Organização criminosa atuava em três núcleos dentro da Abin, denuncia a PF

Charge do Dia – JP Revistas

Charge do Miguel Paiva (Brasil247)

Gabriela Coelho e Carlos Eduardo Bafutto
R7, em Brasília

A Polícia Federal (PF) apontou a atuação de três núcleos de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo a PF, os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência.

De acordo com a corporação, o grupo utilizou ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da PF.

TRÊS NÚCLEOS – Foram identificados os seguintes núcleos de atuação:

1. Cúpula: formado por delegados federais cedidos para Abin exercendo funções de direção e utilizaram o sistema First Mile “para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas”. Neste grupo estão o deputado Alexandre Ramagem, à época diretor-geral da Abin, e o delegado da PF Carlos Afonso Gonçalves, ex-diretor do Departamento de Inteligência Estratégica. Policiais federais cedidos à Abin e servidores monitoravam alvos e produziam relatórios.

2. Evento-Portaria 157: responsáveis pelas diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo a organizações criminosas. Segundo a PF, foram identificadas anotações que remete à tentativa de associação de deputados federais e ministros do STF à organização criminosa conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital).

3. Tratamento-Log: responsável pelo tratamento dos logs disponíveis desde do início da investigação.

INCRIMINAÇÃO – Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.

A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG Caramba, amigos! O mais incrível é pensar (?) que um esquema desse porte jamais fosse descoberto. A irresponsabilidade dessa gente é uma arte, como diria o magistral Ataulfo Alves. (C.N.)

De volta ao futuro, Mercadante quer fazer o quarto polo naval, após os três fracassos

Aloízio Mercadante, o atual presidente do BNDES

Lula obrigou Mercadante a criar o novo programa naval

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Não deu outra, 24 horas depois do anúncio do programa Nova Indústria, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou que a Viúva poderá botar pelo menos R$ 2 bilhões num projeto de recriação da indústria naval. Assim, a geração de Lula será a única que financiou quatro polos navais. Os três anteriores foram a pique.

Mercadante diz que “nós precisamos fazer navios, já fizemos.” Tem toda razão. No século XVII, na Ilha do Governador, construiu-se o galeão Padre Eterno, que pode ter sido o maior barco do mundo. Na mesma fala o doutor informou: “Tivemos uma indústria pujante de construção naval nos anos 70.” Pujante ela era, mas quebrou. Os polos navais quebram porque quando se lança um novo programa não se revisita a causa da ruína dos anteriores.

POLO DE JK – O primeiro polo naval da segunda metade do século XX foi criado por Juscelino Kubitschek. Afundou, mas uma parte da conta foi para os estaleiros. O segundo polo, “pujante”, surgiu no governo Costa e Silva e cresceu com Ernesto Geisel. Danou-se, mas a conta fez um percurso interessante.

Os bancos que financiavam o plano recebiam papéis avalizados pela Viúva. Era um negócio tão bom que um burocrata deu um chá de cadeira de 40 minutos no banqueiro Leopold Rothschild. A primeira denúncia de que alguns desses contratos eram extorsivos vinha de 1971.

Do outro lado do balcão, os bancos emprestaram a estaleiros que iam mal das pernas. Como os papéis eram garantidos pela Viúva, um só banco brasileiro emprestou 100 milhões de dólares a empresas que iam mal. Em 1984 o polo quebrou, e a Viúva não honrou seus avais. Um armador carioca matou-se.

Depois do naufrágio, o mico dos chamados “papéis podres” foi reciclado, virou moeda real e serviu para arrematar empresas estatais de boa qualidade. Assim, o banqueiro que investiu num mau negócio dos estaleiros protegidos pela Viúva, assenhoreou-se de boas empresas da própria senhora.

MALFEITORIAS – O terceiro polo, de Lula 01, nasceu em 2003 e tinha dois braços. Um construiria navios e o outro daria plataformas marítimas para a Petrobras. A primeira denúncia de malfeitoria partiu em 2004 e veio de José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras. Tratava-se de uma disputa na qual estavam de um lado a estatal e a Odebrecht. Do outro, as empreiteiras Camargo e Andrade Gutierrez.

Os estaleiros nacionais tiveram dias de esplendor, chegaram a empregar milhares de pessoas. Criou-se uma empresa para construir dezenas de plataformas oceânicas para a Petrobras e ela se chamou Sete Brasil. Armadores estrangeiros entraram no negócio e chegou-se à gracinha de dar agrément ao presidente de um estaleiro de Cingapura para a função de embaixador de seu país no Brasil.

Na Petrobras, as licitações foram cartelizadas e as encomendas foram superfaturadas. Essa história da Lava-Jato mostrou e acabou em mais de uma dúzia de confissões e cadeias. Uma delas foi a de Antonio Palocci, o ex-ministro da Fazenda de Lula. Ele contou à Polícia Federal que propinas de fornecedores eram canalizadas para o Partido dos Trabalhadores.

SEM INVESTIGAR – A colaboração de Palocci foi divulgada às vésperas da eleição presidencial de 2018 pelo juiz Sergio Moro. Moro viria a ser ministro do presidente Jair Bolsonaro. Suas revelações, algumas das quais eram irresponsáveis, não foram investigadas direito.

O primeiro navio do polo de Lula 01 adernou quando entrou no mar. As roubalheiras resultaram na desmoralização do projeto, no colapso de três grandes estaleiros. Um deles devia R$ 4 bilhões. Cerca de 82 mil trabalhadores perderam seus empregos.

Passou o tempo, o Supremo Tribunal Federal julgou Sergio Moro um juiz suspeito e, nos anos seguintes, decidiu invalidar sentenças, confissões e multas. Assim como no desastre do polo naval da ditadura, a responsabilidade ficou difusa, mas o prejuízo ficou concentrado na Bolsa da Viúva.

SEM RESPONSABILIZAR – Mercadante tem razão quando diz que o Brasil sabe fazer navios, o que o andar de cima do Brasil não faz é responsabilizar burocratas delirantes e larápios contumazes que corroem as iniciativas dos governos.

O Brasil já soube fazer navios. Uma das lendas de uma História mal contada é a de que Portugal proibia a existência de indústrias no Brasil. Até hoje não se explicou como um estaleiro da Ilha do Governador, no Rio, construiu em 1665 o galeão “Padre Eterno”.

Segundo uma edição do jornal Mercúrio Portuguez da época, era “o mais famoso baixel de guerra que os mares jamais viram”. O “Padre Eterno” naufragou anos depois na rota das Índias, e Salvador de Sá ficou injustamente esquecido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCom todo o respeito a Elio Gaspari, não é Mercadante que deseja um novo polo naval. Trata-se de ordem direta de Lula, que o presidente do BNDES foi obrigado a acatar, mas só destinou R$ 2 bilhões, que não dão para nada, mas servem para embromar o presidente lunático. (C.N.)

Lula precisa cair na real e demitir a cúpula da Abin, que está deixando furo

ABIN – MoisesCartuns

Charge do Moisés (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Os fatos envolvendo a Abin são tão graves que uma mudança geral na cúpula é medida que se impõe com urgência. Segundo as investigações em curso na Polícia Federal, a Abin Paralela, à margem da Lei, é Inconstitucional, conforme o artigo 5ª, inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Logo, os mais de 1,5 mil cidadãos monitorados pelos arapongas na denominada Abin Paralela têm assegurado o direito à indenização, se comprovados os danos decorrentes da violação, que não foi executada segundo o devido processo legal, que exige uma decisão judicial.

DIVERSOS PROPÓSITOS – Importante salientar que esse monitoramento serviu para diferentes propósitos, mas um deles, em particular, precisa ser esmiuçado pelos investigadores – se o golpe de Estado tivesse o êxito pretendido, logo na primeira semana o governo ditatorial teria em suas mãos a lista de 1,5 mil desafetos, para prender, cassar e até outras maldades que me recuso a citar.

Eis, aí, o perigo de um órgão de informações paralelo, sem controle do Estado. Vivemos numa corda bamba, sem saber do dia seguinte, podendo acordar com uma patrulha nos esperando para levar, sei lá para onde.

Vejam bem, não se trata de devaneios ou teoria da conspiração, porque já há exemplos na história recente do Brasil. O golpe de deflagrado no dia 31 de março de 1964 depôs o presidente João Goulart, que fugiu para o Uruguai para não ser morto. Pois bem, no dia 9 de abril de 1964, saiu a lista das primeiras cassações de deputados e senadores e houve ordens de prisões para adversários políticos. Óbvio que a lista dos monitorados pelos órgãos de informações das Forças Armadas já estava pronta.

SEM CONTROLE – Eis aí o perigo de um órgão de informações paralelo, sem controle do Estado. Vivemos numa corda bamba, sem saber do dia seguinte, podendo acordar com uma patrulha nos esperando para levar, sei lá para onde.

O fato concreto e que a Abin, como agência de Informações, falhou ao não informar dos atos preparatórios do 8 de Janeiro. Tudo bem que só tinha poucos dias de governo, que ainda estava se estruturando, mas não valeu de nada o longo tempo de transição?

Me parece que vão deixar a poeira baixar, para diminuir a pressão sobre o diretor, que é apadrinhado pelo ministro da Casa Civil, o ex-governador baiano Rui Costa, que afinal, não vem atuando muito bem na pasta e tem deixado a desejar.

PÉSSIMA ESCOLHA – Creio que foi uma péssima escolha nomear Rui Costa para um cargo de extrema importância. Mas o presidente Lula não pretende substituí-lo, pois é da sua natureza ir até o final com suas escolhas.

Lula comporta-se como se jamais errasse em suas escolhas, somente substituirá Rui Costa se aparecer algum escândalo incontornável.

Já Bolsonaro tirava imediatamente, quando era contrariado, como fez com Gustavo Bebiano e o general Santos Cruz. Para continuar no Poder com Bolsonaro, havia uma regra fundamental – sempre dizer amém para o verdugo da vez, caso contrário, rua. Itamar Franco também agia assim, mas recontratava quem provasse ser inocente.

Mercado tranquilo, mas sem entusiasmo com as perspectivas do Brasil neste ano

Dificuldades para o ministro Fernando Haddad emplacar a pauta econômica repercutem pouco em um mercado que vê com alívio que Lula continua mais pragmático do que se poderia imaginar na área

O problema é que Lula não aceita tetos nem ajustes fiscais

Silvio Cascione
Estadão

Quando se fala em risco político e economia, 2024 começou morno para o Brasil. O mercado está relativamente tranquilo, mas sem entusiasmo. Duas notícias recentes descrevem bem esse quadro, que permite algumas reflexões sobre a agenda política deste ano.

A primeira notícia foi a bem-sucedida captação de US$ 4,5 bilhões pelo Tesouro na última segunda-feira (22), com forte demanda. O Brasil tem encontrado portas abertas na comunidade financeira internacional, mesmo com o grande ceticismo a respeito da meta de déficit zero em 2024. As dificuldades de Fernando Haddad para emplacar novas medidas de arrecadação, como o fim da desoneração da folha de pagamentos, têm repercutido pouco no mercado nos últimos meses.

MAIS PREVISÍVEL – Uma das razões é a maior disposição dos fundos em assumir investimentos de maior risco. Mas outra razão, também verdadeira, é o alívio com o primeiro ano do governo Lula. Isso fica claro nas conversas com investidores internacionais. No fim das contas, a leitura de que Lula continua a ser pragmático e evitaria grandes rupturas na política econômica provou-se correta, e o Brasil voltou a ser visto como mais previsível do que outros países em desenvolvimento.

Mas uma segunda notícia, divulgada poucos dias antes, ajuda a manter os pés no chão. Segundo a consultoria PwC, em pesquisa com mais de 4 mil CEOs, o Brasil caiu para a 14ª posição entre os países mais importantes para o crescimento dos negócios empresariais.

Ou seja, nas grandes multinacionais, cada vez menos executivos estão animados com o Brasil, ou mesmo atentos ao que acontece por aqui. Dez anos atrás, o Brasil estava na 4ª posição, e, desde então, só caiu no ranking. A pesquisa foi divulgada no Fórum Econômico Mundial de Davos, onde ficou claro, em outros momentos, o fato de que o Brasil ocupa hoje uma posição secundária na agenda global.

LIMITAÇÕES CRÔNICAS – Isso tem muito a ver com as limitações crônicas da economia brasileira. Mesmo com todas as reformas feitas nos últimos anos, inclusive a reforma tributária de 2023, e com todo o esforço dos governos federal e estaduais para vender projetos ambientais e de infraestrutura, o fato é que ainda há muita incerteza entre as empresas a respeito da insegurança jurídica, tributária, e problemas de mão-de-obra, entre outros.

Por causa de sua privilegiada posição geográfica, o Brasil deveria ser um bom candidato a participar do chamado “nearshoring”: a busca de multinacionais por fornecedores e mercados mais perto de suas bases, e mais longe da China e de zonas de conflito.

Mas, está claro que, por causa de seus defeitos estruturais, o Brasil tem tido até agora uma participação muito tímida nesse movimento.

INCERTEZAS CRESCERÃO – E então? O copo está meio cheio ou meio vazio? Para aqueles que enxergam o mundo em preto e branco, presos à polarização política, é fácil responder. Mas a verdade é muito mais complexa. É questão de tempo, talvez semanas ou meses, para que o bom momento dos mercados globais seja interrompido, e então as incertezas sobre a política fiscal de Haddad cobrarão um preço maior.

Os próximos meses tendem a ser mais difíceis para o governo do que 2023, e a relação com o Congresso pode sofrer novos abalos. Mas, mesmo em meio a tudo isso, o Brasil continuará avançando em reformas importantes, como as próximas etapas da reforma tributária, e começa até a discutir uma reforma administrativa – algo imprescindível, mas há muito adiada.

O Brasil terá ainda novas oportunidades de chamar a atenção, com o G20 oferecendo uma boa vitrine.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGExcelente análise do Silvio Cascione. Realmente o mercado está tranquilo. A única preocupação é a insistência de Lula em se intrometer na Vale. Às vezes, tenho a impressão de que Lula está meio desequilibrado, com um parafuso meio frouxo, como se dizia antigamente. (C.N.)

CGU recupera 120 GB de dados da ‘Abin paralela’, inclusive os arquivos apagados

Abin paralela - Miguel Paiva - Brasil 247

Charge do Miguel Paiva (Brasil247)

Luís Augusto Evangelista e Ana Isabel Mansur
R7, em Brasília

A CGU (Controladoria-Geral da União) conseguiu recuperar 120 GB (gigabytes) de documentos da chamada Abin (Agência Brasileira de Inteligência) “paralela”. Os dados, que incluem 8 GB de material apagado, foram obtidos em sindicância administrativa da controladoria em agosto do ano passado. A Record apurou que a ação da CGU foi capaz de identificar não só quem abriu e imprimiu os arquivos, mas também o conteúdo das informações.

Na investigação administrativa, as autoridades descobriram que os relatórios produzidos pela “Abin paralela”, além de não conter o logo oficial da agência, tinham como alvo pessoas sem qualquer relação com as atribuições da agência ou dos trabalhos em curso.

CURRÍCULOS – Entre os documentos impressos, a CGU encontrou um resumo do currículo da promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A CGU vai abrir PADs (processos administrativos disciplinares) para investigar os policiais federais da “Abin paralela” que agiam durante a gestão do agora deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) à frente da agência de inteligência, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Esses agentes da PF foram afastados por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na quinta-feira (25), dia em que uma operação da PF fez buscas em endereços ligados a Ramagem.

OUTRAS PROVAS – Ainda no ano passado, durante a sindicância, a CGU encontrou provas de outros crimes, que ultrapassavam suas responsabilidades, e encaminhou todo o material para a Polícia Federal.

A partir daí, a PF deflagrou as duas fases da operação — na última quinta (25) e em outubro do ano passado. Entre os autores dos materiais produzidos na “Abin paralela”, estão os policiais federais afastados na quinta (25).

A Record e o R7 também apuraram que a atual cúpula da Abin tentou dificultar o trabalho dos agentes federais durante a operação de quinta (25) na sede da agência.

VEM COLABORANDO? -Os policiais teriam sido questionados a respeito do alcance dos mandados de busca e apreensão e foram impedidos de acessar todos os documentos necessários. A intrusão teria levado os agentes a entrar em contato com Alexandre de Moraes para um novo despacho.

Em nota ao R7, a Abin afirmou que “há 10 meses a atual gestão vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do STF sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações.”

(Reportagem enviada por José Guilhereme Schossland)

Augusto Heleno desafia a Polícia Federal a incriminá-lo sobre espionagem da Abin 

Coronavírus: General Heleno, ministro do GSI, está com covid-19

Heleno mente, ao dizer que explicou tudo em depoimento

Juliana Braga, Andréia Sadi
g1 Brasília

Ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) durante todo o governo de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno nega ter participação no uso do First Mile, ferramenta empregada para espionar autoridades. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na época, era subordinada à pasta que o general comandava.

“Não tenho nada a declarar. O que eu tinha para declarar eu já declarei em duas CPI’s que eu já respondi. Não vou ficar alimentando isso daí porque não tenho participação nenhuma”.

ME DÊ MOTIVO… – O blog conversou com Heleno na última quinta-feira, quando a Polícia Federal (PF) realizou buscas nos endereços ligados a Ramagem. Na ocasião, o ex-ministro disse que não havia motivos para a PF intimá-lo a depor porque ele já havia prestado esclarecimentos à CPMI do 8 de janeiro e ao colegiado homônimo na Câmara Legislativa do DF.

“A PF já tem essas declarações. Não tem por quê”.

Contudo, o blog consultou as notas taquigráficas das duas comissões e não há nenhuma declaração de Heleno sobre a Abin paralela.

ELOGIO A TODOS – Em um trecho na CPMI no Congresso, ele afirma nunca ter pedido a Ramagem nada com interesse político. Em outro, elogia o então diretor-geral da Abin e, em uma crítica à conduta do general Gonçalves Dias no 8 de janeiro, destaca como funcionava a relação entre os dois.

“Eu tive, durante o meu mandato, dois Diretores da Abin da melhor qualidade, o Dr. Ramagem, que hoje é Deputado Federal, e depois o Dr. Victor, que é muito bom e que ficou interino durante um certo tempo, porque o Diretor, durante o tempo dele… Porque o Diretor da Abin precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, então, o Victor ficou na situação de interino, é da melhor qualidade. E eles me traziam as informações que eram importantes, que me interessavam. É lógico que, se chegasse uma informação desse tipo, tinha que ter alguma atitude, não há como não ter atitude”, disse no depoimento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Augusto Heleno já revelara sua falta de caráter, ao participar de reunião com a advogada de Flávio Bolsonaro, para traçar a estratégia de usar a máquina administrativa federal para ajudar na defesa dele. Essa nova revelação sobre o general não deve causar surpresa a ninguém. (C.N.)

Desmentida a apreensão de um computador da Abin na casa do vereador Carlos Bolsonaro

Carlos Bolsonaro seria recebedor de dados da “Abin paralela” | Metrópoles

Carlos Bolsonaro recebia as informações da Abin Paralela

Andréia Sadi, Fábio Santos
g1 Brasília

PF apreendeu um computador da Abin e celulares com assessores e ex-assessores de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem. Operação apura uso da Abin para espionagem ilegal de desafetos.

Mas foi desmentida a informação de que a PF teria apreendeido na manhã desta segunda-feira (29) um computador da Abin com o vereador Carlos Bolsonaro. O vereador do Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é o mais novo alvo da segunda fase da investigação da Polícia Federal (PF) sobre o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fazer espionagem ilegal.

O mandado de busca e apreensão foi autorizado para a residência de Carlos Bolsonaro e também para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A suspeita é de que assessores de Carlos Bolsonaro, que também são alvo da operação, pediam informações para o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem.

OUTRAS SUSPEITAS – Além das suspeitas relacionadas a Carlos, as investigações da PF indicam que a Abin foi usada para beneficiar Flávio e Jair Renan Bolsonaro, também filhos do ex-presidente, em investigações das quais eram alvos.

De acordo com a PF, foram expedidos nove mandados de busca em apreensão nas seguintes cidades: Rio de Janeiro (RJ), 5; Angra dos Reis (RJ), 1;  Brasília (DF), 1;  Formosa (GO), 1; e Salvador (BA), 1

Carlos Bolsonaro é vereador desde 2001 e está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Municipal do Rio. Ele foi apontado pelo ex-braço-direito de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, como chefe do chamado gabinete do ódio, uma estrutura paralela montada no Palácio do Planalto para atacar adversários e instituições – como o sistema eleitoral brasileiro.

DISSE MORAES – Na última quinta-feira (25), o ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, usou o órgão para fazer espionagem ilegal a favor da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Entre autoridades espionadas estavam a ex-deputada Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.

Apurações da PF apontam que a Abin teria sido “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente uma série de autoridades e pessoas envolvidas em investigações, e também desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro. O uso indevido da Abin teria ocorrido quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado de Bolsonaro que, atualmente, é deputado federal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não causa a menor surpresa a participação de Carlos Bolsonaro na espionagem paralela da Abin. Ele e os irmãos, inclusive Jair Renan, se comportavam como se fossem “donos do país”, esquecidos de que o poder é sensação passageira. Agora, nessa investigação, vão levar muita gente com eles eles, inclusive o próprio pai, que não soube criá-los como deveria. (C.N.)

Crise na cúpula! Lira não quer conversa com Padilha e busca novos interlocutores

Em meio aumento de tensão, Lira convoca líderes antes do fim do recesso |  VEJA

Lira não quer conversa e já colocou Padilha no “freezer”

Gabriel Sabóia e Sérgio Roxo
O Globo

Com uma série de pendências a resolver com o Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de solucionar um impasse na sua articulação política na volta do recesso parlamentar. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cortou o diálogo com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela interlocução do governo com o Legislativo. Os dois não se falam desde o fim do ano passado.

O estopim para o rompimento, segundo aliados do presidente da Câmara, foi a edição de uma portaria do governo que prevê novas regras para liberação de recursos apadrinhados por parlamentares na área da Saúde.

LULA FOI AVISADO – A nova norma, que entrou em vigor em dezembro, condiciona transferências à aprovação de um colegiado formado por gestores estaduais e municipais do SUS em cada estado.

Lula foi avisado ainda em dezembro por Lira que não havia mais diálogo com Padilha, seja sobre a liberação de emendas ou sobre a tramitação de projetos. Procurados, tanto o deputado quanto o ministro não quiseram comentar o assunto.

Desde então, Lira elegeu como interlocutores o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar de assuntos de interesse do Palácio do Planalto. Foi o chefe da Casa Civil, por exemplo, quem avisou ao presidente da Câmara que Lula vetaria R$ 5,6 bilhões do valor aprovado para emendas de comissão no Orçamento deste ano.

SINAIS TROCADOS – Aliados de Padilha minimizam o “gelo” de Lira. Alegam que desde o início do governo o deputado envia sinais trocados sobre seu alinhamento com Planalto e, neste contexto, o ministro se torna alvo por estar à frente das negociações políticas. Na avaliação da equipe da pasta, Lira só queria um pretexto para o rompimento.

Em conversas internas no governo, Padilha disse ter sido avisado sobre o descontentamento de parlamentares do Centrão com a portaria do Ministério da Saúde. O ministro alega, porém, que a norma visava a facilitar a liberação dos recursos e houve uma interpretação equivocada.

Um outro ponto citado por aliados do ministro para o rompimento é o desejo de Lira de ter uma interlocução mais direta com Lula. As conversas entre os dois eram rotina na época da reforma ministerial concluída em setembro, quando a entrada do Centrão no governo foi sacramentada.

CLIMA DIFÍCIL – O deputado Felipe Carreras (PSB-PE), um dos principais aliados de Lira na Câmara, prevê um clima difícil para o governo na volta do recesso.

— A medida provisória, que reonera a folha de pagamento e prevê o fim do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), e os vetos vão de encontro a decisões tomadas pelo Congresso. Isso gera um grande clima de insatisfação, é inevitável. O governo vai ter que trabalhar dobrado para reverter.

A relação entre Lira e Padilha nem sempre foi conflituosa. No início do governo, os dois mantinham encontros e conversas frequentes ao telefone. Auxiliares do ministro até chegavam a interromper reuniões quando o presidente da Câmara o procurava. As queixas por parte de Lira, porém, começaram ainda no primeiro semestre.

CRÍTICAS DE LIRA – Em entrevista ao Globo em abril, Lira afirmou que Padilha é “um sujeito fino e educado, mas que tem tido dificuldades” no Congresso. Nos bastidores, as críticas, na época, eram de demora para nomeações e demora para a liberação de emendas.

Lula, porém, sempre defendeu seu articulador político. Em dezembro, ao discursar em um evento com catadores, o presidente disse que Padilha “cumpriu o seu papel” em 2023 e pediu compreensão com as dificuldades de negociação diante de um cenário que “a esquerda toda não deve ter 130 deputados de 513”.

‘Fino, mas tem dificuldades’: Em entrevista ao Globo, em abril, Lira afirmou que a pasta de Padilha precisava se organizar. Sobre o ministro, definiu-o como “um sujeito fino e educado, mas que está tendo dificuldades”. “Talvez a turma precise descentralizar mais, confiar mais”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEstá feia a coisa, já chegando ao ponto de vaca não conhecer bezerro, como se diz no interior. Se o apoio de Lira, a maioria do governo na Câmara rapidamente pode virar minoria. (C.N.)

Ao tentar pressionar a Vale, Lula exerce um capitalismo estatal de baixíssmo nível

Lula lembra cinco anos de Brumadinho e cobra mais responsabilidade da Vale - Brasil 247

Lula não desiste de tentar influir na presidência da Vale

Merval Pereira
O Globo

Continua nos bastidores a pressão do governo sobre o Conselho da Vale, embora extraoficialmente se saiba que Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, desistiu da indicação para a presidência da companhia, caso raro de alguém que desiste de um cargo para o qual não foi convidado. Seria um prêmio de consolação do presidente Lula para Mantega, que considera seu amigo um injustiçado.

A questão não é se Mantega tem ou não condições para presidir uma empresa do porte da Vale, mas lembrar que a mineradora é uma empresa privada, tem critérios próprios para a escolha de seus dirigentes, pelos quais o indicado pelo governo não passaria. A começar pelo fato de que, segundo essas regras, há um comitê de nomeação que recomenda ao Conselho os nomes dos candidatos, escolhidos por uma empresa de “head hunter” de nível internacional reconhecido.

NÃO É USUAL – O governo, porém, fez um recuo apenas tático, continua tendo interesse em submeter a Vale à sua política de industrialização lançada pelo BNDES. A tentativa de exigir a nomeação de um presidente que tenha ligações com o governo continua em andamento, e amanhã ou terça haverá uma reunião do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, o presidente do Conselho de Administração da Vale, Daniel Stieler, e o representante dos conselheiros independentes, Ollie Oliveira, para estabelecerem os pontos de contatos possíveis entre a segunda maior empresa de mineração do mundo e o governo Lula. O que não é usual.

Sabe-se que uma das tentativas de Silveira será postergar a decisão sobre a presidência da Vale, que será debatida em reunião extraordinária marcada para sexta-feira. Em oposição à pressão do governo para adiar a decisão para depois do Carnaval, há um movimento interno para que a decisão seja tomada logo.

Diante da situação tensa estabelecida, a permanência do presidente Eduardo Bartolomeu ganhou força, pois qualquer outra decisão seria admitir a ingerência do governo nos negócios da companhia.

SEM DISPUTA POLÍTICA? – No entanto, não há disposição de transformar essa questão em uma disputa política, que coloque a empresa como uma força oposicionista ao governo, o que não corresponde à realidade. O governo também já entendeu que não pode impor suas vontades à companhia, ao contrário do que faz na Petrobras, que é uma estatal, mas com forte presença na Bolsa de Valores, inclusive nos Estados Unidos.

Lá, um gerente que havia sido demitido por acusações de corrupção, voltou ao mesmo posto, depois de ter sido vetada a nomeação pelo comitê de conformidade da empresa.

O fato é que o governo continua interessado em ter sob seu controle a maior empresa privada de mineração do país, e é esse o motivo para, em meio a essa queda de braço, o ministério dos Transportes ter emitido uma multa de R$ 25,7 bilhões pelas renovações antecipadas dos contratos da Estrada de Ferro Carajás e Vitória Minas.

PODER DO ESTADO – Apenas uma amostra do que o governo pode fazer se a Vale não se enquadrar em suas exigências, pressão sobre os acionistas, representantes de empresas que também têm necessariamente que negociar com o governo demandas próprias.

Usar o poder estatal para pressionar uma empresa privada, que tem entre seus conselheiros representantes de empresas globais, é a aplicação de um capitalismo de Estado de baixa qualidade que certamente abalará a imagem do país no exterior.

A disputa colocada em jogo pelo governo vai muito além de nomes para cargos, mas coloca em discussão a atuação de empresas privadas num país que, em tese, é uma democracia capitalista. A simples colocação na mesa de negociação da possibilidade de escolha de um terceiro nome, que não seja nem Mantega nem Bartolomeu já demonstra uma interferência inaceitável em uma empresa que tem estrutura de organização baseada nas mais modernas práticas gerenciais.

Livro mostra como Big Techs se apropriam da informação para lucrar com a incerteza

Incerteza, um ensaio: Como pensamos a ideia que nos desorienta (e orienta o  mundo digital) eBook : Bucci, Eugênio: Amazon.com.br: Livros

“Incerteza, um ensaio”, novo livro de Eugenio Bucci

Helio Schwartsman
Folha

“Incerteza, um Ensaio”, de Eugênio Bucci, é um livro ao mesmo tempo despretensioso e profundo. O autor começa recapitulando ideias da física sobre incerteza e entropia, passa pela teoria da informação de Claude Shannon, e mostra como o mundo moderno, em especial a esfera digital, se tornou um campo de batalha pelo controle da incerteza. As big techs se garantem como monopólios porque são capazes de se apropriar da incerteza e geri-la.

Antes de seguir, devo assinalar que Bucci é meu amigo, o que me torna automaticamente meio suspeito para comentar seu livro. O leitor que aplique os descontos que julgar necessários.

PERSPECTIVAS – Tudo no livro é muito didático e bem argumentado. Faço, contudo, ressalvas a algumas das conclusões do autor, e isso tem a ver com uma diferença de perspectivas.

Bucci é mais marxista do que eu e isso faz com que ele veja as relações de mercado como um jogo de soma zero, no qual o lucro de um é o prejuízo do outro.

Minha matemática é diferente. Acho que ocorrem também muitas interações de soma positiva nas quais as duas partes ganham com a transação.

PLANTAR E COMER – Um exemplo? Circula na internet um vídeo genial em que Andy George faz um sanduíche de frango “ab ovo”, isto é, produzindo ele próprio os ingredientes. Resumindo, entre plantar o trigo para fazer o pão e viajar ao litoral para extrair sal da água do mar, ele leva seis meses e gasta US$ 1.500 (R$ 7.384). São os mecanismos de mercado que fazem com que os ganhos da especialização do trabalho sejam distribuídos pela sociedade.

Não é o suficiente para tornar o capitalismo uma força benigna, mas é o que basta para compor um quadro complexo, com bônus e ônus. Concordo com a maior parte das conclusões de Bucci, que pinta as big techs como entidades autoritárias que promovem ativamente a ignorância para lucrar. Precisamos regular melhor a gestão das incertezas. Como fazê-lo, porém, permanece para mim algo bastante incerto.

Se Congresso for escanteado, a aliança de Lula com o Supremo pode ter forte reação

Imagem da Matéria

Charge do Lézio Júnior (Arquivo Google)

Dora Kramer
Folha

O governo vem tentando dourar a pílula no caso da medida provisória da cobrança de imposto sobre as folhas de pagamentos das empresas contempladas com a desoneração, aprovada com ampla maioria no Legislativo. O ministro da Fazenda diz que a decisão final será do presidente da República, que faz discurso criticando o empresariado por excesso de ganância.

Na cena real não é nada disso. Lula acusa os empresários porque não pode chamar de gananciosos os congressistas para não arrumar mais confusão do que já arrumou tentando testar os limites do Parlamento na afronta explícita a duas decisões inequívocas.

RETIRAR A MP – Fernando Haddad tenta suavizar e disfarça dizendo que a decisão cabe ao presidente, mas já está tomada pelo Congresso.

Todo mundo ouviu o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) anunciar no final da semana passada que o governo vai retirar a MP. O comunicado não partiu do Planalto, mas do presidente do Senado, e sem deixar margem para negociação. Era a revogação ou a devolução da medida.

Outros dois pontos da MP ainda são objeto de conversação, mas o principal, onde reside a derrota do teste, era a desoneração. O governo teve o ano inteiro de 2023 para tratar do mérito, deixando para fazer isso com o fato consumado.

SEM FORÇA – Lula não tem a força que já teve para tratar com o Parlamento na base da faca no pescoço.

O episódio aconselha o presidente a ir devagar com a ideia de firmar aliança com o Supremo Tribunal Federal para se desviar das dificuldades no Legislativo, onde há poder de sobra.

O Congresso tem poder para impedir mandatos de presidente e de ministros do STF, para emendar a Constituição, para derrubar vetos do Executivo, para aprovar plebiscitos, para recusar nomeações, para devolver medidas provisórias, para trancar pautas de interesse do governo…

Política industrial repete estratégias que deram errado, mas o governo não admite

Nova política industrial brasileira usa ferramentas já testadas em governos anteriores, sem foco em produtividade e formação de capital humano

Governo Lula anunciou um museu de grandes novidades

William Waack
Estadão

A recém-anunciada política industrial do governo foi chamada de velha pelo próprio Lula antes mesmo de começar, mas o problema não é ser uma ideia antiga. É não se conseguir entender o que aconteceu com o que já se tentou.

Na leitura que Lula faz do passado recente, tudo ia maravilhosamente bem até a derrota “das elites” na eleição de 2014. O esperneio de derrotados inconformados juntou-se à Lava Jato (e aos ianques) e tramou-se então o golpe que interrompeu o caminho natural das coisas, o da permanência indefinida do PT no poder.

FALTOU TEMPO – Nessa visão histórica, não eram as políticas públicas que estavam equivocadas. Faltou tempo (devido à interrupção causada pelo golpe) para sua devida implementação. Nessa forma de se ver as coisas, foram fatores puramente políticos que impediram, por exemplo, que dessem certo projetos como incentivar a indústria naval ou construir refinarias monumentais.

Pelo jeito, Lula considera as condições políticas atuais adequadas para seu intento de reparar injustiças, que vão da “reabilitação” de reputações pessoais (a dele e de vários personagens à sua volta, como Dilma e Mantega) à aplicação de seus conceitos de política externa, social ou industrial.

Ele o faz ignorando o grau de resistência social e as decisivas mudanças nas relações de poder entre Legislativo e Executivo.

NOVA VELHA – O problema para a “nova velha” política industrial não é a questão do Estado ser o indutor, mas que tipo de estratégia o Estado escolhe. No lançamento da atual “nova velha” política, fez-se o uso surrado dos exemplos de Japão, Coréia do Sul e Alemanha. Cada um ostenta características próprias, além de seus contextos históricos e geopolíticos.

Relevante para todos, e aí se poderia incluir também Estados Unidos, China ou Israel, entre outros, foi a ênfase colocada em produtividade (portanto, formação de capital humano) e capacidade de competição.

Especialmente esse último fator, o da competitividade, foi entendido por esses países como condição essencial da própria sobrevivência diante não só de adversários comerciais mas, sobretudo, geopolíticos.

ELITES IRRACIONAIS – Essa compreensão é uma função de elites políticas e econômicas. As do Brasil têm escassa capacidade de articulação estratégica em escala nacional.

Para existir, entendem que têm de navegar num ambiente de negócios péssimo, no qual é essencial a proximidade com instituições e agentes de um Estado balofo, perdulário, ineficiente e incapaz de raciocínio estratégico. A postura dessas elites acaba sendo defensiva e em busca de proteção.

Lá vamos nós, então, brigar de novo com consequências.

Lá estão Boulos e Tabata com Marta e Datena, oportunistas de papel passado

Tabata lança pré-campanha e diz que, se eleita, contará com apoio de Lula e  Tarcísio - Folha PE

Na política, cospe-se no passado e pisoteia-se o futuro

Mario Sergio Conti
Folha

Existe algo mais aborrecido que acompanhar a baixa política? Sim. Ir ao dentista, achar vaga para o carro num shopping center, pegar estrada em véspera de feriado, assistir a um filme de Danilo Gentili. Mas a política vicia.

Quando percebe, a leitora obtura cáries todas as tardes. Não sabe onde deixou o carro e erra pelo estacionamento. Achou emprego fora da cidade. Vê “Podia ser Pior” em looping. Sabe tudo sobre o PTB do interior do Acre. Está a um passo da cracolândia, coitada.

POLÍTICA TRONCHA -Em que pese o empenho dos que entram na política com intenções magníficas, ela é troncha na situação e na oposição. Eis aí, por exemplo, o bate-coxa de Guilherme Boulos, de centro esquerda, e Tabata Amaral, de centro direita. Querem o lugar do Zé do Caixão da prefeitura paulistana.

Lá estão eles, então, no maior lero-lero com Marta e Datena, oportunistas de papel passado e firma reconhecida em cartório. Acham que São Paulo passará da água para o vinho se tiverem esses sommeliers como vice-alcaides. Tim-tim, um brinde às próximas eleições!

É em benefício de eleições futuras que políticos da centro esquerda de direita cospem no passado e pisoteiam o presente. Prometem medidas urgentes e as adiam para o dia de são Nunca. Enquanto as mudanças ficam para as calendas, espertalhões papam a “Secretaria de Negócios Sinistros do Município”.

É UMA CARREIRA – Quem esnoba o toma-lá-dácá, que os profissionais do ramo chamam de “realismo”, é logo lembrado do dito de Platão: “O castigo dos bons que não fazem política é serem governados pelos maus”. Nem tanto. A política é um meio de ganhar a vida, uma carreira.

Há, ainda, as diferenças entre alta e baixa política. A primeira ocorre se uma crise supura e as lesmas têm de sair da letargia. Assim foi quando se teve de dar um basta à Besta, e se deteve o massacre que Bolsonaro urdia. Viva. Mas o preço que se paga hoje é o retorno ao ramerrame político.

O nível melhora quando sacerdotes da política escrevem sobre sua trajetória. “Minha Formação”, de Joaquim Nabuco, é um clássico de nossas letras. E os quatro grossos volumes dos “Diários da Presidência”, de Fernando Henrique, têm muitas revelações.

ESTÁ NOS LIVROS – Na França, livros de políticos abarrotam bibliotecas. Nicolas Sarkozy lançou cinco sobre seus cinco anos no poder. Até François Hollande, de mediocridade pastosa, perpetrou dois, sabe-se lá como. Aliás, sabe-se: com “ghost writer”, que eles chamam de “nègre”.

Na regra, não são politicões que fazem bons livros, e sim politiqueiros, que espiam os grandes. Ou homens públicos cujo estilo supera a politicagem; como Saint-Simon, que contou como agia à corte de Luiz 14 e compôs um painel soberbo da nobreza francesa, “Memórias”.

Roland Dumas é um caso à parte. Tem 101 anos e está enfronhado na política desde a ocupação nazista, que fuzilou seu pai. Lutou na Resistência, foi deputado, ministro e presidente da Corte Constitucional, o STF francês. Advogado, defendeu Picasso e Kadafi, Chagall e Lacan.

A C0NTA-GOTAS – Sobretudo, foi íntimo de Mitterrand, presidente francês por 14 anos. Seu livro “Coups et Blessures” (sem tradução) tem o subtítulo “50 anos de segredos compartilhados com François Mitterrand”. É verdade, mas as intimidades e os segredos lhe eram concedidos a conta-gotas.

O próprio Dumas conta ter dito a Mitterrand que, como eram amigos havia décadas, sabia tudo a seu respeito. O presidente rebateu na bucha que ele sabia 15% da sua vida, se tanto. Ainda assim, são impagáveis os retratos que faz de Mitterrand e das mesuras e firulas da política francesa.

Sem papas na língua, conta que Mitterrand nunca foi de esquerda; que era um mulherengo contumaz; que passou sem dramas de colaborador do regime de Vichy para resistente, e depois chefe do Partido Socialista; que foi bígamo durante decênios; que a corrupção grassa no poder político.

EXEMPLO DE CIMA – O vigor do relato está na candura, na mixórdia de pompa e escracho, de fofoca e análise, de alta e baixa política. Candura que aplica contra si mesmo ao revelar que tinha mulher, amante oficial e uma segunda amante. “Isso pode parecer excessivo, mas o exemplo vinha de cima”, diz Dumas, apontando para Mitterrand.

Essa terceira amante, executiva da Elf, o gigante do petróleo, o corrompeu com um par de sapatos Berluti, no valor de € 1.600, e uma coleção de estatuetas africanas. Na cara dura, Dumas diz que era rico e foi imprudente. E xinga a amante de “p… da República”. Gente fina é outra coisa.

Esse realismo faz falta à política nacional.

Donald Trump representa perigo imenso para o mundo, mas quem se interessa?

Ex-presidente Donald Trump durante evento de campanha em Iowa

Ex-assessores transmitem uma péssima impressão de Trump

Deu em O Globo

As duas primeiras prévias do Partido Republicano — nos estados de Iowa e New Hampshire — confirmaram o favoritismo de Donald Trump. Descartados efeitos de eventos imprevisíveis, como condenações judiciais nos processos em que é réu, o mais provável é que seu nome esteja nas cédulas em novembro.

Pelas pesquisas, ele hoje derrotaria o presidente Joe Biden, virtual candidato democrata, na maioria dos estados necessários para vencer a eleição. É verdade que tudo pode acontecer até lá, mas o risco de uma eventual vitória de Trump precisa ser levado a sério desde já.

MUITA PREOCUPAÇÃO – Líderes políticos e empresariais de todo o mundo começam a traçar cenários sobre sua volta à Casa Branca. Não causa surpresa que as conclusões sejam preocupantes. As avaliações, afinal, não são feitas com base em suposições.

Nos quatro anos em que ocupou a Presidência, entre 2017 e 2020, Trump criou um clima de caos e incerteza em torno de sua personalidade errática e mercurial. Desagradou mais a aliados que a inimigos históricos dos Estados Unidos. Foi explícito ao pôr em questão a Otan, aliança militar com os europeus. Aproximou-se de Vladimir Putin, Kim Jong-un e outros autocratas. Num eventual segundo mandato, a única certeza é a incerteza.

Mesmo assim, algumas de suas inclinações sugerem os rumos prováveis. É o caso da retirada de apoio à Ucrânia e da reaproximação da Rússia de Putin. Ou do recrudescimento do protecionismo. Um dos planos expostos na pré-campanha é impor uma tarifa de importação de 10% a todos os países, com consequências negativas nos planos interno e externo. O risco é uma nova guerra comercial de dimensão global.

AGENDA AMBIENTAL – Para o planeta, o perigo mais insidioso seria o recuo na agenda ambiental. Em 2017, Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, reação da humanidade contra as mudanças climáticas. Segundo Trump, o acordo é injusto com trabalhadores e empresas americanas.

“Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não de Paris”, disse na época. Ao assumir, Biden restaurou a adesão dos Estados Unidos, segundo maior emissor de gases de efeito estufa. Uma nova ruptura sob Trump ameaçaria as metas e poria em xeque o futuro do planeta.

Há, por fim, o risco que Trump representa à própria democracia americana, demonstrado pela invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

INTERESSES PESSOAIS – Na campanha, ele deu a entender que pretende enviar tropas a cidades governadas por democratas, invocando uma lei que amplia os poderes do Executivo. Só não fez isso no primeiro mandato porque foi convencido do contrário por militares e assessores. Tentaria de novo?

De acordo com dois ex-secretários do governo Trump — Bill Barr, de Justiça, e Mark Esper, de Defesa —, ele sempre põe seus interesses à frente do nacional. Sobre o 6 de Janeiro, o ex-vice Mike Pence declarou ter sido instado a escolher entre Trump e a Constituição. Para John Kelly, seu ex-chefe de gabinete, Trump “é a pessoa mais imperfeita que conheci”. Quem acompanha a equipe atual de Trump não vê gente com estatura moral para frear seus impulsos.

Muitas promessas de campanha de 2016 não viraram realidade por falta de experiência e organização. Um novo governo Trump promete ser mais eficaz. Seria desejável que a sociedade americana aproveitasse o tempo que resta até novembro para oferecer alternativas melhores ao eleitor. Do contrário, o risco para o mundo será imenso.

Ministros de Lula defendem Genoino no seu boicote a “empresas de judeus”

Ato do MST com ministros de Lula tem desagravo a Genoino e palestinos -  Jornal de Brasília

José Genoino foi aplaudido em ato comemorativo do MST

Heitor Mazzoco
Estadão

Dois ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva saíram em defesa do ex-deputado federal José Genoino em um evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), neste sábado, 27, depois de o ex-presidente do PT afirmar que acha interessante a “ideia de boicote” a “determinadas empresas de judeus” e a “empresas vinculadas ao Estado de Israel”.

As declarações de Genoino foram classificadas como “antissemitas” pela Confederação Israelita do Brasil (Conib).

MARINHO APOIA – O primeiro a demonstrar apoio a Genoino foi Luiz Marinho, ministro do Trabalho, que afirmou ver “perseguição” por “ele defender a causa justa do povo palestino”. Na sequência, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, pediu para aplaudirem Genoino, o que foi feito. No momento, o ex-presidente petista se levantou da cadeira e agradeceu com punho erguido.

Próximo do fim do evento de 40 anos do MST, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também se manifestou em favor de Genoino.

“Eu quero aproveitar o momento para me somar ao esforço em torno da paz no Oriente Médio. Pelo fim da guerra contra o povo palestino. Me solidarizo ao Breno Altman (jornalista) e ao Genoino que estão sendo vítimas de ataque em função da defesa que fizeram para o povo palestino. Aquilo é cruel e vamos protestar de toda forma contra aquela crueldade”, disse.

CORRUPÇÃO PASSIVA – Genoino afastou-se da vida pública após ser condenado a quatro anos e oito meses por corrupção ativa no processo que ficou popularmente conhecido como “mensalão”. Ele sempre negou o crime. Em 2015, a pena foi extinta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após o indulto concedido pela então presidente Dilma Rousseff.

As recentes declarações de Genoino sobre boicote a empresas de judeus ocorreu em uma transmissão ao vivo. No momento, o debate era sobre deixar de comprar na Magazine Luiza diante do apoio da empresária Luiza Trajano a um abaixo-assinado para o presidente Lula deixar de apoiar ação da África do Sul contra Israel por genocídio.

A Conib apresentou junto ao Ministério Público Federal (MPF) uma queixa-crime contra Genoino. Uma investigação pode ser aberta para apurar o caso. Opositores também entraram com representações contra o ex-presidente do PT. O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP) apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Caramba, esses caras são irresponsáveis! Sugerir boicote ao Magazine Luiza, num momento em que a empresa não está bem financeiramente, pode matar mais empregos do que palestinos na Faixa de Gaza, e os brasileiros não têm nada a ver com essa guerra. Deixem a Luiza trabalhar em paz! (C.N.)

Campos Neto negocia PEC à revelia do governo e provoca nova crise com Lula

Campos Neto não arreda o pé; reta final do Imposto de Renda e dividendos  milionários do Banco do Brasil – Money Times

Campos Neto despreza as críticas de Lula e vai em frente

Eduardo Gayer
Estadão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negocia a PEC da autonomia financeira da autoridade monetária em termos rechaçados pelo governo federal. Na avaliação de interlocutores do Palácio do Planalto, uma crise entre o economista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — após meses de calmaria — está contratada para fevereiro, se os bombeiros de plantão não buscarem mediar o impasse já na volta do recesso parlamentar.

Sem ter procurado, até agora, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para falar sobre o assunto, Campos Neto sinalizou a aliados no Senado seu apoio ao trecho da PEC que dá ao Congresso o poder de supervisionar o Banco Central.

AUTONOMIA TOTAL – Pelo texto, de autoria do senador Vanderlan Cardoso (PSD-MG), o BC terá “a autonomia de gestão administrativa, contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial sob supervisão do Congresso Nacional”. Procurado, o BC não comentou.

A tese está em rota de colisão com o pensamento de Lula, que tenta frear o avanço de Câmara e Senado sobre o que considera prerrogativas do Executivo.

Nos bastidores do governo, uma proposta considerada razoável para negociação seria designar o Conselho Monetário Nacional (CMN) como o fiscalizador do BC. O órgão é formado pela presidência do banco, pelo ministério da Fazenda e pelo ministério do Planejamento, hoje sob o comando de Simone Tebet.

BANDEIRA DO BC – A autonomia do BC em três dimensões —operacional, administrativa e financeira — era uma bandeira de Roberto Campos. Seu neto, o atual presidente da autarquia, não quer deixar o cargo em dezembro sem transformar ver o sonho do avô se concretizar. Com o calendário de votações no Congresso apertado pelo ano eleitoral, Campos Neto sabe que precisa acelerar as tratativas.

Designado relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Plínio Valério (PSDB-AM) diz não ter opinião formada sobre a divergência entre BC e governo em torno da fiscalização da autoridade.

“A única coisa que decidi é que vou conversar com todos: com Roberto Campos Neto, com os funcionários do Banco Central e com o Jaques Wagner (líder do governo no Senado)”, afirmou à Coluna do Estadão. As tratativas devem esquentar com o fim do recesso parlamentar, em fevereiro.

RELATOR FAVORÁVEL – De qualquer forma, Plínio Valério é favorável a dar mais independência à autoridade monetária. Ele foi o autor da lei complementar que deu autonomia ao BC, ainda no governo Jair Bolsonaro. “Se agora for para melhorar a autonomia do nosso projeto, legal, eu vou melhorar”, acrescentou.

No início do mandato, Lula direcionava sua artilharia em Campos Neto pela alta taxa de juros, e chegou a chamá-lo de “esse cidadão”. Com o início do ciclo de cortes na Selic, a tensão diminuiu e o presidente do BC chegou a comparecer à confraternização de fim de ano promovida pelo presidente a seus ministros na Granja do Torto.

A relação institucional entre Lula e Campos Neto foi costurada por Haddad e por Gabriel Galípolo, ex-secretário executivo da Fazenda e hoje diretor de Polícia Monetária do Banco Central por indicação do presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – Mas agora a relação volta a estremecer. Campos Neto quer sacramentar a autonomia no BC e está levando Lula à loucura. O problema do presidente é que o mandato do economista vai até dezembro. Lula poderia até substitui-lo, mas precisaria ter autorização do Senado. Assim, não adianta estrebuchar. Como diria a sábia neopetista Marta Suplicy, é melhor relaxar e gozar. (C.N.)

Piada do Ano! Atual cúpula da Abin é investigada por conluio com a anterior

Altamiro Borges: Abin abrirá os porões usados por Bolsonaro?

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Catia Seabra, Julia Chaib e Ranier Bragon
Folha

Uma reunião interna da cúpula da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) convocada pelo atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, na quinta-feira (25), dia da operação que mirava a agência, entrou na mira da Polícia Federal. A PF convocou três servidores para depor buscando informações sobre o teor do encontro.

A operação na quinta-feira trouxe a público mais uma linha de investigação da polícia, além das que já existiam na primeira fase da apuração, a de que a direção atual da Abin estaria atrapalhando as investigações.

DE SURPRESA – Embora isso tenha surgido nos relatos do delegado responsável pelo caso para o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a ação, não havia na decisão do ministro nenhuma diligência a ser cumprida sobre o tema.

Após investigadores tomarem ciência da reunião, a PF decidiu intimar servidores para depor nesta sexta-feira (26). Um dos objetivos, de acordo com pessoas familiarizadas com o inquérito, é apurar se a cúpula da Abin sob Lula tentou interferir nas investigações.

Na quinta-feira, a reunião começou por volta das 11h, quando Moraes ainda não havia retirado o sigilo da decisão em que autorizou a operação nas dependências da Abin. Até então, não era de conhecimento público que a atual cúpula da Abin também era citada pela PF no pedido que motivou a operação que investiga a suposta espionagem ilegal da agência.

INDÍCIO DE CONLUIO – De acordo com a PF, há indício de “conluio” entre a atual gestão e servidores que atuaram no governo passado e são investigados, o que a agência nega.

Os agentes federais chegaram ao prédio da Abin por volta das 6h e saíram de lá à noite. Funcionários da agência negaram qualquer tipo de tentativa de interferência e dizem que a reunião foi convocada para gestão de crise, o que, dizem, é normal em situações em que o órgão tem a sua imagem atingida por algo de vulto.

Houve ainda, de acordo com a Abin, uma tentativa inicial de busca que não estava especificada no mandado apresentado pelos policiais federais. Com isso, afirma a agência, a posição do setor jurídico do órgão foi a de autorizar a busca somente se os policiais trouxessem novo mandado judicial, o que teria ocorrido posteriormente.

TENTOU OBSTRUIR – Investigadores da Polícia Federal relataram no pedido a Moraes haver indícios de que a cúpula da Abin tentou obstruir antes as investigações.

Eles dizem ainda que os diretores da agência barraram o acesso a documentos e por isso foi necessário realizar medidas de busca e apreensão na sede da agência mais de uma vez. Além disso, apontam que a cúpula do órgão chegou a passar informações erradas à PF, dificultando a apuração. Já servidores da Abin negam esses relatos e dizem que nenhum pedido da PF relativo a essa investigação ficou sem resposta.

A operação desta quinta-feira mirou o ex-diretor da agência Alexandre Ramagem, que comandou o órgão na gestão de Jair Bolsonaro e hoje é deputado federal, e outros policiais que trabalham no órgão.

HOUVE CONLUIO – Para a PF, houve “conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin”, que teria causado prejuízos à investigação e também à própria agência.

O órgão cita o número dois da agência, Alessandro Moretti, e diz que, em reunião com investigados, ele afirmou que a apuração sobre o caso tinha “fundo político e iria passar”. Moretti é delegado da PF.

Para pessoas envolvidas no caso, houve falta de vontade por parte da cúpula da Abin de elucidar a investigação. A Abin também nega esses pontos. Integrantes da agência ressaltam que no dia da citada reunião de Moretti, no final de março, os servidores não estavam sendo investigados ainda. E que o “fundo político” citado se referia à rixa de bastidor entre a cúpula das duas corporações, Abin e PF, não a investigações.

DILIGÊNCIAS – A primeira vez que a PF realizou operação nas dependências da Abin ocorreu em outubro, também autorizada por Moraes, para apurar uso irregular de seu sistema de geolocalização.

Já a tomada de depoimentos desta sexta-feira acontece quando o comando da agência corre risco de exoneração. Aliados do presidente Lula apostam na saída de Moretti e têm dúvidas sobre a permanência do diretor-geral.

As suspeitas que vieram à tona na operação causaram reação política em Brasília, com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, falando em “um dos maiores escândalos da história” e a “ponta de um novelo que envolveu dezenas de milhares de pessoas”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais uma Piada do Ano! As investigações, feitas para pegar Bolsonaro, acabaram mostrando que a Abin é uma caixa-preta acima dos governos, que passam e a Abin fica… (C.N.)

Acredite se quiser! Lula desiste de Mantega, mas teima em pressionar Conselho da Vale

Silveira nega que Lula tenha feito pressão para colocar Mantega na Vale

Ministro Alexandre Silveira tenta atender pedido de Lula

Deu no Poder360

Depois de recuar sobre forçar a indicação do ex-ministro Guido Mantega para o cargo de presidente (CEO) da Vale, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai agora tentar pelo menos convencer a mineradora a adiar a decisão sobre quem vai comandar a empresa.

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, marcou reunião com o presidente do Conselho de Administração da Vale, Daniel André Stieler, para o início da semana. O encontro deve ser em Brasília, na segunda ou na terça-feira (29 ou 30 de janeiro). Também vai participar o conselheiro da Vale Manuel Lino Silva de Sousa, conhecido como Ollie Oliveira, que representa e lidera os independentes dentro da companhia.

DECISÃO NA SEXTA – Pelo cronograma que já estava decidido pela Vale, o Conselho de Administração da empresa terá uma reunião ordinária na quarta-feira (31.jan.) para tratar de assuntos diversos. Mas na sexta-feira (2.fev) está marcada uma reunião extraordinária do CA com o objetivo específico de definir quem estará no comando da mineradora, cujo presidente atual é Eduardo Barolomeo.

Para o governo, o ideal é ganhar tempo para tentar propor uma troca de comando que interesse ao Palácio do Planalto. Lula enxerga a Vale como uma companhia essencial para ajudar a alavancar o modelo de crescimento que defende para o Brasil.

O presidente da República deseja essa empresa atuando em áreas que considera de interesse nacional, apoiando projetos que possam ter sinergia com a nova política industrial recém-anunciada. Esse tipo de estratégia de Lula incomoda o mercado financeiro. A Vale é uma companhia privada e com participação reduzida de capital estatal.

LULA INSISTE – Na última quinta-feira (25.jan.), com a repercussão negativa sobre a eventual ida de Guido Mantega para a Vale, o Palácio do Planalto foi palco para uma reunião reservada entre Lula, o ministro Alexandre Silveira e o presidente do Conselho de Administração da mineradora, Daniel Stieler.

Neste encontro, diferentemente do que foi propagado pelo governo, Stieler não disse de maneira dura que Mantega não seria eleito para ser o novo presidente da companhia. Apenas relatou o que seriam as consequências da mudança neste momento por causa da forma como estavam sendo conduzidas as conversas. Lula compreendeu. Decidiu fazer um recuo tático.

Stieler já foi presidente da Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil. Segundo apurou o Poder360, a decisão política sobre o recuo na indicação de Mantega coube exclusivamente a Lula. O presidente entendeu que seria muito arriscado fazer esse tipo de pressão neste momento. Mas ainda não desistiu de influir no processo.

MUITA PRESSÃO – Até antes do recuo de Lula, o ministro Alexandre Silveira havia atuado nos últimos dias para pressionar, até em tom de ameaça velada, alguns dos acionistas privados da Vale.

Silveira estava apenas cumprindo ordens de Lula. Na linguagem da esquerda, o ministro se tornou um tarefeiro do presidente. Dispõe-se inclusive a negar em público o que todos sabem em privado, como quando disse na sexta-feira (26.jan.) não ser verdade que havia conversado com conselheiros da Vale.

Político de 53 anos, nascido em Belo Horizonte (MG), ex-deputado federal e filiado ao PSD (presidido por Gilberto Kassab), o ministro de Minas Gerais já foi filiado no passado ao PPS, sigla que nasceu do antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro).

ÍNTIMO DE LULA – Silveira é o típico político mineiro: trafega com facilidade por várias ideologias. Ele e a mulher, Paula, desenvolveram uma relação de proximidade com o presidente da República e também com a primeira-dama, Janja. É hoje um dos 38 ministros com mais acesso a Lula.

Caberá agora a Silveira reverter a derrota do Planalto nessa primeira tentativa de incursão do governo petista na Vale. O ministro terá a semana que começa para convencer a mineradora a evitar definir neste momento a recondução de Eduardo Bartolomeo como CEO da empresa – ou seja, cancelar a reunião do Conselho de Administração marcada para sexta-feira.

O mandato de Bartolomeo termina no fim de maio de 2024. Há tempo, portanto, para o governo voltar a atuar e interferir no processo. Ocorre que em companhias globais e com capital em Bolsas de Valores, como a Vale, é incomum deixar uma decisão dessa magnitude para a última hora. Tudo é planejado com muita antecedência.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O fato concreto é que Lula não está bem. Sabemos que é despreparado para a função, mas na vida tudo tem limites. Nenhum governante de país democrático pode pretender influir na escolha de presidente de empresa privada. É um caso típico de “interferência indevida”. Não conseguiu impor Guido Mantega, mesmo assim não desistiu. Sua posição é estranhíssima. Qual o seu interesse nisso? (C.N.)

 “Vila Isabel veste luto, pelas esquinas escuto violões em funeral…”

Noel Rosa | Toque Musical

Noel Rosa, genial e inesquecível

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Sílvio Narciso de Fiqueiredo Caldas (1908-1998), o famoso Sílvio Caldas, compôs em parceria com Sebastião Fonseca “Violões em Funeral”, cuja letra retrata o bairro carioca de Vila Isabel, que se fez luto com a morte do compositor Noel Rosa. O samba foi gravado por Sílvio Caldas, em 1951, pela Continental.

VIOLÕES EM FUNERAL
Sebastião Fonseca e Sílvio Caldas

Vila Isabel veste luto,
Pelas esquinas escuto,
Violões em funeral

Choram bordões, choram primas,
Soluçam todas as rimas,
Numa saudade imortal

Entre as nuvens escondida,
Como de crepe vestida,
A lua fica a chorar

E o pranto que a lua chora,
Goteja, goteja agora,
Nos oitis do boulevard

Adeus cigarra vadia,
Que mesmo em tua agonia,
Cantavas para morrer
Tu viverás na saudade
Da tua grande cidade,
Que não te há de esquecer

Adeus poeta do povo,
Que ressuscitas de novo,
Quando na morte descambas
Sinhô, de pele mais clara,
No qual o senhor encarnara,
A alma sonora dos sambas

Meu violão chora tanto,
Soluços e muito pranto,
Sobre o caixão de Noel
Estácio, Matriz, Salgueiro,
Todo o Rio de Janeiro,
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Lula veste o figurino do candidato que vai lutar pela reeleição ao quarto mandato

Em tom de recomeço, Lula promete construção de navios e recuperação do  Estaleiro Atlântico Sul - Blog da Folha - Folha PE

Lula já está claramente em campanha para eleição de 2026

Bruno Boghossian
Folha

Lula subiu em três palanques em menos de 48 horas. Na Bahia, em Pernambuco e no Ceará, o presidente fez o que governantes fazem quando querem mostrar serviço e fazer política: assinou o acordo para o início de uma obra, festejou a retomada de outra e lançou a pedra fundamental de uma terceira. Discursou de improviso e vestiu seu figurino.

O petista é um presidente palanqueiro por excelência. Quase todos são, por gosto ou obrigação — a única exceção recente talvez seja Michel Temer, a quem faltavam popularidade e disposição. Mas poucos aproveitaram esse espaço para cultivar uma imagem e fortalecer uma conexão com suas bases como Lula em seus dois governos anteriores.

DIANTE DE PLATEIAS – Nesses eventos, Lula lançava planos políticos gestados em gabinetes (o batismo de Dilma Rousseff como “mãe do PAC”), apontava quem deveria ser identificado como aliado (o palanque que dividiu com Fernando Collor em 2009) e marcava o nome de rivais (a promessa de “extirpar” o DEM da política brasileira).

O conforto que esses palcos oferecem, com plateias cheias de apoiadores, também incentiva o político a expor suas ideias e recados em estado puro.

Costumam aparecer ali, de forma crua, a maneira como ele quer ser visto pelo eleitor, a mensagem que espera ver difundida e as disputas políticas que alimenta.

MAIS PROMESSAS – Na passagem pelo Nordeste, Lula exibiu algo próximo de uma versão genuína de Lula. Em todas as praças, prometeu o aumento do salário mínimo e indicou que gostaria de ter a educação como marca deste mandato. Atacou o governo passado (“uma praga de gafanhoto que destruiu quase tudo o que a gente tinha feito”) e reclamou da elite do país.

O discurso na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foi o mais expressivo. O petista exaltou investimentos bilionários na Petrobras, celebrou uma revanche pessoal contra a Lava Jato e partiu para cima de seus acusadores (“o inferno os aguarda”).

Lula colheu aplausos de seus partidários e apertou os botões que costumam atiçar a oposição.