Um Rolex por testemunha! Cid assegurou para Bolsonaro e para si um péssimo lugar na História

Charge de Gilmar Fraga (gauchazh.clicrbs.com.br)

Pedro do Coutto

Não há dúvida de que o episódio em que se envolveu o tenente-coronel Mauro Cid, tentando vender por US$ 60 mil um Rolex de platina e brilhantes recebido pelo ex-presidente Bolsonaro da Arábia Saudita, assegurou para o ex-ajudante de ordens e para o próprio governo que terminou em 2022 um péssimo lugar na história do Brasil. Creio até que quanto à forma significa um fato sem precedentes e que dificilmente encontrará repetições através dos próximos séculos.

A matéria obteve grande destaque nas edições deste sábado no O Globo,  na Folha de S.Paulo e no Estado de S.Paulo. Incrível. Como é possível que o tenente-coronel Mauro Cid pudesse articular a venda de uma doação internacional, incluindo a participação da assessora do governo passado Maria Farani Rodrigues ?

INTERMEDIAÇÃO – Segundo ela própria disse, por ser fluente em inglês, foi encarregada por Mauro Cid de viabilizar a venda no exterior. Não conseguiu. Motivos não devem ter faltado, mas a intenção ficou marcada e o destino do relógio foi o patrimônio nacional entregue depois de cobrança pública ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O tenente-coronel Mauro Cid transformou-se em um personagem estranho na administração do país. Era encarregado por Bolsonaro de resolver os problemas. Mas também tomava iniciativas. Não se sabe se todas ordenadas por Bolsonaro ou se algumas partiam de sua própria imaginação, como acontece em casos palacianos e nas áreas de poder.

O caso do Rolex é de uma importância singular, sobretudo pela forma arquitetada que foi montada a tentativa de venda que fracassou, mas que atingiu Bolsonaro junto a uma parte de apoiadores. Os vândalos de 8 de janeiro, pelo menos uma parte deles, não podiam fazer ideia a que ponto chegaria a atuação e a desenvoltura do tenente-coronel Mauro Cid.

SEM PARALELO – O perfil do ex-ajudante de ordens fantasticamente indicado no crepúsculo de 2022 para comandar uma unidade militar em Brasília, não encontra paralelo na estrada do poder, não só pela ousadia criminosa, mas também pela desfaçatez que o levou a acionar a assessora Maria Farani Rodrigues, deixando claro que comportamentos semelhantes já haviam sido realizados.

O caso se reveste de várias faces, como num jogo de dados. Francamente, receber um presente oficial, não recolhê-lo ao patrimônio da União, o que acabou tendo de fazer, e tentar vendê-lo no mercado secundário é estarrecedor. O episódio Bolsonaro, Mauro Cid, Rolex, reveste-se de uma carga extremamente negativa e revela um comportamento social que não respeitava os limites da lei.

No O Globo, a reportagem é de Camila Turtelli, Lauriberto Pompeu e Eduardo Gonçalves. Na Folha de S. Paulo é de Thaís Augusto e Gabriel Vinhal. No Estado de S.Paulo, de Júlia Afonso e Gabriel de Sousa. O episódio também foi amplamente focalizado na noite de sexta-feira pela TV Globo e pela GloboNews.

COMPORTAMENTO  – A repercussão está sendo enorme e crescerá ainda mais, sobretudo porque inevitavelmente alcança o comportamento de um militar do Exército que não só sabia, mas mandava demais. Esse perigo envolve os que detém o poder.

Mauro Cid falsificou atestados de vacinas, manteve diálogos com outros militares investidos no projeto golpista contra a democracia e tentou em vão liberar jóias femininas. Mauro Cid atropelou tudo. Saiu da galeria dos robôs para tentar atuação própria nos fatos do Planalto e fora dele.

ARRANHÃO – Sem dúvida, o sentimento maior do Exército foi arranhado por um dos seus integrantes que se encontra preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Mauro Cid tinha também em seu poder uma cópia do projeto de decreto redigido pelo ex-ministro Anderson Torres voltado para uma intervenção na Justiça Eleitoral e no próprio Supremo Tribunal Federal, já que o presidente do TSE é o próprio ministro Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro e Mauro Cid protagonizaram uma verdadeira tragicomédia na política brasileira e ficaram há poucos metros de uma tragédia gigantesca com as depredações de Brasília. Tenho a impressão de que seu tempo se esgotou, marcado pelos ponteiros de um Rolex luxuoso.

6 thoughts on “Um Rolex por testemunha! Cid assegurou para Bolsonaro e para si um péssimo lugar na História

  1. Senhor Pedro do Coutto , lembre-se que todas essas ” estripulias e barbaridades ” criminosas cometidas pelo ex-presidente jair bolsonaro e seus comparsas , contou com total apoio e conivência da grande maioria dos membros do congresso nacional , estão saindo incólumes dessa situação, por não terem sidos incomodados e confrontados até hoje , pelo MPF , PF e STF , para prestarem contas de seus crimes.

  2. A trama macabra envolvendo a venda de jóias, Rolex de diamante, tentativa de retirar pacote de jóias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, se reveste em um gigantesto esquema de corrupção, encastelados no Palácio do Planalto.

    O ajudante de Ordens, tenente Coronel Mauro Cid, está no centro do olho do furacão da corrupção generalizada no centro do Poder.

    Além da Minuta Golpista, Cid estava no esquema escabroso da tentativa de desqualificar as Urnas Eletrônicas.
    A falsificação do Cartão de Vacinas, se insere num crime de menor potencial ofensivo diante do planejamento e execução de um Golpe de Estado.

    Impossível avaliar, se o militar preso, numa unidade militar, vai continuar matando no peito e assumindo toda a responsabilidade pelos crimes praticados em série. Afinal, o Ajudante de Ordens foi designado para cumprir tarefas designadas pelo Chefe do Executivo. Não é crível supor, que Cid agia por conta própria. Cid cumpria ordens sem questionar. Está pagando um preço alto por isso.

    A cúpula militar do Exército, ensaia uma saída honrosa para o tenente coronel Cid. Entretanto, o Alto Comando não sabe o que fazer, com a sinuca de bico criada pelo Ajudante de Ordens, que ficou deslumbrado com a proximidade do Poder.

    A cada revelação dos meandros do escândalo, expõe a Instituição Militar, pois envolve oficiais superiores, na sequência criminosa contra o país, que envolve dinheiro, poder e destruição do regime democrático, tudo em proveito próprio, a margem da legalidade.
    O tão falado patriotismo, era tudo da boca para fora. Nenhum desses envolvidos, no maior escândalo da história do país, pensou na Pátria, pensaram nas suas carreiras e nas contas bancárias polpudas.

    A saída honrosa, só pode ser uma: pagar pelos crimes cometidos, ressalvadas, os direitos da ampla defesa e ao contraditório, como todo mundo aliás.

    • “Raciossímio” dos militantes de extrema-esquerda:
      – Sugestão de venda relógio do Ten Cel Cid: crime vergonhoso;
      – Furto do crucifixo pelo ladrão Lula: é da lei.

      (Extrema esquerda = comunas, socialistas, leninistas, stalinistas, maoistas, fascistas, nazistas e outras desgraças filhas do marxismo).

      • Deu para perceber, que você desconhece as ideias de Marx. Fugiu da escola ou ia lá para comer merenda?
        Nazismo e fascismo, não têm nada em comum com marxismo.
        Vai estudar meu caro e pare de escrever absurdos.

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