Moraes exagerou na dose! 65% acham que não houve terrorismo nem golpe 

Invasão do Congresso Nacional por bolsonaristas, ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023

Terroristas de verde e amarelo só pode ser Piada do Ano

Igor Gielow
Folha

A invasão com depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 foi um ato de vandalismo para a maioria dos brasileiros, 65%, segundo apurou a mais recente pesquisa do Datafolha. Para 30%, os atos foram uma tentativa de golpe de Estado.

O instituto questionou seus 2.002 entrevistados nos dias 19 e 20 de março sobre o tema, que domina a política brasileira desde então. Não souberam opinar 5% dos ouvidos em 147 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

CONDENAÇÕES – Mais de 1.400 denúncias foram elaboradas pelo Ministério Público Federal sobre o caso até agora, e 145 pessoas já foram condenadas a penas que vão de 3 a 17 anos pelo Supremo Tribunal Federal.

O caso galvanizou uma reação institucional, e as investigações acerca das circunstâncias que levaram à apoplexia do ato golpista chegaram à porta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a partir das apurações de uma trama para mantê-lo no poder após a derrota para Lula (PT) no segundo turno de 2022.

Para o relator do caso no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, a natureza do que ocorreu no 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, enquanto políticos da esfera bolsonarista buscam jogar a culpa nos manifestantes, qualificando-os de vândalos sujeitos a um enquadramento legal exacerbado.

POLARIZAÇÃO – Como seria previsível no quadro polarizado brasileiro, petistas e bolsonaristas discordam acerca do que ocorreu.

Segundo o Datafolha, 77% daqueles que votaram no ex-presidente acham que o 8/1 foi um episódio de vandalismo, ante 52% dos que deram seu voto a Lula no segundo turno. Já a ideia de que houve uma tentativa de golpe alcança 46% dos eleitores do atual mandatário e 16% daqueles que apoiaram o antecessor.

Quando é questionada a preferência partidária do entrevistado, 45% dos que se dizem petistas afirmam que foi uma tentativa de golpe, enquanto 78% dos que citam preferir o PL de Bolsonaro cravam que foi ato de vândalos. Numa terceira ótica possível, a que divide o eleitorado em bolsonaristas, petistas e neutros, os resultados são semelhantes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma pesquisa importantíssima. Mostra que, na opinião dos brasileiros, o relator Alexandre de Moraes e o Supremo julgaram pessimamente ao classificar como “terroristas” aqueles que deveriam ser julgados por vandalismo. É inexplicável, inaceitável e injustificável esse erro do Supremo em causa tão delicada. Os ministros deveriam voltar atrás e rever os votos, mas não têm grandeza para reconhecer o erro. É lamentável. (C.N.)

No início da noite, surge o mundo imaginário do poeta Emílio Moura

setembro 2015

Moura retrata Cyro dos Anjos (foto: Wilson Baptista)

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O jornalista, professor, artista plástico e poeta mineiro Emílio Guimarães Moura (1902-1971), um dos líderes do modernismo,  revela neste poema uma visão melancólica sobre o “Mundo Imaginário”.

MUNDO IMAGINÁRIO
Emílio Moura

Sob o olhar desta tarde,
quantas horas revivem
e morrem
de uma nova agonia?

Velhas feridas se abrem,
de novo somos julgados,
o que era tudo some-se
e num mundo fechado
outras vigílias doem.

A noite se organiza e,
no entanto, ainda restam
certas luzes ao longe.
Ah, como encher com elas
este ser já não-ser
que se dissolve e deixa
vagos traços na tarde?

Lira lembrou (?) a Lewandowski que o STF e a PF devem cumprir a Constituição

Lewandowski faz "visita de cortesia" a Arthur Lira na Câmara | Agência  Brasil

Lira foi levar a Lewandowski as queixas dos deputados

Carlos Newton

No final da legislatura passada, o Congresso estava – e ainda está – em pé de guerra contra o Supremo, por vários motivos, com o marco temporal das áreas indígenas; a volta da contribuição sindical obrigatória para os trabalhadores; a liberação do porte de drogas para uso pessoal; a autorização para aborto em até 12 semanas após a concepção; o mandato para ministros do Supremo; a restrição a decisões monocráticas de ministros; e a derrubada de decisões do Supremo pelo Congresso e mais e mais.

Não é pouca coisa, e agora as disputas ganham ainda mais força, com o descumprimento de norma constitucional para prender o deputado Chiquinho Brazão, que logo em seguida foi expulso do União Brasil, sem direito de se defender.

EM PÉ DE GUERRA – A ilegalidade da prisão do deputado deixou a Câmara em clima de pé de guerra, especialmente porque Chiquinho e seu irmão Domingos Brazão viajaram algemados para Brasília, enquanto outro réu, o delegado Rivaldo Barbosa, foi poupado desse constrangimento.

A revolta foi tamanha que a Comissão de Constituição e Justiça decidiu dar um recado ao Supremo, suspendendo a análise e votação da licença para prender o parlamentar.

No caso, a Constituição é claríssima. O artigo 53, § 2º, diz que “a partir da expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.

COBRANÇA DIRETA – Devido ao clima de insatisfação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tomou nesta quarta-feira, dia 27, a iniciativa de procurar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para cobrar o cumprimento da Constituição pelo Supremo e pela Polícia Federal, subordinada ao ministério.

Lewandowski ficou de saia justa e citou a alegação de que havia risco de fuga, que não é um fato concreto, apenas uma presunção. E a conversa parou por aí.

Agora, o segundo round acontece a partir do dia 9, quando a Comissão de Constituição e Justiça vai se reunir para nova sessão de pancadas no Supremo e na Polícia Federal. Os deputados sabem que a gravidade da acusação torna obrigatória a prisão, mas o problema é que só há provas de enriquecimento ilícito, nada existe de concreto sobre o assassinato de Marielle e Anderson, a não ser a delação do matador Ronnie Lessa.

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P.S. 1
A confusão é total, diria Machado de Assis, especialmente porque o ministro Lewandowski declarou encerradas as investigações da Polícia Federal, que é subordinada a ele, repita-se, embora ainda falte encontrar as provas que corroborem a delação.

P.S. 2O problema é que a Polícia Federal e o Supremo não podem se julgar no direito de desrespeitar dispositivo constitucional a pretexto disso ou aquilo. Eis a questão: se eles podem descumprir, porque os outros não podem? O descontentamento da Câmara é procedente e Lira terá muito trabalho para dominar a situação. (C.N.)

Nova pesquisa mostra que Lula tem teto de 44% e pode perder reeleição

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Ciro Nogueira ficou animado com os números da pesquisa

Marcela Rahal
Veja

O PP quis testar vários nomes para as eleições de 2026. O resultado da pesquisa feita pelo Instituto Paraná Pesquisas, divulgado nessa quinta-feira, 28, foi comemorado pelo partido. Isso porque, segundo o presidente da sigla, Ciro Nogueira, “qualquer candidato com o apoio do presidente Bolsonaro se torna competitivo. Lula tem um teto de 44%”.

O fato chega a ser “impressionante” para o senador que destaca: além do bom desempenho da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que chegam a empatar tecnicamente com o presidente num eventual segundo turno, outros candidatos de direita também se saíram bem.

DIZ A PESQUISA – “É um cenário muito positivo se esse grupo de pessoas estiver unido na eleição, como eu acho que vai acontecer”, afirma o senador Ciro Nogueira.

Segundo a pesquisa, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), teria 14,6%, contra 36,6% do petista; o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), marcaria 14,1%, contra 36,8% do presidente.

Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), perderia por 13,9% a 36,3%; enquanto a senadora Tereza Cristina (PP-MS) faria 13,6%, contra 36,6% de Lula.

E BOLSONARO? – O nome do ex-presidente também foi testado para a disputa nacional, mesmo inelegível. Bolsonaro chega a ficar numericamente a frente de Lula, mas empatado tecnicamente.

A pesquisa ainda revelou outro dado negativo para Lula. A reprovação do governo cresceu em quatro regiões do país e já passa dos 50%, com exceção do nordeste.

O recorte mostra uma insatisfação do eleitor com a atual gestão. Fato que acaba contribuindo para outros candidatos ganharem musculatura, e não necessariamente apoio ao ex-capitão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula pensou que a reeleição seria moleza, mas não é isso que os astros e as pesquisas estão dizendo. Em 2022, ele foi eleito porque teve apoio de uma parcela significativa que não queria Bolsonaro. Mas esses eleitores podem preferir em 2026 algum nome da terceira via. Vai ser uma disputa eletrizante. (C.N.)

Maduro expõe Lula a novo vexame ao promover eleição de faz de conta

Charge do Zé Dassilva: Defendendo a Venezuela - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Bruno Boghossian
Folha

Por duas décadas, Lula buscou conforto no fato de que, de tempos em tempos, a turma que comanda a Venezuela chama os cidadãos às urnas, conta os votos e declara vitória. Em 2005, enquanto Hugo Chávez instalava uma máquina que ampliava seu poder e limitava a competição eleitoral, Lula rejeitou as críticas ao bolivariano e afirmou que a Venezuela tinha democracia “em excesso”.

Dois anos mais tarde, o petista repetiu o argumento: “O que eu sei é que a Venezuela já teve três referendos, três eleições não sei para quê e já teve quatro plebiscitos”.

OUTRA REALIDADE – O atual cerco de Nicolás Maduro à oposição tornou a organização periódica de votações uma garantia ainda mais frágil. Mesmo assim, Lula insistiu na premissa de que a Venezuela “tem mais eleições do que o Brasil” e recorreu à justificativa traiçoeira de que as coisas no país vizinho são como são porque “o conceito de democracia é relativo”.

Não foi um acidente o envolvimento do governo brasileiro na negociação dos acordos entre chavismo e oposição assinados em Barbados.

Lula tem interesse de sobra na manutenção do apoio a Maduro, mas a integridade desse alinhamento passou a ter, como última linha de defesa, a realização de uma eleição que fosse limpa e justa —ou pelo menos conservasse essa aparência.

SEM OPOSIÇÃO – O regime chavista desfigurou aquela imagem ao restringir a participação da oposição, sob a alegação de que seus integrantes estariam envolvidos numa conspiração contra Maduro.

A deformação ficou maior quando a principal candidata do grupo não conseguiu se inscrever para o pleito, num episódio observado em silêncio pelo governo venezuelano.

Numa virada em relação a comunicações mais dóceis, Lula disse que o caso era “grave”. Foi um sinal de que o chavista expôs seus credores internacionais a um vexame público e um recado do brasileiro de que não está disposto a suportar o desgaste do respaldo a Maduro se não houver um esforço mínimo para evitar que a votação fique escancarada como uma eleição de faz de conta.

Moraes nega devolução de passaporte a Bolsonaro, sem fundamento jurídico

Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix neste ano, aponta relatório do  Coaf - PontoPoder - Diário do Nordeste

Bolsonaro queria visitar Netanyahu só para chatear Lula

Maria Eduarda Portela e Manoela Alcântara
Metrópoles

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou a devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento do político foi apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), que investiga suposta tentativa de golpe de Estado na antiga gestão. O Metrópoles confirmou a informação adiantada pelo blog do Camarotti, do G1.

A defesa de Bolsonaro pediu ao STF a devolução do documento. Os advogados queriam autorização para que Bolsonaro visite Israel entre 12 e 18 de maio.

Segundo a defesa, Jair Bolsonaro teria sido convidado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para visitar o país.

PROCURADORIA NEGOU – Moraes atendeu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se manifestou pelo indeferimento do pedido da defesa do ex-presidente. O ministro do STF, em sua decisão, destacou que o ex-presidente não poderá deixar o país, visto que a investigação da Polícia Federa está andamento.

“As diligências estão em curso, razão pela qual é absolutamente prematuro remover a restrição imposta ao investigado”, destacou Moraes.

Não é a primeira vez que a defesa do ex-chefe do Executivo pede a devolução do documento para sair do país. Em fevereiro, Bolsonaro solicitou o passaporte para participar de um evento conservador nos Estados Unidos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro é um homem rico. Somente num banco, tem aplicados R$ 17,2 milhões daquelas doações via Pix, que hoje já passaram de R$ 18 milhões. Se fugir do país, essa grana e o resto dos bens (avaliados em mais de R$ 20 milhões) serão bloqueados judicialmente, assim como as duas aposentadorias como capitão e deputado. É claro que Bolsonaro não deixará o país, pois ficará na miséria. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)

Constituição não permite intervenção militar, diz Fux, em voto no Supremo

Foto: Luiz Fux chegou a nomear Luíza Brunet para um cargo no Observatório  de Direitos Humanos - Purepeople

Fux foi o primeiro a votar, no plenário virtual do Supremo

Eduardo Gonçalves
O Globo

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux manifestou nesta sexta-feira que a Constituição não possibilita uma “intervenção militar constitucional”. O voto foi proferido durante julgamento de uma ação que trata sobre os limites constitucionais da atuação das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos Poderes. A análise já começou em plenário virtual, e tem duração prevista para ocorrer até o próximo dia 8.

“Qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja qual for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante seu gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da Constituição”, disse Fux.

DETURPAÇÃO – “É premente constranger interpretações perigosas, que permitam a deturpação do texto constitucional e de seus pilares e ameacem o Estado Democrático de Direito, sob pena de incorrer em constitucionalismo abusivo”, acrescentou o magistrado.

A questão chegou ao Supremo por meio de uma ação apresentada pelo PDT em 2020. O pano de fundo do pedido se refere a declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores sobre um suposto dispositivo constitucional que permitiria aos Poderes pedir intervenção militar para restabelecer a ordem.

Em um vídeo de uma reunião ministerial de 22 de abril de 2020, divulgado após decisão da Corte, o mandatário diz que “seria preciso fazer cumprir o artigo 142 da Constituição. Todo mundo quer fazer cumprir o artigo 142 da Constituição”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que Fux tem razão. Nem o Estado de Sítio nem o Estado de Defesa preveem qualquer tipo de intervenção militar. O que está determinado é o uso das Forças Armadas para ajudar o esquema normal de segurança a manter a ordem, mas o governo continua a ser tocado pelo presidente da República, não existe intervenção militar propriamente dita. (C.N.)

Para investigadores, caso Marielle ainda poderá respingar no Judiciário estadual

Chiquinho Brazão, Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão - Acusados de matar Marielle Franco

Chiquinho, Rivaldo e Domongos são apenas a ponta do iceberg

Igor Gadelha
Metrópoles

Investigadores do caso Marielle Franco acreditam que as prisões, no domingo (24/3), de três suspeitos de serem os mentores do assassinato da vereadora podem resultar em novos flancos de apuração no Rio de Janeiro.

A avaliação é que, presos, o deputado Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa podem fechar acordos de delação premiada.

Caso a expectativa se confirme, investigadores acreditam haver grandes chances de as revelações feitas pelos três suspeitos atingirem membros de milícias e até do Poder Judiciário do Rio de Janeiro.

OUTRAS LIGAÇÕES – Investigadores avaliam que tanto os irmãos Brazão quanto Rivaldo, que ajudou não só a planejar o crime como a atrapalhar as investigações, podem ter ligações com a milícia e com integrantes do Judiciário fluminense.

Os três suspeitos foram presos no fim de semana com base na delação premiada do ex-policial militar Ronie Lessa, que afirmou à Polícia Federal ter sido contratado pelos irmãos Brazão para executar Marielle em 2018.

Além das possíveis delações, investigadores apostam que os materiais apreendidos pela Polícia Federal nas buscas realizadas no domingo, nas casas de suspeitos, também devem contribuir com novas linhas de apuração.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Realmente, existe a possibilidade de o caso Marielle envolver milicianos e importantes nomes da Justiça estadual. É por isso que foi muito estranha a afirmação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, dizendo que “o caso está encerrado” e não haverá mais investigações. Ao contrário do que disse o ministro, o relatório da PF está cheio de furos e não confirma com provas materiais as denúncias do delator, e a lei é clara sobre isso – delação sem provas tem o valor de uma nota de três dólares. (C.N.)

Câmara reage contra o “precedente” no caso de Brazão, avisa Lira

Lewandowski é obrigado a defender o STF e a Polícia Federal

Daniela Lima
GloboNews.

Depois que a Comissão de Constituição e Justiça decidiu dar um recado em nome da Câmara ao Supremo, suspendendo a análise da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco e seu motorista, Anderson, o presidente da Casa, Arthur Lira, desembarcou no Ministério da Justiça.

Segundo Lira relatou a aliados, a conversa, a portas fechadas, na quarta-feira (27), ocorreu em tom ameno, institucional, mas franca. O presidente da Câmara foi ao ministro Ricardo Lewandowski relatar o que ele chamou de “preocupação da Casa como um todo” com o “precedente que pode ser aberto com a prisão” do deputado Brazão.

DIZ A CONSTITUIÇÃO – O pano de fundo é o seguinte: a Constituição autoriza a prisão de parlamentar em exercício do mandato quando há, entre outros requisitos, crime em flagrante. Lira tem sido pressionado há tempos, especialmente pela oposição, a colocar em andamento pautas que imponham limites – e uma blindagem adicional – a deputados e senadores que se tornam alvo de investigação e de operações da Polícia Federal.

A prisão de Chiquinho Brazão, relatou Lira, despertou críticas internamente, em especial por uma ala que não enxerga o “flagrante” no cenário que levou à prisão do deputado.

Lewandowski e Lira têm boa relação institucional e a conversa não resvalou para os detalhes da investigação.

CRIME GRAVE DEMAIS – Lira sabe que o crime atribuído a Brazão é grave demais para servir de pretexto de um levante contra o Supremo e a Polícia Federal. Mas aproveitou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça,  que adiou a análise sobre o relaxamento ou manutenção da prisão, para tratar do cenário geral com Lewandowski.

Brazão foi preso – e teve a condição de integrante de organização criminosa ratificada pela primeira turma do STF – sob o argumento dos investigadores de que havia, além de crime continuado, risco de fuga, começando por suspeitas da preparação da saída do país de familiares dos irmãos Brazão.

A Câmara e Lira, principalmente, sabem que o assassinato de Marielle e Anderson não é o caso adequado para sinalizar respostas da ala insatisfeita com o STF e as investigações sobre milícias digitais e tentativa de golpe. Ainda assim, o incômodo foi explicitado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Foi uma tremenda saia justa para Lewandowski, porque a Polícia Federal e o Supremo não podem se julgar no direito de desrespeitar dispositivo constitucional a pretexto disso ou aquilo. Eis a questão: se eles podem descumprir, porque os outros não podem? O descontentamento da Câmara é procedente e logo voltaremos ao assunto. (C.N.)

Caso Marielle está protegido pela Lei do Silêncio e jamais será concluído

O Brasil e o mundo homenageiam Marielle e pedem justiça - Rede Brasil Atual

O Brasil e o mundo pedem justiças para o caso Marielle

Janio de Freitas
Poder360

Uma lei que nunca foi escrita, e só citada pelos interessados por modos oblíquos, é a mais respeitada entre policiais e na bandidagem profissional. Entende-se: a pena mais comum para transgressores é a morte. Todos sabem de tudo, mas ninguém viu o que viu, nem ouviu o que entrou na memória. É a verdadeira Lei do Silêncio.

O histórico do delegado Rivaldo Barbosa, planejador da operação fatal contra Marielle Franco, era conhecido na classe. Foi o que possibilitou o veto da Polícia Federal ao seu nome, na lista para escolha do chefe da polícia civil pelos generais Braga Netto e Richard Nunes, interventor e secretário de Segurança no Rio.

CORRELAÇÕES DE DATAS – Apesar da desqualificação, agora reconhecida pelo general Richard, Rivaldo Barbosa foi o nomeado. Na véspera dos assassinatos da vereadora e de seu motorista.

A partir dessa primeira correlação de datas, outras vão se sucedendo, de diversos tipos. A cada uma delas, novas associações de fatos e de nomes se oferecem. Numerosos demais para menções aqui, mas formando uma tecitura perceptível sem maior dificuldade: por exemplo, observando as relações e a participação de ex-PMs/milicianos, cujas conexões insinuam outras em níveis mais altos.

Nesse contingente, o caso Marielle e o núcleo de Bolsonaro têm encontro marcado, a se realizar caso as respectivas investigações prossigam.

TUDO CONECTADO – São partes que se conectam, por diferentes modos, com a execução na Bahia do fugitivo ex-capitão Adriano da Nóbrega, com assassinatos para a chamada queima de arquivo (inclusive no caso Marielle), ligações com PMs criminosos e apoio aos seus familiares; com o esquema de obstrução, também no Ministério Público e no Judiciário, dos inquéritos sobre Marielle, sobre as rachadinhas e sobre negócios imobiliários obviamente fraudulentos. Além do mais.

Cada uma dessas investigações frustradas foi orientada por grossa corrupção. Não só. Como sempre, havendo envolvimento da polícia, são casos basicamente sem mistério nos meios policiais, acomodados pela força da lei do silêncio.

Desse modo, por corrupção ou corporativismo violento, o que não tem conclusão policial nunca a terá. Logo, encerrar a ação da Polícia Federal no Rio será retirar o fator que se sobrepôs à ineficiência injetada na polícia fluminense. E que pode voltar a fazê-lo. Esclarecer o caso Marielle poderia ser apenas um começo, e muitos assim o veem. Poderia.

Bolsonaro dormir na Embaixada foi ridículo, mas isso não significa crime

A passo a passo da estadia de Bolsonaro na embaixada da Hungria: Bolsonaro indo embora

Bolsonaro deixa a Embaixada após ficar por dois dias

Merval Pereira
O Globo

Cada novidade que surge em torno de Jair Bolsonaro é sempre ruim para ele – ou está fugindo, ou mandou dinheiro para fora, ou vendeu joias. Mas ainda não me convenci de que o fato de ter passado dois dias na embaixada da Hungria seja motivo de prisão.

Evidente que fica claro que ele pensou em pedir asilo, mas é um direito dele; ninguém pode impedi-lo. Ele pode dormir onde quiser, na casa de quem quiser. É uma atitude lamentável, ridícula, que o deprecia, uma situação esdrúxula, mas não vejo implicação criminosa.

SITUAÇÃO ESQUISITA – Vejo como mais uma situação esquisita de uma figura que a cada dia se desvaloriza mais, porque está sempre metido em alguma coisa que não se explica direito.

Na ditadura militar, as principais embaixadas ficavam com policiais próximos, para impedir que algum político ou acusado de subversão entrasse.

Mas numa democracia, não é assim que funciona, as pessoas podem ir para onde quiserem. A ideia de pedir asilo, por parte dele, é dizer que é um perseguido político, mas para a sociedade, é uma pessoa fugindo da justiça.

Politicamente é ruim para Bolsonaro, mas não vejo crime neste caso.

O fascismo mudou, mas não está morto e Donald Trump é um dos seus líderes

Donand Trump afirma que os imigrantes são “uns animais”

Martin Wolf
Financial Times

Estamos testemunhando o retorno do fascismo? Donald Trump, para citar o exemplo contemporâneo mais importante, é um fascista? Marine Le Pen, da França? Ou Viktor Orbán, da Hungria? A resposta depende do que se entende por “fascismo”. Mas o que estamos vendo agora não é apenas autoritarismo. É autoritarismo com características fascistas.

Devemos começar com duas distinções. A primeira é entre nazismo e fascismo. Como o falecido Umberto Eco, humanista e autor de “O Nome da Rosa”, observou em um ensaio sobre “Ur-Fascismo” publicado no New York Review of Books em 1995, “Mein Kampf de Hitler é um manifesto de um programa político completo”.

HAVIA DIFERENÇAS – No poder, o nazismo era, como o stalinismo, “totalitário”: controlava tudo. O fascismo de Mussolini era diferente. Nas palavras de Eco, “Mussolini não tinha filosofia: ele tinha apenas retórica… O fascismo era um totalitarismo confuso, uma colagem de diferentes ideias filosóficas e políticas, uma colmeia de contradições”. Trump é igualmente “confuso”.

Eles eram naturalmente militaristas tanto em meios quanto em objetivos. Além disso, naquela época, a organização centralizada era necessária se as ordens fossem ser disseminadas. Hoje em dia, as redes sociais farão muito desse trabalho.

Portanto, o fascismo de hoje é diferente daquele do passado. Mas isso não significa que a noção seja sem sentido. Em seu ensaio, Eco descreve uma série de características do “Ur-Fascismo —ou Fascismo Eterno”.

CULTO À TRADIÇÃO – Uma característica é o culto à tradição. Os fascistas veneram o passado. O corolário é que eles rejeitam o moderno. “O Iluminismo, a Era da Razão”, escreve Eco, “é visto como o início da depravação moderna. Nesse sentido, o Ur-Fascismo pode ser definido como irracionalismo”.

Outra característica é o culto à ação por si só, da qual decorre outra: hostilidade à crítica analítica. E segue-se disso que “o Ur-Fascismo… busca consenso explorando e exacerbando o medo natural da diferença… Assim, o Ur-Fascismo é racista por definição”.

Outro aspecto é que “o Ur-Fascismo deriva da frustração individual ou social. Por isso, uma das características mais típicas do fascismo histórico era o apelo a uma classe média frustrada”.

NACIONALISMO – O Ur-Fascismo vincula os apoiadores recrutados da classe média descontente através do nacionalismo. Esses seguidores, Eco acrescenta, “devem se sentir humilhados pela ostentação de riqueza e força de seus inimigos”. Para o Ur-Fascismo, além disso, “não há luta pela vida, mas, sim, a vida é vivida pela luta”.

Em seguida, para Eco, está o fato de que o Ur-Fascismo advoga um elitismo popular. “Todo cidadão pertence ao melhor povo do mundo”. Além disso, “todos são educados para se tornarem heróis”.

Para o Ur-Fascismo, Eco acrescenta, “o Povo é concebido como uma entidade monolítica expressando a Vontade Comum. Como nenhuma grande quantidade de seres humanos pode ter uma vontade comum, o Líder finge ser seu intérprete”.

MACHISMO – A origem do machismo distintivo do Ur-Fascismo é que “o Ur-Fascista transfere sua vontade de poder para questões sexuais”. Implícito aqui está tanto o desprezo pelas mulheres quanto a intolerância e condenação de hábitos sexuais não convencionais.

Por fim, “o Ur-Fascismo fala a novilíngua” —mente sistematicamente. Como Hannah Arendt observou em uma entrevista no New York Review of Books em 1978, “se todo mundo sempre mente para você, a consequência não é que você acredite nas mentiras, mas sim que ninguém mais acredita em nada”. Os seguidores acreditam no líder simplesmente porque ele veste o manto sagrado da liderança.

Essa é uma lista fascinante. Se olharmos para o populismo de direita de hoje, notamos precisamente os cultos do passado e da tradição, hostilidade a qualquer forma de crítica, medo das diferenças e racismo, origens na frustração social, nacionalismo e crença fervorosa em conspirações, a visão de que o “povo” é uma elite, o papel do líder em dizer a seus seguidores o que é verdade, a vontade de poder e o machismo.

NA MESMA LINHA – Apenas neste mês, Trump descreveu imigrantes como “animais”, ameaçou um “banho de sangue” se não vencesse em novembro e elogiou os insurretos de 6 de janeiro de 2021 como “patriotas incríveis”.

Sabemos que ele e seus apoiadores pretendem encher a burocracia e o judiciário com pessoas leais a ele e criticar o sistema legal por responsabilizá-lo: afinal, ele está acima da lei. Não menos importante, ele transformou o Partido Republicano em seu.

Sim, os movimentos de hoje também são diferentes dos ocorridos nos anos 1920 e 1930. Trump não está glorificando a guerra, exceto as guerras econômicas e comerciais. Mas ele glorifica Putin, a quem chamou de “gênio” por sua guerra na Ucrânia.

OUTROS EXEMPLOS – Os políticos europeus com raízes no passado fascista também são variados. No entanto, eles também compartilham muitas características do Ur-Fascismo, especialmente o tradicionalismo, nacionalismo e racismo, mas sem algumas outras, como a glorificação da violência.

O fascismo da Alemanha ou Itália dos anos 1920 e 1930 não existe mais, exceto talvez na Rússia. Mas o mesmo poderia ser dito de outras tradições. O conservadorismo não é o que era há um século, assim como o liberalismo e o socialismo.

As ideias e propostas concretas das tradições políticas se alteram com a sociedade, a economia e a tecnologia. Isso não é surpresa. Mas essas tradições ainda têm um núcleo comum de atitudes em relação à história, política e sociedade. Isso também é verdade para o fascismo. A história não se repete. Mas rima. Está rimando agora. Não seja complacente. É perigoso embarcar no fascismo.

Justificativa de Bolsonaro sobre embaixada é ‘frágil’ e não convence

Argumentos apresentados pela defesa não se sustentam

Pedro do Coutto

Na resposta que encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes a respeito da estadia na embaixada da Hungria, em fevereiro, a defesa de Jair Bolsonaro negou que o ex-presidente pretendesse pedir asilo político.  Como justificativa, os advogados pontuaram que, apesar de não ter mais mandato, Bolsonaro continua com uma “agenda de compromissos políticos extremamente ativa”, o que inclui encontros com “lideranças estrangeiras alinhadas com o perfil conservador”.

Os argumentos foram apresentados ao ministro Alexandre de Moraes, que deu 48 horas para Bolsonaro se explicar sobre os dois dias em que ficou hospedado na representação estrangeira entre 14 e 16 de fevereiro. Os advogados do ex-presidente classificaram como “ilógica” a ideia de que Bolsonaro iria solicitar refúgio político da Hungria, governada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, aliado do ex-presidente.

MEDIDAS CAUTELARES –  “A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”, afirmou a defesa, referindo-se às medidas cautelares ordenadas por Moraes em 8 de fevereiro, como a proibição de Bolsonaro se ausentar do país e a obrigação de entregar o passaporte.

A resposta teve uma caráter frágil, pois é evidente que não tratou-se de um encontro político simplesmente como foi alegado, pois não é realmente usual que um ex-presidente da República procure uma embaixada estrangeira se não estivesse preocupado com algum acontecimento, sobretudo pernoitando no local por dois dias. Não faz sentido e ficou flagrante a existência de um sentimento de ameaça por Bolsonaro diante da possibilidade de uma eventual prisão.

INVESTIGAÇÃO – A Polícia Federal abriu uma investigação para verificar se Bolsonaro estava procurando asilo político na embaixada. Caso confirmada a ação, o fato poderia ser configurado como uma tentativa de fuga. Os ministros do Supremo veem com cautela a possibilidade de eventual pedido de prisão preventiva do ex-presidente por eventual risco de fuga.

O Procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve se manifestar sobre o tema após a Páscoa, atendendo a um pedido do ministro Alexandre de Moraes, que nesta quarta-feira deu prazo de cinco dias para que a PGR se manifeste sobre as alegações de Bolsonaro.

“A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer”, cantava Dolores Duran

Dolores com o marido, Marcello Netto

Paulo Peres
Poemas & Canções

A cantora e compositora carioca Adiléa da Silva Rosa (1930-1959), conhecida como Dolores Duran, foi uma das maiores representantes do samba-canção, gênero musical onde prevaleciam a “fossa e a dor de cotovelo” nos anos 50, conforme a letra de “Castigo”, que expõe o arrependimento pela perda de um amor.

O samba-canção “Castigo” foi gravado por Roberto Luna no LP “Luna Canta para Você”, lançado em 1958, pela RGE.

CASTIGO
Dolores Duran

A gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar

Um belo dia a gente entende que ficou sozinho
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar

Você se lembra, foi isso mesmo que se deu comigo
Eu tive orgulho e tenho por castigo
A vida inteira pra me arrepender

Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria esse ser que chora
Eu não teria perdido você

Se eu soubesse
Naquele dia o que sei agora
Eu não seria essa mulher que chora
Eu não teria perdido você

Se pudessem, os deputados rejeitariam a prisão de Chiquinho Brazão, mas não dá

www.estadao.com.br/resizer/v2/DUBZGWSWS5HXTOEXFBNR...

O deputado não deveria ter sido algemado pelos federais

Roberto Nascimento

Só defende pistoleiro e mandante de crime quem apoia a impunidade em geral, especialmente para os detentores de foro privilegiado. Está claro que os deputados federais, se pudessem, não autorizariam a prisão de Chiquinho Brazão, que até fevereiro personagem de destaque, como secretário de Ação Comunitária da Prefeitura do Rio, na gestão de Eduardo Paes.

A repercussão do covarde assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, sem a menor dúvida, impede que os deputados protejam a figura impoluta de Chiquinho Brazão e lhe preservem o mandato.

EXISTEM MOTIVOS – É claro que existem motivos para que o acusado seja defendido na Câmara. Por exemplo, foi uma falha monumental a colocação de algemas no deputado federal e no seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, que não tinham a menor possibilidade de se evadir entre a descida do avião e a entrada na viatura policial.

Essa acintosa discriminação deu munição aos críticos e expôs o ministro Alexandre de Moreis. Ainda por cima, os agentes da Polícia Federal, estranhamente, não algemaram o delegado Rivaldo Barbosa. Nesse caso, eles estão sendo criticados severamente pela Câmara dos Deputados, com inteira razão. Prevaleceu o corporativismo, claramente.

O pior é que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, apressada e inexplicavelmente, deu por encerrada a investigação, embora a Polícia Federal ainda não tivesse conseguido “provas cabais” que confirmem as acusações feitas na delação do matador Ronnie Lessa.

ERROS EVITÁVEIS – Aliás, não é possível entender como as chamadas autoridades conseguem cometer esses deslizes que poderiam ser evitados. Cutucaram a onça com vara curta, logo haverá consequências, vindas da Câmara dos Deputados. É inevitável. Vai ter retaliação do Legislativo.

Os deputados estão pensando neles, porque algum dia também podem ser alvos de erros das autoridades. Depois de muito reclamar, vão acabar aprovando a prisão de Chiquinho Brazão, numa decisão política que respeite o conjunto da obra, deixando o julgamento das provas para o plenário do Supremo.

Em revide, a classe política do Rio de Janeiro está pressionando o governo federal a exonerar o Superintendente da Polícia Federal no Rio, delegado federal Leandro Almada.

JOGO DO PODER – No entanto, o jogo da tomada do poder pela força, ainda não terminou no Brasil. A Câmara e o Senado, as duas instituições legislativas do Estado, têm atuado na defesa de criminosos e estão dispostas a tramitar projetos de Lei para submeter ao crivo das mesas diretoras as decisões judiciais, que atinjam deputados e senadores.

Trata-se de gasolina no paiol, à mercê de um fósforo aceso. A promiscuidade entre o parlamento e o crime pode ensejar a tentativa de nova intentona golpista. Se vier, ninguém moverá uma palha para defender deputados e senadores, que seriam considerados o estopim de novo período militar, sem data para acabar.

Temos que salvar o Brasil, porque o Rio de Janeiro, creio, não tem mais jeito, quando o chefe de Polícia que é pago para defender a sociedade faz o contrário, atuando para arquivar os inquéritos e destruir provas contra os criminosos. Em outros Estados talvez seja mais fácil melhorar o combate ao crime organizado.

O Globo ultrapassa todos os limites da ética com seu humor de baixíssimo nível

A maldita trajetória: De "Vênus Platinada" a "globolixo"

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

Todo jornal diário comete erros – que são muitos – pela velocidade com que é feito e pelo enorme volume de informações. Não dá para fazer uma revisão rigorosa, sempre passa alguma falha ou outra, e algumas delas são verdadeiramente monumentais. É certo que são quase inevitáveis. Mas não é possível tolerar equívocos propositais, falta de respeito, desinformação e achincalhe.

Nesta quinta-feira, dia 28, o comentarista José Guilherme Schossland nos enviou de Joinville uma postagem de O Globo, que realmente chega a dar náuseas. Confira o texto e a foto de Lula:

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LULA DIZ QUE ALTA NO PREÇO DOS ALIMENTOS
É PARA FACILITAR O JEJUM NA SEMANA SANTA

Presidente Lula no Prêmio Mulheres das Águas

Presidente Lula no Prêmio Mulheres das Águas

Em mais um discurso feito de improviso, o presidente Lula disse que a alta no preço dos alimentos foi uma estratégia para facilitar o jejum praticado por católicos na Semana Santa.

“O pessoal do outro lado aí ficou falando que o preço da batata, da cenoura, da cebola subiu por causa disso e daquilo caiu do cavalo. Quem gosta de fazer o seu jejum vai ter esse estímulo a mais”, disse Lula.

“Ao mesmo tempo é um benefício que estamos implantando em que o cidadão não consegue comprar comida, então corta gastos com a academia e emagrece mais rápido”, concluiu.

“E ainda dizem que ele é contra os costumes cristãos”, disse um petista empolgado.

A alta no preço do azeite, por exemplo, fez com que a Petrobrás parasse de distribuir dividendos aos acionistas para investir o dinheiro na exploração de campos de óleo de oliva.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Bem, esse texto foi postado exatamente assim, com ícones para distribuição por Facebook, Twitter, WhatsApp etc. No alto da página, em letras pequenas, que até passam despercebidas, está escrito que é “humor – o jornal isento de verdade”. Sinceramente, um jornal como O Globo não necessita desse estilo de humor, que desrespeita a religião da maioria do povo e desmoraliza o presidente da República, tentando fazer graça com o drama dos milhões de brasileiros que têm dificuldades para se alimentar e sobreviver. Faz pena a decadência da organização Globo, que está perdendo totalmente a credibilidade. O Jornal Nacional, por exemplo, deveria mudar de nome e passar a ser Agência Nacional, o título que na ditadura militar representava o noticiário chapa branca, como dizia Carlos Lacerda. E de repente o decadente jornal da família Marinho adota esse estilo mórbido de humor. Para quem trabalhou lá nos bons tempos, realmente faz pena. (C.N.)

Interpretação correta dos números das pesquisas requer mais do que palpites

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Charge do JCaesar (Veja)

Maria Hermínia Tavares
Folha

Três institutos de pesquisa de opinião registraram queda na aprovação do governo do presidente Lula. Os resultados são inquestionáveis; já sua interpretação requer mais do que palpites, ainda quando bem-informados. Sendo as sondagens —vá lá o chavão— retrato dos humores do momento, convém apreciá-las na sequência de outros levantamentos ao longo do tempo e cotejá-los com avaliações similares de governantes de outras democracias.

É o que sustentou o sociólogo Antonio Lavareda, tarimbado analista da matéria, no podcast “O Assunto É”, no ar desde a semana passada sob o comando da jornalista Natuza Neri.

Baseado em estudo do Ipespe Analítica, ele apontou que, em conjunto, os 37 levantamentos de diferentes institutos desde fins de janeiro de 2023 revelam oscilações em torno dos 50% de aprovação, indicando ser bastante estável a atitude dos brasileiros em relação ao governo. E, por retratar a opinião da população adulta, é de fato superior à margem de votos com os quais Lula venceu Bolsonaro em 2022.

SITUAÇÃO INVEJAVEL – O professor Lavareda lembra ainda que o mandatário brasileiro está em situação invejável quando comparado a outros governantes democráticos das mais diferentes orientações políticas.

O centrista Emmanuel Macron é aprovado por pouco menos de 25% dos franceses; o primeiro-ministro britânico, o conservador Rishi Sunak, por 27% dos ingleses; o social-democrata Pedro Sanchez por 38% dos espanhóis; o americano Joe Biden, por 37% dos seus concidadãos; e só 20% dos alemães batem palmas para o chefe de governo Olaf Scholz, social-democrata (mas presidindo a chamada Grande Coalizão).

Ainda segundo Lavareda, a percepção dos brasileiros de sua situação econômica é o alicerce que dá arrimo e estabilidade à atitude positiva face ao governo.

TERRENO FÉRTIL – Já as oscilações não são de fácil leitura — o que delas faz terreno fértil para hipóteses divergentes, cujo acerto é impossível comprovar com os dados à mão. A oposição as atribui aos tropeços retóricos do presidente e aos desacertos da ação governamental. Já o governo, à inadequada comunicação do muito de bom que acredita estar fazendo.

É próprio das democracias esse desencontro que, só nelas, se dá à vista de todos, graças à diversidade dos centros de informação e à liberdade de expressar opiniões.

Parece ser típico delas, também, as oscilações da opinião pública que as pesquisas retratam, as forças políticas interpretam a seu gosto e submetem a seus propósitos e os governos levam em conta, ou tentando informar melhor o que fazem ou buscando sintonia mais fina com os temores e aspirações das maiorias.

Piada do Ano! Até Heleno foi espionado por ‘Abin paralela’ no governo Bolsonaro

Augusto Heleno e Paulo Skaf são nomeados para o Conselho da República |  Metrópoles

Heleno era “monitorado” pela Abin, que ele comandava

Renata Agostini
O Globo

Aliado próximo de Jair Bolsonaro, o general da reserva Augusto Heleno foi monitorado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quando comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), segundo indícios levantados por investigadores da Polícia Federal. A vigilância foi feita por meio do programa espião “FirstMile”, que mapeava a localização de celulares em todo o país.

De acordo com dados da investigação, um número de celular utilizado por Heleno foi consultado 11 vezes no “FirstMile” em maio de 2020. O aparelho telefônico colocado sob vigilância da Abin era de uso “funcional”, ou seja, vinculado a assuntos de trabalho — e não era registrado no nome do militar justamente para evitar rastreamento. Isso significa que alguém próximo ao ex-ministro sabia que ele usava essa linha telefônica.

VÁRIOS CELULARES – Procuradas, a defesa do ex-ministro e a Abin não quiseram comentar. Interlocutores de Heleno dizem que o ex-ministro usou diversos números fornecidos pelo governo durante os quatro anos em que foi chefe do GSI. No mesmo período, ele manteve a sua linha de telefone pessoal, que não foi monitorada

A possibilidade de Heleno ter sido alvo da “Abin paralela”, que realizava espionagens ilegais, surpreendeu integrantes da investigação.

Até porque o ex-ministro é suspeito de comandar uma estrutura informal de inteligência durante o governo Bolsonaro, infiltrando agentes em campanhas em 2022, conforme ele mesmo admitiu em gravação de uma reunião ministerial obtida pela Polícia Federal.

DESCONFIANÇA – Uma das suspeitas dos investigadores é que o monitoramento de Heleno foi fruto de uma desconfiança de Bolsonaro em relação a aliados próximos. Semanas antes da espionagem feita pela Abin, o ex-juiz Sergio Moro havia pedido demissão do cargo de ministro da Justiça após acusar o então presidente de tentar interferir na Polícia Federal. Heleno tentou selar a paz, reunindo-se com o ex-magistrado, mas a sua atuação foi frustrada.

No mesmo período, o GSI, comandado por Heleno, foi alvo de reclamações de Bolsonaro, que estava insatisfeito com a atuação do órgão. O então presidente se queixava com frequência da escassez de informações de inteligência para tomar decisões estratégicas ou mapear riscos prementes ao seu governo.

A circunstância do monitoramento de Heleno ainda está sob investigação. A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar um suposto esquema de espionagem ilegal da Abin durante o governo Bolsonaro após reportagem do Globo revelar a utilização do “FirstMile” em março do ano passado.

RASTREAMENTO – O programa israelense utilizava uma brecha na rede de telefonia brasileira para obter dados da conexão de celulares — que permitiam rastrear a localização de aparelhos utilizados por alvos selecionados.

Os números de telefone monitorados pela Abin estão sendo identificados pela PF com o apoio da Controladoria-Geral da União. Além de Heleno, foram alvos de espionagem da “Abin paralela” políticos, assessores parlamentares, jornalistas, ambientalistas e advogados, segundo investigadores.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sinceramente, é tanta matéria maluca que chega a dar tédio. Essa do Augusto Heleno ser espionado a mando de Bolsonaro excede qualquer medida. É surrealismo puro. (C.N.)

Já temos motivos em dobro para temer turbulências climáticas assustadoras

Estudo: furacões estão se intensificando mais rápido no Atlântico

Turbulências se intensificam mais rapidamente nos Trópicos

Dorrit Harazim
O Globo

Não estamos na Roma Antiga, nem no longínquo ano de 44 a.C., em que Júlio César foi esfaqueado 23 vezes. Ainda assim, o verso shakespeariano “cuidado com os idos de março” continua a ter mil e uma utilidades. Naquele 15 de março de outrora, contava-se que até o Sol desaparecera — não apenas brevemente, como num eclipse, mas por um ano inteiro.

Exagero de uma superstição da era pré-científica? Conexões imaginárias da mente humana da época? Até que não. Em 1983, dois cientistas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais publicaram um trabalho de História interdisciplinar que explica boa parte do que os romanos vivenciaram.

MOTIVOS EM DOBRO – Hoje, apesar de uma compreensão mais aguçada dos fenômenos que nos cercam, temos motivos em dobro para temer turbulências climáticas assustadoras. Vivemos o Antropoceno, cria nossa. E não há como fugir dele. Na semana passada, foi a vez de as regiões Sul e Sudeste serem mantidas em alerta máximo diante da previsão de tempestades bíblicas.

Quando, em 2019, o jornalista e escritor americano David Wallace-Wells publicou o fulminante best-seller “A Terra inabitável: uma história do futuro”, sobre o caos climático em que estamos metidos, soou como o vidente de Shakespeare anunciando os idos de março.

Foi um soco de alerta fundamentado em conhecimento acumulado por mais de 50 físicos e astrofísicos, biólogos e arqueólogos, poetas e químicos, climatologistas. De lá para cá, melhoramos na previsão dos desastres, mas pouco fizemos para mudar de rota.

MAUS MODOS – A economista inglesa Barbara Ward, uma grande dama e intelectual do século XX, já havia apontado nossos maus modos em seus escritos sobre desenvolvimento e sustentabilidade: “Esquecemos como ser bons hóspedes na Terra, como pisar sobre o chão com a delicadeza comum às demais criaturas” — constatou.

Fazia eco a outra notável precursora do pensar ambiental, a bióloga marinha americana Rachel Carson, autora do seminal “Primavera silenciosa”, de 1962.

“O chamado controle da natureza” — escreveu Carson — “é uma frase concebida na arrogância humana, nascida na era neandertal da biologia e da filosofia, quando se supunha que a natureza existe na paz ou na guerra, que ainda não aprendemos a dar voz à natureza”.

ESGOTANDO AS RESERVAS – Nos acomodamos tempo demais a um mundo feito por e para máquinas, dependente do consumo, deixando o que temos de melhor no meio do caminho. Wallace-Wells já nem fala mais em “novo normal” quando trata do que está por vir.

Acredita que simplesmente deixará de existir qualquer condição “normal”, por já termos esgotado as condições ambientais favoráveis à evolução da espécie humana. “O sistema climático em que crescemos, que proporcionou tudo o que entendemos como cultura e civilização, está morto” — decreta ele.

O ecossistema observado e estudado nas últimas décadas deixou de ser o trailer de um futuro sombrio. Já vivemos no nosso passado recente. Mesmo que, por milagre, a espécie humana conseguisse parar de emitir gases poluentes, continuaríamos a respirar veneno por muitas gerações.

SEM EQUILÍBRIO – “Há um tempo para lutar contra a natureza, outro tempo para lhe obedecer — o segredo está em fazer a escolha certa”, avisava em 1968 Arthur C. Clarke (“2001: uma odisseia no espaço”). Estamos bastante distantes de qualquer equilíbrio da experiência de vida num clima transformado pela atividade humana.

Nosso planetinha espraiado por seis continentes, quatro oceanos e 24 fusos horários pede socorro, e o único poder capaz de salvar a espécie humana é, justamente, o humano. O meio de fazê-lo é aprendendo que somos parte da natureza — nem superiores nem separados dela.

Estamos nos idos de março. Melhor escutar e agir, antes que a última voz remanescente na Terra seja a primeira que existiu no mundo: o vento.

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P.S. – Em janeiro deste ano, o que restou do DNA de Arthur C. Clarke queimou na atmosfera terrestre depois que uma sonda lunar privada não conseguiu pousar na Lua e se espatifou. A sonda continha genes de dezenas de figuras históricas como George Washington, John F. Kennedy e Dwight D. Eisenhower. (D.H.)

Com Lula apoiando Putin e Maduro, não existe mais vida inteligente no Itamaraty

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

J.R. Guzzo
Estadão

Depois de bajular durante um ano e três meses a ditadura e o ditador da Venezuela, o governo Lula, finalmente, resolveu dizer alguma coisa diante da selvageria cada vez mais perversa do regime de seu aliado e amigo. A ditadura que Lula descreve como “democracia” (do tipo relativo) porque tem, segundo ele, “mais eleições que o Brasil”, chegou a um novo fundo do poço em matéria de tirania: proibiu mais uma candidata de disputar as próximas eleições presidenciais.

Já tinha eliminado uma outra candidata antes dela, e outros ainda antes, dentro do “apartheid” político permanente da ditadura Chávez-Maduro – assim como na antiga África do Sul os negros não tinham direitos civis, na Venezuela de hoje os cidadãos não têm direito de votar na oposição, e nem de abrir a boca.

ELEIÇÃO SUJA – Foi mais um tapa na cara do Brasil. Maduro tinha prometido ao governo brasileiro, e a outros, que desta vez haveria eleições limpas. Está fazendo a eleição mais suja de todas as que falsificou até agora.

Como tudo que se faz no governo Lula, a reação à fraude explícita da próxima eleição venezuelana foi atrasada, medrosa e malfeita. Não se encontra na nota que o Itamaraty divulgou sobre a questão um único átomo de coragem moral, ou de decência comum – é um murmúrio mole e em voz baixa dizendo que o Brasil vê com “preocupação” o roubo da eleição e lembra que não foi isso o que a Venezuela combinou em recente tratado internacional.

A nota se apressa, é claro, em condenar qualquer “sanção” à ditadura de Nicolás Maduro por causa da sua fraude eleitoral anunciada – fica parecendo, até, que a real preocupação do governo brasileiro não é com a trapaça, e sim com o bem-estar futuro da tirania.

BAIXOS TEORES – A vida inteligente foi banida no Itamaraty desde o primeiro dia do governo Lula, como se constata, mais uma vez, pelos baixos teores de qualidade da nota publicada sobre o caso. Não é assim que se trabalha numa diplomacia profissional; é indispensável, no fim das contas, haver um mínimo de princípios naquilo que uma nação apresenta ao mundo como a sua postura oficial.

Mas o Brasil de hoje não tem mais o que se chama “política externa”. Tem só o angu de ideias mortas e de desejos juvenis confusos que saem das cabeças de Lula, de Janja e do chanceler-chefe Celso Amorim. Um dos produtos dessa maçaroca é a fixação com a ditadura de Venezuela; a sua defesa virou, aparentemente, a grande prioridade das relações externas do Brasil.

O ponto mais baixo a que se chegou nesta descida do governo ao submundo da delinquência internacional foi a última manifestação de Lula sobre as eleições de Maduro.

“FICAR CHORANDO” – Quando o ditador cassou, sem nenhuma razão minimamente legal, a candidatura da sua opositora Corina Machado, Lula disse que ela não deveria “ficar chorando” – tinha mais é de arranjar um outro nome para concorrer em seu lugar.

Há dois problemas insolúveis com essa declaração. O primeiro é que Corina fez exatamente o que Lula disse para fazer, e conseguiu tornar viável uma outra candidata para disputar com Maduro – aliás, com um nome igual ao seu. Resultado: essa outra candidata também foi proibida de concorrer.

O segundo é que Lula quis se exibir como herói. Disse que também ele não pode concorrer à eleição de 2018, mas teve a grandeza de indicar outro nome. Esqueceu de dizer que Corina foi eliminada por uma violência da ditadura – e que ele não concorreu porque estava na cadeia, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

LINCHAMENTOS – É tudo uma contrafação sórdida. O Itamaraty fala da sua “preocupação” com o linchamento da segunda candidata da oposição. Mas porque não se preocupou com o linchamento da primeira – essa que Lula decidiu desprezar em público?

A situação e a ditadura eram exatamente as mesmas. O balanço final de tudo isso é que o Brasil se junta, mais uma vez, à facção das ditaduras que apoiam Maduro e contra as democracias que condenam o seu regime. Espera-se agora pelo dia da eleição.

O ditador vai ganhar, porque só ele é candidato – e aí, o Brasil vai cumprimentar o “eleito”? Acaba de cumprimentar Putin e a sua vitória com 90% dos votos. É onde foi parar a política externa brasileira.