Mesmo sob ameaça de Trump, o Brics cresce e a Indonésia adere

Indonesia joins Brics bloc as full member, Brazil says | The Straits Times

Indonésia elogia o Brics e anuncia adesão total ao bloco

Jamil Chade
do UOL

O governo da Indonésia anunciou, nesta segunda-feira, que aceitou fazer parte do Brics, quase dois anos depois de ser convidada. O país asiático havia feito parte da expansão do bloco em 2023, ao lado de Irã, Arábia Saudita, Egito e outros. Mas, naquele momento, declinou a oferta.

Em 2025, o bloco é presidido pelo Brasil, que terá a missão de fazer avançar a agenda do Brics diante de uma ofensiva de Donald Trump contra qualquer questionamento da supremacia americana.

SEM CONSENSO – Fontes diplomáticas indicaram que a Indonésia foi alvo de uma intensa pressão e, internamente, não existia um consenso sobre o aderir ou não. Agora, com uma nova presidência, a Indonésia decidiu por se unir ao grupo.

Com a decisão, o bloco passa a ter onze membros oficiais, além de parceiros. Juntos, representam mais de 45% da economia mundial.

Em 2023, o então presidente da Indonésia, Joko Widodo, não disfarçava sua hesitação. Com Prabowo Subianto assumindo a presidência, o novo governo de Jacarta adotou uma postura diferente. Segundo ele, a participação da Indonésia não alinha o país a nenhum bloco específico, mas reflete um compromisso com uma política externa independente e ativa.

TAMBÉM NA OCDE – Além do Brics, a Indonésia busca uma adesão à OCDE, grupo conhecido por reunir as economias ocidentais.

Para diplomatas de países emergentes, a decisão da Indonésia fortalece o bloco, justamente num momento de ataques por parte do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. O americano chegou a ameaçar o bloco, caso haja um esforço por uma desdolarização. Segundo ele, tarifas de até 100% serão colocadas sobre os países que optarem por esse caminho.

Em Jacarta, o tema foi alvo de debate. “Embora estejamos confiantes na expansão de nossas relações diplomáticas, a presença da Indonésia no Brics pode ser considerada como um afastamento das relações comerciais tradicionais com os EUA e a União Europeia”, disse Sumail Abdullah, um deputado do partido governista “

MUITOS BENEFÍCIOS – O Ministro das Relações Exteriores, Sugiono, defendeu sua decisão de se juntar ao BRICS, argumentando que há muitos benefícios em ser um membro.

“Essencialmente, o BRICS é uma boa plataforma que podemos utilizar como nossa embarcação para discutir e levar adiante os interesses dos países em desenvolvimento. É também uma implementação de nossa política externa independente e ativa”, disse ele aos legisladores no início de dezembro.

O Brasil saudou o governo indonésio. “Detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático, a Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do Sul Global, temas prioritários para a presidência brasileira do BRICS, que tem como lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente notícia. É muito bom saber que os Estados Unidos já não dominam o mundo. O bloco Brics está funcionando como um movimento de países não-alinhados que está dando certo. O ideal é sempre o equilíbrio. Como dizia Sidarta Gautama, o maior dos Budas, devemos seguir o caminho do meio, sem fanatismos. (C.N.)

Justiça Militar envia ao STF o inquérito dos coronéis golpistas

Militares elavoraram documento para pressionar general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, a adotar ações golpistas — Foto: Divulgação/Exército

Coronéis pressionaram Freire Gomes a apoiar o golpe

Reynaldo Turollo Jr
g1 — Brasília

A Justiça Militar decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação sobre quatro coronéis do Exército Brasileiro suspeitos de elaborar uma carta que pressionava o comando a aderir a um golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Na prática, a Justiça Militar decidiu que não vai julgar os crimes militares supostamente praticados pelos oficiais militares. Para o juízo da 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM), cabe ao STF analisar esses fatos.

QUATRO CORONÉIS – Em outubro, o Exército concluiu o inquérito e indiciou três coronéis. O quarto havia conseguido uma decisão liminar (provisória) para suspender a investigação relacionada a ele. Os suspeitos de elaborar a carta golpista são:

Anderson Lima de Moura, coronel da ativa; Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel da reserva; José Otávio Machado Rezo, coronel da reserva; e Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel da ativa que conseguiu suspender a investigação do Exército, mas foi indiciado pela PF..

A carta investigada, intitulada “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”, foi usada para pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a aderir à tentativa de golpe, segundo as apurações.

EXÉRCITO AGIU – O caso havia chegado à Justiça Militar depois que o próprio Exército abriu um inquérito para investigar a elaboração e a divulgação do documento por quatro coronéis — dois da ativa e dois da reserva.

O Exército apontou que os oficiais cometeram dois crimes previstos no Código Penal Militar: “publicar, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar” (com pena de 2 meses a 1 ano de prisão); e incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar (com pena de 2 a 4 anos de prisão).

O relatório do Exército foi remetido ao Ministério Público Militar para a eventual apresentação de denúncia, mas a Justiça Militar decidiu enviar o caso ao STF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Pelo Princípio da Economia Processual, não pode haver duas investigações simultâneas sobre os mesmos suspeitos e fatos. Daí o envio do inquérito militar para o Supremo.  (C.N.)

PT quer adiar anistia, mas líder da Oposição diz que há um acordo

Tenente-Coronel Zucco - Notícias e tudo sobre | CNN Brasil

Zucco diz que existe um acordo com Hugo Motta

Victor Ohana
(Broadcast)

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), disse que o plenário não deve votar o projeto de lei que concede anistia aos condenados por envolvimento nos atos de 8 de janeiro. As declarações ocorreram em entrevista à rádio Opinião CE, na sexta-feira, dia 3.

Mas o novo líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), que é tenente-coronel da reserva, afirma que a pressão pela anistia continuará em 2025. Em dezembro, ele deu entrevista a esse respeito, dizendo que o apoio da oposição à eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara está baseado na colocação em pauta do projeto da anistia.

PT RECUA – Agora, o líder do governo, José Guimarães, tenta desconhecer o acordo e afirma que as coisas mudaram.

Diz que o movimento pela anistia teria sido mais forte se tivesse ocorrido apenas o episódio de 8 de janeiro, mas o debate ficou “muito reduzido” com a prisão do general Braga Netto, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e com a descoberta de um plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outras autoridades.

“Não há espaço para a anistia. A Câmara não vai votar isso, porque o espaço está muito espremido pelos fatos”, afirmou. Ele prosseguiu: “Quando aconteceu a tentativa de golpe no dia 8, se fosse só aquilo, eles construíram um movimento muito forte para aprovar a anistia, mesmo com nossas manifestações contrárias. Tinha certo espaço para isso”.

CABE A MOTTA – A decisão de pautar o assunto para votação na Câmara caberá ao sucessor de Arthur Lira (PP-AL) na presidência. O deputado que tem mais apoio para ser eleito ao posto, em fevereiro, é Hugo Motta (Republicanos-PB).

Segundo o novo líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), já foi dado o primeiro passo em 2024, quando o presidente Arthur Lira (PP-AL) Lira criou uma comissão especial para analisar o projeto, mas falta designar os integrantes.

Assim, a pressão pela anistia continuará em 2025 e Zucco diz que o apoio da oposição à eleição de Motta está baseado na pauta da anistia. “Vamos trabalhar, em 2025, o que foi apalavrado em relação à anistia”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Além do compromisso de pautar a anistia, o novo presidente da Câmara terá de colocar em debate o parecer do relator do PL das Fake News, Orlando Silva (PCdoB-SP), que parou desde que o ministro Alexandre de Moraes decidiu criar sua própria lei, responsabilizando também as redes sociais. Quanto à anistia, a jornalista Eliane Cantanhêde informou no Estadão que os comandantes militares pediram a Lula que apoiasse a anistia, e a notícia não foi desmentida. A situação está nebulosa, só vai clarear em fevereiro. (C.N.)

Gilmar Mendes apoia prisão de Braga Netto nesta etapa do inquérito

Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), é entrevistado pelo colunista Paulo Cappelli e a repórter Manoela Alcântara no estúdio Metrópoles

Gilmar não sabe que Lourena Cid ligou para Braga Netto

Paulo Cappelli
Metrópoles

Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes afirmou haver “bastante concretude” na investigação da Polícia Federal que apura suposta tentativa de golpe de Estado. Para ele, os fatos descritos no relatório final indicam ações que vão além de atos preparatórios. À coluna, o magistrado analisou a prisão de Braga Netto e explicou que as investigações continuam mesmo após a conclusão do trabalho pela PF.

“Estamos na fase em que a Procuradoria-Geral da República vai se debruçar sobre o trabalho investigatório da Polícia Federal. E vai oferecer denúncia em relação a determinados fatos ou não. A partir daí, virá a fase de defesa e depois a instrução. A investigação prossegue”, disse Gilmar Mendes.

BRAGA NETTO – “Veja que o próprio inquérito foi atrasado por conta dessas últimas investigações. Esses fatos últimos surgiram mais recentemente e levaram à prisão do general Braga Netto. Que é um fato grave. Ninguém decidiria pela prisão de um general 4 estrelas, com toda a sua representatividade, se não houvesse substância bastante grande em relação aos fatos que estão sendo imputados. É claro que nós estamos falando ainda de investigações abertas”, continuou o ministro.

Braga Netto foi preso preventivamente, por determinação de Alexandre de Moraes, após indícios de que teria atuado para atrapalhar as investigações.

AVALIAR A DENÚNCIA – Gilmar Mendes prosseguiu: “Vamos avaliar eventualmente a denúncia. Certamente será um elemento mais consistente feita pelo procurador-geral da República [Paulo Gonet]. E, depois, os desdobramentos. Mas um dado parece certo: a investigação é bastante consistente. Acha documentos impressos em impressoras do Palácio do Planalto, comunicações entre essas pessoas, envolvimento dessas pessoas. E todos tinham cargos públicos. Então tudo isto é bastante sério”.

“O relatório tem mais de 800 páginas. Nós vemos atos muito mais concretos. Quando se trata, por exemplo, de falar do assassinato do presidente da República eleito, do vice-presidente eleito, do assassinato de um ministro do Supremo. São coisas de extrema gravidade. E não eram pessoas que estavam lá no Acre fazendo um exercício lítero-poético-recreativo. Eram pessoas que estavam com dinheiro, estavam com carros, estavam se deslocando, monitorando essas pessoas”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Reina a esculhambação. Não há mais a restrição de que “juiz só fala nos autos”. Gilmar Mendes fala pelos cotovelos e acaba dizendo bobagens. Nenhum juiz pode “defender” a prisão preventiva de Braga Netto, porque está inteiramente fora da lei. O argumento mais forte era de que Braga Netto teria tentado “obstruir” a investigação ao procurar o general Lourena Cid, pai do delator Mauro Cid. Mas agora se sabe que foi o general Lourena que ligou para Braga Netto, e isso desmonta a frágil ilação de Alexandre de Moraes. (C.N.)

“Hoje é o dia de Santo Reis, que anda meio esquecido…”, dizia Tim Maia

O LP de Tim Maia fez um sucesso enorme

Paulo Peres
Poemas & Canções

O músico, cantor e compositor carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942-1998), gravou no LP intitulado Tim Maia, através da Polydor em 1971, a canção “A Festa de Santo Reis”, cuja autoria é do músico e compositor paulistano Márcio Leonardo (1947-2021).

A letra é sobre a festa da Folia de Reis ou Reisado, como é conhecida em grande parte do Brasil, pois reúne folclore e religiosidade e é celebrada no período de 24 de dezembro, véspera do nascimento de Jesus, a 6 de janeiro, Dia de Reis.

A FESTA DE SANTO REIS
Márcio Leonardo

Hoje é o dia de Santo Reis
Anda meio esquecido
Mas é o dia da festa
De Santo Reis
Hoje é o dia de Santo Reis
Anda meio esquisito
Mas é o dia da festa
De Santo Reis…

Eles chegam tocando
Sanfona e violão
Os pandeiros de fita
Carregam sempre na mão
Eles vão levando
Levando o que pode
Se deixar com eles
Eles levam até os bodes…

É os bodes da gente
É os bodes, mééé
É os bodes da gente
É os bodes, mééé…

Hoje é o dia de Santo Reis
Hoje é o dia de Santo Reis
Hoje é o dia, hié! hié!
De Santo Reis
Hoje é o dia de Santo Reis
É o dia da festa, hié! hié!..

Como sempre faz, Lula vai passar Alckmin para trás em 2026

Alckmin é cotado para assumir Defesa, diz jornal; José Múcio deve deixar o governo

Alckmin vai ficar fora da chapa de Lula em 2026

Vicente Limongi Netto

Gênios do PT pretendem passar a perna no atual vice, Geraldo Alckmin, nas eleições de 2026. Desejam trocar Alkmin por outro petista, para compor a chapa de Lula. Sonham com a famosa chapa puro sangue. Decisão mesquinha petista indica que a ânsia pelo poder é mais importante do que a grandeza de atitudes. A decência perde para ambições desprezíveis.

Alckmin não caiu de paraquedas no cargo. Tem relevantes serviços prestados ao país. Foi governador de São Paulo por 4 mandatos.  Petistas estão inseguros, perto de perder o sono. Não admitem que Alckmin assuma a presidência numa eventual ausência de Lula. Por simples viagem de Lula, ao exterior ou, por doença do chefe da nação.

DIDI E GERSON – O magistral Didi passou o bastão de genial meia armador para Gerson, o cerebral e inesquecível canhotinha de ouro do tri.  Passados mais de 60 anos, Gerson ainda não passou o bastão para nenhum outro jogador. É assustadora a escassez de extraordinários meias armadores no futebol brasileiro.

Nessa linha, Gerson completa 84 anos no próximo dia 11. Morador amado de Niterói. Exemplar pai de família, Gerson é comentarista da rádio Tupi. Grande figura humana. Saúde para ele.

10o ANOS – Saliento, honrado, que participo, como repórter, dos 100 anos do jornal O Globo. Foi no Globo que forjei minha longa e vitoriosa trajetória profissional. Cheguei a chefe de redação, na sucursal de Brasília. Idos de 1968, até 1972. Tive o prazer de trabalhar ao lado do jornalista e advogado José Carlos Werneck, também colaborador da nossa Tribuna da Internet.

Tenho diversas matérias assinadas no acervo do jornal. Algumas delas furos nacionais, com chamadas na primeira página, embora não assinadas. Como a implantação da loteria esportiva e reforma no ensino.

Estudo aponta que Brasil volta a ser um país de classe média

Charge do Junião (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Reportagem de O Globo com base em dados da Consultoria Tendências, aponta que o país voltou a ser um país de classe média. O ano de 2024, segundo o levantamento, marcou uma mudança na distribuição das famílias por estrato social, constatando que 50,1% dos domicílios estão nas classes C para cima, o que significa renda mensal domiciliar acima de R$ 3,4 mil.

É a primeira vez que isso acontece desde 2015, quando 51% estavam ao menos na classe média. Em 2023, os domicílios das classes C, B e A representavam 49,6%. De acordo com a Consultoria, a melhora no emprego é o principal fator responsável pela ascensão social dos brasileiros, uma vez que, desde 2023 houve migração importante das famílias da classe D/E para a classe C, decorrente da melhora significativa do mercado de trabalho no pós-pandemia. As classes C e B são tipicamente as de classe média.

MASSA SALARIAL – Nessas famílias, a principal fonte de renda vem do trabalho, e a massa salarial (total dos ganhos de todos os trabalhadores) aumentou nos últimos anos com a retomada da economia após a pandemia e a valorização real do salário mínimo em 2023 e 2024, após anos sem reajustes acima da inflação, acarretando melhor desempenho dessas classes em relação às demais.

A pesquisa, entretanto, necessita de uma análise mais atenta porque ela se baseia na remuneração do trabalho, mas não inclui os grupos de baixa renda que não foram atingidos pelo efeito apontado como remuneração do salário acima da taxa inflacionária. De outro lado, qual o conceito adotado para classificar que a classe alta teria crescido da mesma forma que a velocidade da classe média?

Difícil identificar essa evolução quando os reajustes salariais não superaram o índice inflacionário. Portanto, esse aspecto foi desconsiderado uma vez que o salário médio está sendo considerado como R$ 3400 por mês. Essa renda não é dos salários apenas, mas da soma dos salários por residências.

PREVIDÊNCIA – Uma forma de se confirmar esse avanço da classe C encontra-se na contribuição da Previdência Social, pois se o salário subiu, o desconto para a Previdência tem que ter subido também. Além disso, temos os 8% destinados ao Fundo de Garantia por tempo de serviço. Aí sim podemos ter uma ideia concreta do que ocorreu no último ano.

É fácil chegarmos a conclusões sem a confirmação estabelecida em todos os setores que envolvem a separação das classes sociais diante da inflação. Salários não subiram mais do que a inflação, e inclusive o índice inflacionário antecede os reajustes salariais. A cada reajuste estabelecido há um outro avanço dos preços no mercado. Logo, os salários estão sempre correndo atrás da inflação. As pesquisas podem induzir a resultados errados se não houver uma análise mais segura sobre os dados que apresentam.

Você viu a Fernanda Torres? Totalmente premiada no Globo de Ouro!

Fernanda Torres, maior estrela entre as maiores estrelas

Thiago Stivaletti
Folha

É sempre uma maratona cansativa acompanhar premiações como o Globo de Ouro e o Oscar, com mais de três horas e mais de dez intervalos imensos. Mas a espera desta vez valeu a pena. Nem a própria Fernanda acreditava, mas ela levou a melhor sobre Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet.

Atuando em português, ela venceu algumas das maiores estrelas de Hollywood numa das categorias mais fortes do ano. Isso depois de ser ignorada pelos câmeras da festa, só aparecendo por pouco mais de dois segundos na hora do anúncio dos indicados.

FESTA BRASILEIRA – O Twitter explodiu em festa, fãs gritaram na sala de casa e acordaram os pais, avós e irmãos que já dormiam às 0h50 da madrugada. Foi um grito de final de Copa do Mundo, aquele gol miraculoso marcado aos 40 do segundo tempo. Uma hora e quarenta minutos antes, já tínhamos tomado o primeiro gol: o favorito “Emilia Perez” tirou o prêmio de filme estrangeiro de “Ainda Estou Aqui”.

E no entanto, Fernanda venceu. Subiu ao palco e recebeu seu Globo de Ouro de ninguém menos que Viola Davis. Mesmo um pouco nervosa, fez um discurso impecável, em que dedicou o prêmio à sua mãe, que subiu naquele palco 26 anos antes, para receber o prêmio de filme estrangeiro, a “Central do Brasil”. E lembrou como a história de Eunice Paiva ajuda a sobreviver num mundo cheio de medo.

PRESSÃO TOTAL – Na internet, os fãs botavam a mesma pressão que fizeram na foto do baile de gala publicado pela Academia de Hollywood semanas atrás. Só na foto que o Globo de Ouro publicou dela, foram mais de 105 mil curtidas e 26 mil comentários.

A torcida ainda transbordava para todas as outras fotos publicadas. Como o povo não tem limites, havia até uma boa quantidade de ameaça de quebra-quebra (sim, à distância) do hotel em que rolou a cerimônia caso ela perdesse.

O Globo de Ouro para Fernanda torna praticamente certa a indicação ao Oscar – e autoriza a torcida a se renovar até o dia 2 de março, dia da cerimônia – que (atenção) rolará em pleno Carnaval; em caso de vitória, os blocos pegarão fogo.

OUTROS VENCEDORES – E o resto do Globo de Ouro? Diante de Fernanda, o resto se tornou realmente o resto. Mas vamos lá: a mestre de cerimônias, a comediante Nikki Glaser, não fez feio, mas também não arrancou grandes risos da plateia.

Ela gastou o seu cartucho de piadas mais afiadas logo no início, ao atacar “Coringa – Delírio a Dois”, “Duna – Parte II” e zoar com Keith Urban, o marido de Nicole Kidman (“continue tocando sua guitarra em casa, assim a Nicole quer sair e trabalhar mais”).

Foi lindo ver Demi Moore vencer em comédia ou musical por “A Substância” –o que a coloca como maior concorrente da nossa diva no Oscar. Demi fez um dos discursos mais emocionantes da noite ao lembrar que uma agente a rotulou de “atriz pipoca” (só para filmes comerciais) e dizer que este foi o primeiro prêmio que ganhou em mais de 30 anos de carreira.

MELHOR FILME – “Emilia Perez” repetiu o feito de “Parasita” no Oscar ao levar os prêmios de Melhor Filme (Comédia ou Musical) e Filme Estrangeiro, além do troféu de atriz coadjuvante para Zoe Saldaña. Diretor do filme, o francês Jacques Audiard pagou o mico de não saber uma palavra de inglês e precisar de tradutora.

“O Brutalista”, um filme difícil de quatro horas de duração sobre um arquiteto húngaro imigrante nos Estados Unidos, ficou com outros três prêmios nobres: Filme – Drama, Diretor (Brady Corbet) e Ator (Adrien Brody).

Em séries, a noite foi de “Shogum”, um épico japonês ambientado no século 16 que levou os principais prêmios da noite: Série – Drama e três de seus atores: Hiroyuki Sanada, Anna Sawai e Tadanobu Asano.

SÉRIE PREFERIDA – “Bebê Rena”, a série mais querida do ano passado, venceu como Melhor Minissérie e atriz para Jessica Gunning, a stalkeadora implacável. Pena que Richard Gadd perdeu o de melhor ator – mas foi por uma boa causa, o Pinguim de Colin Farrell, irreconhecível debaixo de quilos de maquiagem. E “Hacks” levou os prêmios de sempre: Série – Comédia e atriz para Jean Smart.

Mas esqueça os cinco últimos parágrafos. O importante é que uma atriz brasileira, falando português, deu uma surra na cara de Hollywood ontem. Que orgulho da Fernanda. E que orgulho do cinema brasileiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Fica feio falar tanto na Fernanda Montenegro e esquecer o diretor do filme, Walter Salles, um cineasta de prestígio internacional.  Metade do prêmio é dele, claro. E viva Fernanda Torres, que segue os passos da mãe e do pai no mundo da arte! (C.N.)

A polarização extrapola e já se tornou uma grave doença social

Polarização fracassou como modo de governo e exercício de poder | A Gazeta

Charge do Amarildo (A Gazeta)

Demétrio Magnoli
Folha

Viradas de ano são intervalos dedicados a mensagens aspiracionais utópicas. Ninguém as leva a sério, inclusive seus autores. Previsivelmente, este 2025 começou com o chamado, dirigido aos políticos, pelo fim da polarização. A súplica não será atendida —mas, de qualquer forma, erra o alvo.

O discurso polarizador tornou-se estratégia política: um cálculo frio sobre ganhos eleitorais. Não é de agora. “Nós contra eles” forma uma gramática da política populista desde o século 19. O PT a exercita há décadas –e chegou ao poder nas suas asas.

ATÉ O ÁPICE – Bolsonaro e os seus conduziram a polarização até um ápice, na tentativa de preparar a ruptura da ordem democrática. Nenhum dos campos rivais desistirá da ferramenta, ao menos enquanto ela produzir os resultados almejados.

O ponto relevante é outro: a contaminação das relações sociais pela polarização que percola da superfície partidária. Ilustração didática: os comentários de leitores à notícia sobre as ameaças de um policial contra a jornalista Natuza Nery num supermercado paulistano.

Há, claro, uma maioria que, constatando o óbvio, solicita a punição do agressor. Contudo, refletindo uma doença social, sobram os praticantes de fuzilamentos simbólicos.

MUITOS EXAGEROS – Na defesa do policial delinquente, emergem expressões como “ratos vermelhos” e “ratos corruptos”, versão bolsonarista do “gusanos” castrista. Um valente chega a escrever que, diante de um jornalista da Globo, faria “o mesmo que esse policial”.

Em linha similar, mas simulando condenar a agressão, alguns opinam que, na condição de figura pública, a jornalista fica “sujeita a esse tipo de importunação”.

O “outro lado”, digamos assim, sai-se melhor –mas nem tanto. Dele, emana o mais clássico chavão, “nazifascismo”, aplicado genericamente a rivais políticos de Lula. Hitler, nada menos.

PENSADOR PROFUNDO – No auge do delírio, saudoso do “controle social da mídia”, um pensador profundo declara que “a Folha de S.Paulo é culpada por isso” pois “alimenta a direita” e “sempre foi neonazista”.

De acordo com um clichê, a sociedade brasileira nunca foi tão “politizada”. De fato, é o contrário. A febre de proclamações políticas obtusas que escorrem pelas redes sociais e contaminam as conversas cotidianas, no bar ou à mesa de jantar, evidencia o fenômeno da despolitização social.

Hannah Arendt percebeu que um traço singular do totalitarismo encontra-se na colonização das instituições sociais e da vida privada pela política.

LEMA BIPOLAR – “Tudo é político!” –o lema compartilhado por extremistas de direita e esquerda, pregadores religiosos e militantes identitários foi inventado pelos regimes consagrados ao extermínio radical da divergência política.

O sistema democrático caracteriza-se, em tempos normais, pela segregação da política aos processos eleitorais e às manifestações reivindicatórias. As pessoas esperam que o governo administre as coisas, fugindo à tentação de administrar as mentes. Votam, às vezes protestam nas ruas. Fora disso, querem que os políticos as deixem em paz, com seus amigos e afetos, seus hobbies e suas diversões.

Nosso problema não é a polarização do discurso dos políticos, mas a esmagadora polarização social. Ou, dito de outro modo, a despolitização radical do discurso político das pessoas comuns. Tempos anormais. Feliz 2025.

“Comemoração” do 08/01 por Lula pode ser uma decisão arriscada

Sidônio terá de negociar mudanças caso assuma Secom - 05/01/2025 - Painel -  Folha

Lula e seu marqueteiro combinam o festejo do 08/01

Carlos Newton

Ainda não foi divulgada a autoria da ideia de “comemorar” os acontecimentos do 8 de Janeiro de 2023, mas tudo indica que partiu do marqueteiro Sidônio Palmeira, que se tornou o homem-forte da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Se não foi ideia dele ou de dona Janja da Silva, que manda e desmanda no governo, os dois certamente aplaudiram a sugestão, pois nada se faz no Planalto sem a concordância deles.

Como sempre, a programação está sendo feita na undécima hora. Dizem que Lula vai reinaugurar o relógio do século XVII, presenteado pela França a dom Pedro II, o único intelectual de verdade que governou este país.

Depois, vai dar uma circulada, fazer um daqueles pronunciamentos sensacionais, para então participar de um abraço à Praça do Três Poderes.

IDEIAS DE JERICO – Caramba, quantas ideias geniais ao contrário! Aproveitam a ausência de Noel Rosa e agora sai palpite infeliz por todo lado. O momento não é nada ideal para esse tipo de evento, mas Lula não pode perder oportunidade de buscar votos, mesmo que tente se fazer de vítima, quando o único prejudicado pela polarização é o povo brasileiro.

Dois anos depois da invasão e depredação dos prédios do Congresso, do Planalto e do Supremo, Tribunal Federal, a situação ainda é sinistra e nunca se sabe o que passa pela cabeça dos militares, que detestam Lula fervorosamente, jamais aceitaram a engenhosa libertação dele pelo Supremo, que depois passou alvejante na ficha suja, para que voltasse à política.

Imaginem o constrangimento dos comandantes das Forças Armadas, que terão de participar dessa comemoração cívica do 08/01.  Por que submetê-los a isso?

INQUIETAÇÃO – Os gênios do Planalto não percebem ou entendem essa inquietação dos militares, que decididamente não pretendem colaborar para a investigação do golpe.

Como informa Francisco Leali, do Estadão, o Comando do Exército mantém em segredo a identidade de quem deu a ordem para posicionar  blindados e tropas no Quartel General no 8/01, para evitar a prisão de militares da reserva e parentes de militares da ativa que participaram daquele “terrorismo armado”, na visão exagerada e doentia de Alexandre de Moraes.

Os militares querem sepultar o golpe e seguir em frente, já pediram que Lula apoie a anistia, mas o presidente e os gênios do Planalto pretendem o contrário. Querem fazer render ao máximo o golpe, para ajudar na reeleição de fundador do PT, apesar de o prazo de validade dele já estar mais do que vencido.

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P.S.
Qualquer idiota – fardado ou não – percebe que o país está cindido e precisa de pacificação. Mas o governa aposta nessa radicalização, que ameaça transformar o Brasil numa imensa Argentina. (C.N.)  

Exército tenta esconder quem evitou prisão de parentes de militares

8JANBSB - Exército teve aval de Lula para vetar PM em acampamento na noite  de ataques golpistas - DefesaNet

Exército postou blindados para proteger os acampados

Francisco Leali
Estadão

A noite do 8 de Janeiro de 2023 ainda não terminou para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Prestes a completar dois anos desde a invasão e a depredação dos prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, o Comando do Exército mantém em segredo a identidade de quem deu a ordem para pôr blindados no Quartel General naquela noite.

O gesto de força impediu que policiais entrassem no setor militar da capital federal para prender os responsáveis pelos atos extremistas.

BANHO DE SANGUE – Na época, os militares fizeram chegar ao presidente Lula que haveria risco de um “banho de sangue” caso a operação fosse à noite. A prisão ficou para o dia seguinte. O local era frequentado por parentes de oficiais, incluindo a mulher do ex-comandante do Exército, Villas Bôas.

Quando a prisão foi consumada, na manhã do dia 9 de janeiro, na lista de detidos não havia familiares do oficialato.

A voz de comando para levar os blindados para a rua na noite do dia 8 é informação que o Exército prefere não dar. Uma semana após os atos extremistas, foi enviado um requerimento ao Comando, por meio da Lei de Acesso à Informação, perguntando de quem partiu a ordem para uso dos blindados. A Força Militar se negou a dizer.

CGU AUTORIZA – Ainda em fevereiro de 2023, o caso foi parar na Controladoria Geral da União (CGU), instância a quem cabe deliberar sobre demandas de cidadãos que têm seus pedidos rejeitados pelos órgãos do governo federal.

A CGU levou nove meses para analisar o pedido, cujo autor era o jornalista Mateus Vargas. Decidiu que o Exército era obrigado a prestar a informação por ser de caráter público.

A LAI prevê punição para os casos em que ficar configurado violação da lei com deliberada recusa de dar acesso a informações. No dia 13 de novembro, o Comando respondeu. Mas não deu nome de ninguém.

SAIU PELA TANGENTE – “Com relação ao acampamento em frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, verificou-se que as ações para cumprimento da decisão, naquela noite, poderiam trazer danos colaterais com elevado risco à integridade física das pessoas. Portanto, houve uma reunião emergencial com a participação do Ministro da Justiça e Segurança Pública, do Ministro da Defesa, do Chefe da Casa Civil, do Interventor nomeado do DF, do Comandante do Exército e do Comandante Militar do Planalto para avaliar as condições envolvidas na operação que daria cumprimento à determinação da Justiça. A decisão coordenada foi realizar a desocupação na manhã do dia seguinte, atendendo às determinações contidas no despacho do ministro relator do aludido Inquérito”, diz a resposta, que omite a informação.

Para não abrir detalhes da operação, o Exército informou que “depoimentos e documentos correlatos” foram repassados ao STF e que os dados estavam em sigilo.

VARGAS INSISTE – O autor do pedido, jornalista Mateus Vargas, registrou que a decisão da CGU não tinha sido cumprida já que não fora informado de quem partiu a ordem para usar blindados no QG. A Controladoria reavaliou o caso e deu razão ao demandante da informação.

“Considerando-se que não houve a disponibilização da informação, compreende-se que deve ser acatada a denúncia apresentada pelo requerente, para avaliar se a omissão na entrega das informações foi deliberada e para apurar eventual responsabilidade na condução do cumprimento da decisão, no processo ora em análise”, diz parecer da CGU.

No dia 29 de dezembro de 2023, a secretária nacional de Acesso à Informação, Ana Túlia de Macedo, assinou despacho com a seguinte decisão: “Determino a remessa dos autos ao Centro de Controle Interno do Exército – CCIEx, para que sejam adotadas as providências relativas à apuração de responsabilidade de quem deu causa ao não cumprimento da decisão da CGU, com direito de ampla defesa e de contraditório”.

ENGAVETADO – Apesar da deliberação, o processo ficou parado na própria CGU. E só voltou a andar no dia 7 de outubro de 2024, depois que o Estadão mapeou o caso de descumprimento de decisão pelo Exército e pediu informações sobre se havia sido feita ou não uma apuração para encontrar os responsáveis por violar as regras da Lei de Acesso à Informação.

Foi só então que a Controladoria mandou ofício ao general Richard Nunes, chefe do Estado Maior do Exército (EME), com a ordem de apuração de descumprimento de decisão da CGU.

No último dia 26 de dezembro, depois de se negar reiteradamente a esclarecer se cumpriu ou não a determinação da Controladoria, o Exército enviou cópia de um documento com seis páginas com resultado de uma “apuração sumária” sobre o caso.

ARQUIVADO – Como se tudo tivesse sido feito em apenas um dia, o documento assinado pelo coronel Marcus Porto de Oliveira, 2º subchefe do EME, reproduz todo o vai e vem do pedido sobre o caso e anota que a CGU ficou com o processo parado até o pedido do Estadão. O oficial alega que tudo foi feito como manda a lei e arquivou o caso também sumariamente.

No mesmo dia 26, apenas duas horas depois de o Exército enviar sua resposta, a CGU já tinha pronto um novo parecer que também arquivava o caso. Ainda que a decisão original obrigasse a Força Militar a revelar quem dera a ordem do uso de blindados na noite do dia 8 de janeiro de 2023, a Controladoria deu o assunto por encerrado.

A CGU seguiu entendimento de que não poderia abrir uma sindicância ela mesma, como ocorre com servidores civis. A informação sobre o oficial que mandou por blindados no QG não foi divulgada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Grande matéria de Francisco Leali, coordenador da Sucursal do Estadão em Brasília. Comprova que o Exército oculta quem cometeu grave crime militar, ao evitar a prisão de parentes de oficiais que defendiam o golpe dentro do Quartel-General, o até então impenetrável Forte Apache. O texto exibe a importância da liberdade de imprensa. (C.N.)

Grandes craques costumam se adaptar a novas funções e esquemas

Embarque no Cruzeiro fecha ciclo de mudanças radicais na vida de Gabigol -  Blog Drible de Corpo

Gabigol, muito festejado ao chegar ao time do Cruzeiro

Tostão
Folha

Não basta contratar ótimos jogadores e de prestígio. É preciso escalá-los nos lugares certos que, necessariamente, não seja a única posição. Grandes jogadores costumam se adaptar a novas funções.

No Cruzeiro, Dudu, Gabigol e Matheus Pereira, por jogarem melhor em posições diferentes e se completarem em suas características técnicas, podem formar um ótimo trio do meio para frente. Dudu é insinuante, driblador, rápido e atua melhor pelos lados, principalmente da esquerda para o meio. Gabigol é um excepcional finalizador que gosta de jogar da meia direita para o centro e para o gol. Matheus Pereira é um meia centralizado, criativo, com passes surpreendentes e precisos.

HÁ INCERTEZAS – Porém, há sempre um porém, existem incertezas nas contratações do Cruzeiro. Dudu ficou um longo tempo sem jogar por causa de uma grave contusão e não sabemos como estará neste ano. Gabigol não foi bem nos últimos dois anos, especialmente em 2024, quando foi mais uma estrela do que um atleta.

Será que Fernando Diniz irá escalar um quarto atacante, um centroavante ou um ponta? Esta é uma dúvida presente em quase todo treinador. No Brasil, os técnicos adoram colocar atacantes e deixar um vazio no meio campo. Esquecem que os gols nascem da própria intermediária com os meio-campistas.

No Newcastle, Bruno Guimarães joga muito melhor do que na seleção brasileira. O time inglês possui um trio no meio de campo, com o italiano Tonali centralizado e um brasileiro de cada lado, Bruno e Joelinton. Os dois marcam, constroem e avançam. Na seleção, Bruno joga à frente dos zagueiros, próximo de Gerson e muito distante dos quatro da frente.

CONTRATAÇÃO – O Palmeiras contratou um excelente atacante, Paulinho, mas que ainda ficará um bom tempo sem jogar por causa de uma contusão. Paulinho não é um centroavante nem um ponta esquerda, posições em que o time precisa de mais qualidade. Ele é um atacante que se movimenta bastante, que dá passes e faz muitos gols, ideal para formar dupla de ataque como fazia no Atlético com Hulk.

Abel Ferreira já disse que gosta de separar os camisas 5, 8, 9 e 10, além dos dois pontas, como se fossem bonecos em um jogo de botões.

O futebol caminha de uma maneira diferente, com jogadores que se movimentam bastante, que ocupam várias posições em campo de acordo com o momento do jogo, como Paulinho. Isso não diminui outras ótimas qualidades do técnico do Palmeiras.

UM NOVO FUTEBOL – No Rio Grande do Sul, enquanto o Grêmio se ilude de que basta contratar um bom técnico, o argentino Gustavo Quinteros, sem trazer bons jogadores, o Inter mantém o seu ótimo elenco e o excelente treinador Roger Machado. Ele, que foi um importante jogador do Grêmio, está acima das paixões clubistas.

Depois de várias décadas de futebol medíocre repetitivo, defensivo, feio, em que cada time esperava o outro e nada acontecia, o futebol evoluiu bastante, progressivamente, nos últimos 20 anos, impulsionado pelos avanços tecnológicos e científicos.

O jogo está mais intenso, bonito e eficiente. A beleza não está apenas na individualidade, nos dribles e nos efeitos especiais, mas também no jogo coletivo e nas diversas estratégias. É um novo futebol.

Candidatura de Gusttavo Lima seria um “jogo armado” com Caiado

Gusttavo Lima comprou iate de luxo de Roberto Carlos, o Lady Laura IV, por R$ 25 milhões — Foto: Reprodução Instagram

Lima comprou o iate de Roberto Carlos por 25 milhões

Rafael Moraes Moura e Johanns Eller
O Globo

A declaração do cantor sertanejo Gusttavo Lima de que pretende disputar a Presidência da República em 2026 foi recebida entre ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva com desconfiança e ceticismo. Assim como o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, o anúncio do artista foi visto entre três integrantes do primeiro escalão da gestão petista como um “jogo armado” entre Lima e o governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), que é pré-candidato ao Palácio do Planalto.

O chefe do Executivo de Goiás é amigo pessoal do cantor e chegou a tirar férias para celebrar o aniversário de 35 anos de Lima, celebrado em um iate na paradisíaca ilha de Mykonos, na Grécia. Na leitura de ministros de Lula e aliados de Bolsonaro, Caiado teria incentivado as declarações do artista ao site Metrópoles para se blindar de críticas da direita e receber o endosso do colega mais à frente.

SENADO EM 2026 – Como publicou o colunista Lauro Jardim, além da estratégia visando a disputa presidencial, o entorno do ex-presidente também vê uma jogada ensaiada do governador do União Brasil para emplacar dois aliados no Senado em 2026: sua esposa, Gracinha Caiado, e o próprio Gusttavo Lima, que desistiria da empreitada nacional a seu favor.

No campo da direita bolsonarista, há ainda a avaliação de que Lima “traiu” Bolsonaro, uma vez que o artista conversou com o ex-ocupante do Palácio do Planalto na véspera e não citou qualquer pretensão de disputar a presidência.

O ex-presidente diz ser o “plano A” da direita em 2026, embora esteja inelegível até 2030 após ser condenado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

HOMEM DAS BETS – “Isso parece jogo armado com Caiado. O negócio do Gusttavo Lima é apostar, é um homem das bets. Não passa de uma grande aposta”, ironiza um influente ministro, próximo de Lula.

Outro ministro ouvido pelo blog concorda: “É tudo fake. Tudo é para confundir, o interessante é que eles estão brigando entre si, um canta e os outros dançam.”

Gusttavo Lima foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco por lavagem de dinheiro e organização criminosa, em uma investigação de um esquema que envolve jogos ilegais e bets de apostas. Em setembro do ano passado, ele chegou a ter a prisão preventiva decretada pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife (PE), a pedido da Polícia Civil estadual. A decisão, no entanto, foi derrubada pelo Tribunal de Justiça pernambucano.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Gusttavo Lima é um pobre menino rico, que conseguiu amealhar um patrimônio gigantesco fazendo caríssimos shows para prefeituras paupérrimas, e agora também ganha dinheiro bancando apostas esportivas. Na Presidência, conseguiria ser pior do que Lula, podem apostar. (C.N.)

Crise das emendas pode afetar reforma ministerial de Lula

Tribuna da Internet | Acordo para destravar emendas é mais que uma simples  malandragem

Charge do JBosco (O LiberaL)

Bruno Boghossian
Folha

A voracidade do Congresso na apropriação das emendas orçamentárias provocou um desarranjo radical nas relações entre o Executivo e o Legislativo. Ao longo da última década, parlamentares conseguiram a garantia de uma verba gorda para seus redutos políticos sem depender da generosidade do presidente ou de seus ministros.

Nesse processo, o controle de gabinetes na Esplanada dos Ministérios passou a valer menos para os grupos partidários na extração de benefícios do poder. A indicação de integrantes para o primeiro escalão ainda oferece prestígio e acesso a dinheiro público, mas deixou de ser fator absoluto nas negociações para a formação de coalizões políticas.

PONTO DE VIRADA – A lógica teve um ponto de virada com Jair Bolsonaro, que fez propaganda em torno do princípio moral da limitação do acesso de partidos à Esplanada, enquanto entregou os cargos a outros grupos de interesse de sua coalizão, como militares, evangélicos e ruralistas. Para conseguir sustentação política em votações, deu ainda a chave do cofre do Orçamento para o centrão.

Lula enfrenta um quadro um pouco diferente. O presidente fez uma partilha de cargos que não se mostrou tão eficaz quanto em seus mandatos anteriores.

Manteve postos apetitosos nas mãos do PT e nomeou alguns ministros de outros partidos que se mostraram pouco determinantes na disciplina das bancadas em votações no Congresso, como é o caso dos políticos do União Brasil.

FICOU VICIADO – A razão principal é que o centrão aprendeu a se alimentar de emendas. A crise provocada pela intervenção do Supremo na distribuição assanhada dessa verba acrescenta um elemento de incerteza ao futuro das relações do governo com o Congresso, com possíveis reflexos na reforma ministerial que Lula pretende fazer nos primeiros meses deste novo ano.

Lula disse a auxiliares que faria trocas pontuais na equipe e sinalizou que o PT pode ser forçado a ceder espaço para outros partidos.

O presidente, porém, pode ser obrigado a fazer uma mudança maior caso o centrão enxergue neste momento uma oportunidade para diversificar suas ferramentas de poder e exigir uma reconfiguração da coalizão governista baseada em ministérios.

Até quando Moraes vai desfrutar de tantos superpoderes?

Charge: com imagem de vilão e personificando a Justiça brasileira - Jota A! - Portal O Dia

Charge do Jota A (O Dia/PI)

Glenn Greenwald
Folha

O manual do governo para adquirir e manter poderes extraordinários sobre a população já é bem conhecido. E ele é o mesmo em todo o mundo. Primeiro, os políticos convencem os cidadãos de que estão sob grave ameaça de um novo perigo existencial (comunistas, fascistas, terroristas etc.).

A única forma de se proteger contra essas ameaças, insistem, é permitir que os líderes assumam poderes antes inimagináveis.

AÇÕES TEMPORÁRIAS? – Se houver preocupações sobre os riscos desses poderes, os líderes políticos dizem: não se preocupem, essas medidas são apenas “temporárias”. Mas raramente são.

Nas semanas após o ataque de 11 de setembro nos EUA, o governo Bush convenceu o Congresso e o público a aceitarem uma lei radical chamada “Patriot Act”. Essa lei concedeu ao governo americano poderes antes impensáveis de detenção e vigilância.

Mas George W. Bush e seus aliados tranquilizaram os críticos: não há com o que se preocupar, esses poderes são apenas temporários, até que a ameaça terrorista diminua.

SEMPRE RENOVADA – Essa lei, caracterizada como temporária, foi repetidamente renovada pelo Congresso. Na maioria das vezes, ele tem sido usado muito além de seu propósito original de combater o terrorismo. E agora, tornou-se, 24 anos depois, uma parte normalizada da vida política americana que poucos questionam.

Não há dúvidas de que, no Brasil, o STF concedeu a si mesmo poderes extraordinários e radicais. Sabemos disso porque o próprio STF reconheceu isso repetidamente.

Em 2019 – há cinco anos completos –, o tribunal criou o “inquérito das fake news” e concedeu a um ministro, Alexandre de Moraes, poderes praticamente ilimitados para investigar criminalmente críticas ao tribunal (a maioria do STF caracteriza críticas como “ataques” à democracia brasileira).

SUPERPODERES – Durante as eleições presidenciais de 2022, Moraes tornou-se o supervisor singular do discurso político online, ultrapassando os poderes de qualquer autoridade no mundo democrático.

Na época, a ministra do STF Cármen Lúcia reconheceu que a aprovação desses poderes era uma medida “extremamente grave”, acrescentando que era necessário devido à “situação excepcionalíssima” das eleições de 2022. Mas ela garantiu que os poderes de Moraes eram temporários e seriam válidos apenas “até o dia 31 de outubro”, expirando automaticamente “exatamente um dia subsequente ao do segundo turno”.

Mas Moraes simplesmente continuou a usar esses poderes supostamente temporários muito após a data de expiração e, de fato, nunca parou de utilizá-los. Enquanto isso, o “temporário” inquérito das fake news do STF está agora em seu sexto ano completo, sem fim à vista.

DIZ BARROSO – Tudo isso levou o New York Times a entrevistar o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, em outubro. O jornal perguntou:

“Já se passaram dois anos desde a eleição, e o tribunal manteve seus poderes ampliados. Vários altos funcionários do governo me disseram que estão preocupados porque essas investigações ainda não terminaram. Quando isso vai acabar?”

Barroso respondeu: “Acho que em breve. Quase tudo que precisava ser investigado já foi investigado… Não é razoável imaginar que, até o final deste ano ou início do próximo, isso possa ser encerrado”. O presidente assumiu compromissos semelhantes em entrevista a este jornal em agosto.

QUEM ACREDITA? – O fim do ano chegou e passou. Estamos agora no “início de” 2025. Alguém acredita que o STF está sequer considerando, muito menos planejando, finalmente renunciar a esses poderes radicais nas mãos de Moraes? Pelo contrário, essa perspectiva parece cada vez mais improvável, dado que – como sempre ocorre com os “poderes temporários” – há novos supostos perigos, na forma de mais evidências de uma tentativa de golpe, que, insistirão, exigem que o STF mantenha esses poderes indefinidamente.

As pessoas podem – e de fato o fazem – debater se o STF deveria ter se permitido conceder esses poderes de censura e autoridade investigativa radical. Independentemente da opinião de cada um, até o próprio presidente do tribunal reconhece que esse esquema deve chegar ao fim em breve. Isso acontecerá? E, se sim, quando?

Trump será sentenciado antes de assumir, mas prisão é descartada

A condenação de Trump será calculada em dinheiro

Jamil Chade
do UOL

O presidente eleito Donald Trump será sentenciado no dia 10 de janeiro, depois de ter já sido condenado criminalmente. Nesta sexta-feira, numa decisão de 18 páginas, o juiz Juan Merchan rejeitou os recursos do republicano para anular o veredicto do júri que o considerou culpado de 34 crimes.

Apesar de a sentença ser anunciada dez dias antes de Trump tomar posse, em 20 de janeiro, Merchan admitiu que não condenará o vencedor da eleição à pena de prisão. Segundo ele, essa não seria uma opção “viável”. Na decisão, o juiz apontou que não é provável que ele “imponha qualquer sentença de encarceramento”.

MULTICRIMINOSO – Trump foi condenado, em maio, por 34 crimes, incluindo falsificação de registros comerciais para ocultar US$ 130.000 pagos à estrela pornô Stormy Daniels, pouco antes da eleição presidencial de 2016.

Stormy Daniels e o próprio ex-advogado de Trump, Michael Cohen, admitiram que o pagamento tinha como objetivo silenciar a atriz e impedir que ela falasse sobre suas relações sexuais com Trump enquanto ambos participavam de um torneio de golfe de celebridades em 2006. Trump sempre negou a versão de Daniels.

Ainda que condenado, a sentença acabou sendo adiada. O argumento da defesa era de que isso poderia interferir nas eleições, que Trump acabaria vencendo.

SEM ARQUIVAMENTO – Mas, agora, o juiz rejeitou a tese da defesa de Trump de que o caso deveria ser arquivado, diante da vitória do republicano nas eleições. A justificativa dos advogados era de que isso iria afetar a transferência de poder nos EUA.

“Tal decisão prejudicaria o Estado de Direito de forma imensurável”, escreveu o juiz. Sua decisão ainda estipulou que uma imunidade presidencial não protege Trump de enfrentar a sentença por sua condenação.

Ainda assim, o juiz foi explícito em indicar que não pretende anunciar a prisão do presidente eleito. Uma sentença de “dispensa incondicional” poderia ser a “solução mais viável”. Assim, ele seria condenado e sentenciado, pagaria multas e indenizações, mas sem ter de passar um só dia numa prisão.

INCONSTITUCIONAL – O entendimento é de que seria inconstitucional um tribunal estadual prender um presidente em exercício ou impor medidas que impediriam sua capacidade de cumprir seus deveres como chefe de estado.

A defesa do presidente eleito, porém, criticou a decisão. “A ordem de hoje é uma violação direta da decisão da Suprema Corte sobre imunidade”, disse o porta-voz de Trump e novo diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung.

“Esse caso nunca deveria ter sido apresentado e a Constituição exige que ele seja imediatamente arquivado. O presidente Trump deve ter permissão para continuar o processo de transição presidencial e executar os deveres vitais da presidência, sem ser obstruído pelos restos desse ou de qualquer resquício da caça às bruxas”, defendeu.

ATÉ O FIM – Cheung ainda completou que “não deve haver sentença, e o presidente Trump continuará lutando contra essas fraudes até que todos estejam mortos.”

Em entrevista à rede Fox News, o presidente eleito atacou o magistrado que tomou a decisão, indicando que haveria uma “caça às bruxas”. “O juiz é corrupto”, disse. Trump acusou Merchan de ser “um juiz totalmente conflituoso que está fazendo o trabalho para o Partido Democrata porque todos os outros casos falharam”.

“Eu não fiz absolutamente nada de errado”, continuou Trump. “Essa é uma caça às bruxas política de Biden”. “Não havia caso algum. Ele criou um caso do nada porque queria que meu oponente político ganhasse”, completou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA democracia americana dá show e demonstra que a voz do povo prevalece até sobre a Justiça, se os crimes do presidente não afetaram direitos dos cidadãos. É a democracia sendo elevada à última potência. (C.N.)

O amor desesperado que Alvares de Azevedo jamais conseguiu alcançar

Feliz daquele que no livro d'alma não... Álvares de Azevedo - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O dramaturgo, ensaísta, contista e poeta paulista Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852) desesperadamente declara que deseja viver todos os momentos junto de sua amada. As obras de Álvares de Azevedo tendem a jogar fortemente com as noções opostas, como amor e morte, sentimentalismo e pessimismo, platonismo e sarcasmo, sendo influenciado por Musset, Chateaubriand, Lamartine, Goethe em principalmente, Byron.

Morreu muito cedo, aos 20 anos, mas já era um poeta tão conhecido que se tornou patrono da cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras. 

AMOR
Álvares de Azevedo

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

Na psicologia do futuro, otimismo local contrasta com pessimismo global

Pesquisa mostra como reage a psicologia do futuro

Hélio Schwartsman
Folha

A lógica e o pensamento racional são só um efeito colateral da miríade de impulsos cognitivos com que a evolução natural nos dotou. A melhor prova disso está na lista telefônica de vieses e erros sistemáticos que marcam nossos raciocínios.

Nutrimos um excesso de confiança em relação a nós mesmos e nossas capacidades (otimismo local) pareado com um irrazoável catastrofismo no que diz respeito ao mundo exterior (pessimismo global).

PREDISPOSIÇÃO – O Datafolha, mais uma vez, flagrou essa predisposição. De acordo com o instituto, 67% dos brasileiros acreditam que a inflação vai aumentar em 2025 e 41% apostam na alta do desemprego. Não obstante, 60% julgam que sua situação pessoal será melhor em 2025 do que foi em 2024.

Esse pequeno paradoxo tem lógica à luz da evolução. Em situações nas quais a nossa performance afeta diretamente o resultado, faz sentido favorecer a autoconfiança, mesmo que exagerada. O atleta que já entra na competição achando que vai perder perde mesmo.

Nas questões sobre as quais temos pouco ou nenhum controle, é prudente imaginar o pior e tentar fugir dos perigos.

VENCER DEBATES – E isso é só um pedaço da história. Dan Sperber e Hugo Mercier, cujos trabalhos já comentei aqui, sustentam que a razão não evoluiu para nos tornar capazes de apurar fatos objetivos e encontrar verdades, mas para nos fazer vencer debates e ficar bem diante do grupo.

A pergunta que se coloca então é como, com um legado desses, conseguimos desenvolver a ciência e as tecnologias que nos trouxeram até aqui. A resposta é complexa e tem a ver com a evolução cultural cumulativa, uma empreitada necessariamente coletiva, nunca individual. Newton só foi Newton porque, como ele mesmo dizia, pôde colocar-se no ombro dos gigantes que o antecederam.

E isso nos leva a uma pergunta ainda mais intrigante: por que diabos a matemática e a lógica funcionam tão bem na ciência? Para o físico Eugene Wigner, que propôs essa reflexão, não existe resposta racional. Não há nenhum motivo a priori para que as leis da natureza sejam capturáveis por ferramentas matemáticas.

É certo que um dia os oprimidos irão revidar contra a opressão

Ao centro da imagem, o rosto de um homem  encara de frente. De cima para baixo, uma mancha branca retira a pintura feita em tons de cinza e, parte do rosto deste homem tem apenas contornos sem preenchimento e volume.

O revolucionário Fanon , retratado por Bruna Barros

Mario Sergio Conti
Folha

A vida errante e curta de Frantz Fanon foi de procura de uma identidade. Em seus documentos oficiais, ele era um homem francês de raiz que enfrentou os nazistas na Segunda Guerra Mundial, foi ferido em combate e ganhou a Cruz de Guerra.

Na prática, foi discriminado por ser negro e colonizado. Descendente de escravos, nasceu na Martinica, departamento francês no Caribe. No ultramar, pertencia a um grupo minoritário, a classe média negra; na metrópole, o racismo que sofreu o levou a jogar fora a Cruz de Guerra.

NA ARGÉLIA – Fanon estudou psiquiatria em Lyon, pegou o diploma e nunca mais voltou à França. Tampouco ficou na Martinica. Foi à Argélia ser um negro entre árabes, um ateu em meio a muçulmanos, um internacionalista entre nacionalistas.

Ficou pouco ali. Aderiu à Frente de Libertação Nacional, a FLN, e o governo colonial o expulsou. Exilou-se na Tunísia, vagou pela África e morreu de leucemia nos Estados Unidos —um “país de linchadores”, dizia.

A sua identidade final foi dada por “Os Condenados da Terra”, publicado pouco antes de ele morrer, aos 36 anos, em 1961. Assim que o livro saiu, o manifesto em prol da violência decolonial foi censurado na França por “atentar contra o Estado”.

HINO COMUNISTA – O título do livro cita a Internacional, o hino comunista: “de pé, malditos da Terra”, que no Brasil virou “de pé, ó vítimas da fome”. O renome do ensaio veio menos de Fanon —mais analítico que panfletário— e mais do autor do prefácio, Sartre —menos filósofo que militante.

É de Sartre a frase que marcou época: “Abater um europeu é matar dois coelhos com uma cajadada só, eliminar ao mesmo tempo um opressor e um oprimido: sobram um homem livre e um homem morto”. É uma sentença bem mais aguda que a de Fanon: “Todo espectador é um covarde ou um traidor”.

O psiquiatra conclamou os amaldiçoados a uma grande luta armada. A violência, disse-lhes, era “sine qua non” para expulsar os colonizadores das terras que eles lhes roubaram. E mais: a violência era terapêutica, desintoxicaria os argelinos do veneno colonial. Era imperativo categórico para a vitória material, cultural, até existencial. Por si só, a violência libertaria.

OS OPRESSORES – Já Sartre se dirigiu aos europeus. Argumentou que eram opressores irremediáveis porque, quisessem ou não, haviam se beneficiado das colônias “per omnia saecula saeculorum”. Porque, no presente, eles seguiam sugando o sangue dos colonizados, alienando-os, coisificando-os. Os europeus, pontificou, eram alvos válidos para a violência dos colonizados.

“Os Condenados da Terra” deixava implícito que a violência dos colonizados era tendencialmente generalizadora, poderia ser empregada não só contra gendarmes e guardiões das metrópoles.

 Sartre explicitou que todo e qualquer europeu, por ser europeu, poderia ser agredido. Trouxe o terrorismo para o primeiro plano, ainda que não tenha escrito a palavra.

LONGA CONVERSA – “A Clínica Rebelde”, a alentada biografia de Fanon de Adam Shatz publicada no fim do ano no Brasil, revela que o psiquiatra e o filósofo conversaram por três dias seguidos em Roma. O primeiro, admirador ardente do segundo, veio a pedir que fizesse o prefácio. Contudo, ao lê-lo, Fanon, um falador compulsivo, emudeceu. Saiu do longo silêncio para dizer a seu editor, François Maspero, que iria comentá-lo, mas morreu em seguida.

Com isso, a identidade final de Fanon foi de apóstolo da violência indiscriminada. Suas considerações culturais ficaram em segundo plano, enquanto a luta armada foi assimilada por grupos palestinos e pelos Panteras Negras americanos.

 Shatz diz que guerrilheiros latino-americanos também adotaram Fanon. É um exagero descabido. Sua influência, se é que ocorreu, foi anulada pelo impacto da revolução cubana e de Che Guevara nas esquerdas latino-americanas.

TERCEIRO MUNDO – Fanon partiu de um conceito que não existe mais, Terceiro Mundo, que reuniria os países explorados pelo Primeiro (Estados Unidos e Europa) e manipulados pelo Segundo Mundo (União Soviética e satélites).

O termo foi substituído pelo Sul Global, rubrica sem consistência política. Talvez o certo seja trocar Terceiro Mundo por “Estados Falidos”, os países absolutamente corrompidos, sem infraestrutura nem instituições perenes, controlados por milícias antagônicas ou gangues.

O mundo político mudou. O que persiste é a violência. Dos colonizadores contra os colonizados e vice-versa, num círculo infernal que erode o presente e inviabiliza o futuro. Não é preciso ler Fanon para constatar que, fatalmente, os oprimidos revidarão a opressão.

Dino mantém pressão e suspende repasses a ONGs sem transparência

Ministro determinou medidas rigorosas para garantir controle

Pedro do Coutto

Após a Controladoria-Geral da União (CGU) apontar falta de transparência, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, determinou a suspensão dos pagamentos destinados por emendas parlamentares para Organizações Não-Governamentais que não cumprem critérios estabelecidos pela Corte. Em decisão na última sexta-feira, o magistrado fixou um prazo de dez dias para que as entidades apresentem todos os dados que estão incompletos, sob pena de cancelamento de novos repasses.

“[Determino] a intimação das entidades que apresentam as informações requeridas de forma incompleta, a fim de que cumpram integralmente a determinação de transparência, com a publicação em seus sítios eletrônicos dos valores recebidos de emendas parlamentares (de todas as modalidades) e em que foram aplicados ou convertidos, no prazo de 10 (dez) dias corridos (que fluem imediatamente, a contar desta data), sob pena de suspensão de novos repasses”, escreveu Dino.

MECANISMOS – A CGU afirmou, em relatório, que metade das 26 entidades fiscalizadas não têm mecanismos adequados de transparência. Segundo o órgão, 13 delas não fornecem transparência adequada ou não divulgam informações; 9 entidades (35%) apresentam as informações de forma incompleta, ou seja, existem dados de algumas emendas ou de apenas de anos anteriores sem a suficiente atualização; e 4 entidades (15%) promovem a transparência das informações de forma adequada, considerando a acessibilidade, clareza, detalhamento e completude.  

A Controladoria também informou que outras 7 ONGs não entraram na contabilidade, pois não receberam pagamento de 2020 a 2024, embora exista registro de reserva de recursos a partir de 2 de dezembro do ano passado.

RECURSOS PÚBLICOS – O caso envolve o uso de recursos públicos por entidades do terceiro setor, que deveriam publicar, em seus sites, informações detalhadas sobre os valores recebidos entre 2020 e 2024 e sua aplicação. Dino destacou que a falta de transparência dificulta o controle social, fundamental para a supervisão do uso de recursos públicos. Ele reforçou que as entidades que não cumprem os requisitos devem ser incluídas no Cadastro de Entidades Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas e no Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas.

Falta fiscalização efetiva sobre o sistema administrativo financiado pelas verbas do Legislativo e, portanto, recursos da União. As ONGS atuam sem limites burocráticos, o que facilita o abastecimento de recursos. É preciso ver quais obras ou condições são aplicadas. Caso contrário, acaba-se tendo uma fonte de recursos sem destino certo.