Deu no Poder 360
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barroso, disse que as Forças Armadas foram politizadas por uma má liderança. Segundo ele, elas fizeram, antes das eleições de 2022, “um papelão” na Comissão de Transparência no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Barroso participou em evento promovido pela Faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), chamado “Brasil Pra Quem? A democracia inclusiva como norte do direito nacional”.
POLITIZAÇÃO – Em sua fala, disse que a “politização das Forças Armadas” talvez “tenha sido das coisas mais dramáticas para a democracia”. Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Barroso elencou os problemas enfrentados pelo Brasil nos últimos anos, até chegar na politização das Forças Armadas.
“Nós tivemos, aqui, entre nós, o esvaziamento dos organismos da sociedade que participavam da organização de políticas públicas. O desmonte dos órgãos de proteção ambiental ou de proteção das comunidades indígenas. A não demarcação das terras indígenas, nem um milímetro. O negacionismo durante a pandemia – o Brasil tem menos de 2% da população mundial e teve quase 10% das mortes, por uma má gestão da pandemia”, citou o ministro, acrescentando:
“A paralisação do Fundo Amazônia e a paralisação do Fundo Clima, o dinheiro ficou parado na conta, um antiambientalismo que preferia a inércia a fazer alguma coisa. Nada do que eu estou falando é uma opinião minha. Tudo o que estou falando são fatos objetivos, que juízo não tem de ter opinião política”.
FRAUDES ELEITORAIS – “Houve falsas acusações de fraude no processo eleitoral. Eu mesmo era presidente do TSE. ‘Eu tenho prova de que tem fraude’, diziam. Beleza… Intimado para apresentar as provas, era mentira, tinha prova nenhuma”, afirmou Barroso.
A seu ver, a politização das Forças Armadas talvez tenha sido das coisas mais dramáticas para a democracia. “Porque, desde 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar no Brasil, de não ingerência, de não interferência, de cumprir as suas missões constitucionais, de ocupar espaços remotos da vida brasileira, inóspitos. Gente que leva uma vida dura. Eu tenho o maior respeito”, continuou.
“Porém, [os militares] foram manipulados e arremessados na política por más lideranças”, arrematou.
PAPELÃO DO TSE – Fizeram um papelão no TSE. Convidados para ajudar na segurança e na transparência, foram induzidos por uma má liderança a ficarem levantando suspeitas falsas, quando a lealdade é um valor que se ensina nas Forças Armadas. Houve Deslealdade. Portanto, foram momentos muito difíceis que nós vivemos no Brasil”, completou.
Essa não é a primeira vez que Barroso fala da atuação dos militares nas eleições de 2022. Em 21 de fevereiro, ele já havia dito que as Forças Armadas foram “manipuladas para levantar desconfianças e suspeitas infundadas” quanto ao processo eleitoral.
“Eu montei uma Comissão de Transparência porque nós não tínhamos nada a esconder e chamei diversos segmentos representativos da sociedade”, disse, assinalando que os militares convidados “se comportaram mal”, por terem “tentado levantar suspeitas”. O que, para o ministro, é prova “de que uma má liderança faz muito mal para uma instituição”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Barroso segue a linha do genial Cazuza e mostra ser um tanto “exagerado”. O papel da Comissão da Transparência era justamente levantar dúvidas e suspeitas, para que o TSE então pudesse dirimi-las e afastá-las. Da forma como Barroso fala, ele convidou os militares apenas para manter as aparências. Sinceramente, sua denúncia é infantil e despropositada. Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. (C.N.)