É melhor amar, porque na política não se aproveita quase nada

A ilustração colorida de Ricardo Cammarota foi executada em técnica digital, em linguagem gráfica estilizada. Na horizontal, proporção 13,9cm x 9,1cm, a ilustração apresenta 2 imagens representadas em forma de ícones. À esquerda, na horizontal, uma flecha de cupido em preto com a ponta em formato de um coração vermelho. À direita, há um símbolo, em preto, de um braço forte humano, fechando os punhos, em postura de demonstração de força. Entre o muque e o punho, está o coração da flecha. O acabamento e estilo das imagens parecem estarem pixadas sobre um papel de fundo em cor craft envelhecido.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Para amar é necessário ter coragem? Penso que sim. Pode-se ter de tomar decisões duras quando se é assolado por um amor “fora do lugar”. Mas essa frase está na moda, o que me faz, de partida, achar que devemos mantê-la a distância. Evite frases da moda caso você se preocupe com sua saúde mental.

Essa frase me lembra outra máxima de alguns anos atrás que era a seguinte: odeie o seu ódio. Só um idiota pode dizer uma bobagem dessa.

FASE RIDÍCULA – Mas, como sabemos, o século 21 será, provavelmente, até então, o mais ridículo da nossa história. Imagino os historiadores do futuro debochando da nossa época. O século 21, a besta vestida com plumas e paetês que mija na saia.

A frase “para amar é preciso coragem” conta com a aura do pedagogo Paulo Freire, que, independente de ter uma obra importante, foi canonizado pela esquerda melosa da nossa época.

A ideia estaria associada a “educação é um ato de amor, por isso é necessário ter coragem”. Será mesmo? A educação hoje é um terreno baldio de modas motivacionais, tecnologia, marketing e fúrias ideológicas. Não vejo ninguém “amando” ninguém.

AMOR ROMÂNTICO – Qual o primeiro tipo de amor que vem à mente quando se fala de amor? Que tal o amor romântico, mais famoso que todos? A coragem no amor romântico é virtude segunda, antes vem a obsessão.

Ainda que haja elementos de alto risco nas narrativas —damas casadas, risco de morte por traição e similares—, o motor do amor romântico desde a Idade Média, quando ficará conhecido como amor cortês, é o enlouquecimento que faria o homem perder o patrimônio e a mulher, a reputação.

O casal ferido pela flecha de Eros não tem propriamente escolha, o “senhor amor”, como diziam os medievais, é um senhor cruel, submete as suas vítimas à mais bela de todas as doenças da alma.

TRATADO DO AMOR – Tomando a definição do amor cortês —”Tratado do Amor” de André Capelão (1150-1220)— como “doença do pensamento”, forma de obsessão incontrolável, fica claro que não é uma questão de coragem que está em jogo, mas de infelicidade que se torna compulsiva, uma doce e bela forma de azar.

O caráter randômico da paixão cortês ou romântica é uma das causas do enlouquecimento descrito com frequência. O autor medieval recomenda cautela e mesmo fuga diante da ameaça amorosa.

A mulher pode desmaiar na presença do seu amado, e ele perder a cabeça ao vê-la em tal situação, destruindo o segredo do amor proibido. Roteiro clássico do amor infeliz, hoje fora de moda porque ninguém ama mais ninguém, salvo algumas raras exceções.

COM CORAGEM – E seria necessário coragem para o amor cristão? À primeira vista sim, já que, ao longo da história de muitos santos e cristãos, o risco de morte por levar adiante a ética cristã — na qual estaria envolvido, de alguma forma, o amor cristão — foi e é corrente.

Se entendermos essa forma de amor como “ágape” do grego, podemos entendê-lo como a partilha da vida e dos “bens”, assim como também o cuidado com o outro.

Na encíclica “Deus Caritas Est” de 2005, traduzida como “Deus É Amor” —”caritas” seria a versão latina do amor “ágape”— o então papa Bento 16 afirma que o amor Eros —desejo sexual— entre o casal deveria “evoluir” para o amor “ágape” pelos filhos que nascerão do casamento.

AMOR AOS FILHOS – É evidente que essa forma de amor pelos filhos, que, sim, exige algum tipo de coragem e investimento a longo prazo, está completamente fora de moda.

Quase ninguém está disposto a essa “forma de coragem”. Ter filhos exige coragem, mas aqui o que está na moda é a covardia e o egoísmo, quando não a paranoia.

TRÊS VIRTUDES – Resta lembrar que, na teologia católica, o amor —”ágape” ou “caritas”— é uma das três virtudes teologais, ou seja, virtudes dependentes da graça contingente de Deus. Portanto, segundo essa doutrina, nenhum homem ou mulher é capaz de ter tais virtudes —amor, esperança e fé— sem a interferência direta de Deus na personalidade e também no comportamento deles.

Quando tomados por essas virtudes teologais, a coragem enquanto tal se torna secundária na medida em que a graça contingente se assemelha, do ponto de vista da psicologia moral, ao amor romântico, pois, em ambos os casos, a pessoa “acometida” pela graça ou pelo amor romântico, não teria muita liberdade de escolha na ação.

Suspeito que a ideia de que, para amar, seja preciso coragem, difundida pela esquerda, e associada à figura emblemática da pedagogia do oprimido que foi Paulo Freire, tem o objetivo de santificar as pessoas desse espectro político, muito mais do que sustentar uma consistência em si da relação entre amor e coragem. Enfim, pura retórica vazia. Na política, não se salva quase nada que preste.

Trump corta medidas que ampliavam participação popular em eleições

Cotação do dólar e outros impactos do governo Trump no Brasil: um guia em 5  áreas - BBC News Brasil

Trump está desfazendo diversas realizações do Congresso

Jamil Chade
do UOL

O presidente Donald Trump aboliu programas e decretos que promoviam o acesso ao voto e expandiam o registro de eleitores nos EUA. A medida foi tomada em meio à aprovação de dezenas de ordens executivas, horas depois de tomar posse, na segunda-feira.

Mas se o novo presidente anunciou com pompas suas medidas para ampliar a produção de petróleo e deixar acordos internacionais vistos como “globalistas”, a decisão de encerrar programas que fortaleceriam o processo eleitoral não foi citada uma só vez por Trump em público.

PACOTE DO VOTO – Em 2021, num esforço para adotar medidas que permitissem uma maior facilidade para que jovens e outros grupos pudessem votar, Biden adotou um pacote. Nele, o democrata expandiu o acesso ao voto, permitiu que agências federais compartilhassem dados com Estados sobre o processo de registros e ampliou o envio de funcionários e recursos federais para ajudar nos locais de votação.

A ordem determinava ainda atualizações no site federal vote.gov, incluindo a garantia de que as informações sobre votação fossem disponibilizadas em mais de uma dúzia de idiomas.

Argumentando que a lei excedia o poder federal sobre os estados, os governos republicanos e aliados a Trump no Missouri, Kansas, Pensilvânia, Ohio e Texas entraram na Justiça para tentar derrubar a iniciativa.

JUSTIÇA NEGOU – Os estados republicanos insistiam que a iniciativa violava a soberania estadual, assim como usurpava os poderes do Congresso na regulamentação das eleições federais.

Em outubro de 2024, às vésperas da eleição, o Judiciário americano derrubou todos os processos iniciados pelos apoiadores de Trump.

Agora, Trump decidiu suspender todas as iniciativas relacionadas ao voto, enquanto insiste, sem provas, que a eleição de 2020 foi roubada. O presidente ainda marcou sua volta ao poder anistiando 1,5 mil pessoas envolvidas na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

PARTICIPAÇÃO DIRETA – Naquele momento, os protestos tinham como objetivo impedir que o Senado chancelasse a vitória de Joe Biden. Inquéritos concluíram que Trump teve uma participação direta nos atos.

Agora, a iniciativa do novo presidente, ainda que não tenha sido comentada na Casa Branca, foi comemorada pelos aliados republicanos.

O Secretário de Estado de Ohio, Frank LaRose, deixou claro sua satisfação. “A tentativa do governo Biden de usar recursos federais para atividades eleitorais partidárias ameaçou minar a integridade e a neutralidade de nossos processos eleitorais”, disse.

EXAGERO FEDERAL – “Tive orgulho de lutar contra esse exagero federal e elogio a ação decisiva do presidente Trump para afirmar o compromisso de seu governo com eleições transparentes e justas”, afirmou o Secretário de Estado de Ohio.

Biden havia feito o anúncio no dia do aniversário do Domingo Sangrento, um violento confronto entre ativistas dos direitos civis e a polícia em Selma, Alabama, em março de 1965.

Aquela violência estimulou no Congresso a aprovação da Lei do Direito ao Voto, alguns meses depois.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGTrump vai dar um trabalhão à Suprema Corte americana, porque baixou uma série de decretos ilegais, que contrariam leis aprovadas no Congresso e até mesmo a Constituição. Ninguém sabe até onde vai esse furor uterino de Trump no campo legislativo. É algo nunca visto em nenhum país minimamente democratizado. Quando perceberem que ele tem de ser internado já pode ser tarde demais. (C.N.)

Groenlândia, Panamá e México reagem às graves ameaças  de Trump

PRIMEIRAS MEDIDAS DE TRUMP - Jônatas Charges - Política Dinâmica

Charge do Jônatas (Política Dinâmica)

Gabriel Barnabé
Folha

O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou seu segundo mandato na segunda-feira (20) reiterando mensagens já conhecidas a outros países. Representantes de Panamá, México e Groenlândia responderam nesta terça-feira (21) aos anseios do republicano.

O Panamá, citado durante discurso de posse, é alvo da desejada retomada do canal de ligação entre o Atlântico e o Pacífico. Trump ainda mirou o vizinho imediatamente ao sul. México e seu Golfo foram mencionados em dois objetivos: o de restringir a entrada de migrantes e a desejada mudança de nomenclatura oficial de Golfo do México para Golfo da América.

UMA NECESSIDADE – Não citada no discurso, mas presente em respostas ao longo do primeiro dia de governo, a Groenlândia continua sendo, segundo Trump, uma necessidade americana “por motivos de segurança internacional”.

No caso de um dos principais canais de comércio marítimo do mundo, o governo panamenho negou veementemente as acusações trumpistas de que “a China está operando o Canal do Panamá”.

O presidente do país, José Raúl Mulino, voltou a rejeitar nesta terça a possível retomada do canal pelos EUA. “O diálogo é sempre a maneira de esclarecer os pontos mencionados sem prejudicar nosso direito, nossa soberania e a propriedade do nosso canal”, disse ele.

ATENDER AOS MIGRANTES – Um pouco mais ao norte do mapa, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que alguns dos anúncios iniciais de Trump se assemelham a ações que ele implementou em seu mandato anterior.

Em relação à ordem executiva assinada pelo republicano que declara a imigração ilegal na fronteira como uma situação de emergência nacional, Sheinbaum afirmou que “o povo do México pode ter certeza” de que seu governo sempre defenderá a soberania e a independência. Ainda afirmou que a gestão atenderá às possíveis necessidades dos migrantes de forma humanitária.

A líder mexicana não falou sobre as possíveis tarifas que Trump ameaça impor sobre as transações comerciais entre os países. Acima de tudo, Sheinbaum disse que “é sempre importante ter a cabeça fria”.

GROENLÂNDIA – Fosse a fala literal, a preocupação seria menor na Groenlândia. Até o meio de seu primeiro dia como presidente, Trump não havia sequer citado o vizinho.

No Salão Oval, mais tarde, voltou a reforçar seu desejo em tomar o território. “Tenho certeza de que a Dinamarca está de acordo: está custando muito dinheiro mantê-la”, afirmou o presidente americano.

Em resposta nesta terça, o primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, repetiu sua posição ao afirmar: “Nós somos groenlandeses. Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. O futuro da Groenlândia será decidido pela Groenlândia”.

INDEPENDÊNCIA – O posicionamento é bem próximo do defendido pelo governo dinamarquês, que já declarou apoiar a independência da Groenlândia no momento em que seu povo assim decidir.

Ainda nesta terça, o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, também ressaltou que nenhum país deveria ser capaz de simplesmente se apropriar de outro.

“Não é possível que certos países, se forem grandes o suficiente e não importa como se chamem, possam simplesmente tomar o que quiserem”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Por enquanto, as pretensões megalomaníacas de Trump ainda estão sendo encaradas apenas como excentricidades, porém em poucos dias todos perceberão que se trata de insanidades, porque Trump está doente e precisa de tratamento especializado. (C.N.)

Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, deverá pegar 17 anos de prisão

Sobrinho de Bolsonaro, Léo Índio é alvo de operação da PF por ter participado de atos terroristas - FOTO: leoindiodf/Instagram

Com essa selfie, Léo Índio selou sua condenação no STF

Eduardo Barretto
Estadão

O influenciador digital Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), silenciou nesta quarta-feira, 22, depois de vir a público a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele por golpe de Estado e outros crimes relativos ao 8 de Janeiro.

No último dia 15, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou que Léo Índio teve participação ativa no “planejamento, incitação e execução” dos atos golpistas e cometeu os crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

SEM COMENTÁRIOS – Procurado pela Coluna do Estadão, Léo Índio não quis comentar o caso. Sobrinho de Bolsonaro, Léo Índio é alvo de operação da PF por ter participado dos atos considerados terroristas, porque em 8 de Janeiro, o influenciador digital publicou uma selfie na cobertura do Congresso Nacional, mostrando os olhos vermelhos devido ao gás lançado pela PM. Depois, apagou a foto.

Com o nome de urna “Léo Bolsonaro” e panfletos com o ex-presidente, o influenciador digital não se elegeu vereador em Cascavel (PR) no ano passado. Em 2022, último ano do governo Bolsonaro, tentou, sem sucesso, obter uma cadeira de deputado distrital em Brasília.

Durante o governo Bolsonaro, Léo Índio ganhou um cargo de confiança no gabinete do senador Chico Rodrigues, na época filiado ao União Brasil, flagrado em 2020 pela Polícia Federal com dinheiro na cueca.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A única prova contra Léo Índio é a foto selfie que ele fez na Praça dos Três Poderes. Para o Supremo, já é suficiente para classificá-lo como terrorista, o que equivale a 17 anos de prisão, além de multa pelos prejuízos do vandalismo. (C.N.)

Governos estaduais recorrem contra decretos ilegais assinados por Trump

Estados entram na Justiça contra decreto de Trump que veta cidadania a filhos de imigrantes irregulares: 'Ele não é rei'

Decreto de Trump tem valor de uma moeda de 3 dólares

Jamil Chade
do UOL

Os decretos assinados por Donald Trump, em seu primeiro dia de governo, levam procuradores de 18 estados norte-americanos, grupos de ativistas e advogados a recorrer às cortes dos EUA para impedir o desmonte de direitos.

A primeira das iniciativas de Trump questionada é sua decisão de acabar com o direito à cidadania para crianças nascidas de imigrantes sem documentos. A lei tem mais de 150 anos, faz parte da Constituição e é considerada como um dos pilares da sociedade americana.

FREAR TRUMP – Nos tribunais, os estados americanos querem agora frear a ordem executiva do novo presidente.

O procurador-geral democrata de Nova Jersey, Matt Platkin, alertou que os chefes de estado nos EUA “não são reis”. “O presidente não pode, com um simples toque de caneta, fazer com que a 14ª Emenda deixe de existir, ponto final”, disse ele.

O tema ainda foi considerado como uma questão de honra para o procurador geral de Connecticut, William Tong. Ele é americano por ter nascido nos EUA.

SÉRIOS DANOS – “A 14ª Emenda diz o que significa, e significa o que diz: se você nasceu em solo americano, você é americano. Ponto final. Ponto final”, disse ele. “Não há debate jurídico legítimo sobre essa questão. Mas o fato de Trump estar completamente errado não o impedirá de causar sérios danos neste momento a famílias americanas como a minha”, insistiu.

O processo também foi aberto pelos procuradores da Califórnia, Massachusetts, Colorado, Nova York, Carolina do Norte, Rhode Island, Vermont e outros. A cidade de São Francisco também se uniu ao caso.

Grupos de direitos humanos também levaram a questão à Justiça. A American Civil Liberties Union se uniram a outros grupos de defesa dos direitos de imigrantes para iniciar uma ação em New Hampshire.

DIZ A EMENDA – A atual lei que permite que qualquer pessoa que nasce nos EUA seja americano tem quase 150 anos e faz parte da Constituição dos EUA. Na 14ª Emenda, consta que: “Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitas à sua jurisdição são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado em que residem.”

Em 2022, 1,3 milhão de adultos tinham a nacionalidade americana, ainda que tivessem nascido de pais imigrantes em condição irregular. Existem cerca de 4,4 milhões de crianças nos EUA que têm um de seus pais sem documentos.

Mas é a próxima geração que pode ser profundamente afetada. Até 2050, 4,7 milhões de crianças teriam um ou ambos os pais em condição irregular.

MULHER GRÁVIDA – Segundo a petição, a ordem de Trump é inconstitucional. O processo apresenta o caso concreto de uma mulher que está grávida e, depois de viver nos EUA por 15 anos, ainda não tem a cidadania americana. “Tirar das crianças o ‘tesouro inestimável’ da cidadania é uma lesão grave”, diz o processo. “Isso lhes nega a plena participação na sociedade americana a que têm direito.”

Essa não é a única decisão que será questionada. Ações judiciais já foram apresentadas questionando a criação do Departamento de Eficiência Governamental, que será liderado por Elon Musk.

Outra proposta questionada será a política “Permaneça no México”, implementada em seu primeiro mandato em 2017 e que foi cancelada por Joe Biden. A lei impedirá que as pessoas que buscam asilo na fronteira sul entrem no país enquanto seus pedidos são processados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump vai cair na real logo na primeira semana. Ele é um idiota completo, tipo Lula ou Bolsonaro, porém jamais poderia desconhecer que não pode mudar a Constituição assinando simplesmente um decreto. Quando forem derrubados muitos dos decretos ilegais que ele assinou ao assumir o cargo, o atual rei do mundo vai descobrir que os cupins da democracia corroeram seu trono e ele é apenas mais um presidente desequilibrado que não tem ideia do que precisa fazer para governar, como tantos outros. (C.N.)

O presente e a irrealidade diante do amor, segundo Cecília Meireles

Aprendi com as primaveras a deixar-me... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, jornalista e poeta carioca Cecília Meireles (1901-1964) sente no poema “Irrealidade” que não há passado nem futuro, porque tudo que ela sonha e anseia está no presente.

IRREALIDADE
Cecília Meireles

Como num sonho
aqui me vedes:
água escorrendo
por estas redes
de noite e dia.
A minha fala
parece mesmo
vir do meu lábio
e anda na sala
suspensa em asas
de alegoria.

Sou tão visível
que não se estranha
o meu sorriso.
E com tamanha
clareza pensa
que não preciso
dizer que vive
minha presença.

E estou de longe,
compadecida.
Minha vigília
é anfiteatro
que toda a vida
cerca, de frente.
Não há passado
nem há futuro.
Tudo que abarco
se faz presente.

Se me perguntam
pessoas, datas,
pequenas coisas
gratas e ingrata,
cifras e marcos
de quando e de onde,
– a minha fala
tão bem responde
que todos crêem
que estou na sala.

E ao meu sorriso
vós me sorris…
Correspondência
do paraíso
da nossa ausência
desconhecida
e tão feliz.

Filha de almirante corrupto imita Odebrecht e quer R$ 58 milhões da Suíça

O dinheiro está bloqueado desde 2019 por causa das investigações da Lava Jato. 📌 Ana Cristina Toniolo é uma das filhas do almirante Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear, condenado por corrupção. ➡️

Se a Odebrecht pode, porque Cristina não pode?

Aguirre Talento
do UOL

Uma das filhas do almirante Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear condenado por corrupção em um dos braços da Operação Lava Jato, acionou a Justiça para tentar repatriar R$ 58 milhões mantidos em uma conta na Suíça em seu nome, bloqueados desde 2019 por causa das investigações.

Ana Cristina Toniolo chegou a ser denunciada pelo Ministério Público Federal em uma das ações, sob acusação de ter usado contas secretas no exterior para recebimento de propina da Eletronuclear que seria destinada a seu pai. Entretanto, ela foi absolvida pelo TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região). Seu pai teve sua condenação fixada em 4 anos e 10 meses de reclusão pelo mesmo TRF-2.

DESBLOQUEIO – Após Ana Cristina ter se livrado das ações, sua defesa de solicitou à 12ª Vara Federal do Distrito Federal o desbloqueio dos valores de suas contas na Suíça para, então, poder repatriar o dinheiro ao Brasil. O argumento é que ela foi absolvida no caso e, por isso, não deveria permanecer como alvo do bloqueio. Ainda não houve decisão da Justiça.

Em seu pedido de repatriação à Receita Federal, ela declarou possuir duas contas no banco Credit Suisse, em nome de empresas offshore, que totalizam US$ 12 milhões. O valor convertido em reais na sua declaração do Imposto de Renda foi de R$ 58 milhões.

Para trazer esses valores ao país, ela terá que pagar impostos e multa no valor total de R$ 17 milhões, conforme os cálculos da Receita.

A DEFESA NEGA… – Ao longo das investigações, sua defesa negou que ela tivesse recebido pagamentos de propina em contas no exterior.

O programa de repatriação de valores no exterior foi criado na gestão do então presidente Michel Temer (MDB), em 2016. Uma das condições para a repatriação dos valores, entretanto, seria que tivessem origem lícita.

Em uma das ações movidas pelo MPF, Temer chegou a ser denunciado em conjunto com o almirante Othon e Ana Cristina sob acusação de recebimento de propina, mas todos foram absolvidos.

Caso a 12ª Vara Federal do DF autorize o desbloqueio das contas dela no exterior, os valores não ficam imediatamente liberados porque estão ainda bloqueados em outros dois processos em tramitação contra ela, na Justiça Federal do Rio de Janeiro.

NA FORMA DA LEI – Procurada, a defesa de Ana Cristina afirmou que a decisão de pedir a repatriação do dinheiro foi “absolutamente técnica e jurídica”, tomada pelos advogados com o objetivo de pagar impostos ao governo brasileiro e trazer os valores de volta ao Brasil.

O advogado Fernando Augusto Fernandes disse que ela nunca movimentou nem teve acesso aos valores disponíveis nas contas da Suíça.

“A origem do recurso é lícita, isso vai ser debatido no processo. Mas mesmo assim, nós entendemos que elas têm que fazer o pedido para pagar os impostos e permitir que o valor possa vir ao Brasil e ficar acautelado junto aos processos, onde vai ser debatida a origem dos valores”, disse o advogado.

CORRUPÇÃO NUCLEAR – Ele afirmou ainda que pediram aos bancos dados sobre as contas, como o saldo, mas não obtiveram resposta. De acordo com o advogado, os valores apresentados à Receita Federal foram estimados com base em documentos apresentados nos processos contra ela.

O almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, 85 anos, é considerado um dos principais responsáveis por desenvolver o programa nuclear brasileiro.

Quando estava na Marinha, chefiou um programa para estudar a tecnologia necessária para transformar urânio em eletricidade. Depois de se aposentar das Forças Armadas, em 1994, chefiou a estatal Eletronuclear, criada naquela década para operar usinas nucleares no Brasil.

PROPINODUTO – Othon Pinheiro entrou na mira da Operação Lava Jato por ter recebido pagamentos, por meio de uma empresa de consultoria, de empreiteiras que fizeram contratos com a Eletronuclear.

A defesa alega que os pagamentos foram anteriores ao período em que comandou a estatal.

O almirante Othon ficou preso entre julho de 2016 e outubro de 2017 e teve uma das maiores condenações impostas pelo juiz Marcelo Bretas, a 43 anos de prisão, mas depois teve sua pena reduzida.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Othon Pinheiro era um herói na Marinha, mas aproveitou-se dessa circunstância para enriquecer criminosamente. Vejam que em apenas um banco no exterior o ilustre almirante de águas turvas tinha o equivalente a R$ 58 milhões. O pior de tudo foi que tentaram inocentá-lo, alegando que ele era vítima dos inimigos do Brasil no exterior, que não aceitavam a existência de um programa nuclear brasileiro. Foi uma bela Piada do Ano, é claro. Para fazer valer a alta patente, digamos que o almirante era mesmo um ladravaz. E a filha dele, seguindo o exemplo do Supremo e das empreiteiras, agora quer recuperar o dinheiro imundo…  (C.N.)

Os primeiros atos de Trump e a grande inquietação internacional

Saída da OMS e do acordo de Paris estão entre as medidas

Pedro do Coutto

O mundo, na sequência da posse de Donald Trump nos Estados Unidos, amanheceu intranquilo com as posições anunciadas, principalmente quanto ao estado de calamidade que se aplica às fronteiras e o impulso para expandir limites dos Estados Unidos. Trump lançou uma campanha à base de choques com a realidade, mudando o comportamento usado até então pelo ex-presidente Joe Biden, partindo assim para uma situação de confronto com a política que vinha sendo colocada em prática.

Trump, logo no dia de regresso à Casa Branca, assinou ordens executivas que retiram os Estados Unidos do Acordo de Paris – pedra basilar no combate às alterações climáticas – e da Organização Mundial da Saúde, a maior e mais influente agência global na luta contra as crises sanitárias. “Vou retirar-nos imediatamente do injusto e unilateral Acordo de Paris sobre o clima”, disse o novo presidente antes de assinar a ordem. “Os Estados Unidos não vão sabotar as suas próprias indústrias enquanto a China polui impunemente”.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS – A decisão não é inédita. Já no seu anterior mandato enquanto 45.º presidente Trump tinha retirado os Estados Unidos do acordo. A decisão foi, porém, revertida pelo ex-presidente Joe Biden quando este tomou posse. A saída dos Estados Unidos do acordo que estabelece o combate às alterações climáticas, assinado em 2015 por quase duas centenas de países, coloca em causa o objetivo de impedir um aumento das temperaturas globais na ordem dos 1,5 graus.

Ainda na área do clima, Trump revogou um memorando de 2023 de Joe Biden que proibia a perfuração de petróleo em cerca de 16 milhões de hectares no Ártico, defendendo que o governo deve encorajar a exploração e produção de energia em terras e águas federais.

IMIGRAÇÃO – Além disso, Donald Trump declarou que implementará rapidamente ações executivas sobre imigração, política energética e operações do governo federal para verificar dezenas de prioridades de política de campanha. Além disso, prometeu emitir cerca dezenas de ordens executivas projetadas para reverter ou eliminar aquelas implementadas pelo governo Biden.

Stephen Miller, o novo vice-chefe de gabinete de política de Trump, apresentou algumas dessas ações na tarde de domingo em uma ligação com republicanos seniores do Congresso, confirmando que elementos de um conjunto abrangente e planejado de ações de imigração entrariam em vigor, incluindo Trump invocando uma emergência nacional na fronteira como uma forma de desbloquear o financiamento do Departamento de Defesa para uso do governo.

DIVERSIDADE – O presidente americano se comprometeu ainda a assinar ordens executivas rescindindo as políticas de diversidade, equidade e inclusão do governo federal, Miller disse aos legisladores, bem como ações para remover ordens executivas específicas relacionadas a gênero colocadas em prática pelo seu antecessor.

Os discursos e seus conteúdos, na prática, deixam preocupados uma série de governos e de populações. O governo Trump governa na base de ameaças, dizendo inclusive que o Brasil e a América Latina dependem muito mais dos Estados Unidos do que o contrário.Veremos agora como reagirá o presidente Lula da Silva diante das circunstâncias colocadas por Trump e a politica que ele colocará em prática.

A inquietação promovida pelas declarações do presidente americano tiveram grande repercussão internacional. Seja como for, o mundo acordou sob o impacto das ameaças que ficam como as tempestades que desabam sobre países e territórios, ameaçando governos e as populações de países que fazem fronteira com os Estados Unidos. Vejamos até que ponto chegarão as nuvens que carregam consigo sinais de tempestades.

Na igreja, bispa pede que Trump tenha misericórdia de migrantes e transgêneros

Quem é a bispa de Washington Mariann Edgar Budde, que disse a Trump para ter misericórdia com trans e imigrantes - BBC News Brasil

Bispa fez apelo dramático e Trump fingiu não ter ouvido

Deu no MSN

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou nesta terça-feira (21) de uma cerimônia religiosa dedicada à sua posse na Catedral Nacional de Washington. Durante o sermão, a bispa anglicana da capital, Mariann Edgar Budde, pediu ao republicano que “tenha misericórdia” de pessoas transgênero e de migrantes.

O líder republicano acompanhou a cerimônia da primeira fileira acompanhado de seu vice, J.D. Vance, e de suas respectivas esposas, Melania Trump e Usha Vance.

APELO DA BISPA – Antes do pedido, a reverenda havia dito a Trump que milhões de americanos “depositaram a confiança” no novo governo.

Depois, Budde fez seu apelo: “Peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas. Há crianças, gays, lésbicas, transgêneros, famílias democratas, republicanas, independentes -algumas que temem por suas vidas”.

Ainda na segunda (20), logo após tomar posse, Trump assinou um decreto para determinar que o governo americano reconheça apenas duas categorias de gênero: feminino e masculino, em medida criticada como retrocesso para a diversidade.

ESTADO DE EMERGÊNCIA – Outra ordem declarou estado de emergência nacional na fronteira com o México, numa tentativa de coibir a migração para os EUA. A medida possibilita a convocação das Forças Armadas para atuar na região fronteiriça, contribuindo para a captura de pessoas em situação irregular.

“As pessoas que colhem em nossas plantações, que limpam nossos prédios, […] que lavam a louça depois que nos alimentamos em restaurantes e que trabalham nos turnos noturnos em hospitais – elas podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa”, disse a bispa na cerimônia.

Ela afirmou que muitos desses imigrantes pagam impostos e são membros de comunidades religiosas de todos os espectros. Segundo Budde, os filhos dessas pessoas “temem que seus pais sejam levados embora”.

VANCE INCOMODADO – Durante a fala da reverenda, Vance olhou repetidas vezes para sua esposa, Usha.

Ao fim, com a bispa Budde deixando o púlpito, Trump olhou para seu vice, que retribuiu o olhar. Ambos trocaram poucas palavras e continuaram sentados.

Após a cerimônia, o presidente americano foi questionado sobre o que achou do serviço religioso. Segundo ele, a cerimônia “não foi muito emocionante”. “Eles poderiam fazer muito melhor.”

TRUMP EXIGE DESCULPAS – Nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou como “desagradável” uma bispa de Washington e exigiu que ela se desculpasse, após a religiosa adverti-lo, do púlpito durante uma missa, sobre estar semeando medo entre migrantes e pessoas LGBTQ+.

“A chamada bispa que falou na terça-feira no Serviço Nacional de Oração é uma esquerdista radical que odeia Trump”, escreveu o presidente em sua rede Truth Social.

“Teve um tom desagradável, não foi convincente nem inteligente (…) Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público!”, acrescentou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– É claro que o vice J.D. Vance e sua esposa ficaram incomodados e constrangidos com as maluquices de Trump. Está cada vez mais claro que ele representa uma ameaça aos Estados Unidos e ao mundo. Tudo indica que, se Trump não fizer tratamento, vai se tornar mais um Napoleão de hospício, comandando ordem unida na guarnição da Casa Branca. Teremos “direita, volver” o tempo todo. (C.N.)

É evidente que Trump é um psicopata em surto, que precisa ser internado

Posse de Trump: presidente assina dezenas de decretos executivos inaugurais - Estadão

Orgulhoso, Trump exibe seu decreto inconstitucional

Carlos Newton

Quando a imprensa adiantou alguns dos planos megalomaníacos de Donald Trump, sinceramente eu não consegui levar a sério. Anexar o Canadá, retomar o Canal do Panamá, incorporar a Groenlândia como novo Estado americano, trocar o nome do Golfo do México, entre tantas outras esquisitices, são aberrações totalmente enlouquecidas, que não podem ser recebidas como propostas “normais”.

Perplexo, tentei considerar que tudo isso poderia ser uma estratégia do novo presidente americano, para que todos entendam que a China ainda é apenas um tigre de papel e a política internacional continuaria como dantes, com os Estados Unidos na condição de maior potência e em situação de hegemonia, como tem ocorrido desde a decadência do Império Britânico, onde o sol jamais se punha.

DESCULPE, FOI ENGANO – Veio a posse de Trump, nesta segunda-feira, e ele repetiu a ameaça de retomar o Canal do Panamá e a decisão de mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”, sem deixar claro como isso poderia acontecer.

Como não se referiu à anexação do Canadá nem a incorporação da Groenlândia, achei que tudo era uma forma de gozação “pour épater la bourgeoisie” – para chocar a burguesia, como diziam os poetas franceses do final do século XIX.

Realmente, Trump está chocando todo mundo, com uma precisão surpreendente. Mas suas propostas não seriam maluquices, significariam apenas um estilo midiático de ser. Assim, poderíamos dormir tranquilamente.

MAIS SURPRESAS – Veio a seguir a cerimônia da assinatura de decretos, com novas surpresas, a demonstrar que o presidente norte-americano realmente está variando, como se diz no Nordeste.

Somente um governante inteiramente desequilibrado pode assinar, durante a cerimônia de posse, um decreto destinado a alterar a Constituição americana para que filhos de migrantes ilegais não mais sejam considerados cidadãos americanos.

Seu decreto é uma página vazia, que não serve para nada, porque a cidadania é um direito que nenhum presidente pode contestar. Diante desse tipo de insanidade, fica evidente que Trump merece cuidados e precisa de urgente acompanhamento psiquiátrico.

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P.S. 1 –
O fato é que Trump destrambelhou e quer governar por decreto. E ameaça sobretaxar as importações do México e do Canadá até 1º de fevereiro. Ou seja, comporta-se como se fosse o rei da cocada preta, esquecido de que o Congresso é que legisla sobre impostos.

P.S. 2 – Fica demonstrado também que o presidente está pessimamente assessorado. Manda redigir decretos ilegais em série, e nenhum de seus auxiliares tem coragem de dizer que é tudo uma doideira, porque ele jamais pode passar dos limites constitucionais.

P.S 3 – Isso significa que teremos um mundo muito diferente daqui em diante. Podem ficar preocupados, à vontade. (C.N.)

Para espanto dos jornalistas, a maioria dos americanos pensa como Trump

President-Elect Trump Holds Press Conference At Mar-A-Lago

Imensa maioria dos americanos apoia as teses de Trump

Mario Sabino
Metrópoles

Donald Trump precisa dar um basta na imigração ilegal nos Estados Unidos, devolver o poder de compra à classe média americana, demolir a ideologia woke e engajar menos o país em problemas internacionais.

Essas são as expectativas que a maioria dos americanos têm em relação ao homem que toma posse hoje como presidente dos Estados Unidos, em segundo mandato que é a maior reviravolta política da história da nação mais poderosa do mundo (uso o clichê com prazer indescritível).

FOI UMA SURPRESA – Os jornalistas ficam muito espantados quando constatam que as pessoas não pensam como eles. O pessoal do New York Times não foge à regra e ficou pasmo em descobrir que mesmo os americanos que não votaram em Donald Trump esperam que ele realmente faça boa parte do que se propôs a fazer.

Uma pesquisa do jornal feita em parceria com o Ipsos, publicada no fim de semana, mostra que mais da metade da população aprova a deportação em massa de imigrantes ilegais, principalmente dos que entraram nos Estados Unidos nos últimos 4 anos. Quase a totalidade, 87%, apoia a deportação dos ilegais com ficha criminal suja, os primeiros alvos do novo presidente.

TRANSGÊNEROS – Impressionantes (para os jornalistas) 71% são contra que menores de 18 anos possam tomar medicação para mudar de gênero. Outros assombrosos (para os jornalistas) 80% são contra que atletas transgêneros, nascidos com sexo masculino, possam competir em esportes femininos.

A maioria acha também que os Estados Unidos devem dar mais atenção a questões domésticas do que a confusões na Europa (dentro da tradição isolacionista do país).

Assim como Donald Trump, uma enorme massa de cidadãos é de opinião que a democracia americana está longe de ser o melhor dos mundos possíveis. Para eles, Washington é um antro de corrupção — e o descontentamento vai além.

FAVORECIMENTOS – Dois terços dos eleitores democratas e 80% dos republicanos dizem que o governo serve mais a ele próprio e aos poderosos do que às pessoas comuns. No geral, dois terços dos americanos acreditam que o sistema econômico favorece injustamente os ricos. Muitos, no entanto, esperam que Donald Trump adote políticas que mais ajudarão do que atrapalharão a economia.

O dado surpreendente (para os jornalistas) é que, embora a maioria compartilhe de pontos de vista de Donald Trump em relação a assuntos prioritários, metade não é otimista sobre ele ser o homem certo para o cargo.

O lado bom (para os jornalistas) é que deu para o New York Times dar o seguinte título para a reportagem sobre a pesquisa: “O apoio às políticas de Trump supera o apoio a Trump”. Serão quatro anos divertidos.

Guerras e extremismo afastam a esperança de dias melhores neste ano

Moradores de Gaza rezam para que novo ano traga paz após “destruição” de  2023 | CNN Brasil

Pode haver paz sem a formação de um Estado palestino?

Janio de Freitas
Poder360

E diziam que verde é a cor da esperança, e simbólica neste momento mundial é a sensação de esperança vinda com a notícia de acordo de paz em Gaza. Mero fruto de desejo, não de promessa confiável.

O extermínio humano e material da Palestina pelo poder israelense não é defesa. É guerra de conquista. Avanço do plano de Grande Israel que embala o fundamentalismo religioso e o extremismo direitista dominantes no país.

SEM ESTADO – A fúria exterminadora sobre Gaza e Cisjordânia tem as mesmas origens e finalidades que a recusa israelense ao Estado palestino previsto, também, na criação de Israel pela ONU.

Os palestinos, por seu lado, não podem fugir a profundo ódio e expectativa de vingança, pelo terror que arruína seus filhos, mães e pais, irmãos, casa e bens, cidade e futuro. Sua dor e seus ímpetos são inapagáveis.

A corrida por um acordo, que os israelenses limitaram a uma trégua, foi a primeira vitória do Trump redivivo. Veio da pressão de Biden para ter o papel pacificador, sem o deixar a Trump e sua promessa de dar fim à guerra.

BIDEN CULPADO – Mais do que o papel desejado, Biden deixa o governo como co-autor, indissociável, dos crimes de governantes e militares de Israel contra Gaza. A finalidade das bombas e munições que mandou, em levas enormes e incessantes, foi sempre do conhecimento, e, portanto, da aprovação de Biden.

Com o poder norte-americano em mãos, Biden também não buscou meio algum de evitar a guerra na Ucrânia. Prometeu armá-la, e de fato municiou-a, mas para usá-la contra a Rússia.

Desde o início da guerra, Biden negou apoio a todas as tentativas de intermediação para a paz.

SEM ESPERANÇAS – Hoje, norte-americanos concluem que a Ucrânia não pode ter esperanças no conflito. Daí, decorre uma situação quase humorística.

Se alguém tem esperanças em Trump, não é governante de país europeu filiado à Otan. Meteram-se na guerra de Biden contra a Rússia, nisso têm empenhado fortunas – e agora?

Trump diz que encerrará a guerra: os estadunidenses caem fora e os europeus da Otan ficam com os problemas. Entre eles, as relações muito agravadas com o temerário Putin. E o próprio Trump a repetir Putin e querer pedaços da Europa para os Estados Unidos.

MADURO Ainda bem que temos Nicolás Maduro para nos associar ao mundo. E nos dissociar no óbvio. O governo brasileiro prestigiou a posse de Maduro com uma representante. Sem admitir a legalidade da eleição de Maduro, impôs a ideia de ser aquele um ato de Estado.

Para encurtar, ou recomeçaríamos dos gregos e romanos: posse ilegal e ilegítima não é, jamais será, ato de Estado. Pode ser fraude ou ato de força (não necessariamente militar). Maduro juntou as duas formas.

Na impossibilidade de que a combinação suscite alguma esperança, entre militares brasileiros circula uma expectativa: esclarecimentos sobre o relato de grupos militares venezuelanos nas proximidades da sua fronteira com a Guiana. Em direção a Essequibo, a região do vizinho que Maduro ameaçou invadir, a pretexto de um dia ter sido venezuelana. A esperança só é a última que morre porque é a primeira que corre…

Na retórica de Trump, o Brasil de Lula é parte do grande México

AMÉRICA LATINA - Após sua posse nesta segunda-feira (20), o presidente dos  #EstadosUnidos, #DonaldTrump, afirmou que países da América Latina,  incluindo o Brasil, “precisam mais dos EUA” do que os americanos deles. “Josias de Souza
do UOL

Para Trump, o México é a América Latina levada longe demais. O resto do continente latino-americano é visto como o estereótipo mexicano com variações. Nessa visão, o Brasil é parte do quintal pseudo-dependente dos Estados Unidos. Mas não é um vizinho de cerca. Trump avalia que, passando a tranca na porteira do México, livra-se dos mexicanos e de todos os seus assemelhados.

Vem daí o desdém retórico de Trump, que disse não precisar dessa terra de palmeiras e sabiás. “Eles precisam muito mais de nós do que nós precisamos deles”, disse o czar da Casa Branca sobre o Brasil e a América Latina. “Na verdade, não precisamos deles, e o mundo todo precisa de nós”, ele completou.

SEM BRIGA – Horas antes, Lula dissera que não quer “briga” com o inquilino seminovo da Casa Branca. O diabo é que o apreço pela harmonia diplomática chega depois da torcida pela vitória de Kamala Harris durante a campanha. Trump não ignora que os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China. Mas talvez não resista à tentação de dar o troco.

Os acenos para Milei e as pauladas em Maduro são parte da estratégia. No mais, ainda que os chilenos continuem se comportando como os ingleses que os argentinos acreditam ser, mesmo que os brasileiros continuem achando que não têm nada a ver com os outros, o México sempre será, na retórica de Trump, uma cota suficiente de América Latina.

Decisão de Moraes de barrar viagem de Bolsonaro teve duplo efeito 

O ex-presidente Jair Bolsonaro em encontro com Donald Trump em 2019

Bolsonaro queria mostrar que continua amigo de Trump

Francisco Leali
Estadão

Na segunda-feira, dia 20, Donald Trump volta ao comando da maior potência mundial. O ex-presidente Jair Bolsonaro gostaria de estar lá de corpo e alma. Mas seu desejo foi barrado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

O retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos tem, após amargar a derrota na tentativa de reeleição, o condão de reacender as esperanças de boa parte da direita mundo afora, com o Brasil incluído. Entre o círculo próximo de Bolsonaro é difundida a crença de que Trump pode ser fonte de pressão para, quem sabe, o ex-presidente brasileiro ser liberado para retomar o direito de ter seu nome nas urnas na eleição de 2026.

O TIO RICO… – O novo presidente dos EUA já deu inúmeros exemplos de simpatia a Bolsonaro. Posa como o tio rico do parente em ideias sul-americano. As manifestações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendendo a candidatura de Kamala Harris, derrotada por Trump, completam o cenário e deixam claro para o republicano quem na política brasileira está do seu lado.

A festa da posse seria, portanto, uma oportunidade para Bolsonaro mostrar para todo mundo sua proximidade com o chefe do Poder Executivo norte-americano. Num cenário ideal, e certamente nos seus planos, Bolsonaro ia lá tirar uma selfie ao lado de Trump e fazer a imagem circular nas redes sociais.

Uma fração de segundos de alguma fala do próprio presidente empossado dos EUA seria, então, ainda melhor.

SIGNIFICADO POLÍTICO – A cena possível não teria o poder de anular decisões judiciais no Brasil, mas teria um significado político grande. O líder da maior nação ocidental acalentando um ex-presidente mirado pela justiça é algo que pode pesar na cabeça de magistrados na hora de um veredicto.

Por essas e outras, a decisão de Moraes tem um duplo significado. Primeiro, ao negar ao ex-presidente a devolução de seu passaporte e barrar a viagem aos Estados Unidos, o ministro deixa claro que Bolsonaro é investigado, indiciado e tem contas a prestar ao STF.

O segundo efeito do despacho de Moraes é político. Frustra o plano da selfie Bolsonaro-Trump. E rouba do ex-presidente a oportunidade de tentar cacifar-se interna e externamente como um político perseguido e que desfruta de certa proximidade do novo presidente dos EUA.

‘Nós não precisamos deles’, diz Trump sobre Brasil e América Latina

As polêmicas de Trump em entrevista

Trump demonstra ter desprezo pelo resto do mundo

Deu na Folha

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (20) que seu país “não precisa” do Brasil e a América Latina. “Eles precisam muito mais de nós do que nós precisamos deles. Na verdade, não precisamos deles, e o mundo todo precisa de nós”, disse Trump durante cerimônia assinando decretos em seu primeiro dia do novo mandato.

O republicano disse a frase ao responder pergunta da jornalista da Globonews Raquel Krähenbühl, que acompanha a cerimônia de dentro do Salão Oval da Casa Branca.

DISSE TRUMP – A jornalista perguntou se Trump pretendia responder à proposta de paz para a Guerra da Ucrânia elaborada pela China e pelo Brasil, ao que Trump afirmou desconhecer a iniciativa.

“Acho ótimo, estou pronto para discutir [propostas de paz]. O Brasil está envolvido nisso? Não sabia. Você é brasileira?”, perguntou Trump à repórter.

Em seguida, a jornalista questiona o presidente sobre a relação com o Brasil e a América Latina. “É ótima. Eles precisam muito mais de nós do que nós precisamos deles”, disse ele, que recentemente prometeu erguer barreiras tarifárias contra uma série de países ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

DECRETOS EM SÉRIE – Nesta segunda-feira, o novo presidente americano assinou uma série de decretos controversos que endurecem a fiscalização de migrantes, estimulam a exploração de combustíveis fósseis e determinam o fim de ações relacionadas à diversidade. Muitos deles revertem medidas implementadas pelo antecessor, Joe Biden.

As primeiras ordens foram assinadas diante de milhares de apoiadores no ginásio Capital One Arena, em Washington.

No local, o presidente determinou a retirada da nação do Acordo de Paris e a revogação de 78 ações executivas implementadas por Biden. Depois, o republicano partiu para a Casa Branca, onde assinou a maior parte dos documentos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump está iniciando uma política isolacionista em matéria de meio ambiente, caminhando ao contrário da tendência dos demais países desenvolvidos. Vai dar uma confusão danada, é claro. (C.N.)

Lei obriga Biden a doar os presentes recebidos em seu mandato

Esposa de Biden reage com 'corações' sobre decisão do marido de desistir da  candidatura nos EUA

Biden e a mulher tem de devolver os presentes caros

Julia Chaib
Folha

Ao se despedir da Casa Branca nesta segunda-feira (20), o presidente Joe Biden não deixa para trás só o cargo, como também dezenas de presentes que ganhou desde que assumiu, em 2021. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos, a lei é clara: funcionários federais são proibidos de permanecer com presentes dados por autoridades estrangeiras que ultrapassem US$ 480, o equivalente a cerca de R$ 2.910.

Segundo o protocolo do governo, o recebimento desses itens precisa ser informado à área responsável. Cabe, então, a esse órgão definir o destino deles.

DESTINAÇÃO – A maioria vai para o Arquivo Nacional dos EUA. Alguns, como alimentos perecíveis, são transferidos para a agência que regula a saúde pública, e outros acabam destruídos.

Segundo a lei, se o presidente ou outro funcionário quiser manter a prenda, é necessário pagar o valor de mercado do item ao governo.

Relatório do Departamento de Estado americano divulgado neste mês afirmou que, até o ano retrasado, Biden havia ganhado 44 presentes de autoridades estrangeiras. O mais caro foi um álbum de fotos comemorativo dado pelo presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, e avaliado em US$ 7.000 (cerca de R$ 42 mil). Lula deu ao presidente americano um banco de madeira orçado em US$ 1.170 (por volta de R$ 7.200).

ITEM MAIS CARO – No mesmo período, a primeira-dama, Jill Biden, ganhou 21 presentes. Apesar de a quantidade de itens ser menor do que aquela recebida pelo marido, foi ela quem ganhou o item mais caro da lista divulgada pelo governo.

Em 2023, ela ganhou do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, um diamante de laboratório de 7,5 quilates avaliado em US$ 20 mil (R$ 120 mil). O governo informou que este item por ora está em uso oficial na Ala Leste da Casa Branca, sem dar mais detalhes.

Assessores da primeira-dama informaram a jornais americanos que a joia deve ser transferida ao Arquivo Nacional.

KAMALA, TAMBÉM – Além deles, a vice-presidente, Kamala Harris, está entre os membros do governo mais presenteados, segundo o relatório. Ela ganhou nove presentes de autoridades estrangeiras até 2023.

O mais caro foi um conjunto de objetos dados pelo presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, estimado em US$ 4.025 (R$ 24,4 mil).

Este consistia em um álbum de fotos da visita de Kamala ao país; um broche de ouro no formato da África com tanzanita e esmeralda zambiana; uma escultura de madeira que representava uma pessoa tocando um instrumento; dois panos; e uma pintura que mostrava um elefante.

BENS DO POVO – O governo considera que os objetos superiores a US$ 480 pertencem ao povo dos EUA. No relatório divulgado pelo Departamento de Estado, também consta a justificativa pela qual a autoridade que recebeu o presente não o recusou. Na grande maioria dos casos, a razão elencada foi a de que “a não aceitação causaria constrangimento ao doador e ao governo dos EUA”.

A forma como os EUA lidam com os itens dados por autoridades estrangeiras difere daquela do Brasil, cujas leis sobre o tema são bem mais genéricas. Nos últimos anos, presidentes se aproveitaram da ambiguidade da lei para tentar manter presentes de Estado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, foi indiciado em julho do ano passado pela Polícia Federal junto com mais 11 pessoas em uma investigação sobre a venda de joias recebidas da Arábia Saudita.

LEVOU VANTAGEM – Para a PF, o ex-presidente utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos a ele por autoridades estrangeiras.

A investigação teve origem quando o jornal O Estado de S. Paulo revelou que assessores de Bolsonaro tentaram entrar no Brasil com artigos de luxo recebidos do regime saudita sem comunicar a Receita Federal.

O ex-presidente e aliados tentaram vender nos EUA estes e outros artigos recebidos ao longo de sua gestão. Como mostrou a Folha, parte das joias, da grife Chopard, chegou a ir a leilão mas não foi comprada, o que forçou assessores do ex-presidente a mudarem seus planos e vendê-las diretamente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Os Estados Unidos, nossa matriz, têm leis que são cumpridas. A filial Brazil tem leis que são reinterpretadas. Há uma diferença enorme entre os dois procedimentos. (C.N.)

Aliados e estrategistas se dividem sobre atitude do governo na crise do Pix

Governo precisa acertar a sua Comunicação, reforçando as suas ações

Pedro do Coutto

Na última semana, Gleisi Hoffmann,  presidente do PT,  defendeu a decisão do governo Lula ao revogar a portaria da Receita Federal que aumentaria a fiscalização nas transações via Pix. Por outro lado, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o ex-líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu,  tiveram o posicionamento oposto, indicando que o Planalto errou ao recuar na medida após o vídeo viral de milhões de visualizações do deputado federal Nikolas Ferreira.

O tema abre uma divisão na base aliada do presidente Lula, além de promover controvérsias entre estrategistas de campanha, especialistas em comunicação digital e líderes de institutos de pesquisa diante de uma das crises mais intensas enfrentadas pelo governo do PT até agora. Enquanto as diferentes alas de profissionais divergem quanto à estratégia adotada pelo governo, há o consenso de que o deputado Níkolas teve as suas declarações sustentadas por argumentos legítimos, apesar do exagero típico das narrativas políticas.

ACERTO – Uma corrente avalia que o governo acertou ao revogar a medida, mas não conseguiu evitar os danos, uma vez que a revogação confirma que não era fake news. Ninguém disse que o governo taxaria diretamente o Pix das pessoas.

A proposta envolvia usar o Pix para monitorar as transações financeiras dos contribuintes e, com base nesses dados, cobrar mais impostos. Portanto, de forma indireta, o Pix seria utilizado para taxar os brasileiros. De forma paralela, em momentos como esse, não há o bom e o ruim. Há o ruim e o pior. Recuar estancou a crise na visão dos que defendem a ação governamental.

ERRO – Para os que vão por outro caminho e acham que o Planalto errou, o governo deixou na mão os defensores das medidas e ofereceu munição para que a oposição saísse como vitoriosa.Além disso, da forma como o recuo foi anunciado, o governo inflamou ainda mais a situação, sendo que a  melhor maneira de enfrentar esse movimento seria entender a nova dinâmica da opinião pública e levar a informação onde está a audiência, independentemente do canal, veículo ou plataforma.

Como se vê, as opiniões se dividem não somente entre os aliados do governo, mas também entre os profissionais que gerenciam crises como a enfrentada recentemente pelo Planalto. O governo, volto a dizer, precisa melhorar as suas estratégias e a sua Comunicação, reforçando os seus pontos fortes, a divulgação de suas ações e confrontando de forma concreta os ataques da oposição.

Ninguém exaltava a Lua como o seresteiro carioca Cândido das Neves

CANDIDO DAS NEVES – Brasil – Poesia dos Brasis – RIO DE JANEIRO -  www.antoniomiranda.com.br

Cândido, romântico ao extremo

Paulo Peres
Poemas & Canções

O instrumentista, cantor e compositor carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de Índio, descobre na “Última Estrofe” que a melancolia dos versos do trovador era semelhante a sua, porque ambas tinham como causa o término de um amor e, consequentemente, a saudade que isto acarretou. A música foi gravada por Orlando Silva, em 1935, pela RCA Victor.

ÚLTIMA ESTROFE
Cândido das Neves

A noite estava assim enluarada
Quando a voz já bem cansada
Eu ouvi de um trovador
Nos versos que vibravam de harmonia
Ele em lágrimas dizia
Da saudade de um amor
Falava de um beijo apaixonado
De um amor desesperado
Que tão cedo teve fim
E desses gritos de tormento
Eu guardei no pensamento
Uma estrofe que era assim:

Lua…
Vinha perto a madrugada
Quando em ânsias minha amada
Nos meus braços desmaiou
E o beijo do pecado
O teu véu estrelejado
A luzir glorificou

Lua…
Hoje eu vivo sem carinho
Ao relento, tão sozinho
Na esperança mais atroz
De que cantando em noite linda
Essa ingrata volte ainda
Escutando a minha voz

A estrofe derradeira, merencória
Revelava toda a história
De um amor que se perdeu
E a lua que rondava a natureza
Solidária com a tristeza
Entre as nuvens se escondeu
Cantor, que assim falas à lua
Minha história é igual à tua
Meu amor também fugiu
Disse eu em ais convulsos
E ele então, entre soluços
Toda a estrofe repetiu

Com Trump, Europa enfrentará desafios militares e ataque das big techs

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Charge do João Montanaro (Folha)

João Gabriel de Lima
Folha

“As nossas férias da história acabaram”. A frase é de Alexander Stubb, presidente da Finlândia, durante um encontro de chefes de Estado da região do mar Báltico na semana passada, em Helsinki. Ele fazia referência ao retorno de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (20).

De fato, especialistas preveem que tempos complicados se anunciam para a União Europeia. Segundo eles, o bloco terá que líder com duas questões-chave, para além das possíveis sanções comerciais: 1) a defesa militar; e 2) a ofensiva das big techs contra o seu território.

Nos dois casos, vale recordar o primeiro mandato de Trump – e, na comparação, o segundo parece ainda mais desafiador.

GASTOS COM DEFESA – “Em sua primeira presidência, Trump pressionou a UE para aumentar seus gastos com defesa”, diz Folha o cientista político espanhol Francisco Rodríguez-Jiménez, coautor de um livro sobre Trump, “Breve História de uma Presidência Singular”. “Agora, com a guerra [na Ucrânia], a pressão será muito maior”.

Rodríguez-Jiménez lembra que os orçamentos militares dos países da UE variam em termos de porcentagem de PIB segundo a distância que os separa da Rússia.

“Os maiores gastos são da Polônia e da Estônia, da ordem de 4%”, diz sobre dois países cujos primeiros-ministros, Donald Tusk e Kristen Michal, respectivamente, estiveram no encontro em Helsinki.

MAIS DISTANTES – Já a Espanha e a Irlanda, “que ficam longe, investem cerca de 1% do PIB ou até menos”, afirma o cientista político, codiretor de um centro de estudos de política internacional ligado à Universidade de Salamanca.

Foi-se o tempo em que a Europa era um paraíso protegido pelo poder militar dos EUA, como escreveu em 2003 o historiador americano Robert Kagan em seu livro “Do Paraíso e Poder”.

Estar de volta à história, nas palavras do chefe de Estado finlandês, significa responsabilizar-se pela própria defesa. Será um desafio dada a disparidade de gastos e as idiossincrasias da política interna de cada país.

ORÇAMENTO MILITAR – “As nações europeias abriram mão de parte de sua soberania em questões fiscais ou monetária. O ideal agora seria que fizessem o mesmo em defesa, com um orçamento unificado”, afirma Rodríguez-Jiménez.

No caso das big techs, o cenário em relação ao governo anterior de Trump também se tornou mais desafiador. “O grande diferencial é a presença de Elon Musk”, diz o advogado brasileiro Ricardo Campos, professor-assistente na Universidade Goethe, em Frankfurt, e especialista em legislação sobre plataformas digitais.

“Em sua primeira administração, Trump passou grande parte do tempo em guerra com as plataformas. Agora, elas o querem como aliado.” O republicano alojará Musk em sua gestão, num recém-criado Departamento de Eficiência Governamental.

GANHOU REFORÇO – O presidente eleito americano recebeu outro endosso importante do mundo digital quando Mark Zuckerberg, fundador da Meta, decidiu demitir checadores do Instagram e do Facebook.

“As plataformas viram aí uma janela de oportunidade”, diz Ricardo Campos. “Elas querem transformar uma questão normal —o fato de que empresas multinacionais se submetem ao ordenamento jurídico dos países em que atuam— numa questão diplomática, de suposta defesa de empresas americanas no estrangeiro.”

Para a revista britânica The Economist, os EUA sempre exerceram seu poder em nome de valores como liberdade e democracia. Trump representaria uma inflexão: o seu “America First”, EUA antes de tudo, é apenas uma defesa de um país contra os outros, não de uma ideia.

CASO ILUSTRATIVO – O caso das big techs é ilustrativo. De um lado, a UE promulgou em agosto passado sua Lei dos Serviços Digitais, considerada por especialistas como Ricardo Campos um avanço na defesa do debate democrático baseado em evidências. De outro, o governo Trump sinaliza que irá endossar empresas americanas que consideram esse tipo de lei uma forma de censura.

A Lei dos Serviços Digitais, no entanto, segue inspirando a discussão sobre plataformas digitais mundo afora, como se vê por exemplo nos casos do Brasil e da Austrália. No contraponto com o “America First” de Trump, a Europa poderia se fortalecer como soft power?

“Isso só ocorrerá se a UE se mantiver unida”, diz Rodríguez-Jiménez. “O objetivo do novo presidente americano é dividir o continente em países pró-Trump e anti-Trump. Pesquisas mostram que o mundo admira o Estado de Bem-Estar Social, a democracia e os direitos individuais. Está ao alcance da UE fazer disso uma de suas forças”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Muita conversa fiada. A legislação da União Europeia, adotada em 17 de fevereiro de 2024, não fede nem cheira, pois em nada atrapalha o funcionamento das big techs. Um ano depois, o único caso mencionável foi com a Apple, fabricante do iPhone, sob a alegação de que sua loja de aplicativos do, a App Store, não permitia que desenvolvedores direcionassem clientes para canais alternativos de ofertas e conteúdo. Nada a ver com as críticas a Moraes e ao Brasil, pela desfaçatez do Supremo no controle à liberdade de expressão, através de censura ou algo no gênero, sem direito de defesa em processos sigilosos. (C.N.)

‘Posso fugir agora, qualquer um pode’, diz Bolsonaro ao criticar Moraes

Um homem está falando em uma coletiva de imprensa, cercado por repórteres e câmeras. Ele usa uma camisa escura e parece estar em um ambiente interno, com pessoas ao fundo. Microfones de diferentes emissoras estão posicionados em sua direção.

Bolsonaro ficou revoltado com a postura de Moraes

Lucas Leite
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por ter barrado a sua participação na posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ocorreu nesta segunda-feira (20). A declaração foi dada ao canal AuriVerde Brasil no YouTube.

“Um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil. É o dono da sua liberdade. Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator. Ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o seu juiz para fazer parte de audiência de custódia, tudo ele! Tira teu passaporte. Ele pode fugir. Eu posso fugir agora. Qualquer um pode fugir”, afirmou Bolsonaro.

RISCO DE FUGA – Na última quinta-feira (16), Moraes negou o pedido do ex-presidente para viajar aos Estados Unidos. Na decisão, o ministro do STF mencionou a existência de risco de fuga do ex-mandatário, indiciado em casos como o da trama golpista de 2022.

Bolsonaro reafirmou nesta segunda que havia sido formalmente convidado para o evento em Washington. Moraes disse na semana passada que não foram apresentados documentos que comprovassem a veracidade do convite feito por Trump para participar da cerimônia de posse na capital americana.

“Eu fui convidado. Toda a imprensa do mundo todo divulgou isso aí. Como a imprensa do mundo todo está divulgando que eu fui proibido de ir para lá por causa de uma decisão de um juiz”, afirmou Bolsonaro.

FUGA DE CONDENADOS – O magistrado, na semana passada, também justificou sua decisão com base no histórico de declarações públicas de Bolsonaro em favor da fuga de condenados.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, publicou na tarde desta segunda vídeo em que o ex-mandatário aparece chorando por causa do evento nos Estados Unidos. “Jair Bolsonaro se emociona com a posse de Donald Trump”, diz a legenda.

Pela manhã, o ex-mandatário postou uma foto da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em Washington com a mensagem “grande dia” —um bordão que costuma usar.