Juscelino jamais poderia ter sido nomeado ministro
Jéssica Ribeiro e Jonatas Martins
Metrópoles
Após questionamento do Metrópoles quanto a possíveis irregularidades em viagens feitas pelo ministro das Comunicações, na quinta-feira (20/7), a pasta alterou informações da agenda de Juscelino Filho (União Brasil), incluindo em datas passadas reuniões e outros eventos supostamente realizados pelo servidor.
A mudança aconteceu durante a noite, logo após a reportagem cruzar levantamento de gastos da União com diversas viagens do integrante do primeiro escalão do governo Lula e constatar inconsistências na prestação de contas no momento do recebimento dos valores de passagens nacionais e internacionais. Os registros de antes e depois mostram as alterações.
CHINA E EUA – Nas datas que receberam as modificações, o ministro viajou acompanhando a comitiva de Lula à China e ficou fora do Brasil entre os dias 11 a 20 de abril. Contudo, até quinta-feira passada (20), nenhum dado constava na agenda de Juscelino Filho para as datas.
No fim dos compromissos na China, em 15 de abril, o ministro embarcou em um voo diretamente para Las Vegas, nos Estados Unidos, onde esteve no National Association Broadcasters Show (Nab Show 2023).
Chama a atenção uma inconsistência registrada, inclusive, pelo Portal da Transparência. O site mostra que, mesmo Juscelino estando distante milhares de quilômetros do Brasil, no dia 13/4 passagens foram emitidas em nome do ministro para voos comerciais entre Brasília e São Paulo e de São Paulo para Las Vegas.
GASTANDO ALTO – O Metrópoles confirmou a presença dele no National Association Broadcasters Show apenas no dia 17/4, ocasião em que Juscelino participou da “feira de tecnologias imersivas que estão sendo disponibilizadas por diferentes empresas”. Ele deixou Las Vegas em 19/4 e chegou a Brasília em 20/4. Somando a visita aos dois países, China e EUA, o titular do Ministério das Comunicações recebeu R$ 12.851,14 a título de diárias e R$ 69.251,87 de passagens, totalizando R$ 82.103.
Seguindo o mesmo padrão, o ministro Juscelino Filho foi para Belo Horizonte, em Minas Gerais, em 21 de junho, para participar do evento de experimento do Wi-Fi 6E. Era uma viagem considerada urgente, que durou menos de seis horas e custou R$ 5.277,41 aos cofres públicos. Dinheiro que foi diretamente para a conta do ministro.
De acordo com dados do Portal da Transparência e do Gabinete do Comandante da Aeronáutica, o político usou veículo oficial da Força Aérea Brasileira tanto para ir ao evento quanto para voltar da capital mineira. No entanto, mesmo embarcando em uma aeronave da FAB, é apontada a compra de duas passagens aéreas nos valores de R$ 2.490,22 e R$ 2.488,19, além de diária no valor de R$ 299.
PASSAGEM DUPLA – Em outra ocasião, o titular das Comunicações saiu de Brasília no dia 17 de março, uma sexta-feira, em direção a São Luís, no Maranhão, cidade onde tem residência. Juscelino voltou na segunda-feira seguinte usando, misteriosamente, duas passagens de volta, compradas em dias diferentes, em valores que, somados, ultrapassam R$ 4,2 mil.
Por lei, toda autoridade pública que recebe diárias deve lançar seus compromissos em agenda. No entanto, no período da viagem ao exterior, de 11 a 20 de abril, não consta nenhuma agenda no exterior.
Omitir atividades no Brasil e no exterior financiadas com recursos públicos dificulta a fiscalização por parte dos órgãos de controle. Em uma das mais recentes viagens do ministro “a trabalho” para Suécia e Finlândia, ele recebeu R$ 18.103,76 em diárias. Não consta no Portal da transparência, contudo, mais informações sobre essa viagem ou como Juscelino se deslocou para os países.
DIÁRIAS ESTICADINHAS – Natural de São Luís, no Maranhão, Juscelino costuma comparecer a muitos compromissos no estado de origem. Muitos deles, inclusive, são marcados às sextas-feiras ou às segundas-feiras.
Quando isso acontece, o ministro costuma dar aquela “esticadinha” e ficar no local por todo o fim de semana. Em ao menos oito ocasiões isso aconteceu. Durante uma delas, o servidor embolsou R$ 2.786 por 4 diárias e meia, apesar de ter trabalhado apenas dois dias, segundo sua agenda oficial. À época, o ministro alegou que “fizeram o lançamento errado no sistema do Portal da Transparência” e que “o dinheiro havia sido devolvido”.
O modus operandi, contudo, se repetiu em outras ocasiões. Segundo consta na agenda do próprio ministro, esse “prolongamento” das viagens oficiais, com direito a diária também aconteceu em viagens a São Paulo, Minas Gerais, Portugal, Espanha, e nas viagens já mencionadas, à China e Estados Unidos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É inacreditável que esse ministro viajante, que faz turismo ao invés de trabalhar, ainda não tenha sido demitido. É um tremendo pilantra, o pior ministro de Lula, mas parece se intocável, indemissível e imexível, como dizia o ministro sindicalista Antonio Rogério Magri, aquele que tinha uma cachorra com nome de baleia (Orca) e era considerada por Magri como “um ser humano comum”. (C.N.)