Além de Braga, haverá outros presos e a pressão da anistia vai aumentar

Lott, um militar legalista e contra a corrente, tem biografia republicada -  Flávio Chaves

Marechal Lott, o legalista, ficou preso 15 dias em 1961

Roberto Nascimento

Braga Neto foi o primeiro general de quatro estrelas preso, o que tem causado um enorme espanto no Exército. Estão incomodados e pressionando Lula para trabalhar pela anistia.

Os golpistas são desumanos, torturam e matam em qualquer idade e na história do Brasil, estão sempre a postos para agir.

DOIS MARECHAIS – É bom lembrar que tivemos na história brasileira dois marechais presos. O primeiro foi o marechal-presidente Hermes da Fonseca, em 1922, que ficou seis meses detido.

O segundo marechal preso foi Henrique Teixeira Lott, em 1961, por 30 dias, mas só cumpriu 15 dias. Os militares golpistas daquela época não queriam que o vice João Goulart assumisse, e Lott fez uma carta-aberta à nação, protestando. Ficou preço três dias na insalubre Fortaleza da Laje, uma covardia, porque Lott tinha quase 70 anos.

O Poder Judiciário erra muito no Brasil, além de haver demandas que quase nunca acabam. Tem de tudo: juízes que sentam em cima dos processos, advogados que usam de artifícios para protelar as demandas, chicanas mil e um sistema de recursos sem fim, até chegar à prescrição e liberdade para todos.

PRISÃO DE BRAGA – Sem pretender captar o condão da verdade absoluta, inexistente na vida humana, entendo que a prisão de Braga Neto foi para impedir que atuasse contra as investigações em curso, mas isso seria improcedente, porque o inquérito já foi concluído e está sob análise da Procuradoria-Geral da República. No entanto, há fatos novos surgindo que podem justificar a prisão preventiva.

Braga Neto tentava acesso à delação de Mauro Cid, porque o tenente-coronel o acusou de financiar os “kids pretos” para assassinar autoridades. Cid relatou uma reunião na residência do general em Brasília e a pressão pesada que Braga fazia contra generais do Alto Comando, contrários ao golpe.

LOUCURA TOTAL – Falam muito no dia oito de janeiro de 2023, mas, o que tentaram fazer em dezembro de 2022 não tem precedentes na História do Brasil. Foi uma loucura total, a ponto de não estarmos livres de uma nova intentona golpista.

Esquerdistas, comunistas, humanistas, sindicalistas, que se cuidem. Ao invés da Polícia Federal as seis da manhã, poderemos receber uma patrulha militar a qualquer hora do dia, inclusive na calada da noite, para nos levar não se sabe aonde.

Militares e civis golpistas são desumanos. Desta vez, a conspiração fracassou. Agora, antes dos julgamentos, já existe uma pressão muito forte pela anistia, que só tende a aumentar.

OBS: Tenho duas referências no jornalismo e na experiência de vida: Pedro do Coutto e Carlos Newton. Aprendo com eles todos os dias, um presente que poucos têm. Jamais tive a petulância de discordar desses dois mestres. Mas aproveito a liberdade que eles nos proporcionam e não abro mão de emitir minha visão dos fatos, que algumas vezes não coincide com a opinião deles. E é isso que os dois mestres querem de nós, para mostrar o que é viver sob o signo da liberdade. (R.N.)

17 thoughts on “Além de Braga, haverá outros presos e a pressão da anistia vai aumentar

  1. Minha visão dos fatos é de que vem acontecendo um experimental laboratório, contendo extemporãneas cobaias e assim eliminadas, anistiando e premiando outras utilizadas em missões futuras num gradativo e multilateral avanço da maré vermelha, que ora grassa à contento, no Brasil e cuja agenda é mundial, como idéia fixa obrigatória a ser seguida pelos para tanto alçados!
    Quem por
    aqui, sente-se como “imperceptível” componente desse regimento?

  2. Entendo que nestas últimos 100 anos tivemos repetições dos fatos históricos de golpe de estado desde Getúlio Vargas até os dias de hoje pois os golpistas continuam usando do mesmo sistema de ações para conclusão de seus planos.

  3. Em 1954, tentaram uma intentona golpista contra o presidente Getúlio Vargas. O suicídio do presidente frustrou os golpistas. Foi uma comoção nacional. Vargas morava no Palácio do Catete e foi lá, que pôs fim a sua vida, em agosto de 1954.

    Tentaram, impedir a posse do vice- presidente João Goulart, com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961.
    Jango estava em visita a Pequim. Pegou um avião imediatamente, para assumir a vaca Cia de Poder. Mas, recebeu o recado: Se o avião com o vice, entrasse no espaço aéreo brasileiro nas asas da PANAIR, seria derrubado.
    Entrou em campo, o senador Tancredo Neves, que negociou com os militares. Jango aceitou o Parlamentarismo, com Tancredo como Primeiro Ministro. Assumiu tranquilamente. Meses depois, um Plebiscito comandado por Jango, restabeleceu o Presidencialismo. Porém, durou pouco, veio o Golpe de 31 de março de 1964.
    Jango se exilou no Uruguai.

      • Eu é que peço desculpas, Luiz Fernando Souza.
        Leonel Brizola tentou resistir ao Golpe contra Jango, mas, o Presidente obteve informações de que seria impossível frear o movimento golpista, sem um banho de sangue dos dois lados: legalistas e golpistas.

        Avaliou a possibilidade de uma guerra civil e recuou.

        Brizola não conseguiu conquistar o sonho da presidência da República.
        Faria uma revolução na Educação, construindo CIEPs pelo Brasil. A Elite brasileira tinha ódio do Brizola.

        • Ilustre R.Nascimento,
          Muito Obrigado pela sua gentileza.

          A observação que faço, é na posse de Jango Goulart.
          No fosse o movimento do governador LEONEL BRIZOLA, Jango não teria assumido a Presidência da República.

          De outra banda,Jango,claudicou ,não seguiu as orientações de BRIZOLA,e do Marechal Henrique Teixeira Lott.
          Preferiu as badalações do Jornal o Globo,e os conselhos do compadre Amaury Kruel.

          PS: BRIZOLA, já não era Governador RS,não tinha a Brigada Militar-PM, pra comandar uma reação.

  4. Não resta dúvida de que o golpismo assim como o populismo é a corrupção são características marcantes da política brasileira.
    Em 64, militares golpistas, aceitando a narrativa do agitador da direita radical, Carlos Lacerda, depunham da Presidência um latifundiário milionário acusado de comunista.

    • Em sua ativa e “ponti-ficada” multilateralidade, “ser-vis” arregimentados, para tanto alçados, vem sendo sistematicamente “extraídos do meio=derrubados=desmoralizados=mortos=assassinados”, após suas missões em etapas, terem sido realizadas à contento, quando não premiados invariavelmente pela impunidade, por “anistias e indenizações”, ora pois e porque: ” “G. – Você quer dizer que os maçons têm de morrer nas mãos da revolução que tem sido provocada com a sua cooperação?

      R. – Exatamente. Você ter formulado uma verdade que é velada por um grande segredo. Eu sou um pedreiro, você já sabia sobre isso. Não é assim? Bem, vou dizer-lhe esta grande segredo, o que eles prometem divulgar para um pedreiro em um dos graus mais elevados, mas que não é revelado a ele, quer no 25, nem o 33, nem o 93, nem qualquer outro nível elevado de qualquer ritual. É claro que eu sei disso não como um maçom, mas como alguém que pertence a “Them” …

      G. – E o que é?

      R. – Toda organização maçônica tenta atingir e criar todos os pré-requisitos necessários para o triunfo da revolução comunista; este é o objectivo claro da maçonaria; é claro que tudo isso é feito sob vários pretextos; mas eles sempre escondem-se por trás de seu slogan agudos bem conhecido. (Liberdade, Igualdade, Fraternidade -. Transl) Você entende? Mas desde que a revolução comunista tem em mente a liquidação, como uma classe, de toda a burguesia, a destruição física de todos os governantes políticos burgueses, segue-se que o verdadeiro segredo da alvenaria é o suicídio de maçonaria como uma organização, e o suicídio físico de cada maçon mais importante. Você pode, é claro, entender que tal um fim, que está sendo preparado para cada pedreiro, merece plenamente o sigilo, decorativo e a inclusão de mais uma série whoie de segredos, com vista a esconder o real. Se um dia você vier a estar presente em algum revolução futuro, então não perca a oportunidade de observar os gestos de surpresa e a expressão de estupidez no rosto de algum maçom no momento em que ele percebe que ele deve morrer nas mãos do revolucionários. Como ele grita e quer que se deve valorizar seus serviços para a revolução! É uma visão em que se pode morrer … mas de riso.

      G. – E você ainda nega a estupidez inata da “burguesia”?

      R. – Eu nego-o na burguesia como classe, mas não em determinados sectores. A existência de manicômios não prova loucura universal. A Maçonaria é também um hospício, mas em liberdade.”

      ” Descrição da Organização da Maçonaria.”
      “Ouçamos o autor maçom Manly P. Hall descrever essa organização bidimensional que é a Maçonaria. A Maçonaria é formada de duas organizações distintamente diferentes, uma visível, e a outra invisível. Hall descreve essa organização de dois níveis: (Hall foi honrado pelo The Scottish Rite Journal, que o chamou de “O Ilustre Manly P. Hall’, em setembro de 1990, e também de “O Maior Filósofo da Maçonaria”, dizendo, “O mundo é um lugar muito melhor por causa de Manly P. Hall, e somos melhores pessoas for termos conhecido a ele e a sua obra”). Isto foi o que Manly P. Hall escreveu:

      “A Maçonaria é uma fraternidade dentro de uma fraternidade — uma organização exterior que esconde uma irmandade interior dos eleitos… é necessário estabelecer a existência dessas duas ordens separadas, porém independentes, a visível e a outra invisível. A sociedade visível é uma esplêndida camaradagem de homens ‘livres e aceitos’ que se reúnem para dedicarem seu tempo às atividades éticas, educacionais, fraternais, patrióticas e humanitárias. A sociedade invisível é uma fraternidade secreta e augustíssima (de majestosa dignidade e grandiosidade), cujos membros dedicam-se ao serviço dos arcanos [segredos, mistérios].” [Lectures on Ancient Philosophy, Manly P. Hall, pág. 433]

      Muitos homens bem intencionados são membros dessa sociedade visível sem saberem absolutamente nada da sociedade invisível. Na verdade, Albert Pike, um dos mais importantes autores maçons, teve algumas coisas a dizer sobre os irmãos da sociedade visível: “A Maçonaria, como todas as religiões, todos os mistérios, o Hermetismo, e a Alquimia, esconde seus segredos de todos, exceto dos adeptos e sábios, ou eleitos, e usa falsas explicações e falsas interpretações sobre seus símbolos para enganar aqueles que merecem somente ser enganados; para esconder a verdade, que chama de Luz, e afastá-los dela.” [Morals and Dogma (leia a resenha), págs. 104-5, Terceiro Grau].

      Pike diz que a Maçonaria é uma religião, da ordem dos mistérios satânicos, da mesma categoria que a Filosofia Hermética e a Alquimia! A Maçonaria esconde seus segredos dos irmãos que estão na sociedade visível exterior, independente do grau deles; somente os eleitos na sociedade invisível interna é que conhecem a verdade. Os pobres irmãos na sociedade visível recebem uma dieta de “falsas explicações e falsas interpretações” de seus símbolos — Por que razão? Esses pobres homens na sociedade visível “merecem somente ser enganados”.

  5. A defesa de Moraes é aumentar a pressão e a dose dos ataques.

    Há pouco tempo era Moro com a Lava Jato botando pressão na rede de corrupção que retornou.

    Apagaram tudo. Ficou coberto de cinza.

    “Neste circo, os palhaços somos nós”, símbolo dos protestos de 2013, que começaram com a covardia policial reprimindo e espancando professores segue atual.

    Não estamos em uma democracia.

    Os privilégios das castas superiores (magistrados, “empresários” amigos da corte) nunca estiveram tão fortalecidos.

    A prisão de Braga é simbólica e deveria ser expandida para todos, demonstrando o mínimo de seriedade.

    Ninguém quer outro processo do Mensalão e outra Lava Jato.

    Muita grana desviada, poca grana retornada e os crimes existiram e isso é fato.

    Assim como a total impunidade também é.

    E o povo assiste bestializado, Machado, esse arremedo de “República” desde 1889.

  6. Imprensa à época da “Revolução”:

    O golpismo do jornal O Globo

    “Salvos da comunização que celeremente se prepararam, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapou o significado das manobras presidenciais”. O Globo, 2 de abril de 1964.

    “Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada…, atendendo aos anseios nacionais de paz, tranquilidade e progresso… As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de suas direitos, livrando-a do amargo fim que lhe foi reservado pelos riscos que havia envolvido o Executivo Federal”. O Globo, 2 de abril de 1964.

    “Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos… Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes aos seus chefes, revelaram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumores contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a âncora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassinato das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964.

    “A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.

    Conluio dos jornais golpistas

    “Minas desta vez está conosco… Dentro de algumas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se verá às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.

    “Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de vontade legítima popular ao Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comunitários-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passou outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da Imprensa, 2 de abril de 1964. (Helio Fernandes)

    “Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade… Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a posição militar. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

    “Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.

    “Pontes de Miranda diz que as Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.

    “Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.

    “A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíram das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.

    “A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja contada, que os ânimos postos sejam a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deve ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de 1964.

    “Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República… O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de abril de 1964.

    Apoio à ditadura sanguinária

    “Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1971.

    “Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, a menos que ela não mova o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.

    “Participamos da Revolução de 1964 identificadas com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984.

    Mas São Hélio Fernandes não era democrata ?

      • Stephen Kanitz
        A História Não Contada de 1964.
        Por que intelectuais, jornalistas, historiadores, professores e escritores tem tanto ódio dos militares brasileiros?

        A razão jamais divulgada, até hoje, é essa.

        Uma semana depois de assumirem o governo, os militares patrocinaram uma emenda constitucional que se tornaria o maior erro deles.

        Promoveram a emenda constitucional número 9 de 22 Julho de 1964, e logo aprovada 81 dias depois.

        Essa emenda passou a obrigar todo jornalista, escritor e professor deste país a pagarem imposto de renda, algo que nenhum destes faziam desde 1934.

        Pasmem.

        Este é um dos segredos mais bem guardado pelos nossos professores de história, a ponto de nem os novos militares, jornalistas, professores de história e escritores de hoje sabem o que ocorreu de fato.

        Além de serem isentos do IR, jornalistas tinham financiamento imobiliário grátis, vôos de avião grátis, viviam como reis.

        Nenhum livro de história, nenhum jornalista de esquerda jamais irá lhes lembrar que o Artigo 113, 36 da Constituição de 1934 e repetido no artigo 203 da constituição de 1946, rezava o seguinte.

        203 .“Nenhum imposto gravará diretamente a profissão de escritor, jornalista ou professor.”

        Por 30 anos foi uma farra, algumas faculdades vendiam diplomas de jornalista “até arcebispo era jornalista.”

        Por 30 anos esse favoritismo classista era um nó na garganta de nossos médicos, enfermeiras, bombeiros, polícias e militares, que se sacrificavam pelos outros sem reconhecimento.

        Que mérito especiais tinham esses privilegiados, além a de poderem chantagear governos, que muitos faziam.

        Especialmente os privilegiados de esquerda, pois o Imposto de Renda é o imposto que por definição distribui a renda dos mais ricos para os mais pobres.

        Hipocrisia intelectual maior não há.

        Até a família Mesquita entrou na justiça pleiteando a isenção dos lucros do Estadão, alegando que os lucros advinham de suas profissões de jornalistas.

        Só que com esta medida os militares de 1964 antagonizaram, em menos de dois meses de poder, toda a elite intelectual deste país.

        Antagonizaram aqueles que até hoje fazem o coração e as mentes dos jovens.

        “Grande parte dos jornalistas que tiveram suas crônicas coletadas para este livro, Alceu de Amoroso Lima, Antônio Callado, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Heitor Cony, Edmundo Moniz, Newton Rodrigues, Otto Lara Resende, Otto Maria Carpeaux, entre outros, foram aqueles que logo se arrependeram do apoio dado ao golpe.”

        Essa gente apoiou a luta pela democracia, ela só se tornou golpe depois da PEC que tirou seus privilégios classista.

        “Jornalistas apoiaram o regime, mas antes dele fazer aniversário de um ano, já eram adversários do regime que ajudaram a instalar”, continua Alzira Alves.

        Só por que mexeram no bolso dos jornalistas e historiadores, dos intelectuais a professores, numa medida justa, democrática, e que combateu a má distribuição da renda, que esses canalhas incentivavam.

        Se os militares fossem de fato de direita, como jornalistas, professores de história e escritores não pararam de divulgar, eles teriam feito o contrário.

        Eles se incluíram nesta lista classista.

        Mas foram éticos e não o fizeram.

        Jornalistas também não pagavam imposto predial1, imposto de transmissão1, imposto complementar2, isenção em viagens de navio, transporte gratuito ou com desconto nas estradas de ferro da União, 50% de desconto no valor das passagens aéreas e nas casas de diversões.

        Devido a estas isenções na compra de casa própria, a maioria dos jornalistas tinha pesadas dívidas, e a queda de 15% nos seus salários causou sérios problemas financeiros e familiares.

        Some-se a inflação galopante que se seguiu, o baixo crescimento do PIB, e levaria uns 10 a 15 anos para esses jornalistas, escritores e professores recuperarem o padrão de vida que tinham antes.

        O “golpe” que os militares causaram foi esse.

        Contra os intelectuais e não contra a nação.”

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