Justiça não se faz com condenações sumárias, diz OAB sobre golpe

Beto Simonetti é confirmado como novo presidente da OAB Nacional

Simonetti defende a ampla defesa dos 37 indiciados

Arthur Guimarães
Folha

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) afirmou que acompanha com preocupação os desdobramentos da apuração sobre um plano golpista para matar o presidente Lula (PT) e impedir a sua posse, mas disse também que “justiça não se faz com condenações sumárias”.

Na terça-feira (19), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão contra suspeitos de integrar uma organização criminosa responsável por planejar em 2022 a morte não só do presidente eleito, mas de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Dois dias depois, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas, em investigação sobre trama golpista arquitetada em 2022, por suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

AMPLA DEFESA – A OAB disse em nota assinada pelo presidente nacional da entidade, Beto Simonetti, que justiça não se faz sem devido processo legal e que é preciso “respeito absoluto às prerrogativas da advocacia, que incluem o acesso aos autos, o direito à sustentação oral e ao sigilo de comunicações”.

A Ordem já chegou a pedir a Moraes a adoção de providências para o acesso de advogados aos autos dos processos envolvendo golpismo e entrou em choque com o ministro após ele negar manifestação da defesa de um réu por não haver previsão no regimento do tribunal.

Na nota, a entidade ainda insta líderes políticos a repudiar a violência e diz que aguarda mais informações sobre as investigações e sobre as providências adotadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) para avaliar ações práticas que poderá tomar.

APAZIGUAMENTO – “Conclamamos os líderes de partidos e grupos políticos, das diferentes ideologias, a incitarem seus seguidores a afastarem do Brasil qualquer tipo de violência, terrorismo político, tentativa de golpe de Estado e apreço ao autoritarismo.”

Além da OAB, a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) manifestaram em nota públicas preocupação com o plano para matar autoridades e cobraram a adoção de medidas e a apuração com responsabilidade.

RIGOR DA LEI – “Toda e qualquer tentativa de atentado contra a vida ou a integridade física de membros do Poder Judiciário e de candidatos eleitos de forma democrática pelos cidadãos deve ser apurada com o máximo de responsabilidade, de acordo com a Constituição e as leis”, diz a AMB.

Já a Ajufe afirma ser “indispensável que se identifiquem os eventuais responsáveis e que sejam adotadas as medidas necessárias para que práticas dessa natureza sejam exemplarmente combatidas com o rigor da lei”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A OAB tem de entrar na luta contra Alexandre de Moraes, que impõe sigilo a todos os processos que relata e instrui, sem permitir que os advogados de defesa tenham acesso aos autos. Eles só tomam conhecimento do que Moraes permite ser vazado à imprensa. Isso não é Justiça, mas quem se interessa? (C.N.)

7 thoughts on “Justiça não se faz com condenações sumárias, diz OAB sobre golpe

  1. Segundo o “Acordo de Jucá”, um dos fatores seria e foi a “retirada”(extração) de Dilma e a introdução de Temer com a imprescindível participação de “todos” em favor dos atingidos, “Para Estancar a Sangria”!
    O golpe, resultou de um consórcio criminoso, que até Magela, o Ceguinho viu!
    https://youtu.be/HY8FMQpcpq8?si=kbUHy98Fxn4QM2yy
    PS. Substituiram, a sangria de corruptos pela sangria de inocentes!

  2. Sr. Jorge Luiz de Carvalho,

    Observação perfeita!

    Resumiu como poucos o que as pessoas fazem questão de não entender.

    Sempre digo que se não fosse o STF, não estaríamos mais aqui. Claro que sabemos dos enormes desatinos da nossa Suprema Côrte, mas é o que temos pra hoje, é o nosso único salva-vidas…

    Com certeza, a Tribuna da imprensa, como outros meios semelhantes, não existiriam mais.
    Estariam todos literalmente PROIBIDOS, por Bolsonaro ou qualquer outro imbecil.

    Mas não adianta explicar, que neste momento o STF, está fazendo o certo, uma limpeza necessária.

    Pedem o rigor da lei para quem explicitamente queria nos pisotear.

    Pedir justiça com amplo direito de defesa numa ditadura é algo que nunca na vida aconteceu.

    O que escondem, sob o manto da liberdade de expressão é o desejo de uma ditadura.
    Não entendem que a tal liberdade de expressão, acabaria no mesmo instante que o ditador, qualquer um, sentasse na cadeira presidencial.

    O Sr. é um raro baluarte, pois, repito que, resumiu magistralmente meu pensamento e de outros tribunários também.

    Junte-se a nós, que somos poucos…

    Um forte abraço e muito obrigado pelo seu excelente, sucinto e cabal comentário.

    José Luis

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