Ala do governo Lula defende freio a Moraes e vê delação de Cid com cautela  

O fator Alexandre de Moraes na disputa pela preferência de Lula para o  Supremo

Até o PT já percebeu que Moraes está precisando de um freio

Julia Chaib e Catia Seabra
Folha

Apesar de o próprio presidente Lula (PT) usar as recentes descobertas da Polícia Federal como munição contra o adversário Jair Bolsonaro (PL), alas do governo e parlamentares se dividem sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes e dos avanços da delação do tenente-coronel Mauro Cid.

Ministros e aliados do petista no Congresso veem com cautela a forma como a colaboração de Cid foi firmada com o STF (Supremo Tribunal Federal), enquanto ele estava preso. Integrantes desta ala frisam que esse tipo de conduta lembra métodos usados durante a Operação Lava Jato.

TIPO LAVA JATO – A torcida é para que a delação de Cid seja robusta e farta em provas, porque senão, afirmam, não haveria por que fechá-la. A ausência de evidências é uma das críticas apresentadas às delações firmadas na Lava Jato. Essa posição difere da do ministro Flávio Dino (Justiça), que tem respaldado e defendido publicamente todos os atos da Polícia Federal, que está sob seu guarda-chuva.

Como mostrou a Folha, métodos de investigação esvaziados ou até mesmo enterrados pelo movimento contra a Lava Jato no STF têm sido reconstruídos pela própria corte e por outras instâncias do Judiciário em cerco contra o ex-presidente Bolsonaro e seus aliados.

A delação de pessoas presas, por exemplo, chegou a ser comparada à tortura pelo ministro Gilmar Mendes. Agora, o magistrado atua como um dos principais pilares de sustentação da atuação de Moraes, que manteve Cid detido por quatro meses e só o soltou após homologar sua colaboração premiada, em 9 de setembro.

SUPERPODERES – Um dos principais focos de atenção entre aliados de Lula está no poder concentrado nas mãos do ministro. Se por um lado Moraes tem mirado em adversários do petista, por outro lado as ações dele representam um fortalecimento excessivo, avaliam.

Em conversas, aliados do presidente atribuem a Moraes uma origem de centro-direita, tendo sido indicado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), além do risco implícito no ativismo judicial.

Para essas pessoas, a indicação de Flávio Dino ao STF culminaria na constituição de um triunvirato na corte, composto também por Moraes e por Gilmar Mendes. Esses argumentos não fizeram com que Lula deixasse de prestigiar Moraes, também ouvido nas indicações para tribunais.

EXISTEM RISCOS – Além do fortalecimento político do Supremo, entre aliados do presidente há o receio de que se essa empreitada em cima de Bolsonaro e aliados acabe por ampliar o poder do grupo político oposto ao de Lula.

A avaliação é que Moraes tomou as medidas necessárias para manter a democracia frente a empreitadas golpistas de Bolsonaro, mesmo que algumas tenha sido controversas do ponto de vista jurídico. O problema, apontam, é que agora não se sabe mais quando essas medidas irão cessar.

Há ainda o temor de que eventualmente o ministro direcione as armas para a esquerda. Como mostrou a Folha, auxiliares do presidente e aliados no Congresso veem com apreensão uma eventual prisão de Bolsonaro em decorrência do avanço das investigações contra o ex-presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não se pode prender um ex-presidente da República sem o devido processo legal. É preciso ser investigado e depois processado, até ser condenado e preso, conforme aconteceu com Lula, que só foi preso após exercício exaustivamente seu direito de defesa, com um número espantoso de recursos. Depois, foi solto num julgamento meramente político, embora sua culpa estivesse mais do que provada. Recordar é viver. (C.N.)

14 thoughts on “Ala do governo Lula defende freio a Moraes e vê delação de Cid com cautela  

  1. Era só o que faltava, uma ala do PT tentando freiar as investigações e punições aos financiadores, planejadores e vândalos.

    Essa Ala do PT, deve ser aquela, que só pensa em dinheiro e Poder, imitando o que há de pior no Bolsonarismo.

    Com um amigo desse, o presidente Lula não precisa de inimigo, basta o PT para destruir seu terceiro mandato.

    São tantas as evidências, de que o PT não aprendeu nada com os erros, que chega a doer nos olhos.
    Se já não bastasse a presidente do seu Partido, a deputada Gleisi Hoffmann, defender a extinção da Justiça Eleitoral, TSE e TREs, simplesmente inconformada com as multas aplicadas ao PT. Uma tremenda falta de noção, a Gleisi adotar as teses Bolsonaristas.

    O olho grande do PT, para manter suas pastas ministeriais, está minando o governo de coalizão. É pressão em cima dos outros Partidos para levar ministérios para o Centrão, enquanto o PT não perde nenhum ministério.
    Foi uma deselegância, tirar Márcio França do Ministério de Portos e Aeroportos e entregar para o PP, partido de apoio a Bolsonaro. Se bem, que França paga o seu preço, por ter abandonado Alexandre Molon, candidato ao Senado. França era o tesoureiro do PSB e negou recursos para a campanha de Molon, que perdeu para Romário, na conta do chá. PT e PSB destruíram a candidatura de Molon, com a ajuda de Marcelo Freixo, uma decepção também, que por isso, perdeu vergonhosamente para Cláudio Castro. É melhor Freixo voltar a ser deputado federal, porque jamais será prefeito ou governador do Rio de Janeiro.

    Outra coisa, a narrativa de que a Lava Jato tem similaridade com os Inquéritos do Golpe de Estado, trata-se de mais uma fake news. No Golpe de Estado, claro, a tentativa, se desse certo, o país seria inundado de sangue, suor e lágrimas. Estaríamos no limite de uma guerra civil e milhares de brasileiros progressistas seriam mortos ou torturados.

    Os corruptos seriam liberados para roubar a nação como sempre. Tudo pelo dinheiro e Poder.

  2. Senhor Roberto Nascimento , os petistas estão com medo de virarem a bola da vez , pois muitos deles contribuíram para o evento ” subversivo ” de 08/01/2023 , juntamente com os ditos bolsonaristas , sendo que alguns deles viraram congressistas , além de corruptos e subversivos .

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