Paulo Peres
Poemas & Canções
O crítico literário, tradutor, professor, escritor e poeta paranaense Paulo Leminski Filho (1944-1989) expressa no poema “Objeto Sujeito” tudo quanto nunca saberemos.
OBJETO SUJEITO Paulo Leminski
Você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado dentro
como fazer de um verso
um objeto sujeito
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito
você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo
você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem pra Pasárgada
Xanadu ou Shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olhe lá
Ironia celestial
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Não, não culpem Deus
Pelas misérias do mundo
Deixem isso pros ateus
Esses pobres vagabundos
Eles vagam sem templo, sem fé
Só crêem em lógica e fatos
E para explicar o mundo como é
Usam da ciência artefatos
Nós, crentes, temos fé
E nunca jamais duvidamos
Que Deus é filho de Maria e José!