Blinken diz a Lula que não há genocídio em Gaza e relata história do Holocausto

Lula recebeu o secretário norte-americano de Estado

Marianna Holanda
Folha

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou ao presidente Lula (PT) nesta quarta-feira (21) que os Estados Unidos discordam das acusações que apontam Israel como autor de genocídio na Faixa de Gaza.

Dias depois de Lula ter comparado a ação israelense ao Holocausto nazista, o secretário de Estado americano aproveitou a reunião com o presidente para dar um depoimento de cunho pessoal: segundo relatos, mencionou a Lula a história de seu padrasto, Samuel Pisar, sobrevivente de campos de concentração nazista.

CRISE DIPLOMÁTICA – Blinken chegou ao Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira. A reunião ocorreu ainda sob a repercussão das declarações de Lula no domingo (18), na Etiópia.

A comparação da ofensiva militar de Tel Aviv em Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial desencadeou uma crise diplomática com o governo de Binyamin Netanyahu, fez Lula ser declarado persona non grata em Israel, gerou críticas da comunidade judaica no Brasil e deu combustível para a oposição bolsonarista desgastar o governo.

Como resposta, o Itamaraty convocou o embaixador do Brasil em Tel Aviv para consultas e avalia expulsar o embaixador israelense caso a tensão diplomática se agrave.

NÃO HÁ GENOCÍDIO – De acordo com relatos, Blinken reafirmou a Lula a posição americana de que não há genocídio em Gaza, mas sem citar diretamente a fala do brasileiro na Etiópia. Nesse contexto, Blinken, que é judeu, abordou a história de seu padrasto —Pisar, morto em 2015, que era criança quando foi mandado a Auschwitz, o mais famoso dos campos de concentração.

Também durante o encontro, Blinken defendeu a criação de um Estado da Palestina, mas ressaltou outros tópicos já públicos da diplomacia americana, entre eles a de que preocupações de segurança de Israel precisam ser consideradas.

A chamada solução de dois Estados é, historicamente, uma posição defendida pela diplomacia brasileira.

VERSÃO OFICIAL – “O secretário teve a oportunidade de discutir os comentários com o presidente Lula hoje, no seu encontro, no contexto da discussão ampla sobre o conflito em Gaza, e deixou claro, como eu fiz ontem [terça], que são comentários com os quais não concordamos”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em entrevista coletiva em Washington.

Na véspera, ele havia afirmado a posição da Casa Branca —”não acreditamos que o que tem ocorrido em Gaza seja genocídio”.

Auxiliares palacianos celebraram o fato de a solução de dois Estados ter sido reforçada por Blinken na reunião com Lula, por destacar convergência com o Brasil. O encontro durou quase duas horas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nos últimos dias, Lula tem tomado aulas seguidas sobre Hitler. Espera-se que  tenha aprendido alguma coisa. (C.N.)

General Braga Netto fica isolado e sem interlocução com os militares

Braga Netto tenta driblar problemas jurídicos para disputar as eleições |  VEJA

Braga Netto acabou mostrando que é um mau militar

Bela Megale
O Globo

As mensagens reveladas pela Polícia Federal mostrando a atuação golpista do ex-ministro Walter Braga Netto deixaram o general da reserva isolado e sem interlocução com as Forças Armadas. A atuação de Braga Netto já era questionada internamente por parte dos militares que o considera “excessivamente subserviente a Jair Bolsonaro”.

Os ataques estimulados por ele a comandantes das Forças que não aderiram ao golpismo, porém, foram considerados “imperdoáveis” e o deixaram na “pior situação possível” junto à cúpula do Exército, tanto na atual gestão quanto na anterior.

ATAQUES AO COMANDO – Uma das atitudes que mais incomodaram a caserna foi a orientação de Braga Netto ao ex-capitão Ailton Barros, cinco dias após a diplomação de Lula como presidente, na qual pede para “viralizar” ataques ao general Tomás Paiva, que desde fevereiro passado é o comandante do Exército.

Outro alvo foi o general Freire Gomes, que comandou a Força nos dois últimos anos da gestão Bolsonaro. Braga Netto se referiu ao militar como “cagão”, e pediu a Barros que a “cabeça dele seja oferecida”, por não embarcar no plano golpista.

Nesta quinta-feira, o general Braga Netto é um dos 10 investigados a depor na PF simultaneamente com Bolsonaro, que deve reivindicar o direito de ficar em silêncio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAcredito que Braga Netto trabalhava em causa própria. Se o Alto Comando do Exército tivesse concordado com o golpe, o ditador seria ele, jamais Bolsonaro. E assim caminha a Humanidade, diria o genial cineasta George Stevens. (C.N.)

Neonazistas na Alemanha sonham (?) em expulsar os alemães não-arianos  

Imigrantes organizam protestos contra o neonazismo

Deu na Folha

Uma investigação jornalística publicada em janeiro abalou a vida política da Alemanha e gerou protestos no país. Há pouco mais de um mês, o portal independente Correctiv publicou detalhes de uma reunião entre empresários, profissionais liberais, neonazistas e políticos do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha), ocorrida em Potsdam, no leste do país.

Convocado por um militante da extrema-direita alemã e por um empresário do setor da alimentação, o encontro aconteceu em 25 de novembro de 2023. A pauta: um plano de deportação de milhões de alemães – com e sem cidadania – com base em critérios raciais.

SOB SIGILO – A reunião deveria ser secreta, e por isso os convites foram feitos por meio de cartas. Algumas delas, contudo, vazaram para o Correctiv, que enviou um repórter infiltrado ao hotel, sob nome falso, na noite do encontro.

O jornalista conseguiu identificar os presentes por meio de conversas e de imagens tiradas com câmeras escondidas do lado de fora do edifício.

Descobriu que, durante o evento, o conhecido líder austríaco neonazista Martin Sellner apresentou o seu “plano de mestre”, que consistia na deportação de milhões de refugiados políticos, cidadãos estrangeiros com visto de residência e cidadãos alemães “não-assimilados” – na prática, qualquer descendente de imigrantes.

PARA A ÁFRICA – Essas pessoas seriam enviadas para um “Estado modelo” na África, esquema que remonta à ideia nazista de enviar judeus para Madagascar.

Segundo a reportagem, nenhum dos presentes se opôs ao plano. Houve apenas ponderações quanto a sua viabilidade.

Entre os que prestigiaram o encontro, havia políticos, como uma deputada federal – que defendeu a deportação em massa –, um deputado estadual do AfD – que pediu doações de campanhav–, e um ex-deputado federal do mesmo partido, secretário da presidente do AfD, Alice Weidel.

EM ALTA – O AfD cresceu na Alemanha nos últimos. Tem 13% dos assentos no parlamento e um número considerável de deputados estaduais, além de liderar pesquisas de intenção de voto nas eleições estaduais de 2024. Uma de suas principais pautas é o combate à imigração.

As revelações provocaram grandes protestos e a reação de autoridades. No último dia 4, por exemplo, cerca de 200 mil pessoas saíram às ruas para protestar contra a ideia de “remigração”, como é chamado o plano de deportação em massa.

Também fizeram cair, ainda que ligeiramente, a popularidade do AfD.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os nazistas não morreram nem morrerão. Os problemas causados pela imigração fortaleceram seus líderes, mas não há chance de dominarem o país. Fazem muita marola, mas são desprezados pela maioria da população. (C.N.)

Barroso culpa Bolsonaro “por levar generais a subirem nos palanques” 

O presidente do STF, Luis Roberto Barroso, disse que "má liderança" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) colocou "generais no palanque"

“General subir em palanque é a pior coisa”, afirma Barroso

Gabriel de Sousa
Estadão

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quarta-feira, 21, que a “má liderança” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trouxe generais das Forças Armadas aos palanques políticos. Segundo Barroso, isso seria a “pior coisa que existe para a democracia”.

A afirmação do presidente do STF foi em uma entrevista para a GloboNews nesta quarta-feira, 21. Barroso associou a politização dos quartéis com as provas obtidas pela Operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada no último 8 e tornou Bolsonaro e militares de alta patente suspeitos de planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022.

 A PIOR COISA – “A pior coisa que existe para a democracia é general em palanque. Acho que houve uma politização indevida a ser lamentada, mas acho que as instituições prevaleceram, conseguimos recuperar a institucionalidade”, disse Barroso.

O presidente do Supremo disse também que a “assombração do golpismo” foi revivida pelo último governo. Segundo o magistrado, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica tinham adotado uma postura democrática após a promulgação da Constituição de 1988.

“A verdade é que as Forças Armadas no período pós-1988 haviam tido um comportamento exemplar e recuperado o prestígio que eu acho que a instituição merece”, afirmou o presidente do STF.

TRANSPARÊNCIA – O presidente da Corte também relembrou o período em que comandou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). entre maio de 2020 e fevereiro de 2022, e convidou as Forças Armadas para uma comissão de transparência sobre as urnas eletrônicas.

De acordo com Barroso, os militares tiveram um “comportamento bastante decepcionante” e foram “manipulados” para levantar dúvidas infundadas sobre a lisura do processo de votação brasileiro.

“Chamei as Forças Armadas, e preciso dizer, lamentando muito, que tiveram um comportamento bastante decepcionante. Chamei para dar transparência, para ajudar na segurança, para prestigiar a instituição e eles acabaram sendo manipulados para levantar desconfianças e suspeitas infundadas”, afirmou Barroso à GloboNews.

MILITARES, FORA – Em setembro do ano passado, o plenário do TSE decidiu retirar, por unanimidade, as Forças Armadas da comissão de transparência sobre as urnas.

O relator da decisão foi o atual presidente da Corte, Alexandre de Moraes, que julgou a participação dos militares como “absolutamente incompatível” com as necessidades da Justiça Eleitoral.

Seis meses depois, os militares estão no centro da investigação da PF sobre tentativa de golpe Entre os alvos da operação do último dia 8, que foi ordenada por Moraes, estão os ex-ministros militares de Bolsonaro Walter Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI) e os ex-comandantes das Forças Armadas Paulo Sérgio Nogueira (Exército) e Almir Garnier Santos (Marinha). A lista de investigados também conta com outros 13 integrantes das Forças, alocados na ativa e na reserva.

GOLPE DE ESTADO – Segundo Moraes, os militares, junto com assessores e ex-ministros de Bolsonaro, estavam planejando a execução de um golpe de Estado em uma organização formada por, pelo menos, seis diferentes tipos de atuação. As tarefas das frentes tinham três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe e abolir o Estado Democrático de Direito, para manter a permanência de seu grupo no poder.

Nesta última sexta-feira, 16, os Clubes Militares do Exército, Marinha e Aeronáutica publicaram uma nota conjunta afirmando que há uma “apreensão” com a “exposição de distintos chefes” das Forças Armadas.

Os militares também disseram que as suspeitas de envolvimento em atos golpes são insustentáveis se forem consideradas as histórias de vida dos oficiais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Todo crime é passível de punição, não interessa o passado do criminoso. Neste ponto, militares e civis são rigorosamente iguais. O que fizeram de errado no decorrer da vida pode até servir de agravante, mas o que fizeram de bom não serve como atenuante, porque se parte do princípio de que as pessoas não devem errar. (C.N.)

Sem base legal, o PT tenta impedir o ato do Bolsonaro na Av. Paulista

Lula não tem de recuar sobre Israel, diz Gleisi - 19/02/2024 - Mundo - Folha

Gleisi pensa (?) que a Justiça vai impedir a manifestação

Vinícius Sales
Gazeta do Povo

Ao protocolar uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o ato convocado para o dia 25 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta terça-feira (20), o Partido dos Trabalhadores tem como estratégia classificar o ato como antidemocrático e imputar crimes aos participantes do evento.

A legenda solicitou ao MPE que determine medidas de prevenção e investigação para conter eventuais crimes contra o Estado Democrático de Direito, de financiamento irregular e de propaganda eleitoral antecipada. Os autores ainda argumentaram que a manifestação pode virar um “novo 8 de Janeiro”, em referência à invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília.

DIREITO DE REUNIÃO – Em contrapartida, a defesa do ex-presidente Bolsonaro já havia acionado o STF, no fim de semana, para garantir que ele possa discursar durante o evento deste domingo.

Segundo o jornal O Globo, o advogado de Bolsonaro, Jeffrey Chiquini, pediu que a presença do ex-mandatário e o discurso dele “sejam garantidos como exercício constitucional da manifestação do pensamento e direito legítimo de reunião”. A análise deve ser feita pelo ministro Luiz Fux, segundo o advogado.

Além dessa representação do PT ao MPE, publicações de importantes figuras da legenda mostram o tom adotado pela esquerda para tentar minar o ato convocado por Bolsonaro. Em seu perfil no “X” (antigo Twitter), o líder da bancada do partido na Câmara dos Deputado, deputado Odair Cunha (MG), afirmou que o ex-presidente busca “comparsas” ao convocar a manifestação.

DIZ O PETISTA – “Os próprios aliados de Bolsonaro já sabem: ele procura por comparsas. E aqueles que participarem de mais essa manifestação golpista convocada por ele poderão incorrer nos mesmos crimes que o inelegível. Bolsonaro nunca defendeu a democracia antes, e não será agora que o fará”, disse o parlamentar na última sexta-feira (16).

A tese de uma manifestação golpista também foi ventilada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Em suas redes sociais, ele classificou a manifestação como “tapetão”.

“Sabendo que será preso, mais cedo ou mais tarde, Bolsonaro quer pressionar as autoridades judiciais e a polícia com manifestações a seu favor. Quer se impor no ‘tapetão’. Quer permanecer livre para continuar a ameaçar a democracia”, disse o deputado.

GLEISI ATACA – Já para a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, manifestação na Paulista não será para Bolsonaro se defender, e sim para “se contrapor ao devido processo legal, já que as provas contra ele e sua turma não param de aparecer”.

“É esse chefe terrorista que agora invoca, em seu exclusivo benefício, o estado de direito e a liberdade de expressão e manifestação que tentou, reiteradas vezes, destruir. É esse fascista que agora quer vestir o manto da democracia para mais uma vez atacá-la”, atacou Gleisi em uma longa postagem na rede social X, citando uma lista de supostas ações que ela atribuI ao ex-presidente, como manifestações em rodovias, decreto de estado de sítio, etc.

Porém, na leitura do cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Belo Horizonte, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá adotar uma estratégia “tradicional” do mundo político.

SEM NOVIDADES – “É um roteiro conhecido. Eles querem transmitir que Bolsonaro está querendo atentar contra a democracia brasileira, que está querendo desestabilizar as instituições do Estado Democrático de Direito, que está querendo caracterizar como perseguição política um processo que seria da Justiça, que vai tentar também explorar eventuais ausências em termos de apoio político. Esse é o roteiro tradicional dos últimos meses”, disse Cerqueira.

Comentando o caso, o cientista político Elton Gomes, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), avalia que o objetivo do PT é fragilizar Bolsonaro em um momento em que demonstra força. “É interessante para o presidente Lula e para o seu grupo político eliminar as capacidades de Bolsonaro como cabo eleitoral, como alguém que pode subir no palanque e transferir votos”, disse Gomes.

E acrescentou: “A estratégia de você questionar a legalidade, acionar os meios legais, fazer pressão sobre figuras da magistratura, em especial ministro de Tribunais Superiores, promover uma ofensiva judicial e policial, tudo isso é interessante para o PT, porque mesmo que não leve o adversário à prisão, deixa o Bolsonaro em uma situação de fragilidade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 A matéria enviada por Mário Assis Causanilhas mostra que a iniciativa do PT é uma bobajada, como se diz atualmente. A Constituição assegura o direito de manifestação, desde que haja respeito às instituições. Por isso Bolsonaro pede que não levem faixas e cartazes. Na forma da lei, a população não pode ser impedida de se manifestar. (C.N.)

Ao atacar Israel, Lula abriu guerra também contra o eleitor evangélico

Lula monta força-tarefa para aproximação com evangélicos - 20/07/2023 -  Poder - Folha

Lula até se esforça, mas os evangélicos não o suportam

Bruno Soller
Estadão

“Quem acrescenta coisas à verdade está a diminuí-la” é um ensinamento judaico escrito no Talmude, que cabe muito bem à irresponsável fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro da cúpula da União Africana, na Etiópia, em que comparou as ações de guerra promovidas por Israel contra o grupo terrorista Hamas ao holocausto sofrido pelo povo judeu, um dos episódios mais abomináveis da história da humanidade, que culminou na morte de 6 milhões de pessoas.

Não bastassem os efeitos diplomáticos, que vão na contramão da posição histórica do Itamaraty, Lula não só convidou para o ringue a pequena, porém influente comunidade judaica brasileira, mas também uma grande parcela de um público, que o governo buscava se aproximar e que é repelido pela desastrosa declaração: o evangélico.

LIGAÇÕES PRÓXIMAS – Qualquer pessoa que fizer uma breve incursão em uma comunidade brasileira e olhar com atenção para os altares das mais diversas Igrejas evangélicas, com absoluta certeza, enxergará em boa parte delas uma bandeira de Israel.

A associação dos evangélicos com a Terra Prometida é grande e tem raízes teológicas profundas. Muitas Igrejas, principalmente as neopentecostais, seguem boa parte dos rituais do Antigo Testamento da Bíblia Cristã, que é basicamente a Torá Judaica.

Jesus Cristo era judeu e a diferença básica entre o cristianismo e o judaísmo é que aqueles que creem em Jesus, o enxergam como o Messias, o legítimo filho de Deus. Para os judeus, Jesus foi um importante profeta, mas não o Salvador. Para os cristãos existe um Novo Testamento a partir de Cristo e é aí que se diferenciam as religiões.

A MESMA ORIGEM – A pregação de todo o Antigo Testamento, entretanto, é a mesma e os profetas que antecederam Jesus são também cultuados pelos cristãos. Uma das mais importantes seitas evangélicas brasileiras, a Igreja Universal do Reino de Deus, tem como sua catedral uma réplica perfeita, instaurada no centro da capital paulista, do Templo de Salomão.

 O bispo Edir Macedo, líder da IURD, foi o responsável por construir essa casa de orações que remete a Salomão, filho de Davi, o Rei de Israel, considerado um dos homens mais sábios e justos de toda a história bíblica.

O próprio bispo apareceu em público, na inauguração do Templo, utilizando-se do quipá, um chapéu diminuto, utilizado pelos judeus, que simboliza o temor a Deus sobre a cabeça, e do talit, o xale das orações.

LIGAÇÕES PRÓXIMAS – Essa relação entre evangélicos e Israel ultrapassa as fronteiras brasileiras. Nos Estados Unidos houve uma verdadeira comoção por parte dos líderes cristãos quando Donald Trump anunciou a mudança da embaixada americana para Jerusalém.

Uma pesquisa da Pew Research mostrou que 82% dos WASPs, sigla para caracterizar os protestantes brancos, acreditam que Deus cedeu Israel ao povo judaico, número superior ao dos próprios judeus. Não à toa, esse público foi considerado a base mais fiel eleitoral de Trump na sua tentativa de reeleição.

A ascensão do protestantismo é a grande mudança de perfil sociológico que o Brasil experimentou nos últimos 35 anos. Em 1989, quando da primeira eleição para presidente da República após a ditadura militar, eram apenas 9% os brasileiros que se diziam evangélicos. Hoje, mais de 1/3 da população brasileira se declara desta fé.

FRENTE PARLAMENTAR – A proliferação evangélica é visível e sentida, seja na quantidade de novas Igrejas que surgem, seja na própria disseminação de conteúdo religioso nos meios de comunicação. O Congresso Nacional, por exemplo, tem, hoje, 132 deputados federais e 14 senadores que compõem a Frente Parlamentar Evangélica.

Sabedor de sua dificuldade com o público evangélico, depois do bolsonarismo ter chegado ao poder, Lula emitiu durante o segundo turno das eleições presidenciais uma carta aos evangélicos. Nela, reforçava o respeito à liberdade de culto e desmentia a ideia de que perseguiria e fecharia templos religiosos.

Para Lula, resta se redimir. Se quiser ainda dialogar com essa importante fatia do eleitorado brasileiro, o presidente precisará antes de mais nada assumir seu erro, se mostrar falho, para a partir daí ter a possibilidade de reconquistá-los.

Pedido para garantir Bolsonaro em ato na Av. Paulista será analisado por Fux

CHARGE FALADA #01 - Bolsonaro e o leite condensado - CHARGE FALADA | Acast

Charge de Miguel Paiva e Aroeira (Arquivo Google)

Rodrigo Castro
O Globo

O ministro Luiz Fux é quem vai analisar o pedido do advogado Jeffrey Chiquini, que impetrou um habeas corpus preventivo juntoO ao STF para garantir a livre participação de Jair Bolsonaro no ato em São Paulo.

Na petição, o advogado evocou o regimento interno da Corte ao argumentar que o HC deveria ser distribuído a um ministro diferente do relator, ou seja, não poderia ser apreciado por Alexandre de Moraes. E deu certo.

AMEAÇA DE PRISÃO – O pedido feito ao Supremo se deve, segundo Chiquini, ao risco de Bolsonaro ter sua liberdade cerceada em razão da recente decisão de Moraes que determinou o confisco do passaporte do ex-presidente e o impediu de se comunicar com investigados que teriam planejado um golpe de Estado.

O advogado, que já defendeu o ex- BBB Diego Alemão, quer que a presença do ex-presidente e seus pronunciamentos no ato sejam garantidos e reconhecidos como exercício constitucional da manifestação do pensamento e direito legítimo de reunião.

Entre as justificativas, o documento cita a que a decretação de prisão preventiva de Bolsonaro é uma “medida vislumbrada num horizonte próximo” e “alardeada por setores da sociedade”.

O habeas corpus está em segredo de Justiça.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Matéria enviada por José Guilherme.  Não há ameaça concreta de prisão de Bolsonaro. Mas o advogado é esperto e garantiu seus 15 minutos de fama. Para impetrar habeas corpus não é necessário autorização do cliente, no caso, Bolsonro. Assim, Fux vai garantir a presença do ex-presidente no domingo, até porque o ministro não pode proibir o que é garantido em lei. (C.N.)

Contador de Lula e Lulinha trabalha na lavagem do dinheiro sujo do PCC

Muniz Leite prestou depoimento no caso do tríplex do Guarujá ao então juiz Sérgio Moro

Contador alega que já ganhou umas 250 vezes na Loteria

Marcelo Godoy e Heitor Mazzoco
Estadão

João Muniz Leite, de 60 anos, que já prestou serviços de contabilidade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao filho dele, contou ter ganhado 250 vezes em loterias. Só em 2021, foram 55 vezes. Ele estima que, somados, os prêmios chegaram a R$ 20 milhões. A revelação está em depoimento sigiloso de Muniz à polícia ao qual o Estadão teve acesso.

Muniz era homem de confiança do advogado Roberto Teixeira, o compadre de Lula, trabalhou como contador do filho do presidente Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, e já prestou serviços para o próprio Lula. Ele chegou a ser ouvido como testemunha durante a Operação Lava Jato no processo do caso do triplex do Guarujá, pelo então juiz Sérgio Moro.

DEPOIMENTO – Na ocasião, ele afirmou que fez a declaração de Lula entre os anos de 2011 a 2015, no escritório de Roberto Teixeira, a quem prestou serviços por 14 anos, como contador de suas empresas: o escritório de advocacia e duas firmas de administração de imóveis.

A oitiva foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF), na investigação sobre a possível falsificação de recibos de um imóvel vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo. Naquele depoimento, o contador negou que os recibos fossem falsos.

De 11 de novembro de 2019 até 31 de julho de 2023, segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, Lulinha manteve uma de suas empresas, a G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda, registrada no mesmo endereço do escritório de Muniz, em Pinheiros, na zona oeste.

DIZ O ADVOGADO – A defesa de Lulinha diz que as investigações sobre Muniz nunca atingiram o filho do presidente. Já o Palácio do Planalto afirmou que Lula não tem laços com o contador, que fez apenas poucas vezes a declaração de imposto de renda do petista.

No depoimento à Polícia em São Paulo, o contador também admitiu que, por cinco anos, teve entre seus clientes um dos principais traficantes de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC): Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta ou Magrelo, ainda que o conhecesse apenas pelo nome de Eduardo Camargo de Oliveira, a identidade falsa que, segundo a polícia, ele usava para comprar empresas e lavar parte do dinheiro do narcotráfico.

Cara Preta foi assassinado em 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé, na zona leste, ao lado de seu motorista, Antonio Corona Neto, o Sem Sangue.

BLOQUEIO DE BENS – Em junho de 2022, a 1.ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro da Justiça Estadual de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 45 milhões em imóveis e ônibus de integrantes do PCC e do contador.

De acordo com o Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), em diversas oportunidades os valores das apostas feitas por Muniz superaram os dos prêmios. O objetivo seria óbvio: esquentar o dinheiro ilegal.

Ao afirmar à polícia que não sabia das atividades criminosas de Santa Fausta, Muniz revelou aos policiais quem o apresentou ao homem que ele dizia conhecer como Eduardo: foi o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach. Em 2023, Gritzbach foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por lavagem de dinheiro da facção e como o mandante do assassinato do traficante. Motivo do delito: Gritzbach teria dado um golpe de R$ 100 milhões em Cara Preta, apropriando-se de investimentos em criptomoedas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és. O contador de Lula, Lulinha e do sogro do hoje ministro Cristiano Zanin, na verdade, era o dono de uma fabulosa lavanderia de dinheiro sujo. (C.N.)

Doente, Julian Assange apresenta o derradeiro recurso na Inglaterra

Manifestação no Rio pede liberdade para Julian Assange | Agência Brasil

Manifestação no Rio pede a libertação de Julian Assange

Chris Hedges
Consortium News

Se Julian Assange não tiver permissão para apelar de sua extradição para os EUA perante um painel de dois juízes da Suprema Corte em Londres nesta semana, ele não terá outro recurso dentro do sistema judicial britânico.

Os seus advogados podem pedir ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) a suspensão da execução ao abrigo do artigo 39.º, que é concedido em “circunstâncias excecionais” e “apenas quando existe um risco iminente de dano irreparável”.

Mas está longe de ser certo que a corte britânica concordará. Pode ordenar a extradição imediata de Julian antes de uma investigação ao abrigo da regra 39 ou pode decidir ignorar um pedido do TEDH para permitir que este tribunal analise o seu caso.

QUASE 15 ANOS – A perseguição de quase 15 anos a Assange, que afetou pesadamente sua saúde física e psicológica, está sendo realizada no contexto da extradição para os EUA, onde ele seria julgado por supostamente violar 17 acusações da Lei de Espionagem de 1917, com uma possível sentença de 170 anos.

O “crime” de Julian é ter publicado documentos confidenciais, mensagens internas, relatórios e vídeos do governo e dos militares dos EUA em 2010, fornecidos pela denunciante militar americana Chelsea Manning. Este vasto material revelou massacres de civis, torturas, assassínios, a lista de detidos em Guantânamo e as condições a que foram submetidos, bem como as Regras de Envolvimento no Iraque.

Os autores desses crimes – incluindo os pilotos de helicóptero dos EUA que mataram a tiros dois jornalistas da Reuters e outros 10 civis e feriram gravemente duas crianças, todos capturados no vídeo Collateral Murder – nunca foram processados.

MENSAGEM SOMBRIA – Julian expôs o que o império americano tenta apagar da história, a perseguição a ele é uma mensagem sombria para o resto de nós. Quem desafiar o império dos EUA e expuser os seus crimes, não importa quem seja, não importa de que país venha, não importa onde viva, será caçado e levado para os EUA para passar o resto de sua vida num dos sistemas prisionais mais severos do mundo.

Se Julian for condenado, isso significará a morte do jornalismo investigativo sobre o funcionamento interno do poder estatal. Possuir material sigiloso, quanto mais publicá-lo, como fiz quando era repórter do The New York Times, será criminalizado.

E essa é a questão, como viram os jornais The New York Times, Der Spiegel, Le Monde, El País e The Guardian, e deviam emitir uma carta conjunta pedindo aos EUA que retirassem as acusações contra ele.

PEDIDOS EXISTEM – O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, e outros legisladores federais votaram na quinta-feira para que os EUA e o Reino Unido acabem com a prisão de Assange, dizendo que ele “se limitou ao seu trabalho como jornalista” para revelar “evidências de má conduta dos EUA”.

O processo legal contra Julian Assange, que cobri desde o início e voltarei a cobrir de Londres esta semana, tem uma sensação estranha de Alice no País das Maravilhas, onde juízes e advogados falam solenemente sobre direito e justiça enquanto zombam dos princípios mais básicos das liberdades civis e da jurisprudência.

Como podem as audiências avançar quando a empresa de segurança espanhola da embaixada equatoriana, UC Global, onde Julian se refugiou por sete anos, forneceu à CIA gravações de vigilância de reuniões entre Julian e seus advogados, minando o sigilo advogado-cliente? Só por isso, o caso deveria ter sido arquivado.

E MAIS… – Como o governo equatoriano liderado por Lenin Moreno pôde violar o direito internacional ao rescindir o status de asilo de Julian e permitir que a Polícia Metropolitana de Londres entrasse na Embaixada do Equador – território soberano do Equador – para levar Julian para o furgão da polícia que o aguardava?

Por que o tribunal aceitou o argumento dos EUA de que Assange não é um jornalista legítimo? Por que os EUA e a Grã-Bretanha ignoraram o Artigo 4 de seu Tratado de Extradição, que proíbe a extradição por razões políticas?

Como pode o processo contra Julian Assange ter ido em frente depois de a testemunha-chave norte-americana Sigurdur Thordarson – um fraudador e pedófilo condenado – ter admitido ter fabricado as acusações que fez contra Julian Assange?

OUTRAS DÚVIDAS – Como é possível que Assange, um cidadão australiano, seja acusado de violar a Lei de Espionagem dos EUA quando não se envolveu em espionagem e não era residente dos EUA quando recebeu os documentos vazados?

Por que os tribunais britânicos estão a permitir que Julian seja extraditado para os EUA quando a CIA – além de colocá-lo sob vigilância de vídeo 24 horas por dia enquanto ele permanecia na embaixada equatoriana – considerou seu sequestro e assassinato, com planos que incluíam sua potencial morte a tiros nas ruas de Londres com envolvimento da Polícia Metropolitana?

Como pode Julian ser condenado a título de editor se ele, ao contrário de Daniel Ellsberg, não obteve ou vazou os documentos confidenciais publicados pelo Wikileaks?

PERGUNTAS FINAIS – Por que o governo dos EUA não acusa o editor do New York Times ou do Guardian de espionagem por publicar os mesmos documentos vazados junto com o Wikileaks?

Por que Assange foi mantido em confinamento solitário numa prisão de alta segurança sem julgamento por quase cinco anos, quando sua única violação técnica de uma lei foi violar as condições de fiança quando pediu asilo na embaixada equatoriana? Normalmente, isso resultaria apenas em multa.

Por que lhe foi negada fiança após sua transferência para a prisão de Belmarsh?

Se Julian for extraditado, seu linchamento judicial irá piorar. Sua defesa será prejudicada pelas leis antiterrorismo dos EUA, incluindo a Lei de Espionagem e Medidas Administrativas Especiais (Special Administrative Measures, SAMs). Ele continuará impedido de falar em público – exceto em raras ocasiões – e de ser libertado sob fiança.

JULGAMENTO IGNÓBIL – Ele será julgado no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Leste da Virgínia, onde o governo dos EUA venceu a maior parte dos casos de espionagem. O facto de o júri ser formado majoritariamente por pessoas que trabalham ou têm amigos ou familiares que trabalham para a CIA e outras agências de segurança nacional sediadas perto do tribunal certamente contribui para essa série de decisões judiciais.

Os tribunais britânicos notoriamente tornaram notoriamente difícil desde o início cobrir o caso, limitando severamente os assentos na sala de audiência, fornecendo links de vídeo que se mostraram defeituosos e, no caso da audiência desta semana, proibindo qualquer pessoa de fora da Inglaterra e do País de Gales, incluindo jornalistas que já haviam coberto audiências, de acessar um link para o que supostamente seriam processos públicos.

Como de costume, não fomos informados sobre datas ou horários. O tribunal tomará uma decisão ao final da audiência de dois dias, em 20 e 21 de fevereiro? Ou vai esperar semanas, até meses, para proferir sentença, como fez no passado?

(artigo enviado por José Guilherme Schossland)

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGViva Assange. Sob o signo da Liberdade. (C. N.)

Irresponsavelmente, Lula recicla a usina de besteiras de Bolsonaro

Exageros e exotismos de Lula estão surpreendendo o mundo

Elio Gaspari
Folha/O Globo

Ao mandar Jair Bolsonaro para casa, o Brasil parecia ter se livrado de um encosto. Durante a pandemia, esse espírito duvidava da vacina, sugeria que o vírus da Covid havia sido fabricado na China e exaltava a cloroquina. Lula recolocou o Brasil nos eixos na questão ambiental e atravessou o mundo para resgatar o encosto, escorregando na casca de banana de Gaza.

No domingo passado, em Adis Abeba, ele disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. Com isso, abriu uma crise e foi declarado persona non grata pelo governo de Israel.

ATO TERRORISTA – Lula já havia costeado o alambrado dias antes, no Cairo, com duas frases: “O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista”.

Falso. O ataque do Hamas aconteceu no dia 7 de outubro. Cinco dias depois, o Itamaraty informou que a classificação do Hamas como organização terrorista competia à ONU. Posteriormente é que falou em terrorismo.

Lula acrescentou: “Não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças — coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”.

RETÓRICA E IGNORÂNCIA – Ressalvada a falta de conhecimento, essa afirmação foi um exercício de retórica amparada na ignorância.

A fala de Adis Abeba teve a ver com a classificação do comportamento de Israel em Gaza como “genocídio”. Que as tropas de Binyamin Netanyahu cometem crimes de guerra, é certo. Genocídio é outra coisa, é um ato deliberado de exterminar um povo, esteja ele onde estiver.

Em junho de 1944, com a guerra perdida, os alemães capturaram os 400 judeus que viviam na ilha de Creta. Naquele mês, o brasileiro Benjamin Levy, a mulher e a filha foram presos em Milão e deportados para o campo de Bergen-Belsen.

Lula já disse que Napoleão foi à China e que os americanos derrubaram Dilma Rousseff de olho no petróleo do pré-sal: “É preciso que [o petróleo] esteja na mão dos americanos porque eles têm que ter o estoque para guerra. A Alemanha perdeu a guerra porque não chegou em Baku, na Rússia, para ter acesso à gasolina”.

TUDO ERRADO -A batalha de Stalingrado terminou em fevereiro de 1943, quando os alemães já haviam sido contidos em Moscou, os Estados Unidos estavam na guerra e haviam quebrado a perna da Marinha japonesa. Se os alemães chegassem a Baku, pouca diferença faria. Eles não perderam a guerra por falta de gasolina.

Vale lembrar que a Segunda Guerra também não acabou porque os americanos tinham mais gasolina. Ela acabou depois das explosões de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que ficaram prontas em 1945.

De onde Lula tira essa ideias, não se sabe, mas no seu terceiro mandato ele se move na cena internacional com uma onipotência aplaudida por áulicos e venenosa para a diplomacia brasileira. Durante seu primeiro ano deste mandato, firmou-se como um chefe de Estado excêntrico. A fala de Adis Abeba temperou a ignorância com irresponsabilidade.

Bolsonaro permanecerá em silêncio, se realmente for obrigado a depor

Bolsonaro (calado) à espera de um imprevisto que evite a posse de Lula |  Pensar Piauí

Como diria Romário, “Bolsonaro calado é um poeta”

Márcio Falcão
TV Globo — Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ficará calado em depoimento marcado pela Polícia Federal (PF) para a próxima quinta-feira (22) e pediu para ser dispensado de ir ao local.

“Uma vez que o Peticionário fará uso do direito ao silêncio nos termos da presente manifestação, requer seja dispensado do comparecimento pessoal conforme já discutido previamente com Vossa Excelência em outras oitivas, notadamente em virtude de preocupações relacionadas à logística e segurança”, diz a defesa do ex-presidente em petição enviada ao relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes.

DIREITO AO SILÊNCIO – Bolsonaro foi intimado pela PF para depor no inquérito que investiga que apura tramas golpistas envolvendo membros do governo e militares. Como investigado, ele tem direito a ficar em silêncio. Na segunda-feira (19), os advogados do ex-presidente pediram o adiamento do depoimento afirmando não terem tido acesso à íntegra dos autos da investigação.

Moraes, no entanto, negou o pedido. O ministro afirmou que a defesa do ex-presidente já teve total acesso ao material das investigações que pode ser disponibilizado aos investigados nessa fase do inquérito. E, portanto, não há impedimento para a realização do depoimento.

“Inexiste qualquer óbice para a manutenção da data agendada para o interrogatório uma vez que aos advogados do investigado foi deferido integral acesso aos autos”, escreveu na decisão.

‘VÉU DA INCERTEZA’ – Na nova petição apresentada nesta terça-feira (20), os advogados afirmaram ao Supremo que ainda não tiveram acesso a elementos das investigações que são fundamentais para a defesa, como a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e relatório sobre celulares apreendidos.

“Contudo, o acesso a tais elementos não foi concedido, razão pela qual a defesa entende que não foi concedido acesso integral, impossibilitando o exercício pleno da ampla defesa”, escreveram os advogados.

Segundo o pedido, “a defesa permanece coberta pelo véu da incerteza causado pelo represamento de cruciais elementos de prova presentes nas mídias obtidas através das operações de busca e apreensão realizadas até então”.

DEFESA INSISTE – Os advogados disseram ainda que Bolsonaro quer coloborar com as investigações. “Inicialmente, cumpre-nos elucidar que, em momento algum, o Peticionário intentou em decidir pela possibilidade ou não da realização da oitiva, tampouco pretendia escolher data e horário específicos. Muito pelo contrário. A petição foi clara em assegurar a genuína intenção do Peticionário em colaborar com as investigações em curso, bem como em prestar seu depoimento – inclusive como forma de provar sua inocência”.

Outros investigados também serão ouvidos nesta semana. Em Brasília, serão estes: Augusto Heleno, Anderson Torres, Marcelo Câmara, Mário Fernandes, Tércio Arnauld, Almir Garnier, Valdemar Costa Neto, Paulo Sérgio Nogueira, Cleverson Ney Magalhães e Braga Netto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É lamentável esse procedimento de intimar para depor sem permitir que antes o advogado e o investigado tenham acesso ao processo inteiro. Não custa nada garantir o devido processo legal. Mas quem se interessa? (C.N.)

“Há possibilidade zero de Lula pedir desculpas”, diz Amorim sobre Israel

Celso Amorim: não teremos uma verdadeira democracia enquanto Lula não estiver solto - Sul 21

Celso Amorim faz contorcionismos para defender Lula

Monica Gugliano
Estadão

A crise diplomática entre Brasil e Israel tem tudo para aumentar nos próximos dias, inclusive pelo fato de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pedirá desculpas a Israel pela declaração em que comparou o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, com o extermínio de judeus levado à cabo por Adolf Hitler.

O assessor para assuntos internacionais do presidente Lula, Celso Amorim, disse ao Estadão que não há chances. “Existe zero possibilidade de o presidente Lula pedir desculpas. Ele não fez nada de errado. Só citou fatos históricos”, afirmou Amorim, acrescentando que “nenhum povo tem o monopólio do sofrimento”.

A FAVOR DOS PALESTINOS – Desde o início do conflito, com os ataques terroristas do Hamas ao território israelense, matando e sequestrando civis, as posições do governo brasileiro e, em especial, do presidente Lula, geram polêmica.

De início, o presidente demorou a condenar diretamente o grupo terrorista e, posteriormente, passou também a questionar a reação israelense em Gaza. Agora, diante da fala de Lula fazendo referência direta ao holocausto, o governo israelense resolveu reagir de forma dura.

Especialistas apontam que o presidente se distanciou da mediação do conflito com a fala, e até setores da diplomacia brasileira passaram a defender uma retratação. O governo brasileiro, porém, está fortemente indignado com a forma como o governo israelense reagiu à declaração feita por Lula em entrevista na Etiópia.

DISSE O CHANCELER – A começar pela chamada ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, convocado a dar explicações ao chanceler israelense, Israel Katz.

“Não são aceitáveis a chamada ao Museu do Holocausto e o constrangimento imposto ao embaixador brasileiro. É uma clara tentativa de escalar fora das regras diplomáticas”, disse um membro da chancelaria brasileira. O lugar escolhido pelo chanceler israelense foi considerado uma cilada.

Diferentemente do que costuma acontecer em momentos semelhantes, a reunião entre ambos não aconteceu na chancelaria. Mas no Yad Vashem, importante memorial sobre o Holocausto. Katz falou em hebraico, uma língua que Meyer não compreende e, repreendendo o diplomata brasileiro, afirmou: “Não esqueceremos nem perdoaremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse”.

OUTROS CRÍTICOS – Lula não foi o primeiro a fazer críticas à ação de Israel na Faixa de Gaza a ser enquadrado na condição de persona não grata. A relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, a italiana Francesca Albanese, também foi enquadrada nessa condição. Albanese é uma das principais vozes no mundo contra a operação israelense em Gaza. O governante turco Recep Erdogan também condenou o massacre do povo palestino pelos ataques de Israel.

Esta não foi a primeira vez que Lula se manifesta com críticas às ações militares israelenses que chegou a chamar de terrorismo de Estado. No início do ano, o governo brasileiro apoiou a iniciativa da África do Sul de acusar Israel por crime de genocídio, junto a Corte Internacional de Justiça da ONU. Desta vez, subiu o tom das divergências.

Será preciso muita diplomacia para contornar o confronto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não tem mais volta. Lula faz tudo que dona Janja pede ou manda. Ela se tornou a única conselheira de Lula, e suas sugestões são de uma constrangedora pobreza intelectual. Mas Lula não gosta de contrariá-la. E Janja já fez a tradução simultânea, dizendo que “Lula criticou o governo de Israel e não o povo judeu”… Então, fica combinado assim, e o Brasil segue nessa bagunça institucional. (C.N.)

Ganhos de produtividade favorecem exportar comida, petróleo e minério

Charges: julho 2021

Charge do Genildo (Arquivo Google)

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

O ano passado não foi propriamente amistoso para a exportação brasileira. Os preços dos produtos agropecuários sofreram queda de 10% nos mercados mundiais, em comparação com 2022. Na indústria extrativa, a queda foi maior, 12%, na mesma base de comparação. Entretanto as exportações brasileiras bateram um recorde histórico, alcançando a expressiva marca de US$ 344 bilhões. Qual o segredo? Ganhos de produtividade, permitindo maior quantidade embarcada.

Na soja, principal exportação nacional, o volume enviado ao exterior subiu quase 30%. No petróleo, alta de 18,5%, tudo compensando a queda de preços. Para este ano, as condições são parecidas: redução de preços, mais acentuada na agropecuária que no petróleo. Porém, espera-se novo ganho de produtividade na agropecuária e maior volume na produção de óleo.

VEJA AS PREVISÕES – Tudo somado e subtraído, a exportação de soja deverá render US$ 45 bilhões (ante US$ 53 bi no ano passado). A venda de petróleo poderá alcançar US$ 48 bi (mais que os US$ 44 bi obtidos em 2022). O terceiro maior item na pauta de exportação é o minério de ferro, que deverá trazer US$ 31 bilhões, quase o mesmo resultado de 2023.

O pessoal do agronegócio tem queixas. Querem mais apoio financeiro para compensar a quebra da safra, em consequência das condições climáticas. Mas há um rolo político mais complicado. O agro tem forte bancada no Congresso, bastante conservadora.

Em tese, não gosta do governo Lula, mas tem lá o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, senador eleito pelo PSD, partido de Gilberto Kassab, que é secretário de Governo na administração do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas. É como estar no governo e na oposição ao mesmo tempo. Não sem conflitos.

CONTROVÉRSIAS – O PT e seus aliados mais ideológicos são contra o marco temporal para demarcação das terras indígenas. O Congresso, conservador, puxado pelo agro, tem maioria a favor do marco temporal, entretanto declarado inconstitucional pelo STF. Um conflito não resolvido, portanto.

A mineração sofre constante ataque dos ambientalistas, assim como a exploração de petróleo. A produção de óleo deve ter forte aumento neste ano, mas a Petrobras manifesta preocupação com a reposição das reservas.

O pré-sal está próximo de entrar em declínio, de modo que é preciso descobrir novos poços. Por exemplo na Margem Equatorial, faixa litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Ali mesmo onde a Petrobras batalha por uma licença ambiental, negada pelo Ibama.

BRIGA FEIA – O conflito envolve ambientalistas, instalados no governo Lula, mas atravessa todo o espectro político. Resumindo: parlamentares, governadores e prefeitos da Região Norte, não importa o partido ou ideologia, apoiam a exploração do petróleo, de olho nos royalties. A disputa aqui está dentro do governo e no Congresso.

Pode-se dizer que a área da economia brasileira mais bem posicionada está nas contas externas. Um baita superávit comercial de US$ 80 bilhões no ano passado, embora baseado em produtos ambientalmente contestados: soja, petróleo e minério.

De outro lado, os setores produtores têm obtido fortes e constantes ganhos de produtividade, especialmente a agropecuária, de classe mundial. Então o país quer mesmo especializar-se em entregar ao mundo comida, petróleo e minério de ferro?

QUESTÃO MAL COLOCADA – Não é necessário sacrificar setores de bom desempenho para desenvolver a indústria do futuro, da tecnologia, da Inteligência Artificial e verde. Aliás, a agropecuária é usuária intensa dessas novas tecnologias.

Não há política de médio e longo prazo para o país. As escolhas têm sido feitas no dia a dia, no improviso. Ou não há escolha nenhuma, com cada setor, estatal ou privado, se virando por conta.

Discute-se muito sobre incentivos. E, de fato, há muitos setores incentivados no país, alguns funcionando, outros não. Mas prevalecem os interesses de grupos de pressão.

A cada dia, Lula fica mais descontrolado e precisa de um amigo que lhe aconselhe

O PT tem defeito, não presta em algumas coisas”, afirma Lula | Rádio Difusão

Lula se considera o maior estadista do mundo. E agora?

Ricardo Rangel
Veja

Em um par de horas, Lula… defendeu um assassino serial, Vladimir Putin; insultou a memória e a família da vítima; comparou os judeus a Hitler; solidarizou-se com um grupo terrorista, o Hamas, autor do maior pogrom do pós-guerra; deu um tapa na cara de milhões de judeus, incluindo os 120 mil judeus brasileiros; provocou gravíssimo incidente diplomático com um país importante, Israel, sendo declarado persona non grata no país;

Ao mesmo tempo, passou o vexame de levar lição de moral de um homem completamente amoral, Benjamin Netanyahu; passou pelo constrangimento de receber uma nota de agradecimentos dos terroristas; mostrou ao mundo, mais uma vez, que não é um líder nacional sério; atraiu a fúria de enorme quantidade de eleitores; entregou de bandeja argumentos e votos ao bolsonarismo; de quebra, desmereceu quem tem pressa em saber quem mandou matar Marielle Franco.

UM PRODÍGIO – Reconheça-se, é um prodígio. Nunca antes na história deste país um político errou tanto, com tantos e em tão pouco tempo.

Netanyahu é desumano e denunciar o absurdo massacre que ele está promovendo em Gaza é obrigação de qualquer pessoa bem-intencionada. Comparar judeus ao monstro que matou seis milhões de judeus é um ato antissemita inequívoco, covarde e imperdoável. Uma vergonha que mancha a imagem do Brasil de forma indelével.

Duas coisas são impressionantes na declaração de Lula. A primeira é a declaração em si. O antissemitismo de Lula (e da esquerda brasileira em geral) não é novidade, mas ninguém imaginava que pudesse chegar tão longe. A segunda é que um político experimentado e (que parecia) inteligente como Lula acredite que possa dizer uma atrocidade como essa impunemente.

ARROGÂNCIA TOTAL – Talvez, por ter ficado na cadeia quase dois anos, ache que já pagou por todos os pecados, passados e futuros. Talvez, por ter passado por tanta coisa e continuar tendo a importância que tem, acredite sua intuição está sempre certa, que qualquer coisa que diga ou faça está certa por definição. Talvez, por ter sido eleito três vezes, se considere acima do bem e do mal.

O fato é que Lula se comporta com enorme arrogância, como se nada de mau pudesse lhe acontecer. O nome técnico é “húbris”. Na tragédia grega, o herói, no auge do poder e do sucesso, perde a noção de seu próprio tamanho, adquire uma confiança desmesurada e comete a húbris, a empáfia que desafia o destino. É aí que ele ouve a gargalhada dos deuses — e é destruído.

Na Roma Antiga, o general vitorioso desfilava, diante da multidão em delírio, até o Senado, onde recebia as devidas honrarias. Atrás dele ia um centurião, que repetia de vez em quando: “Lembra-te de que és mortal”.

FALTA UM AMIGO – Montaigne, no século XVI, ensinou que só se pode julgar se uma vida foi bem-sucedida no momento exato em que ela chega ao fim. Até lá, nunca se sabe.

Algum amigo de Lula — se é que ele ainda tem algum — deve dar ao presidente três conselhos: 1) Presidente, o senhor está enganado. Muita coisa ainda pode dar errado. E, do jeito que vai, vai dar; 2) Vale a pena se interessar pelos clássicos, presidente. Eles têm coisas a ensinar. Até a alguém infalível como o senhor; 3) Presidente, faça o possível para manter a boca fechada.

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P. S.
Após a publicação deste post, o assessor especial para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, classificou como absurda a decisão de Israel de declarar Lula “persona non grata”.  O governo Lula recusa-se a entender a gravidade dessa declaração. Se insistir nessa posição, Israel pode cortar relações diplomáticas conosco. É preciso recuar. Rápido. (R.R.)

É preciso punir os oficiais golpistas, para enfim “desprivatizar” as Forças Armadas

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Bruno Boghossian
Folha

Assim que Jair Bolsonaro deixou o poder, militares envolvidos na armação de um golpe já sonhavam com uma anistia. Era 2 de janeiro de 2023 quando o tenente-coronel Mauro Cid escreveu que temia ser preso. O general Estevam Theophilo respondeu que o colega deveria ficar tranquilo: “Vou conversar com o Arruda hoje. Nada lhe acontecerá”.

Não havia soldado raso na história. Mesmo após a mudança de governo, Cid continuava na fila para assumir um batalhão de Operações Especiais. Theophilo, que semanas antes havia declarado apoio aos planos golpistas, integrava o Alto Comando. O general Júlio Cesar de Arruda era o comandante do Exército —seria demitido por Lula semanas depois.

FEUDO MILITAR – A expectativa de blindagem reflete um processo amplo de uso das Forças Armadas como um feudo de corporativismo, ambições políticas e interesses privados de seus integrantes. Alguns deles exploraram a autoridade e a máquina militar tanto para elaborar a tentativa de ruptura como para proteger os golpistas.

Oficiais notoriamente enrolados na teia permaneceram em postos importantes depois da troca de governo, enquanto comandantes barravam qualquer possibilidade de uma faxina.

Arruda foi demitido porque insistiu na promoção de Cid e fez corpo mole diante dos acampamentos golpistas. Theophilo continuou no Alto Comando até novembro.

MISSÃO DE MOURÃO – A missão de varrer o escândalo do golpe para baixo do tapete foi resumida de maneira desinibida pelo senador Hamilton Mourão. Depois que a PF encontrou provas em abundância sobre a participação de militares na conspiração, o general da reserva falou em perseguição e cobrou uma reação dos comandantes.

O vício precede o governo Bolsonaro. Trata-se de uma herança da suave transição que os militares enfrentaram após a ditadura, mas o oba-oba dos anos do capitão deu um conforto adicional à turma.

Além de punir com rigor aqueles que participaram ou se omitiram diante da insurreição, há um longo caminho para “desprivatizar” as Forças Armadas.

Golpe jamais daria certo sem apoio parlamentar, empresarial e mundial

Charge do Frank Maia (Arquivo Google)

Diogo Schelp
Estadão

À medida que vêm a público novos detalhes das investigações a respeito de um plano de Jair Bolsonaro e de seu entorno de promover um golpe de Estado, fica mais e mais evidente que suas chances de sucesso eram reduzidas. Ainda que o então presidente e seus assessores mais próximos conseguissem convencer toda a cúpula das Forças Armadas a aderir à aventura golpista, estariam faltando outros elementos essenciais para que ele pudesse permanecer no poder à revelia do resultado das urnas.

Bolsonaro acreditava, segundo o roteiro do suposto golpe revelado até agora, que bastava apoio popular e militar para impedir a posse de Lula.

POVO E EXÉRCITO – O “meu povo” nas ruas ele já tinha, de fato. Faltava o “meu exército” sair da inércia e tomar uma atitude. Era certamente uma fórmula para criar o caos momentâneo, com mortos e feridos inclusive, mas não para “virar a mesa” de maneira duradoura.

Em agosto de 2021, depois de um dos tantos episódios em que Bolsonaro deu a entender que não respeitaria o resultado das eleições, este colunista consultou cinco cientistas políticos e historiadores, dois deles estrangeiros, para analisar as chances de o Brasil sofrer uma ruptura institucional caso ele cumprisse sua ameaça. É interessante perceber, em retrospecto, que todos acertaram em suas análises.

Em resumo, eles previram que Bolsonaro poderia se ver tentado a incitar o caos social, principalmente por meio da mobilização de tropas sob o comando de altos oficiais, de policiais amotinados e de populares dispostos a partir para a violência. Mas para ele despontar como o único capaz de restaurar a ordem, precisaria do respaldo inequívoco das elites políticas e econômicas do país, além de um rápido reconhecimento internacional.

FORA DE COGITAÇÃO – O apoio externo a uma ruptura democrática no Brasil estava fora de cogitação. O governo de Joe Biden, dos Estados Unidos, deu sinais de sobra de que se oporia a um golpe. Tampouco haveria a concordância dos vizinhos sul-americanos. Bolsonaro ficaria isolado. Apoio partidário também não existia.

Com exceção de um ou outro parlamentar bolsonarista, o centrão e as lideranças do Senado e da Câmara dos Deputados teriam muito a perder com a mudança do status quo. Todos sabem que qualquer ditador não perde uma chance de fechar o Congresso.

A adesão do empresariado a uma ruptura institucional estaria, quando muito, restrita a alguns poucos desmiolados, como os que teriam sido citados em áudio de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, revelado nos últimos dias.

SERIA PÉSSIMO – Aceitar que o Brasil resvalasse para uma ditadura seria péssimo para os grandes negócios em um mundo globalizado, com investidores ultrassensíveis à percepção de risco e à instabilidade.

Antes mesmo do primeiro turno da eleição presidencial, a carta em defesa da democracia e do sistema de votação promovida pela Faculdade de Direito da USP e que contou com a assinatura de grandes banqueiros e industriais já deixava claro que os donos do PIB brasileiro não dariam seu endosso a aventuras golpistas.

Se de fato houve uma tentativa de golpe por parte de Bolsonaro e seus aliados, foi extremamente mal calculada, ancorada em uma concepção delirante de como seria recebida pelos principais setores da sociedade. Mas o fracasso da investida não a torna menos grave.

Se não devolver os reféns, o Hamás causará destruição da Faixa de Gaza

Damares Alves on X: "O Hamas quer a destruição do Estado de Israel e de todos os judeus. E pelo jeito é este tipo de gente que o Partido das Trevas quer

Imprensa deu destaque à afirmação catastrófica de Lula

Duarte Bertolini

Pois é. Têm absoluta razão estes “robosionistas” do quarto milênio, os arautos da novíssima ordem mundial. Na visão quadrada desses robôs, quem revida a um covarde, criminoso, inconcebível ataque é igualado a quem durante anos programou, executou e quase concluiu o extermínio de uma raça inteira, pacífica e desarmada.

Os robôs agora são chamados de Inteligência Artificial. Portanto, talvez possam nos mostrar os ataques horríveis (similares aos do Hamas em outubro) que no século passado foram perpetrados por judeus contra os alemães, justificando assim o holocausto.

TAMBÉM ESPERAMOS – Assim como os israelenses, também esperamos pela ansiada manifestação do Hamas. Desesperado pelo genocídio de sua gente, que Israel prosseguirá enquanto não forem libertados os reféns, o Hamas já deveria ter cedido e se mostrado disposto a liberá-los, pois é o gesto que falta para haver o cessar-fogo.

Ao que parece, isso não acontecerá. O Hamás continuará assistindo ao massacre dos palestinos, pois robô só obedece à ordem de seu dono, sua Inteligência Artificial é mais do que relativa, e os psicopatas diplomáticos que comandam o Hamás têm uma concepção absolutamente torta do que significa o conceito de humanidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Este pequeno texto de Duarte Bertolini é como uma lâmina afiada, ao aparar as sobras que ocultam a verdade, porque nem sempre Lula está errado. A volta ao poder lhe fez mal, e ele se considera o maior estadista da História da Humanidade e fica se exibindo para dona Janja. No caso da Faixa de Gaza, Lula tem boa intenção, mas confunde as coisas, se embaralha, e o resultado acaba sendo altamente negativo. A diplomacia significa saber dizer as verdades, sem provocar revides. Uma coisa é afirmar que, se Israel não parar os ataques, acabará sendo comparado a Hitler. Outra coisa, muito diferente, é dizer que Israel age igual a Hitler. Ser aplaudido pelo Hamás é um vexame histórico. Aliás, como recomenda Duarte Bertolini, já é tempo de o Hamás devolver os reféns. (C.N.)

Mangabeira Unger desiste de impetrar habeas corpus em favor de Bolsonaro

mangabeira unger

Unger alega que a jurisprudência impedia o recurso

Ricardo Ferraz
Veja

O filósofo e professor da prestigiada Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Roberto Mangabeira Unger, manteve conversas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo período em que vieram à tona revelações que apontam para uma participação do mandatário em um golpe de Estado, tramado por integrantes de seu governo, em um inquérito da Polícia Federal.

Em uma dessas reuniões virtuais, o intelectual chegou a defender um habeas corpus preventivo, para impedir que Bolsonaro viesse a ser preso. A posição surpreendeu integrantes da esquerda, já que Unger ocupou o cargo de ministro de Assuntos Estratégicos, em duas ocasiões, em governos de Luiz Inácio Lula da Silva.

Nessa entrevista, ele conta o que o motivou a procurar o ex-presidente.

Como foram os encontros com Jair Bolsonaro?
Tivemos duas conversas virtuais, há cerca de duas ou três semanas; o procurei, porque acredito que os representantes das diferentes correntes de opinião brasileira precisam conversar, sem diálogo não há solução possível para o país. Meu avô Otávio Mangabeira dizia que política é conversa.

Mesmo com o ex-presidente sendo investigado por uma tentativa de golpe de Estado?
Só o que sei desse caso são as notícias que saíram na imprensa. Não posso seriamente avaliar se é ou não culpado, tampouco essa é minha tarefa. Não sou eu quem escolho quem são os líderes da direita no Brasil, mas é com eles que eu tenho de conversar.

O senhor pretende entrar com um pedido de habeas corpus preventivo no STF para proteger Jair Bolsonaro de uma eventual prisão?
Eu acho que eu me referi a essa ideia com uma possibilidade na primeira conversa, e eles não levaram a sério. Tanto assim que, no segundo encontro que tivemos, o ex-presidente nem falou mais nela. Eu o faria por razões essencialmente morais. Rui Barbosa impetrou habeas corpus preventivos em favor de seus adversários, alguns deles autoritários. Seria um exemplo bonito para o Brasil dar demonstrações práticas dessa magnanimidade. Mas infelizmente é impossível, por razões técnicas e pela jurisprudência recente do STF. Conversando com amigos, verifiquei que não há viabilidade e logo abandonei esse caminho.

Qual o objetivo desse diálogo, afinal?
Defendo a criação de uma alternativa nacionalista e produtivista, com o que chamo de  vanguarda no Brasil. De um lado, estão os pequenos empreendedores que abraçaram uma cultura de autoajuda e que, por falta de outras opções, buscam satisfazer sua ambição de maneira isolada. São os emergentes. De outro, estão os batalhadores, a massa trabalhadora que também abraça essa ideia de iniciativa própria. Ambos estão colocados à direita atualmente.

É possível conciliar os dois lados, em um cenário tão polarizado? Não defendo uma grande conciliação nacional. A ideia é organizar uma alternativa que conte com o apoio de uma maioria nacionalista. Essa maioria não pode sair apenas dos quadros de uma facção descontente da esquerda.  O PT representa o que chamo de pseudoesquerda, que faz uma combinação do rentismo financeiro associada ao distributivismo social. É uma espécie de rentismo social. Vai 90% da riqueza para os financistas e 10% para os pobres. Esse descalabro só é possível porque a mineração e a agricultura pagam a conta. É muito próximo da política de Bolsonaro.

Pretende continuar com essa iniciativa?
Tive agora nesses dias uma pequena prova do preço a pagar, né? Porque há uma grande intolerância para a conversa, a ideia de que certas lideranças são objeto de uma anátema e ninguém pode dialogar com elas. Eu não aceito isso.

O seu amigo Ciro Gomes concorda com o senhor sobre esse caminho?
Não o consultei sobre isso. É uma iniciativa minha, sob minha responsabilidade apenas.

Bolsonaro concordou com as ideias do senhor?
Ele compreendeu, mas não se manifestou de forma muito clara sobre elas. Considero que o mero fato de ele aceitar conversar comigo já indica uma disposição em discutir o país amplamente fora do seu curral.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUnger deu uma de mau caráter. A jornalista Mônica Bergamo publicou a notícia sobre o habeas corpus e ele desmentiu, chamando de fake news. Agora, se vê que a notícia era verdadeira. Deveria pedir desculpas à jornalista, mas falta-lhe caráter para tanto. (C.N.)

Diplomacia em frangalhos, após Lula afirmar que Israel age igual a Hitler

Na Etiópia, Lula critica extrema-direita e fala em 'dívida histórica' com a  África – Política – CartaCapital

Quando lê o discurso, tudo bem; no improviso, uma tragédia

Hélio Schwartsman
Folha

Ah, Luiz Inácio Lula da Silva… Quando ele segue o roteiro preparado pelo Itamaraty, ainda é possível enxergar uma posição minimamente coerente com a tradição diplomática brasileira. Foi o caso do discurso que ele fez no sábado (17) na abertura da cúpula da União Africana em Adis Abeba. Ali, sem deixar de criticar Israel, também condenou os ataques do Hamas e pediu a libertação imediata de todos os reféns.

Basta, porém, que Lula comece a falar de improviso para comportar-se não como presidente da República, mas como diretor de grêmio estudantil, desfiando os mais ignorantes chavões da esquerda.

COMPARAÇÃO INFELIZ – Foi o que ele fez no domingo (18), ao equiparar as operações de Israel em Gaza ao Holocausto nazista. É difícil até listar o número de instâncias em que a comparação é errada.

Hitler, com base numa concepção essencialista de hierarquias raciais, se pôs a eliminar todos os judeus da Europa. Israel reage, ainda que desproporcionalmente, a um ataque terrorista.

Não estou sugerindo que Israel seja inimputável. Eu mesmo critico quase que semanalmente a mão pesada do governo Netanyahu. Penso que imperativos morais e legais exigiriam que as ações militares fossem muito mais cuidadosas, mesmo que isso implique retardar o objetivo legítimo de reduzir a capacidade do Hamas de atacar Israel.

CONTRADIÇÃO – Lula, ao dizer que Tel Aviv repete Hitler, desfere contra os israelenses um golpe baixo da cintura. É algo que contradiz o argumento que o próprio presidente sempre invoca para justificar a mansidão com que trata violações cometidas por aliados seus, como Maduro e Putin: não se pode ser muito veemente nas declarações para não perder o poder de influenciar.

Na administração Bolsonaro padecíamos do problema oposto, que era a adesão automática às mais extremas posições do governo Netanyahu. Para quem olha de fora esse zigue-zague, a conclusão inescapável é que o Brasil não mantém uma política externa séria.

Coletivo de judeus defende Lula por causar uma crise moral sobre Israel

Articulação Judaica de Esquerda on X: "Nota do Vozes Judaicas por Libertação (SP) "Dando um passo além nas contínuas denúncias dos crimes cometidos por Israel contra os palestinos, o presidente Lula causou

Manifesto a favor de Lula já está nas redes sociais

Mônica Bergamo
Folha

O coletivo Vozes Judaicas por Libertação elaborou uma nota em defesa do presidente Lula (PT) por ter comparado o que ocorre na Faixa de Gaza ao Holocausto. As falas do petista abriram uma crise diplomática com o governo israelense. “A contradição do povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós”, afirma o texto.

E segue: “Apoiamos as colocações do presidente Lula e cobramos que a radicalidade de suas palavras seja colocada em prática”.

COMPARAÇÃO – O coletivo diz que “a comparação entre genocídios é sempre complicada” e que “não há como estabelecer qualquer hierarquia”, mas afirma que as falas do chefe do Executivo “são de grande importância”.

“Se a criação e fundação de um Estado judaico foi uma medida de sobrevivência num mundo sitiado, ela logo se tornou um pesadelo. O Estado de Israel não trouxe emancipação verdadeira aos judeus pois a sua existência é mantida às custas da negação da autodeterminação dos palestinos”, afirma ainda o grupo.

“As palavras têm poder. Se a forma como Lula se expressou na ocasião foi pouco cuidadosa —tropeçando justamente neste ninho de comparações forçadas— sua fala tem o objetivo de atingir a imaginação e provocar uma crise moral sobre Israel.

DISSIDENTES – Entre os membros do Vozes Judaicas por Libertação estão o professor da PUC-SP Bruno Huberman,a pesquisadora Beatriz Kalichman, a historiadora Branca Zilberleib e o ativista Yuri Haasz.

O grupo vai na contramão de outras entidades da comunidade judaica brasileira, que criticaram o petista.

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) disse que o governo Lula “abandona a tradição de equilíbrio e a busca de diálogo da política externa brasileira”. A Federação Israelita do Estado de São Paulo também lamentou a fala do presidente.

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APOIO INCONDICIONAL A LULA

A nota do coletivo Vozes Judaicas por Libertação é do seguinte teor, na íntegra:

“Dando um passo além nas contínuas denúncias dos crimes cometidos por Israel contra os palestinos, o presidente Lula causou furor ao fazer uma comparação entre o que ocorre hoje em Gaza e o que Hitler fez com os judeus durante o nazismo.

A comparação entre genocídios é sempre delicada pois a experiência vivenciada por cada povo afetado é inigualável. Cada um representa uma narrativa singular e dolorosa na história das comunidades vitimadas. Logo, não há como estabelecer qualquer hierarquia entre genocídios. É impossível estabelecer uma métrica objetiva para determinar o ‘pior’ genocídio da história. Categorizar historicamente vítimas maiores ou menores é uma perigosa armadilha de reprodução de racismo.

A contradição do povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós. Uma comparação que causa muita dor a judias e judeus de todo mundo, que tiveram as suas vidas cindidas pelo genocídio dos judeus na Europa, e agora veem um crime similar sendo cometido, supostamente em seu nome. Enquanto coletivo de judias e judeus, temos antepassados que foram vítimas do Holocausto nazista, e entendemos que nosso imperativo ético é nos posicionarmos contra o genocídio do povo palestino e contra a utilização da nossa defesa como justificativa.

Se a criação e fundação de um Estado judaico foi uma medida de sobrevivência num mundo sitiado, ela logo se tornou um pesadelo. O Estado de Israel não trouxe emancipação verdadeira aos judeus pois a sua existência é mantida às custas da negação da autodeterminação dos palestinos. As lideranças israelenses seguem promovendo um massacre contra palestinos e ainda ameaçam a vida de judeus e judias em todo o mundo. Israel representa hoje a maior fonte de insegurança para todos os judeus do planeta ao usar nossa identidade como fachada e justificativa para sua campanha de terror.

Por isso, defendemos e acreditamos que as palavras de Lula são de grande importância pois levantam questões relacionadas à urgência da ação, como um chamado definitivo dirigido a todos para agir diante do que ocorre em Gaza neste momento. Frente à incapacidade da ONU e de várias organizações internacionais em conter a violência perpetrada por Israel em Gaza, destaca-se a importância vital da postura demonstrada por líderes internacionais como Lula, que levantam suas vozes contra o que é já considerado por incontáveis especialistas como um genocídio contra o povo palestino.

As palavras têm poder. Se a forma como Lula se expressou na ocasião foi pouco cuidadosa – tropeçando justamente neste ninho de comparações forçadas – sua fala tem o objetivo de atingir a imaginação e provocar uma crise moral sobre Israel. O pedido de impeachment protocolado pelos deputados bolsonaristas é uma medida descabida, assim como as acusações de antissemitismo – cujo real objetivo é deslegitimar o governo e a diplomacia brasileira. Não acreditamos que judeus brasileiros estão em risco por causa de sua declaração.

Apoiamos as colocações do presidente Lula e cobramos que a radicalidade de suas palavras seja colocada em prática. Seria um gesto diplomático de relevância gigantesca romper todas as relações entre o estado brasileiro e Israel, em especial as relações militares que também fortalecem a barbárie em terras brasileiras, com a compra de armas e tecnologias de controle social que são usadas para atingir a vida do povo negro nas favelas. Convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv foi um passo ainda insuficiente nessa direção.

Por fim, convidamos a todas e todos, mas principalmente ao governo brasileiro a atender as demandas do movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado pelas bases da sociedade civil palestina. O povo palestino tem pressa e nossas ações têm poder.”