Com o sumiço de Bolsonaro, Lula fica sozinho, mas não aproveita a situação

LULA LIVRE e BOLSONARO são IGUAIS?

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

O mundo gira, o tempo voa, ainda faltam dois anos e meio de mandato para Lula, mas o clima já é de fim de festa e fica até parecendo que a gestão entrou na contagem regressiva. Calma, minha gente, as aparências enganam. Não é o governo que está em sua fase final, o que está se esgotando é a paciência do cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes.

Antigamente, a decepção ocorria apenas em relação ao Executivo. Agora, a situação política piorou muito e o respeitável público está desapontado com os Três Poderes simultaneamente, porque todos eles funcionam muito abaixo do esperado, embora os gestores públicos sejam cada vez mais bem remunerados, com penduricalhos e mordomias de todo tipo.

MÚLTIPLOS CULPADOS – O Brasil enfrenta uma crise estranhíssima, porque há múltiplos culpados, espalhados por Executivo, Legislativo e Judiciário.

Interessante notar que a imprensa não está se omitindo. Pelo contrário, os barões da mídia soltaram os cachorros e gritaram “barata voa”, como se dizia antigamente. O resultado é que os jornalistas estão operando de forma praticamente livre, sem maiores exigências dos donos dos órgãos de comunicação, que estão assustados com o rumo das coisas.

Todos percebem que o país está destrambelhado, e ninguém sabe como corrigir o percurso. Mas o fato concreto é que ocorrem problemas no Executivo porque Lula não sabe ser presidente. É uma função é meramente decorativa, qualquer pessoa minimamente equilibrada pode exercê-la, basta saber delegar poderes. Ou seja, é preciso nomear ministros competentes, deixá-los trabalhar e cobrar resultados.

TUDO AO CONTRÁRIO – Está aí o grande erro de Lula, que se preocupou demais com a base aliada, nomeou uma maioria de ministros inaptos e não deixa que os competentes trabalhem como independência.

Lula faz tudo ao contrário – não delega poderes e quer fingir que governa e manda em tudo. É um comportamento patético, que demonstra seu baixo índice de compreensão das coisas, e isso então se espraia pelo governo.

Concentrador, egocêntrico e presunçoso, Lula tem tudo para dar errado. Sabe que o governo está em crise e sua resposta é sair em campo, dando um número enorme de entrevistas, prometendo isso ou aquilo, como se estivesse em campanha, e o resultado é péssimo, porque o número de bobagens que diz é constrangedor.

DESMEMORIADO – Agora, acaba de reclamar que “o Supremo se mete em tudo”. Ora, isso é maneira de tratar seu maior aliado? Lula esqueceu que foi tirado da cadeia por esses ministros que se metem em tudo? Não lembra que o STF anulou as condenações dele por corrupção e lavagem de dinheiro, mesmo sabendo que todas elas tinham ocorrido na forma da lei?

No caso de suas relações com o Congresso, ao invés de dividir o governo com os partidos, como fez Itamar Franco, o melhor presidente desde Juscelino Kubitschek, Lula resolveu comprar novamente os parlamentares, repetindo mensalão e lava jato, vejam como é um político bizarro e que não consegue aprender com os erros cometidos.

Bem, é esse presidente que está percorrendo o país em campanha, já com a validade vencida, falando um monte de bobagens e preocupado em anistiar Bolsonaro, porque será um candidato mais fraco de ser vencido do que Tarcísio de Freitas.

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P.S. 1 –
Bolsonaro está tão pasmo que sumiu do noticiário, fica tentando entender o que vem acontecendo, mas não consegue. Acredito que Bolsonaro e Lula sejam iguais no pecado capital da ignorância.

P.S 2Peço desculpas por esse artigo-desabafo, mas faço questão de ressalvar que sou otimista e ainda nutro esperanças de que a economia se reequilibre, lembrando a velha piada de que o Brasil cresce à noite, quando os políticos estão dormindo e não conseguem atrapalhar. (C.N.)

12 thoughts on “Com o sumiço de Bolsonaro, Lula fica sozinho, mas não aproveita a situação

  1. Lula, deveria nomear 38 “Tarcisios”, para seus improdutivos e onerosos “mini-mistérios” e por fim, em duplo sentido, largar o caneco!

  2. Não há como melhorar, se não houver união para alcançar um consenso das classes mais beneficiadas de que é preciso abrir mão de alguma coisa para benefício da maioria. Do jeito que está, com grupos só pensando em se dar bem nos seus privilégios, vai ficar tudo na mesma.

    E o presidente, qualquer que seja, tem muitos limites. O legislativo, hoje, possui mais poder decisório e o usa para barganhar regalias a rodo. E esse poder quer manter o sistema como está. E os beneficiados também. Aí são formadas bancadas que defendem interesses privados, em detrimento ao interesse público.

  3. Para variar, CN tem razão.

    Mas dentre todas as três desfuncionalidades, sobressai o executivo.

    E a memória do cidadão-contribuinte-eleitor!! na hora de colocar o voto na urna, só vai lembrar do executivo.
    Tchau querido!

  4. Corretissimo o texto, mais uma vez

    Por mais sinais de administração caótica, desencontrada e de manifestações estapafúrdias, superficiais, repetitivas e, principalmente, sem qualquer ação que seja efetiva e resultante delas, ainda continuamos a passar o pano para o Deus e nos engalfinhamos numa disputa trágica para mostrar quem é o menos devastador: o Deus ou o Messias.

    Tem razão o comentarista José Vidal, quando diz que o presidente pode cada vez menos, mas se nao tem condições de liderar o processo de transformação nesse momento difícil que o país atravessa, sem encaminhar suas ações para pavimentar um processo futuro em que estas condições possam acontecer, deve reconhecer o fato e sair de cena.

    Reformas legais, projetos estruturais, fortalecimento dos partidos, ao invés da corrupcao explicita do troca-troca, com desenvolvimento de líderes nos partidos que possam comandar estas ações futuras – tudo isso é necessário, mas pode ser sonho impossível, eu sei, pois a única politica que se pratica é aquela do “depois de mim, o diluvio” etc. etc.

    Não vai acontecer nada, por isso a crítica justa e necessária

    Também o comentarista Ricardo miguel aponta a doença incurável do Brasil. Enquanto nos digladiamos com a eleição do presidente, os verdadeiros poderes Senado e Câmara, que vão depois construir o terceiro (judiciário) e quarto poder (Procuradorias), estão se consolidando em sua vitoriosa tarefa de serem cada vez mais cretinos e ignorantes, em termos de lesa pátria, como antro de grandes e pequenas corrupções institucionais.

    Difícil, muito difícil suportar tudo isso.

    • Desculpe faltou

      Se nao tem condicoes de comandar o processo que o país necessita urgente e imperiosamente, deve reconhecer e sair de cena.

      Como se diz no sul gelado:

      Ou …. ou desocupa

  5. Entendo bem Duarte, eu como gaúcho de 1952 em Lajeado, pediremos para desocupar a cadeira…rsrs.

    E passaremos o espanador e o desinfetante.

  6. … o Brasil cresce à noite, quando os políticos estão dormindo e não conseguem atrapalhar. (C.N.)

    Não espalha isso Sr. Carlos Newton.

    Senão, vão criar um PL pra acabar com as noites.

    Um forte abraço,

    José Luis

  7. Caro C.N. é pleonasmo dizer que é um ótimo artigo mas faltou um arremate, você falou do presidemente Stalinácio e da sua esperança em ter o imbrochável como tábua de salvação, mas a tal terceira via, você não acredita nela? Pois eu não.

    • Amigo Charlie, eu acredito na terceira via, mas está difícil de acontecer, porque Lula quer anistiar Bolsonaro no Congresso. E aí começa tudo de novo. Mas eu acredito numa terceira via, que vai depender dessas circunstâncias.

      Forte abraço,

      CN

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