Desidratação do projeto de ajuste fiscal preocupa governo Lula

Charge do Benett (folha.uol.com.br)

Pedro do Coutto

Pesquisa do Datafolha publicada no O Globo de ontem, e comentada por Luiz Felipe Azevedo, revela que a gestão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é aprovada por 27% dos brasileiros e rejeitada por 34%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

O levantamento foi feito duas semanas após o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo Lula, em 27 de novembro. A estimativa do governo é economizar R$ 70 bilhões nas contas públicas em 2025 e 2026. Ao mesmo tempo, a gestão Haddad anunciou a isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês e nova alíquota para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês.

DÓLAR – Entre o anúncio do pacote e a pesquisa Datafolha, o dólar ultrapassou a cotação de R$ 6 pela primeira vez na história e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa Selic de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano.

A dificuldade de Haddad em aprovar o ajuste fiscal é acompanhada por uma maioria parlamentar que tem como objetivo algumas desidratações no projeto do governo que está no Congresso. A preocupação do presidente Lula a partir de agora é que o projeto de ajuste fiscal não sofra outras mudanças da matéria no Congresso.

Essa desidratação poderá ocorrer através de emendas parlamentares que descaracterizam o projeto como um todo e, na verdade, vem sendo esboçada ao longo dos últimos meses, e que não serve ao governo ou ao país.

AJUSTE FISCAL – É uma semana decisiva, a próxima, no final do ano, nessa matéria de ajuste fiscal que custa a ser votada. Uma parcela grande de deputados tem emendas como poder de negociação com o governo na base da aprovação ou desaprovação que poderão levar o orçamento do exercício de 2025 para uma peça extremamente complicada para ser executada.

O presidente Lula já se manifestou contrário à desidratação através das emendas parlamentares, e assim o governo atravessa um período difícil em sua administração porque ou ele cede nas emendas parlamentares e descaracteriza o projeto ou não faz nada disso e encontrará oposição no Plenário, sobretudo pela Câmara Federal.

6 thoughts on “Desidratação do projeto de ajuste fiscal preocupa governo Lula

  1. “Foi o Exército que evitou o golpe tramado por militares”?

    O famigerado golpe ‘deu-se” no dia 8 de janeiro com a invasão e o quebra-quebra das sedes dos três poderes. E só não se consumou efetivamente porque Bolsonaro, líder de araque, tinha sorrateiro e covardemente fugido para o exterior.

    Caso tivesse ficado em Brasília, era só ele chegar (ovacionado) até o gabinete da presidência, que os golpistas já tinham até espanado a poeira da cadeira presidencial para ele sentar-se e assumir o comando do país como ditador.

    (Registre-se, inclusive, que Lula e Alckmin, amedrontados, também já tinham – covarde e sorrateiramente – fugido da capital. O primeiro, para Araraquara, e o segundo, para Pindamonhangaba.)

    E o pessoal do título, que ora dizem ter evitado o golpe, apareceriam imediatamente em seguida dando o apoio e a segurança necessários à instalação e ao funcionamento do novo governo, sob os princípios de “Ordem e Progresso”.

    Alguém teria alguma dúvida disso, numa análise serena?

    • Que golpe? O que houve foi uma invasão de arruaceiros autorizada pelo então ministro da Justiça, Flavio Dino. O resto é conversa de botequim para justificar o fiasco do governo do Ladrão.

  2. O capitalismo financeiro é insaciável, sempre quer mais. E o BC que se diz independente, se rende ao tal “mercado”, em suma, é um vassalo do financeirismo, uma arma que ameaça o cidadão comum. É só ver que já anunciou altas seguidas da Selic, sinalizando que os juros futuros sigam nas alturas.

    E o Congresso, ao avançar cada vez mais no orçamento da União, usurpou as tarefas do executivo, sem o ônus do governo. E pior, sem a transparência necessária. Daí a eclosão de corrupção em vários municípios, Brasil afora.

    E temos ainda os que ganham mais que querem os benefícios, mas não as contrapartidas. Por isso, a maioria é contra qualquer coisa que sirva para amenizar as agruras de quem pouco possui.

    Não à toa, as soluções do mercado financeiro e de analistas, vão sempre no sentido que os cortes de gastos são insuficientes, porém poucos têm coragem de falar quem deve ser sacrificado. Mas precisa?

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