Um vaso chinês tão belo e delicado que inspirou o poeta Alberto de Oliveira

Veredas da Língua: Alberto de Oliveira - PoemasPaulo Peres
Poemas & Canções

O farmacêutico, professor e poeta Antonio Mariano Alberto de Oliveira (1857-1937), nascido em Saquarema (RJ), mostra neste soneto a magia e a atração de um vaso chinês… que ele captou  com sua visão de poeta. O desenho do vaso transmite seu amor através dos ramos vermelhos, como sangra seu coração apaixonado.

Não podemos esquecer de que se trata de um soneto parnasiano, cuja principal característica é a falta de temas ou ausência de comprometimento social. Os parnasianos acreditavam que a arte não deveria ter compromissos, o único e verdadeiro compromisso é artístico, daí ser chamado arte pela arte. Essa característica é tão extrema que os poemas desse período tratam de assuntos considerados irrelevantes. Como a descrição de um vaso, um muro ou qualquer outro objeto.

VASO CHINÊS
Alberto de Oliveira

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?… de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura.

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

9 thoughts on “Um vaso chinês tão belo e delicado que inspirou o poeta Alberto de Oliveira

  1. Sapo de Toga 15 de dezembro de 2020 at 10:31
    Profissão de fé
    Ao nascer de um novo dia,
    Sopre fraco ou forte o vento,
    Saúdo a vida com alegria,
    Pois estar vivo é um alento.
    Deixo sempre para trás o passado,
    E nunca antecipo o incerto amanhã;
    Do pouco que tenho, nada me foi dado,
    E não luto por coisas que são fúteis e vãs.
    Não faço preces para pedir benesses,
    Mas faço amigos a toda parte que vou;
    Levo a vida feliz, como se tudo tivesse,
    E, àquele que pede, não meço o que dou.
    E assim vou vivendo, é assim que eu sou.

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