chile e 31% do México. Em 2019, continuou a menor da região (11%).

CHILE À FRENTE – Os dados sobre “tentativas de obtenção de propina” são mais fidedignos. No Lapop (2021), a percentagem de pessoas que responderam positivamente à pergunta “alguma vez nos últimos 12 meses algum funcionário público lhe pediu uma propina” foi 4,8% (Brasil), 26,2% (México), 19% (Paraguai), 13,9 (Peru) e 7,7% (Argentina); Chile (2,0%) supera o Brasil.

A grande corrupção, ao contrário da pequena, não pode ser aferida por pesquisas. É clandestina: não podemos divisá-la salvo em conjunturas excepcionais. O Brasil foi o epicentro de evento raro em que seus tentáculos puderam ser vistos. O affair Odebrecht chegou tardiamente à Colômbia — cuja Procuradoria indiciou nesta semana 60 pessoas após pedido do presidente Gustavo Petro — e depois de ter derrubado três presidentes no Peru.

A bancarrota política de Bolsonaro é assim a crônica de uma morte anunciada já na sua investidura, quando foi assombrado pelos desmandos de seu entorno familiar; só que agora encarna o personagem principal. Institucionalmente, o caso salpica nas Forças Armadas.

6 thoughts on “Com o caso das joias, Bolsonaro perde apoio na base da coalizão que o conduziu ao poder

  1. GETÚLIO DORNELLES VARGAS.
    69 anos sem sua batuta desenvolvimentista.
    VARGAS, ofereceu condições de infraestrutura para o crescimento econômico por meio da industrialização.

    Simultaneamente,o governo VARGAS, focou as políticas sociais,e uma distribuição de renda mais igualitária.

    PS: infelizmente essa tal Direita se unil com a esquerda arruaceira,deu no que deu.
    1964 foi consequência de 1954.

    PS:
    O Nacionalismo permeia no sangue Gaudério.
    Viva Getúlio!!!
    Viva Brizola!!!

  2. Vindo da Folha, um dos veículos de propaganda do NARCO-consórcio do $TF, até que a matéria não é das piores, mas a manchete – “Bolsonaro perde apoio na base da coalizão que o conduziu ao poder” – é um primor de desinformação. A única coalizão que conduziu o Bolsonaro foi a mobilização “boca a boca” nas redes sociais. Por isto, os narcotraficantes do $TF trataram de intimidar, censurar, perseguir e prender apoiadores do ex-presidente, para fraudar a eleição presidencial de 2022.

    Mesmo com toda a perseguição feita pelos narcotraficantes petistas, que mobilizam mundos e fundos para assassinar a reputação do ex-presidente, o carinho das pessoas no contato com o Bolsonaro revela que o apoio da coalizão – o povão – que o levou ao poder só aumenta.

    “Eleiçao não se ganha, se toma”
    “Nós derrotamos o bolsonarismo”

    O que Bolsonaro não pode fazer informalmente, o excrementíssimo ministro pêcêcê fez usando dinheiro público – manchete da época”:
    “Sua Excremência, iMorais, contrata “hackers” para verificar a urna inauditável”

  3. Até que o artigo é bom.
    Mas como não poderia deixar de ser, sempre tira o escalpo e uma tira de couro nas costas do Bolsonaro.
    O que tenho visto é o grande desafeto da esquerda ser aclamado onde que que vá.
    Alguns criticam o simplismo dele, o caldo de cana, o pastel, o pão com leite moça e etc e tal.
    Mas fazem ouvidos moucos e cara de cachorro que cagou na porta do cemitério com as gastanças do Perdulário Ladrão nos hotéis mais caros do mundo. Esse cabra só vai de camarote e a legião de seguidores, maiores que a corte de eunucos do Rei Xerxes, vão balançando a cabeça como vacas de presépio.
    Boa informação essa que Bolsonaro lê a Tribuna da Internet, mas e o Barbudinho Mafioso, será que lê também?
    Esse Barbudinho segue distribuindo cargos e ministérios a rola como se diz lá na Bahia, é o prenuncio de novos petrolões e mensalões.
    Será que essa bagaça vai dar certo?

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