Milei, um candidato contra o Brasil, contra a China e, no fundo, contra a própria Argentina

Três nomes lideram as pesquisas de intenção de voto no país

Pedro do Coutto

A Argentina irá às urnas no dia de hoje, iniciando o processo de eleição do novo presidente da República, com um quando  diferente de outros que o antecederam através do tempo, pois a inflação disparou. Três candidatos disputam a ida para o segundo turno e, nas pesquisas divulgadas há poucos dias, Javier Milei, ultradireitista, encontra-se à frente das tendências populares.

Dificilmente conseguirá atingir 45% da votação ou 40% com uma margem de dez pontos em relação ao segundo ou segunda colocada, já que os adversários de Milei são Sergio Massa, ministro da Economia e candidato do governo de Alberto Fernández, e Patricia Bullrich, do Juntos pela Mudança.

ABSURDO – Milei destacou-se pela extravagância e pelo absurdo de algumas de suas teses. Entre elas, rompimentos de relações com o Brasil, ruptura com a China, o que significaria a exclusão de seu principal parceiro econômico, ataques ao presidente Lula da Silva, classificando-o como comunista, o que ele não é e nunca foi, e também culpando-o pelas manifestações de 8 de janeiro. Além disso, Javier Milei anuncia o fechamento do Banco Central e a dolarização absoluta do país. Neste caso, esquecendo-se que a Argentina não emite dólar. Portanto, estabelecer o dólar como um padrão monetário argentino é lançar o país num risco.

Foi revelado na noite de sexta-feira, no Programa Em pauta pelo jornalista Ariel Palácios, que Milei revela manter comunicação por telepatia com ancestrais, obtendo informações para governar, e que no tempo do Coliseu de Roma, portanto há praticamente dois mil anos atrás, ele, Milei, foi um gladiador e que conseguiu na arena domar um leão.

CÁLCULO – Este candidato tem chance de vencer num quadro que se divide em índices próximos a Sergio Massa e Patricia Bullrich. Num segundo turno, o quadro se altera, pois o terceiro colocado poderá transferir votos para o segundo em caso de apoio para enfrentar Milei. A legislação argentina é diferente da brasileira e é complicado o cálculo da maioria absoluta. Mas o panorama se restringe aos três principais nomes em disputa, sendo que Sergio Massa carrega o peso da inflação que atingiu nos últimos meses mais de 130%.

A crise argentina é grande. Mas há um enigma quanto ao resultado da votação. Surgiu  também a informação de que o senador Flávio Bolsonaro encontra-se na Argentina torcendo pela vitória de Milei, talvez mais radical do que o próprio bolsonarismo. Vamos ver o que as urnas falarão no final do dia de hoje.

FAIXA DE GAZA –  Não foi ainda resolvido o problema do ingresso dos caminhões em Gaza através do Egito conforme propõe o presidente Joe Biden para o transporte de socorro para a população que se encontra sem água, sem alimentos e sem energia. Israel, entre os itens de auxílio, não aceita o ingresso de combustível temendo que caia nas mãos do Hamas.

Mas, sem combustível, os geradores não podem funcionar e os médicos não poderão operar na escuridão. A solução seria que Israel restabelecesse a energia e os caminhões entrassem com água, alimentos  e remédios. Joe Biden falou sobre o assunto e calculou que até hoje o problema esteja resolvido. Mas aí existirá o problema da distribuição. A tensão continua.

FAKE NEWS –  Patrícia Campos Mello, Folha de S. Paulo deste sábado, com base em estudo da Mídia Profissional do Brasil, revela que o acesso da população ao jornalismo profissional, jornais e emissoras de televisão e rádios é um caminho que abala e reduz a crença em fake news plantadas na rede da internet.

É verdade, digo. Sempre sustento que diante de uma notícia ou comentário que desperte dúvida, os que lêem jornal e assistem televisão devem aguardar 24 horas para ver se o que foi plantado teve ou não sequência nos jornais e emissoras e também nas versões online dos veículos. Esse é um caminho. O outro, acrescento, é que os atacados através de fake news exijam direito de resposta, o que é assegurado pela Lei de Imprensa que se estende ao setor.  

12 thoughts on “Milei, um candidato contra o Brasil, contra a China e, no fundo, contra a própria Argentina

  1. Peçamos à “Ôlho Azul, o Ancião Matreiro”, que no próximo gole mastigue mais um pedaço do já entortado continente sul americano e num sequencial susto possibilite sentirmos a fragilidade da vida, capacitando-nos a valorizar e distribuir equânimemente as nossas “terreais” riquezas, que estão sendo “doadas” à sugadores estranhos!
    “Dendos”, em: https://m.facebook.com/photo.php?fbid=4480073935418421&id=100002475765956&set=a.105312426227949&mibextid=Nif5oz

  2. Ao contrário do que afirma a mídia brasileira Javier Milei não faz parte da Extrema Direita, ele é libertário, se é que vocês se dão ao trabalho de saber o que isto significa. Como a mídia se especializou em fake news não me informo pela mídia tradicional, procuro diversas fontes, aí do cruzamento de informações posso formular o meu juízo. Felizmente ainda temos a internet sem censura, mas até quando?

    • Senhor Dent, é claro que os leitores da TI sabem o que significa esse movimento intitulado de Libertários, originários da Europa, principalmente da Hungria, que pregam a predominância total da iniciativa privada e consequentemente o fim do Estado Nacional. Não conheço nenhum país, que tenha tentado essa loucura e que levasse a virtuose pretendida.

      Quem defende essas ideias estapafúrdias, são economistas jovens, a procura de palco e enriquecimento as custas do povo. Não sabem o que estão falando, ignorando as lições da história das nações.
      Nesse sentido, os Libertários são tão nocivos quanto a Extrema Direita, talvez até piores.

      • Questão de opinião, acho os libertários tão ou mais nocivos que a esquerda embora este ainda não detiveram o poder em lugar nenhum, não sei se matariam tanto quanto a esquerda matou .

  3. A Argentina tem problemas complexos que se arrastam há décadas. A situação é dificílima de consertar.

    “El supuesto tercio que se inclina por el candidato libertario (conviene aclarar que no se trata de un candidato con la filosofía del liberalismo) el riesgo de desilusión también está latente. No sólo porque su único plan más o menos esbozado es una dolarización de la que el propio candidato se ha despegado y ha convertido en otra cosa con piruetas verbales, sino que su equipo no es tal sino una suerte de nombres rejuntados, con muchos personajes de la casta que alega demolerá, y porque sus contactos y lealtades con el mundo empresario sugieren que los intereses de la gran industria prebendaria y los sindicatos no serán afectados, lo que es garantía de fracaso. Ni tampoco, pese a que sus partidarios se hayan desgañitado sosteniéndolo así, tiene un plan o una propuesta con formato concreto. En casi nada, salvo en dos o tres temas que son casi disparatados, además de impracticables.”

    https://www.laprensa.com.ar/La-moneda-esta-en-el-aire-pero-es-falsa-536409.note.aspx

    https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4n5e3jlpyno

  4. A análise do mestre Pedro do Couto, sobre a eleição presidencial na Argentina, que ocorre neste domingo, é simplesmente sensacional. Uma aula de política regional, envolvendo nosso maior rival e parceiro na América a
    Latina.

    Milei, o ogro dez vezes pior do que Donald Trump, trata-se do flautista de Paris, aquele que levava seus seguidores para o matadouro. É o que ele irá fazer se ganhar a eleição na Argentina e colocar em prática as loucuras que está prometendo na campanha.

    Romper relações com a China, significará uma perda monumental na balança comercial. Quem vai comprar as commodities da Argentina?

    Não se pode levar a sério, um cidadão que fala com seu cachorro falecido a tempos. No mínimo, precisa de um psiquiatra.

    Essas pragas políticas, conseguem capturar o eleitorado, principalmente dos jovens, sem esperança e sem emprego, frustadas com a incompetência dos políticos profissionais. No entanto, a alternativa de tipos como Milei, pode levar o país para o abismo, a polarização, o ódio entre os irmãos, a guerra civil e finalmente o mergulho no abismo.

    A esperança, que move a maioria democrata, é que, uma vez eleito, o político histriônico costuma baixar a bola, diante da realidade e das dificuldades para governar. Ciente do perigo de ser empichado pelo Congresso, Milei, Trump e aquela turma louca que anda por aí, costumam dar uma parada para abastecimento. De bobo, Milei não tem nada, a não ser, que comece a rasgar dinheiro, então, seria caso para internação num hospício.

    Por enquanto, atacar a China, xingar o Papa Francisco de maneira cruel, atacar o Brasil e ameaçar abandonar o Mercosul, dolarizar a economia, extinguir o Peso e o Banco Central, vai isolar a Argentina e abrir caminho para o caos.

    Vamos aguardar, se é realmente esse o desejo da sociedade argentina.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *