Petrobras tem de pagar dividendos para maquiar o rombo fiscal do governo Lula

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Haddad não conseguiu conter o rombo e apelou à Petrobras

Malu Gaspar
O Globo

A reunião desta quarta-feira no Palácio do Planalto entre os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e Rui Costa, da Casa Civil, selou a decisão de pagar os dividendos extraordinários da Petrobras que foram retidos pelo conselho de administração em março.

A distribuição de 100% dos cerca de 43,9 bilhões de reais extras aos acionistas da petroleira foi acordada ontem pelos ministros, na reunião realizada na Casa civil, da qual participaram também alguns auxiliares. Alguns administradores, incluindo o CEO, Jean Paul Prates, já foram comunicados.

LULA DECIDIRÁ – A decisão será levada agora para a chancela do presidente Lula, mas, diante do consenso entre os três ministros, a avaliação na Petrobras é de que os pagamentos devem ser liberados.

O próximo passo será aprová-la na reunião do conselho da companhia marcada para 19 de abril. Na última discussão do conselho sobre o assunto, os representantes do governo votaram em peso pela retenção dos recursos, que foi aprovada com 6 votos a 4. Prates, que é conselheiro, se absteve.

Na ocasião, o próprio Lula disse ter tido “uma conversa séria com a administração da Petrobras” sobre os dividendos e afirmou que não atenderia “à choradeira do mercado”. Agora com a mudança de rumo, os governistas devem trocar o voto e aprovar a distribuição.

VITÓRIA DE HADDAD – A decisão é uma vitória de Fernando Haddad sobre Rui Costa e Silveira, que defendiam segurar os recursos, alegando que sem eles a companhia poderia correr o risco de não ter dinheiro suficiente para sustentar o plano de investimentos.

Na reunião, Haddad argumentou que teve frustrações de receitas previstas com benefícios fiscais e afirmou que precisava dos dividendos da Petrobras para ajudar a compensar o rombo e cumprir a meta fiscal.

A União tem direito a 30% do valor distribuído, cerca de R$ 13 bilhões, que farão diferença para o esforço de Haddad de cumprir a meta fiscal de 2024.

FREIO NOS INVESTIMENTOS – Haddad disse ainda que conversou previamente com Prates sobre o assunto e relatou que o CEO da Petrobras informou que o plano de investimentos não será integralmente executado e que vão sobrar recursos. O presidente da Petrobras tem uma reunião nesta sexta-feira (5) com Lula.

A diretoria, capitaneada por Prates, defendeu perante o conselho o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários, mas foi derrotada depois que o próprio presidente Lula interferiu na questão e mandou os conselheiros votarem para reter todo o dinheiro.

A decisão provocou um abalo no valor de mercado da Petrobras, que perdeu R$ 55,2 bilhões (mais de 10%) na B3 logo após o anúncio.

RACHA NO GOVERNO – Expôs, ainda, um racha no próprio governo a respeito dos rumos da empresa. De um lado os ministros Silveira e Rui Costa e de outro o CEO, Jean Paul Prates, apoiado por Fernando Haddad.

As divergências entre as duas alas acontecem em vários temas, da política de preços dos combustíveis até o tipo de investimento que deve ter prioridade – Prates defende apostar em usinas eólicas em alto mar, Silveira prefere investir em gás natural – e, agora, na questão dos dividendos.

Desde então, o ministro da Fazenda vem atuando nos bastidores para reverter a decisão e, pelo que ficou claro na reunião de quarta-feira, conseguiu. No encontro, a decisão foi tratada como favas contadas. Só falta Lula mandar seguir, para que seja de fato implementada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – Tudo acaba bem quando termina bem. Divergências são naturais. Agora, o ideal é preservar Prates, que é especialista em petróleo, vem fazendo excelente administração e tem ajudado a conter a espiral inflacionária dos combustíveis. (C.N.)

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