Não se provou a culpa de 1.156 presos no 8 de janeiro, e vão pedir que eles “confessem”

Recém-eleitos podem ser cassados por suposto incentivo ao vandalismo?

A maioria dos presos não participou dos atos de vandalismo

Carlos Newton

Já houve tempo em que o Brasil era considerado um país evoluído em termos jurídicos, a Justiça funcionava em melhores situações. Ocorriam poucos erros judiciais. Quando eram descobertos, ficavam famosos, como o crime dos irmãos Naves e o julgamento de Doca Street, que 43 anos depois o Supremo agora decidiu rever, por linhas indiretas.

De uns tempos para cá, a decadência do Judiciário passou a ser um fato palpável, devido à “reinterpretação” de leis que fizeram o Brasil se tornar o único dos 193 países da ONU que não prende réus após condenação colegiada em segunda instância e que admite incompetência territorial absoluta em questões não-imobiliárias, dois retrocessos jurídicos que não se justificavam desde tempos medievais.

POR CAUSA DE LULA – Essas reinterpretações de leis ocorreram única e exclusivamente para soltar Lula da Silva e permitir que fosse candidato à Presidência, a pretexto de evitar a transformação do país numa ditadura.

Foi uma causa nobre, alega-se, embora o cemitério esteja repleto de boas intenções e de insubstituíveis, diz o velho ditado. Mas o fato é que esses contorcionismos jurídicos passaram a ser regra, ao invés de exceções, e a todo momento somos surpreendidos com inovações legais, como ocorreu no cancelamento do registro da candidatura de Deltan Dallagnol, uma decisão totalmente ilegal do Tribunal Superior Eleitoral, que desprezou a jurisprudência que adotara seis meses antes.

Agora, mais uma surpresa. O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, levanta uma tese que mais parece uma Piada do Ano em versão jurídica. Ele quer fazer acordo com 1.156 denunciados pela invasão e vandalismo na Praça dos Três Poderes, desde que confessem.

CONFESSAR A CULPA – Para suspender os processos, o subprocurador pretende que os 1.156 réus simplesmente assinem uma confissão de culpa. Mas como podem se confessar culpados, se o próprio Carlos Frederico Santos revelou que “não ficou comprovado que esses denunciados participaram de forma pessoal e direta dos atentados às sedes dos Três Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito”.

Como diria Ataulfo Alves, a desfaçatez dessa gente é uma arte. Se o inquérito e o processo não conseguiram comprovar que essas 1.156 pessoas participaram no atentado, todas elas têm de ser imediatamente inocentadas, livres de tornozeleiras e quaisquer restrições.

Em tradução simultânea, além de não conseguir provar a culpa desses 1.156 cidadãos, a Procuradoria-Geral da República agora arma um ardil para que “confessem”, embora não exista a menor possibilidade de declará-los culpados em juízo.

TUDO NORMAL – Uma notícia dessa extrema gravidade sai no jornal (Estadão, repórter Pepita Ortega) e não acontece nada, é o novo normal judiciário. Quer dizer que pretendem aplicar um golpe asqueroso nesses 1.156 brasileiros e brasileiras que estavam na Praça dos Três Poderes, mas não quebraram nada, não aparecem em nenhuma foto ou filmagem de vandalismo, e ninguém diz nada…

No Brasil existem 1.240 cursos superiores para a formação de advogados; enquanto no resto do planeta a soma chega a apenas 1.100 universidades. Mesmo assim, nosso país consegue praticar o pior Direito do mundo.

Cadê a Ordem dos Advogados do Brasil? Cadê o Conselho Nacional de Justiça? Cadê o Conselho Superior do Ministério Público?

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P.S. –
Será que esses 1.156 brasileiros terão de seguir o exemplo de Sobral Pinto e apelar para a Sociedade Protetora do Animais? É uma situação deprimente e desesperadora. (C.N.)

9 thoughts on “Não se provou a culpa de 1.156 presos no 8 de janeiro, e vão pedir que eles “confessem”

  1. Ordem dos Advogados do Brasil?
    Conselho Nacional de Justiça?
    Conselho Superior do Ministério Público?

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    PS1
    Ainda rindo toneladas aqui

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    PS2
    O judiciário brasileiro tornou-se uma caríssima piada e DE PÉSSIMO GOSTO.

  2. Topam tudo por dinheiro. Não sei se Sílvio Santos, quando criaram o quadro, estaria se referindo à ética também. Refiro-me, claro, aos “operadores do Direito”, isto é, “da Esquerda”.

  3. A decadência do judiciário é percebida quando não se vê nenhum milico envolvido na tentativa de golpe ou na proteção e acolhimento dos acampamentos defronte aos quarteis preso. Os 1.156 santinhos quero que mofem na cadeia mesmo.

  4. AVARIADO, DESVAIRADO, ALOPRADO E LEVADO À LOUCURA NO ATACADO E NO VAREJO, é perda de tempo tentar resolver o Brasil apenas no varejo, até porque sem resolvê-lo antes na cabeceira, no atacado, em Brasília, na “Ilha da Fantasia” da república do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, será impossível resolvê-lo na gigantesca problemática varejista, com todas a suas desigualdades abissais injustas, a serem resolvidas, evolutivamente, conforme a ordem natural da coisas, assim como os rios que correm da cabeceira para a foz em direção ao mar, e o desafio maior do Brasil, no caso, é como sair da encalacrada histórica que aí está há 133 anos, ou desarmar a bomba-relógio gigantesca gerada pela dita-cuja, com lucro para todos e todas, ao invés de esperar pela explosão prejudicial para todos e todas. Daí a necessidade de se começar a pensar no ganho fabuloso para todos, com o desarme virtuoso da bomba-relógio que aí está armada e potencializada, há 133 anos, e não apenas no risco de prejuízos ínfimos que cada um imagina que terá. Daí a necessidade do advento da abençoada Revolução Pacífica do Leão, na estrada há cerca de 30 anos, autora do plano real emprestado ao intelectual FHC, sob Itamar, com o nome de Ecodólar, sem URV, e com a correlação de 1X4 (real-dólar), que virou real para, segundo FHC, não parecer colonialismo norte-americano porém sem vergonha de parecer colonialismo português, portanto de implantação atrasada há cerca de 30 anos, considerando que a intenção do Plano Ecodólar, com a nova moeda provisória, era apenas criar o clima propício para a transformação da política e do país, com o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, o novo caminho para o novo Brasil de verdade, confederativo, com democracia direta e meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, para fazer o serviço completo na velha política e república exauridas, barba, cabelo, bigode, aposentadoria compulsória e acomodação no Museu da Velha República, a ser instalando em Brasília, enquanto Nova Capital da possível Confederação, com apenas 1 (um) representante de cada uma das 7 (sete) regiões administrativas, desarmando assim, de forma fabulosamente vantajosa para o Brasil e o povo brasileiro, a bomba-relógio que é a república do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$ que, “data venia”, já deu flor há muito tempo, e está mais do que na hora de vocês me$mo$, sócios-proprietários da dita-cuja, pararem com ilson, até porque, “data venia”, em sã consciência, ninguém aguenta mais ilson, portanto, chega dilson, pelo amor de Deus, militarismo e partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$.

  5. O Judiciário pátrio pode não ser o melhor do mundo, mas afirmar que os baderneiros não têm envolvimentos delitivos é de fazer corar monge! Então o que fizeram naquele malfadado 8 de janeiro? Foram saudar as instituições instituições basilares da República? O circo está armado, o picadeiro efervescente, e os diversos atores se revezam num histrionismo caótico, totalmente deletério aos reais interesses da sociedade… Haverá um Nero redivivo para incendiar o que resta de nossas parcas esperanças?

  6. “Não se provou a culpa de 1.156 presos no 8 de janeiro, e vão pedir que eles “confessem” (…)”. Lamento pelos raivosos de plantão, mas tenho que aplaudir o intróito. É muito tempo perdido com bazófias políticas e, hodiernamente, jurídicas, quando aqueles que deveriam apenas julgar contendas no plano de constitucionalidades, também adentram no mundo das divagações e reinterpretações legais, imiscuem-se em searas político partidárias, dando azo a uma implosão do Estado de Direito numa produção vergonhosa de insegurança jurídica.

    Ora, temos mais o que fazer nesse mundo de Deus. Em meio a tanta esculhambação, dia e noite, vira e mexe os brasileiros deparam com comportamentos estranho de instituições e de diversos atores que as representam.

    Certo é que a máquina estatal anda e as manifestações, mesmo estapafúrdias, são prova. Mas sejamos claros, anda como um “Frankenstein, com muitos parafusos soltos e alguns muito pouco ajustados”. Portanto, muita gente falando bobagem e se candidatando a porta-voz de algum segmento político ou promovendo a política do caos, num crucifique Cristo e liberte os inúmeros Barrabás.

    A impressão é que estamos perdendo a chance de acionar alavancas humanitárias e de prosperidade (royalties para um governador de um grande Estado brasileiro), diante de um agronegócio pujante, enquanto o mundo caminha a passos largos para a maior crise alimentar do século 21. Tudo afeta não apenas o mundo, mas também o Brasil. Essa é uma realidade que está batendo à porta e tudo revelado pela própria ONU, que aponta índice de preços de alimentos batendo recorde.

    E os “abestados”, como dizem os nordestinos, criando crises sobre crises, numa irresponsabilidade dolorosa, falta de humanidade, diante de alertas globais sobre graves problemas de abastecimento para populações principalmente pobres, em função de guerras, mudanças climáticas e doenças inimagináveis.

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