Governo Lula é metamorfose ambulante da esquerda, da direita ou do Centrão?

Chargistas e cartunistas imaginam o novo governo - 01/11/2022 - Poder -  Folha

Charge do Galvão Bertazzi (Arquivo Google)

Celso Ming
Estadão

O governo Lula condenou, sim, a agressão a Israel, mas condenou de maneira envergonhada, na base do breque de mão puxado. Nem chegou a mencionar o Hamas como o movimento terrorista agressor. No passado, também não condenou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). E hoje, sem disfarces, apoia governos ditatoriais, como os da Nicarágua, de Cuba e da Venezuela. Como também apoiou a indicação do Irã como novo integrante do Brics.

Mas esta não é prerrogativa apenas do governo Lula. As esquerdas tradicionais se mostram incapazes de fazer opção clara pela democracia quando está ameaçada ou quando sucumbe a ditaduras supostamente de esquerda. O PSOL, por exemplo, liderado pelo deputado federal Guilherme Boulos, também foi incapaz de condenar a ação terrorista do Hamas.

DOIS SEGMENTOS – As esquerdas convencionais do Brasil estão hoje divididas em dois segmentos de difícil conciliação. As mais tradicionais, de orientação socialista ou social-democrata, mantêm seu diagnóstico básico na luta de classes e estão engajadas contra as desigualdades, pela proteção dos trabalhadores e dos mais pobres.

O outro segmento optou pelas pautas tidas como identitárias, a favor da emancipação dos povos autóctones (indígenas), dos direitos reprodutivos e das mulheres, da população negra e da população LGBT+.

Esses dois segmentos mantêm no Brasil enormes dificuldades de diálogo com mais três setores – ambientalista, evangélico e agronegócio.

BANDEIRA NEOCOLONIALISTA – No caso dos ambientalistas, essas esquerdas continuam presas ao conceito de que a luta pela descarbonização e pela transição energética, que tem como objetivo a substituição dos combustíveis fósseis pelos limpos, é bandeira neocolonialista dos países ricos.

Os países desenvolvidos foram os que mais contribuíram para desflorestar, dizimar a fauna (como a dos bisões nos Estados Unidos), poluir os rios, despejar lixo nos oceanos e lançar gases poluentes na atmosfera, e agora condicionam o acesso a seus mercados ao cumprimento de metas irrealistas pelos países em desenvolvimento.

Um segundo segmento com que as esquerdas do Brasil têm grande dificuldade de lidar são os evangélicos, não só pelas pautas conservadoras em matéria de costumes que defendem, mas, também, pela sua pregação por uma nova ética do trabalho, baseada na atuação independente do trabalhador, desligada dos sindicatos, em que o indivíduo deve tratar de ser patrão de si mesmo.

AGRONEGÓCIO – O terceiro setor com que as esquerdas têm diálogo difícil é o do agronegócio, cuja grande expansão País afora vem produzindo uma mentalidade modernizadora em termos de acesso à tecnologia, mas que adota valores mais próximos do conservadorismo.

Assim como não sabem que tratamento dar à área de segurança pública, essas contradições das esquerdas acabam por criar distorções na formulação e na execução de políticas públicas quando compõem um governo como o do PT.

E há ainda a bancada da bala, que também não tem diálogo com as esquerdas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante matéria enviada pelo advogado e economista Celso Serra. Mostra que nada mudou e Lula tenta conduzir um governo altamente contraditório, que ninguém sabe dizer se é da esquerda, da direita ou do Centrão.
(C.N.)

13 thoughts on “Governo Lula é metamorfose ambulante da esquerda, da direita ou do Centrão?

  1. A “charada”, em:
    “Reconhecendo o Rígido Poder Global Que Domina e Controla os Principais Partidos Políticos.”
    “Um plano-mestre global está em operação para levar cada país para dentro da Nova Ordem Mundial. Os líderes políticos não são independentes do poder insidioso desse plano e os partidos também não escolhem de forma soberana suas próprias linhas de atuação.”. https://www.espada.eti.br/n2479.asp

    • Bingo

      O Ladrão nunca foi “democrático” nem aqui nem no Páis do Xing Pinga.

      O resto é tértulia flácida para dormitar bovinos, ( tirado do dicionário tucanês).

      eh!eh!eh

      Salvem o Brasil , antes que acabe.

  2. Manter excesso de pautas identitárias é um erro.

    A maioria do povo é conservador em costumes, então o que interessa mesmo são as políticas que se aproximam das adotadas pela social democracia.

    Quanto aos países desenvolvidos, certo, eles agora querem que os países tenham políticas voltadas à proteção do meio ambiente, para tentar minimizar o aquecimento global, em detrimento do desenvolvimento (claro que devastar florestas em prol do agronegócio não é o caminho). Mas esquecem ou escondem que eles foram e são os maiores responsáveis pela poluição.

    Um link interessante sobre o aquecimento global. Preocupação recente?

    https://www.politicalcompass.org/counterpoint-20201018-big-oil-climate-change

  3. É cada uma, “ain, condenou mas não do jeito que eu queria”.
    Querem que um governo de esquerda eleito pela maioria governe como se fosse um governo de direita derrotado na eleições.
    Além disso já foi falado mil vezes, a ONU não considera o Hamas terrorista, e é essa lógica que o governo segue, e não a dos lambe-botas dos EUA, lembrando que até 2008 os EUA consideravam Nelson Mandela terrorista.

    Aliás adivinha qual foi o único país a votar contra a proposta de paz na ONU enviada pelo Brasil e a favor da continuidade do genocídio em Gaza?

    • Mais uma vez, Rafael Santos, dá uma explicação lógica.
      Tudo que o articulista falou da esquerda, foi elogio: Manter boas relações com todos os países, independente de sua linha política, assim como faz os EUA, inclusive com ditaduras; manter luta pela desigualdade social e pela proteção aos trabalhadores e aos mais pobres; proteção das minorias.
      Tudo isso, é pauta da esquerda e merece elogio.
      O problema não são os evangélicos, são seu líderes, mercadores da fé.
      Foi no governo Lula que o agronegócio teve maior desenvolvimento. Com o surgimento do bolsonarismo alguns personagens do agronegócio, se encantou com o canto do “sereio” e apoiou a pauta bolsonarista do atraso e a defesa de uma ditadura da extrema direita.

      Lula não tem conseguido fazer uma política de esquerda melhor, porque pegou o Brasil com muitas barreiras da direita aliadas a extrema direita para manter o Brasil no atraso e privilegiando as elites perversas

  4. À TÍTULO DE AVISO AOS NAVEGANTES, a Democracia Direta com Meritocracia, a Nova Carta Política Capital Mundial, genuinamente brasuca, adverte: à vista do risco enorme de retrocesso, como já vimos com os próprios olhos e sentimos na própria carne, é inócuo e até perigoso bater no Lula, no PT, no lulopetismo, nas esquerdas e até mesmo no próprio Joe Biden e nos EUA, sem apresentar alternativa mais evoluída que os me$mo$, daí o cuidado da Revolução Pacífica do Leão, o megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, a mega solução, via evolução, em chamar todos e todas às falas e às responsabilidades (direita, esquerda e centro, à paisana e fardados), para a necessidade de colocarmos todas as cartas sobre a mesa e, consensualmente, para o bem da evolução do país, da política e da pacificação com resolução da vida do conjunto da população, escolhermos o melhor caminho, digo, a melhor carta, a mais ampla, a mais eficaz e mais evoluída possível, que mostra o novo caminho para o possível novo Brasil de verdade, para que tenhamos condições de trucar firme e forte, inclusive face aos EUA, porque o resto, infelizmente, é tudo mais dos me$mo$, mais perda de tempo, mais tempo perdido, mais crescimento das velhas “Herança Maldita”, “Massa Falida”, do velho endividamento, do velho FEBEAPÁ e da velha carga tributária que só aumenta, inutilmente, e que há 133 anos nos faz o tal “país do futuro que nunca chega”, eterno fundo de quintal dos EUA enquanto cópia malfeita do dito-cujo, que, assim como o velho Brasil da república do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, tb resta superado pelo Novo Brasil da RPL-PNBC-DD-ME, que representa o Pulo de Leão do Brasil, adiante de Tio Sam, Tigres Asiáticos, Rússia, China e até mesmo da própria Europa-mãe, enquanto nova vanguarda democrática do mundo civilizado.

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