Ipec: novos resultados aferidos se somam a desgastes para o governo Lula

Educação é a única área da gestão com saldo positivo na avaliação

Pedro do Coutto

Pesquisa do Ipec revela um desgaste do presidente Lula em vários setores sob a sua administração. Importante é o sinal de alarme no convés do governo, sobretudo porque um dos setores que gera mais reclamações é o de alimentação.

Era esperado, pois a questão do consumo de alimentos é fundamental uma vez que acarreta um desembolso diário da população, sobretudo a mais carente, sem que os seus rendimentos avancem na mesma proporção. É preciso que o governo atente para esse aspecto e não fique apenas no debate sobre déficit zero sem levar em consideração a questão da fome.

QUEDA – Quase dois meses após a pesquisa Ipec mostrar que a avaliação positiva (soma de “ótimo e bom”) para o governo do presidente Lula da Silva caiu cinco pontos percentuais e chegou a 33%, novo levantamento do instituto, divulgado neste domingo, revela que o cenário segue desanimador para a gestão de Lula.

Além da baixa popularidade, o Ipec aponta que entre oito áreas da gestão de Lula, apenas uma, a educação, tem mais avaliações positivas que negativas. A população se mostrou preocupada e descontente especialmente com o controle da inflação e a condução das políticas de saúde e segurança pública.

Quando se trata do quesito “controle da inflação”, a população se demonstrou fortemente insatisfeita. Para 46% dos entrevistados pela pesquisa, o Palácio do Planalto tem atuação ruim ou péssima nesse quesito. Enquanto isso, com altas frequentes nos preços dos alimentos, somente 23%, consideram o controle da inflação bom ou ótimo e 27% avaliam como regular.

RECUPERAÇÃO – O desgaste do governo Lula viabiliza a possibilidade de formação de um panorama a ser percorrido pelos adversários com vistas às eleições de outubro. É possível que o governo recupere até lá parcelas do eleitorado, mas o que está causando insatisfação revelada pelo Ipec é a falta de cumprimento das promessas de campanha  que levaram Lula à vitória nas urnas.

Agora, novamente o problema se coloca e há divisões partidárias em vários pontos, afastando o PT de outras siglas na disputa como é normal em política. Em vários estados verifica-se que, por exemplo, o Psol tem uma posição e o PT outra. Realmente é um fator que deve preocupar o governo, inclusive porque na campanha municipal a linguagem utilizada não é uniforme como na presidencial.

Após as urnas, cabe ao governo recompor o que foi abalado ou destruído. Mas o problema fundamental continua o mesmo, que é a questão da recuperação do governo como um todo, indo ao encontro da sociedade e cumprindo metas indispensáveis.

5 thoughts on “Ipec: novos resultados aferidos se somam a desgastes para o governo Lula

  1. O sinal amarelo atingiu o pico, já entrando no vermelho, em relação a avaliação negativa do governo, conforme atestado brilhantemente Pedro do Couto.

    Lula entrou em cena, cobrando mais interlocução de seus ministros com o Congresso.

    Lula acordou hoje, soltando marimbondos e exigindo mais da equipe.
    Acho que cometeu uma injustiça em relação ao ministro da Fazenda Fernando Haddad, quando pediu para ler menos livro e conversar mais. Primeiro, que quanto maior a leitura de livros, melhor será o conhecimento de qualquer um. Segundo, que o ministro Haddad, não está tendo tempo de ler, nem jornal, quanto mais livros.
    Em relação ao vice, Geraldo Alkimin, também pegou pesado, porque o que Alkimin mais tem feito é conversar com parlamentares e representantes do mercado financeiro e industriais.

    O cerne da questão é o próprio Lula, que tem dado mais importância a agenda externa e pouco de conversas com o Poder Legislativo.
    Hoje, Lula conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Não basta ir a campo, quando a fogueira está alta, é preciso apagar o fogo, logo no seu início.

    Um pouco da desconfiança contra o governo, foi o discurso de Lula sobre Israel, principalmente no eleitor evangélico. E o apoio a Ditadura da Venezuela. Dois tiros na água, disparados por Lula.
    Em tempo, Lula entendeu o recado e tem 15 dias, que ficou naquele silêncio ensurdecedor nas agendas externas. Ponto a favor de Lula, que recuou diante das evidências apontadas pelas pesquisas.

    Vamos esperar o mês de maio, para saber o resultado dos novos rumos. O primeiro trimestre está perdido para o governo Lula.

  2. Percebo na queda da avaliação do desempenho do governo no primeiro quadrimestre deste ano, aos erros da articulação política e no aumento dos produtos de primeira necessidade nos supermercados e nas feiras.
    O ministro Rui Costa da Casa Civil é o gargalo do governo Lula. A Casa Civil, funciona como um primeiro ministro no presidencialismo e Rui não foi preparado para a missão.
    O erro na escolha desse importantíssimo ministério, cito Gleise Hoffmann a ministra da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, também despreparada para a missão e que não conseguiu ajudar a presidente, no processo de impeachment. O ministro desta pasta, deve ter a coragem de dizer ao presidente, aquilo que ele ou ela não gostaria de ouvir. E Rui Costa não vai dizer não para Lula. Será, que Gleise Hoffmann dizia não para Dilma?
    Esse não, significa aconselhar com fulcro na realidade, colocar luz na escuridão.
    José Dirceu foi o único com essa capacidade nos governos do PT, mas, Dirceu não está nem no banco de reservas, portanto, impossibilitado de ajudar o governo Lula.

    Nem a propalada reforma do ministério, conseguirá tirar o governo Lula do labirinto, porque o time das mudanças já foi perdido, pelo menos até às eleições municipais de outubro. Quem sabe em novembro, após o resultado das Urnas, falarem o que deseja o eleitor. É preciso agir, antes que seja tarde, quero dizer, ter uma bela surpresa, nas eleições presidenciais de 2026.
    A direita vem trabalhando dia sim dia não, para conseguir maioria no Senado e ampliar seu protagonismo na Câmara dos Deputados.

    Sem maioria nas duas casas do Legislativo, nenhum presidente consegue governar, sem liberar emendas do orçamento a rodo para deputados e senadores.

  3. Ulisses Guimarães disse que o Poder é afrodisíaco. Nenhuma dúvida, quanto a afirmação do Doutor Ulisses, o melhor presidente da Câmara dos Deputados de toda a República. No entanto, Ulisses esqueceu de dizer que o Poder envelhece os presidentes.

    Basta um simples olhar para as fisionomias de Bolsonaro e Lula, para constatar as rugas que o Poder trouxe para ambos.

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