General Freire Gomes foi um traidor ou um herói? É isso que deve ser explicado.

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Carlos Newton

Em 31 de março de 2022, enquanto todos os quartéis liam as ordens do dia elogiosas à Revolução de 64, que completava 58 anos, o então presidente Jair Bolsonaro complementava no Planalto a grande jogada de sua gestão. Ao nomear o general Paulo Sérgio Nogueira para o Ministério da Defesa, o general Freire Gomes no comando do Exército, o almirante Almir Garnier na Marinha e o brigadeiro Batista Júnior na Aeronáutica, Bolsonaro pensou (?) que havia escalado no time ideal para consumar o golpe.

Mas as aparências enganam e algumas informações que passaram ao presidente estavam incorretas. Ele acertara em cheio com Paulo Sérgio e Almir Garnier, dois entusiásticos golpistas, mas Batista Júnior era absolutamente legalista e Freire Gomes preferiu subir em cima do muro.

HOMENS-CHAVES – Ao nomear esses quatro chefes militares, Bolsonaro sabia que dois deles eram fundamentais – o ministro da Defesa e o comandante do Exército. E sabia também que o golpe poderia ser desfechado mesmo sem a adesão do ministro da Defesa. Porém, sem apoio do comandante e do Alto Comando do Exército, o plano fracassaria por completo.

Daí para a frente, enquanto Bolsonaro, Braga Neto e Paulo Sérgio acirravam a campanha contra a urna eletrônica e a briga com o TSE, o general Freire Gomes mudava o comportamento. Nas reuniões do Alto Comando, passou a manter-se como legalista e não defendia soluções extra-institucionais.

Bolsonaro e Braga Netto ficaram intrigados com a essa posição de Freire Gomes, que lhes era relatada pelo general Estevam Cals, golpista da ativa e membro do Alto Comando.

FICOU INSEGURO – Daí para frente, Bolsonaro ficou inseguro, perdeu a confiança no golpe e dedicou-se inteiramente à eleição, deixando Braga Netto mais à vontade na conspiração. Com a vitória de Lula, Bolsonaro e Braga Netto decidiram-se pelo esquema do decreto GLO (Garantia da Lei e da Ordem), incentivados pelos acampamentos à frente dos quartéis.

A 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado, houve a primeira tentativa, com os “kid pretos” do Exército liderando a invasão da sede da PF, depois a tomada dos postos se gasolina, ateando fogo a veículos e ônibus nas ruas. Mas Bolsonaro não teve apoio para decretar a GLO, porque o governador Ibaneis Rocha não viu motivos, as ruas estavam calmas.

Na véspera de Natal, a segunda desesperada tentativa, com a decisão de explodir o caminhão de combustível no aeroporto, quando poderia haveria mortes e caos urbano. Sem apoio dos “kids pretos”, porém, deu tudo errado.

8 DE JANEIRO – Com medo de ser preso, desde 30 de dezembro Bolsonaro estava nos Estados Unidos. O general Braga Netto e os demais líderes do golpe decidiram usar novamente os “kid pretos” para semear o terror na famosa “festa da Selma” no domingo seguinte, 8 de janeiro. A invasão foi um sucesso estrondoso, mas Lula não caiu na armadilha do decreto de GLO, os militares ficaram na quartéis e o golpe se pulverizou.

A grande incógnita hoje é a posição de Freire Gomes, que Braga Netto chama de “cagão”. O comandante do Exército teve papel importantíssimo. Os bolsonaristas o consideram um “traidor”, mas na verdade o general pode ter assumido postura de herói.

Afinal, foi ele quem impediu o golpe. Mas resta saber em que circunstâncias. Como ensinava o grande pensador espanhol Ortega Y Gasset, “eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim”.

12 thoughts on “General Freire Gomes foi um traidor ou um herói? É isso que deve ser explicado.

  1. Ainda falta muito a ser explicado, mas como sempre será “pulverizado”, para livrar multilaterais gregos e troiano, enquanto aplicam o terror, uma arma desesperadora e silenciosa!

  2. Nas duas versões ou ele foi cúmplice, omisso ou covarde.

    Certamente foi covarde, quis o golpe mas percebeu o risco elevado de ir preso e perder a mamata, assim esperou ter mais materialidade para entrar junto na trama, o que nunca ocorreu.

    Acho engraçado essa tara que brasileiro tem por heróis, parece síndrome de princesinha da Disney.

  3. O general Freire Gomes, assumiu o Comando do Exército, após a demissão do general Comandante Edson Pujol. Bolsonaro demitiu os três comandantes( Exército, Marinha e Aeronáutica) e o Ministro da Defesa, Azevedo e Silva, porque queria comandantes mais afinados e apoiando o Golpe. Os substitutos foram soprados pelo general Braga Neto, a época chefe da Casa Civil.

    Somente o comandante da Marinha, Almir Garnier aderiu ao presidente. O ministro da Defesa nomeado, general Paulo Sérgio Nogueira, foi escalado para bater com contundência nas Urnas Eletrônicas e no TSE.

    Freire Gomes, segundo analistas militares, não denunciou o Golpe em andamento, porque seria sacado do comando e escolhido, um Kidpreto totalmente favorável e ativo e com um Poder avassalador: tripas sob seu comando.

    Sem um motivo forte, Bolsonaro não pode demitir Freire Gomes, porque o desgaste foi muito grande, quando demitiu os três oficiais generais anteriores.
    Então, escalou o general Braga Neto para disparar toda sorte de adjetivos chulos contra o general Freire Gomes, através das redes sociais da caserna, para forçar a saída do Comandante a pedido. Não deu certo.
    Como pegaria muito mal, um general atacar outro general, Braga Neto pagou a missão para voto eis executarem o serviço sujo.
    Braga Neto está muito mal na foto, no seio do generalato. Ele sim, foi um traidor dos colegas.

  4. Não considero um ato de heroísmo, a atitude do general comandante Freire Gomes, em recusar apoio ao golpe de Estado.
    Tratou-se simplesmente no estreito cumprimento do seu dever com a nação.

  5. Freire Gomes assumiu o Comando do Exercito, em 31 de março de 2022. Bolsonaro demitiu o comandante Edson Pujol, que recusou um aperto de mão, oferecendo o cotovelo em obediência ao protocolo contra a Covid.
    Bolsonaro ficou uma arara, aumentando a antipatia contra o general legalista. Aproveitou o ensejo e demitiu de uma vez, o almirante Ilques Barbosa, o brigadeiro Moretti Bermúdez, o general Edson Pujol e o general ministro da Defesa, Fernando Azevedo. Queria apoio explícito ao golpe, negado pelos demitidos.

    Bolsonaro nomeou Paulo Sérgio Nogueira, para o Comando do Exército. Depois, o presidente deslocou Braga Beto para a Casa Civil, deslocou Nogueira para a Defesa e colocou Freire Gomes para o comando da Força Terrestre.
    Somente o almirante Almir Garnier, em reunião fechada, prestou apoio total, ao Golpe.

    Freire e Batista Júnior, Exército e Aeronáutica divergiram da intentona golpista.

    A cúpula das Forças Armadas intuiram, que o comando golpista era composto por coronéis oriundos das Forças Especiais do Exercito:
    Coronéis, Bernardo Romão Correia, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Lawand, tem. Coronel Mauro Cid, major Rafael Martins. Uma república dos coronéis pressionando o comandante do Exército, general Freire Gomes. Pediram dinheiro a Mauro Cid, em torno de 100 mil para financiamento da logística, alimentação, hospedagem e transporte de quem? A investigação vai divulgar brevemente.

    Resta saber, quem seria o coronel Hugo Chaves, escolhido pelos coronéis brasileiros para comandar a intentona revolucionária. Uma única certeza: ninguém da ativa e da reserva, iria se arriscar para colocar Bolsonaro sentado na cadeira presidencial. Bolsonaro seria colocado de lado, igual ao general Olímpio Mourão em 1964. Estaríamos diante de uma nova vaca sagrada, só que com a patente de capitão.

    O Exército não admite a quebra da Hierarquia e da Disciplina.

    É uma tragédia ou uma comédia? Acho que ambas.

  6. Prezado Editor.
    O artigo da jornalista Miriam Leitão, no Globo do dia 18/02/24 está sensacional. É o que os articulistas da TI vem escrevendo sobre a cronologia do Golpe, principalmente você Carlos.

    Estou começando a achar, que a Tribuna da Internet se tornou leitura obrigatória dos jornalistas políticos e econômicos.

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