
De repente, Lula agora está com enormes dificuldades
Bernardo Mello Franco
O Globo
Em entrevista à Rádio Clube do Pará, Lula esboçou uma tese sobre os governos e a opinião pública. “No primeiro ano, ninguém cobra, porque o pessoal sabe que você não teve tempo de fazer nada”, disse. “No segundo ano, o povo já começa a ter uma expectativa”, prosseguiu. “O terceiro ano é o melhor”, arrematou.
O presidente falou na manhã de sexta-feira. À tarde, foi atropelado pelo Datafolha. O instituto mostrou que sua popularidade desabou justamente no início do terceiro ano de governo. A fatia de eleitores que consideram a gestão boa ou ótima recuou para 24% — menor índice já registrado em seus três mandatos.
CLIMA DE DESÂNIMO – A pesquisa agravou o clima de desânimo no governo. Um ministro petista descreve a situação como “horrível”. Outro cardeal do partido define os números como “assustadores”. A queda da aprovação deve dificultar a vida de Lula e lançar novas dúvidas sobre o projeto da reeleição.
O presidente martelou a ideia de que 2025 seria o “ano da colheita”. Às vésperas do carnaval, não conseguiu concretizar nem as prometidas mudanças na Esplanada. O assunto gera excitação em Brasília, mas não deve mexer no ponteiro das pesquisas. E ainda arrisca piorar o governo, a depender do tamanho da mordida do Centrão.
As razões da queda na popularidade passam longe das intrigas de gabinete. A mais inconteste é a alta no preço dos alimentos, que corroeu a renda dos mais pobres e frustrou a promessa de carne barata.
ALTA DOS PREÇOS – O presidente não se ajudou ao dizer que os consumidores deveriam evitar produtos caros. Quem vai ao mercado já faz o que pode para se defender da inflação.
A crise do Pix também abalou a confiança no governo. A extrema direita emplacou a mentira de que as transações seriam tributadas, e o Planalto não soube defender a portaria editada pela Receita. Por fim, o recuo foi lido como uma confissão de culpa. Se a medida era justa, por que revogá-la?
A pesquisa trouxe outra notícia preocupante para Lula. O tombo foi maior na base da pirâmide social, onde se concentram seus eleitores mais fiéis.
SOLUÇÕES MÁGICAS – É ilusão pensar que a crise será resolvida na fábrica de soluções mágicas, que aposta em truques de propaganda para convencer a população de que o governo seria melhor do que parece.
No fim de janeiro, o presidente deixou escapar um diagnóstico mais realista: “O povo tem razão, a gente não tá entregando aquilo que prometeu. Então como o povo vai falar bem do governo se a gente não tá entregando?”.
Lula embarca em março para Tóquio. Será recebido em visita de Estado, horaria que o Japão só concede a um país por ano.
VIAGEM OFICIAL – O presidente poderia ter sido recepcionado com pompa em 2008, mas o convite esbarrou num impasse inusitado. Ele não aceitou vestir black tie, como exigia o protocolo do imperador Akihito. Na época, o governo japonês ouviu que Lula representava a classe trabalhadora e se recusava a usar smoking. A saída foi rebaixar a viagem ao status de visita oficial, sem o mesmo peso diplomático.
Ao assumir o trono que pertenceu ao pai, o imperador Naruhito flexibilizou o código de vestimenta da corte. Graças à mudança, o presidente poderá ir ao banquete de terno e gravata.
O Itamaraty precisará ter cuidado ao organizar a agenda de Lula no Japão. Antes de tomar posse, ele já estava em baixa com a comunidade brasileira no país. No segundo turno de 2022, Jair Bolsonaro recebeu 83,6% dos votos dos decasséguis. O petista teve míseros 16,4%.
Ele não usava smoking por que tinha contrato de exclusividade com a Armani.
No Brasil, somente os LADRÕES tem os seus direitos e o devido processo legal respeitados.
Bolsonaro deveria ser julgado na 1ª instância e não no STF, diz Marco Aurélio Mello
https://revistaoeste.com/politica/bolsonaro-deveria-ser-julgado-na-1a-instancia-e-nao-no-stf-diz-marco-aurelio-mello/
Vacância de governo, numa análise atenta
Dizem que Lula vai finalmente nomear um titular para o cargo de ministro da Saúde há dois anos ‘vago’.
Mas há ainda inúmeros outros cargos ‘vagos’ de ministros e de ministérios também ‘inativos’ no governo, nesse biênio.
Às vezes até no próprio cargo de presidente da República parece estar ‘desocupado’.
Acorda, Brasil!