Delação de Mauro Cid expõe militares e lança o desafio de punir oficiais-generais

Charge do Beto (Arquivo Google)

Francisco Leali
Estadão

Estava Luiz Inácio Lula da Silva já com a faixa de presidente eleito e empossado quando a turma petista passou a ecoar o grito “sem anistia!”. A palavra de ordem foi repetida pelo País e nos salões de Brasília pelos apoiadores do novo governo. Até ali, o alvo era um só: o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Agora que o tenente coronel da Mauro Cid joga na sua delação a denúncia de que fora urdida uma tentativa de golpe com apoio de parte das Forças Armadas, os petistas continuarão a entoar o mesmo coro? Vão defender que a devassa para apontar nomes e patentes que urdiram contra a democracia também paguem por seus crimes?

SEM PRECEDENTES – A história recente indica que não está no DNA de Lula fazer ajustes de contas com oficiais generais. Sindicalista de formação, parece preferir sentar na mesa para conversar, negociar até obter um resultado possível. Os embates que vez ou outra ele e o PT pregaram até o momento não se transmutaram em ações políticas de impor punições quando se trata de militares.

O Lula 1 garantiu apoio orçamentário a projetos milionários de Exército, Marinha e Aeronáutica. O Lula 2 não foi diferente e um caso exemplifica como o petista prefere aparar arestas do que afiar lanças.

Nos idos de 2007, quando o presidente se propôs a criar uma lei que obrigava todo o governo a abrir seus arquivos, os militares torceram o nariz. Reclamaram que o texto que estava sendo preparado pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff não tinha sido compartilhado com as três Forças. Lula ouviu o reclamo e o tal projeto ficou de molho.

DADOS ULTRASSECRETOS – O Exército chegou a emitir uma nota interna recomendando que o governo não enviasse ao Congresso uma proposta que obrigaria o Estado brasileiro a revelar seus segredos. De tanto reclamarem que não era possível abrir tudo, mostrar tudo o que por anos ficou guardado com carimbos de ultrassecreto que Lula optou por uma composição.

O projeto final enviado ao Legislativo pela gestão petista abria a possibilidade de qualquer cidadão pedir acesso ao documento que quisesse, mas mantinha a previsão de preservar o sigilo eterno se o governo assim entendesse.

Lula deixou o cargo e Dilma, já presidente, tirou partido do Congresso para pôr fim ao sigilo eterno e impôs aos militares uma lei de transparência, a chamada Lei de Acesso à Informação. Junto ainda criou uma comissão da verdade.

TUDO COMO ANTES – Mas ficou por ai. A bandeira de punir culpados pela tortura durante a ditadura militar nunca apareceu como assunto no Palácio do Planalto nas gestões petistas. Se apareceu, de lá nunca saiu.

O tempo voou em direção à escolha de um ex-capitão como presidente da República. Os militares que lá atrás foram desprezados por Dilma subiram a rampa abraçados com o mesmo Bolsonaro que um dia o Exército chegou a classificar como pessoa que não honrava a farda que vestia.

Quando o vento virou de novo na direção dos petistas, os bolsonaristas correram para a porta dos quarteis. Os militares deram guarida para assegurar o livre direito de manifestar. Ainda que ali estivessem estiradas faixas de pedido de golpe na linha de ‘militares venham nos salvar’.

INVASÃO LIVRE – No caos do 8 de janeiro, onde estavam as Forças Armadas? Aquarteladas. A Polícia Militar de Brasília, recheada de oficiais simpáticos ao presidente derrotado nas urnas, apareceu quando o caldo já tinha entornado e os prédios da Praça dos Três Poderes invadidos.

Numa cena ainda dissonante para um regime democrático, o presidente da República tem ligar para um comandante de Exército para avisar que era para prender todo mundo. Sob o argumento de que poderia haver banho de sangue, as prisões foram adiadas.

Contam-se que a noite que ficou no meio entre a ordem do presidente e a prisão de fato serviu para retirar do acampamento do QG mulheres de oficiais e outros parentes que estariam ali e poderiam trazer problemas para dentro dos quarteis.

E AGORA, LULA? – Assim, boa parte da cúpula militar que batia palma para Jair como se Messias fosse, ou chorava com ele após a derrota ou contribuiu, ou fez ouvidos moucos a quem tentou dar o golpe. Na letra da lei, omissão também pode ser crime. Se o Lula 3 vai seguir sendo o conciliador ou vai cobrar punição exemplar até o topo da pirâmide militar são outros 500.

Que se diga o mesmo das Forças Armadas. O livrinho de regras de conduta militar ensina hierarquia acima de tudo. Se o presidente Bolsonaro põe na mesa uma proposta de violar o resultado das urnas e prender adversários, o papel de quem carrega nos ombros estrelas por anos de comando seria qual?

Até onde se sabe, a versão contada na delação de Mauro Cid pinta parte do oficialato como arautos da democracia. Embora não se tenha notícia de que nenhum dos que receberam o convite para um golpe tenha deixado a sala, entregado o posto ou mesmo denunciado a conspirata.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Punir oficial-general por apoiar Bolsonaro em oposição a Lula, sem a menor dúvida, será mais difícil do que passar um camelo pelo buraco de uma agulha, como diz a Bíblia. (C.N.)

8 thoughts on “Delação de Mauro Cid expõe militares e lança o desafio de punir oficiais-generais

  1. O Circo armado pelo PT, cujo espetáculo é defenestrar o adversário está no seu limite porque:

    – está parecendo uma rádio-novela que já começa a perder público, comprometendo seu objetivo de anestesia o querido público,

    – no caso de sua descondenação, por ser o partido mais honesto do mundo, o próximo passo seria devolver o dinheiro roubado pra burguesia cleptopatrimonialista;

    – não sendo o exemplo de retidão civilizatório e moral, está chegando a outras elites que não as suas aliadas: a militar e a do agronegócio que tem sustentado a economia, sem nenhum papel importante do partido nessa seara;

    – ademais conseguiu normatizar, legalizar e constitucionalizar o adágio que cadeia é pros 4ps: preto, pobre, puta e pederastra;

    – acusar o adversário de seus vícios perdoados poderá despertar a população do estupor midiático-jurídico-ideológico, fazendo-a lembrar de quem efetivamente é o PT;

    – por outro lado, não tem uma agenda positiva pra sair dessa negativa já surrada.

    Está bagaça não vai dar certo, pois deoendecdevtransfirmar gente torta em heroína e modelo.

  2. Não tem mais volta, alguns serão punidos.
    Os militares golpistas, serão punidos.

    É uma questão de autopreservação das FFAA.
    Podem perder tudo, mas vão ter que recuperar a credibilidade do povo a qualquer custo.

    O desprezo do povo já é uma realidade.
    Eles sabem disso, e vão agir.

    Por exemplo, o Cid garantiu a aposentadoria que vai pra mulher dele, mas a carreira foi pro espaço.

    Terá que viver sob a batuta da mulher, senão fica na miséria.

    A tal da Cid family Trust está com os dias contados e será investigada, correm o risco de perder tudo.
    Haja grana pra gastar com advogados daqui pra frente.
    Se não perderem esse patrimônio pra justiça, perderão prós advogados.
    Fora a falta de sossego e problemas familiares.

    Olho grande não entra na China. Se lascou, todinho!

    Agora tem que aguentar o rojão, fora a vergonha do pai trapalhão que não deu uma dentro.

    É uma vergonha atrás da outra.

    É tudo nauseabundo,!
    É uma escrotidão, só!

    José Luis

  3. Ademais, talvez convencido pelos seus adoradores e seus bajuladores pragmáticos, – os primeiros a pular do navio face a tormentas -, inflou seu ego, – que ganhou a eleição por uma micharia de voto do demonizado Bolsonaro -, achando que poderia fazer grande sucesso no exterior, trazendo o Prêmio Nobel da Paz e tornando-se um grande mestre da geopolítica internacional. Entretanto o Totem deparou com suas imensas dificuldades advinda de sua visão jurássica e extemporânea da realidade e sua adoração por regimes autoritários.

    Ou seja, perdeu um quarto de seu mandato por nada. E quanto seus bajuladores continuam com sua politiquinha bizarra de garantir o sucesso tão somente com a defenestração do adversário.

    Não há nenhum sinal de que venham a dignar-se a dizer a que vêm. Mesmo porque isso não é característica de deuses.

    No caso de sua ridícula posição com relação à Ucrânia, ninguém se dispôs a mostrar-lhe um pouco dessa História? A bajulação é o fim de qualquer liderança e parece que o Totem enebria-se com ela.

    https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/holodomor.htm

    Ao que parece, o fracasso na política externa reperti-se-á na interna, que ainda não foi apresentada.

  4. O MUNDO CÃO INVENTADO, CUNHADO E MANTIDO PELAS DIRETAS-JÁ E O HOLOCAUTO DE 2 MILHÕES DE ASSASSINATOS EM 4 DÉCADAS! O Brasil segue há 40 anos mergulhado em horroroso, apavorante, aterrorizante e sanguinário holocausto de cidadãos do bem. Estamos vivendo, no momento, mais uma onda intensa de estupros e assassinatos de crianças-meninas, e feminicídios, inclusive cometidos por menores facínoras, sanguinários, que, apesar do circo dos horrores no qual a população vive, continuam protegidos a sete chaves pelos genocidas do Congresso Nacional e dos demais poderes. Os advogados do diabo da OAB e as igrejas cristãs não querem abrir mão de suas lucrativas atividades como babás de criminosos! Os comunistas e associados do ‘’centro’’, da esquerda aliada e da direita nazista oportunista e corrupta, estão convencidos de que tudo pode continuar exatamente como está há 40 anos, como se o Brasil fosse a Noruega ou a Dinamarca. Ave césares, da República das Diretas-Já e do Direito romano garantista da impunidade! Aqueles que que vão morrer te saúdam! LUÍS CARLOS BALREIRA. PRESIDENTE MUNDIAL DA LEGIÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA.

  5. Loola deveria meter na cadeia todos aqueles militares, principalmente os oficiais generais que serviram no governo Bolsonaro.
    Ele tem que que mostrar para Janja e para os carregadores de penicos quem é o macho.
    Aquele general que encheu ônibus com manifestantes e que foram levados para a prisão, promova-o a marechal.

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