Lula erra na forma de nomear Pochmann para o IBGE, abalando a ministra Simone Tebet

Tebet disse não se importar em ser a segunda voz nas decisões

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, sem dúvida alguma, errou politicamente ao impor  a ministra Simone Tebet a nomeação do economista Marcio Pochmann para a Presidência do IBGE, uma vez que não se preocupou em pelo menos antes do ato conversar com a ministra , já que o Instituto é um órgão vinculado ao Ministério do Planejamento. Ficou nítida uma hostilidade absolutamente desnecessária, mas que partiu, segundo o que está nos jornais, de uma pressão mais à esquerda do PT sobre a posição política de Simone Tebet.

Ela não passou recibo. Pelo contrário. Mas numa entrevista a Geralda Doca, O Globo desta sexta-feira, Simone Tebet minimizou o lado difícil da imposição e disse não se importar em ser a segunda voz nas decisões. Ela revela ter se reunido com o ministro Fernando Haddad para explicar que haverá a necessidade de um corte de R$ 2,6 bilhões no orçamento para 2024.

ORÇAMENTO – Essa importância é muito pequena, pois o orçamento deste ano é de R$ 5,6 trilhões e pela lei em vigor deverá ser reajustado de acordo com a inflação registrada nos últimos 12 meses. Logo, hoje, pode-se projetar um aumento de 3% sobre R$ 5,6 trilhões. Simone Tebet, pessoa de alto nível intelectual e de atuação prática, procurou suavizar o impacto, levando também em consideração  as fortes restrições que estão surgindo em relação a Marcio Pochmann que integrou o governo Dilma Rousseff.

As resistências a Pochmann estão focalizadas em reportagens de Cássia Almeida e Vinicius Neder, O Globo. As restrições incluem sobretudo sua posição favorável a um desconto maior de Imposto de Renda sobre as folhas de salário, tese que evidentemente  o coloca numa posição frontalmente contrária a dos trabalhadores e trabalhadoras do país.

INCÔMODO – Não sei porque Lula escolheu essa forma agressiva para impor Marcio Pochmann à ministra Simone Tebet. Foi um erro grave. Não havia a menor necessidade de impor uma nomeação quando bastava apenas reunir-se com a ministra e formular a indicação. O episódio dá margem a que se pense que a atuação de Tebet no Planejamento incomoda correntes do PT e sempre que isso acontece na administração pública, intrigas e versões de bastidores encontram formas de agir nas sombras. Há sempre insatisfeitos. A questão é não potencializar os rumores e agir clara e diretamente.

Tebet é uma presença forte e marcante no governo. Caso ela deixasse o cargo, Lula sofreria um rebate dos mais amplos e sensíveis para a sua posição junto à opinião pública.  Fica no ar a pergunta: por que, afinal de contas, Lula terá agido de forma tão impactante? O tema também foi focalizado em reportagem de Mariana Carneiro, edição de ontem de o Estado de S. Paulo.

MERCADO DE EMPREGOS –  Renan Monteiro, O Globo, é autor de reportagem, edição de ontem, sobre a contratação de 1.023 milhões de homens e mulheres com carteira assinada no período de janeiro a junho deste ano. A matéria compara esse número com o relativo a janeiro a junho de 2022 quando o governo Bolsonaro anunciou a retomada de 1.388 milhões de postos de trabalho no primeiro semestre.

O total deste ano é menor do que o do ano passado. Mas nos dois casos não são revelados os totais das demissões que ocorreram nos dois semestres, pois é impossível que ao longo de seis meses o volume das demissões seja igual a zero. Já abordei esse aspecto, frisando a necessidade de a comparação incluir o número das admissões em confronto com o número das demissões.

O Cadastro Geral de Empregos do Ministério do Trabalho ocupado por Luís Guimarães já devia ter tomado essa iniciativa para revelar exatamente a verdade tanto ao governo e, sobretudo , à opinião pública, e também o efeito da retomada de postos de trabalho na receita do INSS e na arrecadação do FGTS, uma vez que nos dois casos há uma vinculação direta com a folha salarial.

BÔNUS DO INSS –  O novo presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, decidiu adotar um sistema de dobrar o salário dos servidores encarregados de reduzir substancialmente a fila de requerimentos voltados aos mais diversos setores, desde a interrupção de pagamentos de aposentadorias e pensões até as perícias médicas.

No momento a fila é enorme: 1,8 milhão de pessoas aguardam resposta para o que requereram. Entre os requerimentos também está a concessão de aposentadorias. O setor que registra maior atraso é o da perícia médica, revelam Bianca Lima e Anna Carolina Papp, o Estado de S. Paulo de ontem.

Há 134 mil pedidos de aposentadoria aguardando despacho e 222 mil pedidos de aposentadoria por idade em atraso. Os benefícios da prestação continuada são 437 mil na fila de espe ra. Uma verdadeira calamidade. O ex-presidente Glauco Fonseca Wamburg não conseguiu administrar o Instituto de importância fundamental para os trabalhadores e trabalhadoras do país.

PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS  –  Bruno Rosa, O Globo de ontem, revela que a Petrobras desvinculou os preços da gasolina e do óleo diesel das cotações internacionais, o que permite uma redução de 23% nos preços da gasolina nas bombas e de 19% nos preços do óleo diesel. Isso de um lado. Por outro lado, os preços das importações subiram.

A questão a meu ver é a de serem comparados os preços do óleo bruto, setor em que o Brasil é exportador, com os preços da gasolina e do diesel , produtos refinados dos quais o país é importador, confrontando o saldo das exportações com o déficit das importações dos dois respectivos setores.

No governo Bolsonaro, quando o preço do óleo bruto subia, os preços da gasolina e do diesel foram reajustados, não se levando em conta a receita maior com as exportações brasileiras. Agora a política mudou. Mas a mudança está incompleta. Tem que se comparar a vantagem obtida com as exportações de óleo bruto e as consequentes do preço dos produtos refinados importados.

8 thoughts on “Lula erra na forma de nomear Pochmann para o IBGE, abalando a ministra Simone Tebet

  1. O militante Pedro do Coutto critica o narcotraficante Lula da Silva (o seu santo de devoção), pra enganar os leitores com um “faz de conta” que não conhece o marginal. Lula SEMPRE tratou com desprezo as mulheres, se nem as petistas “do grelo duro”, como o E.T. de Xapuri, escaparam da sua vileza, imagine a oportunista picanheira Simone Estepe.

  2. A crítica da imprensa não é a forma como Lula tratou com a ministra Tebet, mas sim o fato do indicado pro IBGE ser um economista que não segue os preceitos liberais.

    É como disse um jornalista, se a mídia e a seita mercadista querem um economista paulojeguista na fazenda, BNDES, IBGE, então vençam as eleições. Só quem vence tem legitimidade legal e constitucional para isso.

  3. No primeiro mandato de lula, após alguns acertos políticos, foi nomeado um deputado federal para um ministério.
    Depois de algum tempo, em entrevista, o tal deputado revelou que se sentia como a rainha da Inglaterra, pois era ministro, mas não mandava no ministério.
    Dizia ele, quem mandava de verdade no ministério, era um “japonezinho do PT”.
    Pois bem, a Simone Tebet já tem também o que dizer. Poderá, como o tal deputado, dizer que quem manda no seu ministério, é um “alemãozinho do PT”.
    Dizem que, quem muito se abaixa, alguma coisa aparece.

  4. Pensava diferente dessa Joana do Arco, que fosse mais combativa que a Lara Croft. No entanto no momento está mais para Mulher Dobradiça que para heroína, tem a cerviz maleável.

  5. Conte-nos novidades, queremos novidades.

    Atual preço da cesta básica é fruto da gestão Bolsonaro, diz especialista
    https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/xwk-brasil/atual-preco-da-cesta-basica-e-fruto-da-gestao-bolsonaro-diz-especialista

    “A Petrobras deixou de usar os preços internacionais dos combustíveis como indexadores. O que significa que o pagador de imposto, a poupança e o capital investido na economia estão subsidiando o valor dos combustíveis e dos gêneros alimentícios. Mas isso é insustentável. E quando a conta chegar, o preço da cesta básica vai explodir”.

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