Pressão dos militares pela anistia preocupa os ministros do Supremo

Altamiro Borges: Villas Bôas e os generais golpistas - PCdoB

Charge do Beto (Arquivo Google)

Carlos Newton

Desde o início, temos afirmado aqui na Tribuna que o golpe de estado somente não ocorreu porque o governo Bolsonaro, as Forças Armadas e o PL não conseguiram encontrar a menor prova de fraude na votação ou na apuração eletrônica, mesmo com o partido de Bolsonaro tendo contratado por R$ 1 milhão o engenheiro militar Carlos Rocha, um dos criadores do modelo brasileiro de urna, que chegou a pedir patente em seu nome, mas o Instituto Nacional de Propriedade Industrial recusou o requerimento.

O fato concreto é que os militares aguardavam apenas esse gatilho para anular as eleições e tirar Lula do circuito, com possibilidade até de premiá-lo com nova cadeia. Ele escapou de boa, como se diz hoje.

SEM FRAUDE – Como não foi encontrada nenhuma evidência de fraude nas eleições, os comandos militares de Exército e Aeronáutica se recusaram a fazer o papel sujo. Somente a Marinha aceitou, mas, sozinha, não tem condições de dar nem mesmo golpe do vigário. Assim, o então comandante, almirante Almir Garnier, foi escanteado, ficou falando sozinho e está hoje indiciado pela Polícia Federal.

Como dizia Machado de Assis, a confusão é geral. Os ministros do Supremo foram apanhados de surpresa pela notícia da jornalista Eliane Cantanhêde, do Estadão, e a pressão dos militares pela anistia tornou-se o assunto mais comentado pelos ministros que compareceram ao casamento do ministro Flávio Dino, neste domingo.

A ordem no Planalto, no Supremo e nas Forças Armadas é ignorar o assunto e alegar que o encontro de Lula com o ministro da Defesa e os comandantes, em pleno sábado, teria sido apenas para retardar os cortes de gastos no setor militar.

FICARAM ATÔNITOS  – A surpresa com a reunião no Palácio da Alvorada foi geral. Lula e o ministro da Defesa, José Múcio, ficaram atônitos e não se comprometeram. Jamais esperavam essa reação das Forças Armadas. Desde a redemocratização do país, os militares somente fizeram pressão ao governo no primeiro ano da gestão de Bolsonaro, quando pediram que seus privilégios na previdência e na assistência médica fossem preservados, conforme aconteceu.

Mas agora é outra conversa e eles defenderam a anistia, a pretexto de “zerar o jogo” e “desanuviar o ambiente político”. O que dizer? O que pensar? Os 25 militares estão na condição de indiciados, pois a denúncia ainda tem de ser aceita pela Procuradoria, e as Forças Armadas se adiantam e já pedem anistia?

Quem decide a anistia é o Congresso. Se a resposta dos parlamentares for “não”, qual será a reação das Forças Armadas? Essa é a dúvida cruel que aflige a democracia à brasileira.

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P.S. 1
As pressões não param. A jornalista Eliane Cantanhêde amaciou a informação neste domingo, publicando que “a questão da anistia é, sim, discutida entre as Forças e entre elas e setores do governo civil, inclusive do Palácio do Planalto, mas ainda de forma informal, sem caracterizar um pedido ao presidente Lula. Publicamente, a posição da Defesa e das três Forças é que não há nenhuma ingerência e nem mesmo pedido de informações nem à Polícia Federal nem ao Supremo Tribunal Federal sobre o andamento das investigações e as apurações”. Então, fica combinado assim.

P.S. 2 – O jurista Sobral Pinto costumava dizer que não existe democracia à brasileira. “O que existe é “peru à brasileira, com arroz, salada e farofa”, ironizava.

P.S. 3Em termos teóricos, Sobral Pinto tinha razão, mas na prática existe uma “democracia à brasileira”, caracterizada por essa esculhambação na qual o país vive eternamente enrolado. (C.N.)

10 thoughts on “Pressão dos militares pela anistia preocupa os ministros do Supremo

  1. Primeiro, não acredito que existe um sistema infalível. Quantos exemplos já tivemos de hackers que invadiram sistemas bem mais seguros, CIA e o Pentáhono. Tudo que comanda essa urna são softwares e softwares você pode fazer o que quiser. Depende de quem está na chefia que comanda e sua intenção

  2. Concedida a Anistia vergonhosa para militares, que queriam assassinar pessoas, as quais provavelmente já estavam em alguma lista dos serviços de informações, uma cópia envergonhada do pré 64 e os dias seguintes de abril de 64, pode-se imaginar o que viria no pós – 15 de dezembro de 2022.

    Dois generais, seriam as figuras de proa do gabinete de crise. Não seria boa coisa, o que estava por vir.

    E nós, simples mortais, sem saber de nada. Agiam nas sombras de Brasília, nas Asas Norte e Sul, no Planalto e no Alvorada.

    Interessante, os atuais comandantes mencionarem: “zerar o jogo”. A frase que Bolsonaro tem dito desde a semana passada, visando um salvo conduto para defesa própria, mirando se candidatar em 26 e voltar para não fazer nada, a não ser tentar novo golpe.

    Insta salientar, que para golpista, todos se unem para Anistiar o que há de pior na alma humana, voltada para matar.
    Então, se mais uma vez, vamos perdoar, quem planejava matar, e não o fizeram, apesar de estarem tocaiados para a execução, porque na última hora, alguém não identificado, abortou a operação, porque não perdoamos os milhares de bandidos presos nas cadeias imundas do país, alguns por furtos outros por tentativa frustrada de homicídios?

    Quer saber, esse argumento de “zerar o jogo” é a mais deslavada mentira de todos os tempos.

    Zerando ou não o jogo, o Brasil não escapa de nova intentona golpista. O Golpe de Estado está no DNA das elites civis e militares.

    As Forças Armadas, são pressionadas a intervir e assumem o ônus de tudo de mal, que acontece nesses casos torpes, enquanto aventureiros políticos, empresariais e até do Judiciário, que pedem os golpes nas sombras das fardas. Não é a toa, que são chamados de vivandeiras de quartéis.

    O Pedido de Anistia aos golpistas, a meu juízo, esconde algo que não sabemos, eles sabem muito bem, o que é: O envolvimento de gente muito mais poderosa na trama golpista, os quais, se vierem a tona, seria nitroglicerina pura.

    É até perigoso, escrever sobre isso, devido ao risco de vingança, mas, nessa hora, a covardia pode significar a morte também. Em um golpe, os caçadores vão atrás, de jornalistas, advogados, intelectuais e políticos de esquerda. O mundo do crime, das quadrilhas nas cidades, ficam impunes.

    O Brasil tem essa sina, do Golpe, e, infelizmente não conseguimos escapar dessa desgraça.

    É preciso ficar de olho, porque cavalo não desce escada e os dispositivos intervencionistas não estão dormindo.

  3. Se bem conheço o espírito bélico de nosso exército que tive oportunidade de conhecer bem, por ter sido permissionário dele e amigo e companheiro de tiro, caçada e pescaria de muitos oficiais, eu diria que não consigo vê-los como heroicos defensores do solo pátrio. pois seu histórico operacional está mais dedicado a golpes de estado, já que a participação na 2ª Guerra foi mais uma operação de voluntários e a guerra do Paraguai é uma vergonha a ser esquecida.
    Digo isto porque não consigo enxergar grande risco de pressão ou ameaça sobre o presidente Lula por uma simples razão, ele é amigo e aliado do Xi Jinping e do Putin, e tem telefone direto com os dois, pelo tanto, anistia presidencial só se for estratégia eleitoral.

  4. A situação é clara, os milicos já sabem que o congresso concederá a tal anistia, então estão avisando aos 11do pretório que engulam e digiram
    a medida sem fazer ânsia de vômito..
    Apliquem as mesmas “bondades” que deram ao lula, e o Facchin determine que os otários de 8 de janeiro estão sendo julgados na instância errada, e remeta seus processos para a primeira instância de onde moram.
    Seria uma decisão salomônica que agradaria a todos.

    • Após ouvir e nada fazer sobre o “Acordo de Jucá”, INFILTRADOS, restaram TODOS, coniventes e possivelmente ENCAGAÇADOS, servis apátridas e adeptos da “Maré Vermelha”!

  5. Metam na cadeia todos os coronéis e oficiais generais que serviam em Brasília na época e depois é só aguardar que Xi Jiping e Putin venham garantir essas prisões.

    • Sabe que estou te desconhecendo, James, você o mais fanático e obsessivo anticomuna, antipetralha e patriota dentro das quatro linhas, dando ideias para o Lularápio stalinista facilitar a entrada dos novos colonizadores da nossa fazendona.

  6. “A EVOLUÇÃO DO HoMeM CHEGOU, quer vocês gostem ou não”, se acertem com a Democracia Direta e a Meritocracia e deem graças a Deus. No Brasil, para muitos a “política” virou uma paixão nacional, com eleições de 2 em 2 anos, muitos gostam e outros tantos a odeiam, e todos tem lá as suas boa$ razõe$, e a solução é a contenção da paixão e do ódio, colando na porta de entrada do comando político um mata-burro, ladrões, corruptos e afin$, para que os que gostam de Política possam fazê-la no mais alto nível possível, para o bem de todos e todas, os que gostam e os que não gostam. Simples assim. “Quem decide a anistia é o Congresso. Se a resposta dos parlamentares for “não”, qual será a reação das Forças Armadas? Essa é a dúvida cruel que aflige a democracia à brasileira. P.S. 2 – O jurista Sobral Pinto costumava dizer que não existe democracia à brasileira. “O que existe é “peru à brasileira, com arroz, salada e farofa”, ironizava. P.S. 3 – Em termos teóricos, Sobral Pinto tinha razão, mas na prática existe uma “democracia à brasileira”, caracterizada por essa esculhambação na qual o país vive eternamente enrolado. (C.N.)” http://www.tribunadainternet.com.br/2024/12/02/pressao-dos-militares-pela-anistia-preocupa-os-ministros-do-supremo/#comments

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