Poeticamente, a simplicidade precisa ser encontrada com raros valores, que não têm preço

Poetisa Carmen Cardin

Carmen Cardin, poeta carioca

Paulo Peres
Poemas & Canções

A professora, artista plástica e poetisa carioca Carmen Cardin, garimpeira das palavras e pós-graduada em sonhos, ao escrever um de seus mais de cinco mil poemas, enveredou pelos “Redemoinhos” dos nossos valores na vida.

REDEMOINHOS
Carmen Cardin

Damos mil voltas no mundo,
para chegarmos ao mesmo lugar,
em um tempo que sequer saberemos.

Por mais alto que escalemos,
a aridez do solo estará sempre a nos esperar,
em um abraço sem volta.

As matérias orgânicas se mesclarão,
em uma química perfeita. Eis a solidez.

Mas o aroma de nossa essência bailará,
em seu interminável trajeto aos sétimos céus.
E assim sendo, reinará a fluidez.

A simbiose entre a luz e a escuridão será proporcional
às flores que tenhamos semeado, 

aos espinhos que houvermos encravados,
em nós mesmos e em nossos semelhantes.

No final – assim como no começo –
haverá sempre uma Luz.
A Luz é Suprema, é para todos nós.
Ela nos origina e (re)conduz.

Para já, ostentemos a túnica do viver espartano,
a maquiagem da leveza.
Difícil na vida é ser feliz com o que se é,
não com o que, supostamente, se tem.

Na efemeridade de cada fase da existência,
urge aprimorarmos os nossos gostos,
requintarmos nossas emoções.
A simplicidade torna-se como a luz solar: ela é vital,
entretanto, deve ser conquistada com raros valores,
embora os mesmos não tenham preço.

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