Mario Sabino
Metrópoles
Enquanto os jornalistas estão assanhados com um golpe político que não ocorreu há dois anos, o país sofre um golpe econômico perpetrado por Lula e pelo PT com a cumplicidade de parlamentares vorazes e míopes para os destinos da nação.
Não há mais como fingir confiança em um governo que prima pela irresponsabilidade e pela incompetência. No momento em que escrevo, o dólar segue em alta, a despeito das intervenções bilionárias do Banco Central no mercado cambial para deter a escalada da moeda americana.
GRAVE CRISE – O dólar e os juros futuros projetam um cenário de dominância fiscal grave, no qual o Banco Central perde a capacidade de segurar a inflação por meio da única ferramenta de que dispõe: a alta de juros.
Nesse cenário, torna-se impossível para a autoridade monetária sanar os efeitos inflacionários causados pelo déficit e pela dívida crescentes de um governo perdulário, que gasta muito, mas muito mais do que arrecada e que não vê nenhum problema em continuar torrando o dinheiro que não tem, como é o caso do atual governo.
O mercado chegou ao seu limite de tolerância. Não há como negar mais que Lula está empenhado em destruir o legado do Plano Real. Ele é capitão de um navio à deriva, mas acha que segue uma rota segura.
CONVERSA FIADA – Ao sair do hospital, Lula deu uma entrevista ao programa Fantástico. Além de mentir que foi preso sem ter direito a ampla defesa, ele repetiu que tudo vai muito bem no Brasil e que a única coisa errada é a taxa de juros.
“Não há nenhuma explicação. A inflação está quatro e pouco. É uma inflação totalmente controlada. A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia, não é do governo federal. Mas nós vamos cuidar disso também”, disse Lula.
O presidente da República “vai cuidar disso também”. Ou seja, o mercado leu que, com Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central, Lula vai forçar a instituição a baixar a taxa de juros na marra, não importa o patamar da inflação — o que causará mais inflação.
ILUSÃO À TOA – Tudo para quê? Para dar a impressão aos cidadãos desavisados de que eles poderão compensar a alta dos preços com crédito mais fácil. É uma aposta no endividamento amplo, geral e irrestrito. É a venda de uma ilusão para Lula comprar a reeleição ou a eleição de um preposto em 2026.
É mentira de que a inflação está sob controle. Ela já está em quase 5%, no acumulado de 12 meses, quase dois pontos percentuais acima da meta estabelecida pelo próprio governo, e deve ficar bem acima do teto fixado para o primeiro semestre de 2025.
Lula insiste na fantasia de que o mercado age por oposição política. É uma fake news risível do mesmo político que já apregoou, com orgulho, que os banqueiros jamais ganharam tanto dinheiro como sob um governo seu.
ANTIGAMENTE… – Mas isso foi em um tempo no qual o petista ainda parecia ter alguma responsabilidade.
Para completar a tragédia, temos um Congresso insaciável nas emendas pornográficas e disposto a desidratar ainda mais o pacote fiscal pífio que está em exame. Os parlamentares querem manter benefícios populistas que afundam ainda mais o governo no cheque especial.
O golpe econômico está em curso e implicará em custo altíssimo, na forma de mais inflação, para os pobres que Lula e o PT dizem defender. Parabéns aos “civilizadores do Supremo” que colocaram essa gente de volta no poder.
Quem não sabia desse programado desastre?
Miguel Reale Jr. diz que ‘sequestro’ do Orçamento pelo Congresso revela País em ‘podridão’
O jurista Miguel Reale Jr. fez duras críticas ao que chamou de “sequestro” do Orçamento do País pelo Legislativo por meio das emendas parlamentares.
Para o ex-ministro da Justiça, o Brasil vive um momento de “podridão”, em que o interesse público deu lugar ao interesse particular de deputados e senadores.
“O Legislativo pôs a mão no Orçamento. “Estamos vivendo uma podridão vendo o dinheiro indo para o ralo, vendo ações que priorizam atendimento pessoal de parlamentares. Acabou o interesse público, este é o quadro.”
Professor titular sênior da Faculdade de Direito da USP, Reale Jr. citou os diferentes tipos de emendas parlamentares criados nos últimos anos, como as de relator, as emendas de comissão e de bancada, e as emendas pix. “O Legislativo tomou conta, (…) prevalece e faz com que o Executivo se submeta.”
“Para um deputado, interessa dar dinheiro para determinado reduto eleitoral para cavar votos para a reeleição.
O Orçamento deixou de ser instrumento de ação política e administrativa do Executivo para ser dividido com o Legislativo, que passa a pôr a mão no Orçamento e destinar verbas (…) sem um planejamento administrativo.”
Para o jurista, as eleições municipais de 2024 são a prova de como as emendas foram efetivas em privilegiar o aspecto eleitoral dos parlamentares. “(…) Visam atender interesses dos deputados, visando exclusivamente a cevar seu eleitorado.
Prova disso é que, na última eleição, 91% dos prefeitos que receberam dinheiro de emendas foram reeleitos.”
Fonte: O Estado de S. Paulo, Política, 05/11/2024 | 18h13 Por Matheus Lara
O Brasil tem dono, e esse dono não são os cidadãos
Um Estado funcional entrega serviços a partir dos impostos que arrecada. Deve entregar infraestrutura. Deve manter o equilíbrio fiscal. Deve entregar saúde e educação públicas de qualidade. Deve criar mecanismos para que a miséria não tome conta da população. Deve garantir segurança pública.
O Estado brasileiro não existe como criador e gestor de políticas de Estado, só existe governo. E governo é sempre atravessado pelos interesses eleitoreiros quando não miseravelmente ideológicos. A existência de políticas de Estado garante um certo limite aos governos e suas baixarias estruturais.
Vemos facilmente que o Brasil é a terra do “para os amigos tudo, para os inimigos a lei”. Quem negar mente. Grande parte dos cidadãos do país sabe disso. Seja porque fazem parte dos amigos e mamam no governo, às vezes, ficando multimilionários em poucos anos, seja porque fazem parte dos não amigos —ou inimigos— e por isso restam-lhe as leis, os impostos e os abusos.
Apesar dos discursos pomposos sobre o Brasil não ser terra de ninguém, ele é. Melhor, ele tem dono e esse dono não são os cidadãos.
Folha de S.Paulo, Opinião, 26 Aug 2024 Por Luiz Felipe Pondé
A postura do malandro arrogante diante das câmeras revela o “um encantador de serpentes”, royalties (na leitura) da “boca nervosa” Ciro Gomes. Talvez e muito provavelmente o “jornalismo” da Globo tenha sido acometido, em breve momento, de clareza mental, situação semelhante a indivíduos que sofreram declínio cognitivo antes do óbito e surpreendem numa “lucidez terminal”.