Marinha nega ter “privilégios” e manda recado à equipe econômica

Em meio a corte de gastos, Marinha posta vídeo com atuação de militares e  questiona: 'Privilégios?' - YouTube

Vídeo tenta mostrar que a vida na Marinha é sacrificada

Jussara Soares e Daniel Rittner
da CNN

A Marinha do Brasil divulgou neste domingo (1⁰) um vídeo em que compara a carreira na Força à vida de cidadãos civis. Ao final de 1 minuto e 15 segundos, a peça se encerra com a frase: “Privilégios? Vem pra Marinha”.

O vídeo faz parte das comemorações dia do Marinheiro, celebrado em 13 de dezembro, e é divulgado em meio pacote de ajuste fiscal que mira as Forças Armadas. A produção foi preparada para ser exibida neste domingo (1⁰) durante a a cerimônia de substituição do Pavilhão Nacional na Praça dos Três Poderes.

COMPARAÇÕES – O vídeo intercala imagens de integrantes da Marinha trabalhando em situações extremas com pessoas se divertindo em festas, em reuniões de família e em momentos de lazer.

A ideia é justamente mostrar que a carreira militar tem peculiaridades e privações que não podem ser comparadas aos profissionais civis.

As medidas fiscais para as Forças Armadas incluem, entre outras, o estabelecimento da idade mínima de 55 anos para passagem para a reserva. Atualmente, os militares precisam cumprir 35 anos de tempo de serviço para ir para a reserva. Como antecipou a CNN na sexta-feira (29), a partir 2032 todos os militares terão que adotar a idade mínima.

PERÍODO EXTRA – Até lá, a regra de transição deve estabelecer que o militar pague um “pedágio” de 9% sobre o período que falta para completar o tempo de serviço. Ou seja, terão um período extra antes de deixarem a ativa.

Militares ficaram incomodados com as recentes declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao anunciar o pacote de corte de gastos.

“Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes. São mudanças justas e necessárias”, disse Haddad em pronunciamento de rádio e TV na última quarta-feira (27).

MUITAS CRÍTICAS – Integrantes das Forças Armadas, sob reserva, criticam que as mudanças foram propostas sem levar em consideração as especificidades da carreira. Dizem ainda que técnicos da equipe econômica não entendem a dinâmica da carreira militar.

Neste sábado (30), em reunião no Palácio do Alvorada, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, os comandantes do Exército, general Tomás Paiva; da Marinha, almirante Marcos Olsen; e da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Marcelo Damasceno, explicaram justamente impacto da adoção da idade mínima para carreira militar.

O objetivo é evitar uma quebra muito grande no fluxo da carreira, afinal cada posto tem um tempo máximo de permanência.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como dizia Raul Seixas, a serpente está na terra e o programa está no ar. Os militares estão alvoraçados, devido à prisão de cinco oficiais golpistas, e estão defendendo seus privilégios funcionais. Já começaram a pressionar Lula e, mais para a frente, vão exigir a anistia aos envolvidos, conforme divulgou a jornalista Eliane Cantanhêde, no Estadão.
(C.N.).

3 thoughts on “Marinha nega ter “privilégios” e manda recado à equipe econômica

  1. Corte de gastos: Duro golpe do governo petista nos pobres

    Pacote de contenção de gastos enxuga gordura de quem tradicionalmente é desnutrido

    Pacote de austeridade afeta a camada social mais vulnerável

    O Brasil comete todo tipo de excesso de gastos nas suas camadas abastadas, mas na hora da austeridade fiscal (o governo Lula) resolveu pegar os mais pobres para pagar a conta.

    As medidas de contenção de gastos enxugam a “gordura de quem tradicionalmente é desnutrido”, ou seja, joga para os cidadãos mais pobres a responsabilidade de pagar a conta dos gastos excessivos do governo.

    Para conter os gastos, Lula decidiu atacar o “tecido social que enfrenta maior vulnerabilidade econômica, que depende de programa social para existir”.

    O BPC de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais sem meios de prover a própria manutenção – sofrerá drástica reforma.

    De acordo com o especialista, o governo visa ampliar o conceito de família para justificar a retirada de benefícios de diversos cidadãos.

    – Historicamente, um dos requisitos do BPC é a miserabilidade, cujo interessado é investigado para saber se a renda per capita de cada membro do grupo familiar é superior a 1/4 do salário-mínimo.
    A estratégia do governo é ampliar o conceito de família, para localizar a renda de algum parente distante a fim de atrapalhar a concessão, mesmo que ele não more na mesma casa. O INSS arrumaria uma negativa e se eximiria do gasto.

    O novo requisito considera a renda de cônjuge e companheiro não coabitante e renda de irmãos, filhos e enteados (não apenas solteiros), ainda que não vivam sob mesmo teto – apontou.

    Atualmente, o cálculo da renda familiar não considera o benefício no valor de um salário-mínimo recebido por deficiente ou idoso.

    – O projeto atropela de uma só vez o direito do Estatuto do Idoso e da Pessoa com Deficiência (PCD). A renda de todos deve ser contabilizada. Se um casal de idosos morar junto, o fato de marido ganhar aposentadoria mínima é suficiente para obstar o ganho do BPC da esposa. Adultos, crianças e adolescentes com deficiência e impedimento graves podem ser tolhidos do BPC.

    O pacote anunciado pelo governo Lula (PT) ressuscita o conceito de PCD (Pessoa com Deficiência) e faz o Brasil regredir ao ano de 1993, quando o país exigia que a deficiência ou impedimento provocassem incapacidade para a vida independente e trabalho.

    – O Brasil comete todo tipo de excesso de gastos nas suas camadas abastadas, mas na hora da austeridade fiscal resolveu pegar os mais pobres para pagar a conta.

    Folha de S. Paulo, Opinião, 2.dez.2024 às 13h01 Por Rômulo Saraiva, advogado especialista em Previdência Social

  2. O BPC está crescendo muito e vai continuar a crescer, porque a informalidade é grande e a maioria não contribui com nada para a Previdência. Esse benefício social precisa ser desvinculado do SM.

    Ora, como pode alguém receber a mesma coisa de alguém que contrinbuiu por toda a vida, no caso de receber 1 SM? Não faz sentido e só incentiva a não contribuição.

    É lamentável o vídeo veiculado pela Marinha. Coloca como privilegiados os trabalhadores civis, enquanto como sacrificados os integrantes da Marinha, tudo para tentar justificar os privilégios da classe. Mas isso reflete o que os membros de classes privilegiadas pensam. Que seus privilégios são merecidos.

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