Tragédia gaúcha se agrava com a atuação desumana e perversa dos negacionistas

Governo Federal intensifica ações no Rio Grande do Sul com força-tarefa  liderada pelo presidente Lula — Ministério do Desenvolvimento e Assistência  Social, Família e Combate à Fome

negacionistas estão atrapalhando as atuações humanitáricas

Conrado Hübner Mendes
Folha

Negacionistas não somente rejeitam a verdade. Sequer participam de disputa sincera pela verdade. Não estão interessados. Todo negacionismo é, antes, negação da responsabilidade que a verdade imputa. Estratégia diversionista, esconde causalidades entre ações e consequências. E rejeita a norma jurídica ou moral que sanciona o comportamento danoso.

Não se equiparam aos sofistas ou aos céticos, nem aos ateus ou agnósticos. Estão mais próximos ao que Harry Frankfurt chamou de “bullshiters”. Diferente do mentiroso e do hipócrita, que conhecem a verdade e sabem que mentem, o “bullshiter” tem indiferença à verdade e joga outro jogo. Sua empreitada não é intelectual, mas política e sectária.

DE DIVERSOS TIPOS – Muitos negacionismos contaminam a conjuntura brasileira: negacionismo do golpe, da ditadura, do racismo, da homofobia, dos conflitos de interesses da magistocracia, da corrupção e do autoritarismo; dos efeitos da desigualdade e da boçalidade pública; da correlação entre liberação de armas e aumento de homicídios, parecido com o da causalidade entre cigarro e câncer; do dever constitucional de manter o meio ambiente equilibrado e do direito de gerações presentes e futuras.

Não interessa ao negacionista cultivar o hábito intelectual da dúvida nem a atitude política da desconfiança. Quer apenas destruir inimigos com a melhor arma em mãos.

É uma técnica sintonizada ao extremismo político, hoje armado de canhões desregulados de desinformação com alta precisão algorítmica. Financiar a fabricação de negacionismo com cara de ciência é comum a indústrias que impactam a saúde e o meio ambiente.

EXEMPLO GAÚCHO – O Rio Grande do Sul sedia nesse momento o encontro do extremismo político com a desigualdade extrema e o evento climático extremo. Ainda não conhecemos todos os danos que uma reunião explosiva desse calibre produz, mas já somos capazes de perceber a multiplicação desnecessária e discriminatória de mortes, sofrimento e empobrecimento material.

Negacionistas têm tentado corroer o esforço da sociedade e do Estado brasileiro em enfrentar as consequências da tragédia. Sua produção torrencial de notícia falsa se dirige a bloquear e deslegitimar iniciativas estatais de ajuda aos atingidos.

Em paralelo, a solidariedade social, traduzida na dedicação voluntária de indivíduos e organizações, em colaboração com esforços públicos, é tumultuada por oportunistas que, mais do que participar, tentam individualizar os méritos do heroísmo coletivo em redes sociais.

DOIS COMBATES – Nesse momento, o negacionista luta dois combates: um contra o Estado, cujas instituições precisam continuar a ser evisceradas de capacidade de compreender a estrutura do desastre, de preveni-lo e de responder a ele; outra contra o conhecimento que demonstra, justamente, a relação de causalidade entre o que o negacionista faz e a consequência para a coletividade.

A tragédia precisa ser desvinculada da ação negacionista. O negacionista precisa ser exonerado de sua responsabilidade.

Há exemplos recentes da responsabilidade negacionista. O governo do RS ignorou plano de prevenção a desastres desde 2017; flexibilizou regras sobre barragens em áreas de preservação permanente; enfraqueceu o código florestal.

RESPONSABILIZAÇÃO – O Congresso Nacional vem desmontando a proteção ambiental nos últimos anos e tenta aprovar o “pacote da destruição” com mais de 20 projetos contra o meio ambiente. O governo federal não dá sinais de ter a causa da proteção ambiental como prioridade.

Ainda não conseguimos construir ferramentas de responsabilização de organizações, empresas e atores políticos que, desinteressados nas consequências humanas e econômicas do que fazem, e ansiosos por ganhos de curto prazo, contribuem para o desastre.

Nem conseguimos construir instituições que traduzam o compromisso constitucional da precaução em prática real. Enquanto isso, os negacionistas estão matando e vão continuar a matar.

9 thoughts on “Tragédia gaúcha se agrava com a atuação desumana e perversa dos negacionistas

  1. Agora virou modo essa palavra negacionista, assim como fake news. Lembrei-me agora do filme Como era gostoso meu francês. Vou mudar esse título para Como era gostoso meu passado, sem essa cantilena de negacionismo e fake news

  2. Tá na hora do Conrado Hübner Mendes parar de escrever artigos e escrever um livro, vou sugerir o titulo, “O Negacionista”.
    Esse negacionismo perverso, maldoso, assassino me parece com a anedota do Stalin.
    Doutor Stalin, a Rússia está cheia de negacionistas, que fazer?
    Simples meu cara Béria, matem todos os negacionistas e só deixem vivos os acreditacionistas.
    Por falar em acreditacionistas, se formarem maioria vou dar razão ao Nelson Rodrigues sobre a unanimidade.

  3. Deus no céu e o Estado na Terra são insubstituíveis, a nosso ver, Deus enquanto dono da mundo e o Estado que somos todos nós, juntos e misturados, juridicamente organizados, de modo que negá-los é negar o mundo e a Humanidade. O que temos que questionar é se a forma estatal como estamos organizados é a melhor, a mais eficaz, no sentido de atingirmos a sua finalidade precípua que é a consecução do bem comum do conjunto da população, contexto esse no qual há que se questionar tb se os gestores do Estado, em que pese escolhidos via votos, e a própria maquina pública subordinada aos mesmos, estão exercendo correta e eficazmente os deveres de representantes e servidores do conjunto da população, ou se foram todos engolidos pelo famigerado mercado, turbinado pelo capital velhaco, e, por conseguinte, passaram a operar à margem da finalidade precípua do Estado para servir, prioritariamente, o apetite financeiro insaciável do establishment dominante, que, p. ex., perfaz a maioria dominante no congresso nacional, manipulado pelo famigerado centrão, peixe pobre esse vendido ao distinto público pelo famigerado establishment, através dos seus veículos de enganação, como democracia inquestionável, ainda que visivelmente praticada como plutocracia putrefata com jeitão de cleptocracia e ares fétidos de bandidocracia. Daí, a nossa Luta de cerca de 40 anos de estudos e 34 anos de elaboração e formação da Alternativa Única a tudo isso que aí está, no Brasil, há 134 anos, que, para que não haja dúvida nenhuma, principalmente em relação à possível responsabilização por ousar apresentar aquilo que considero a mega solução, via evolução, para os próximo 500 anos, para o nosso país, a política e, sobretudo, para o bem-estar satisfatório da nossa gente, todos juntos e misturados. Mega solução essa, via evolução, inserida num megaprojeto novo e alternativo de política e de nação, completo, com começo, meio e fim, que expressa a nova via política extraordinária e que mostra com todas as letras o novo caminho para o possível novo Brasil de verdade, confederativo, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, que projeta o Brasil na vanguarda democrática do possível novo mundo civilizado, porque, a nosso ver, é isso que está faltando ao Brasil e ao mundo, Democracia de Verdade, grau de consciência adequado e civilização evoluída. Portanto, a nosso ver, impedir a discussão sobre a nossa mega solução, via evolução, é laborar contra a evolução e o avanço da Humanidade. Quanto ao establishment bandido, embusteiro, estamos cagando, mijando e andando pra você$. http://www.tribunadainternet.com.br/2024/05/17/recriar-a-confianca-e-mais-importante-que-autoritarismo-contra-as-fake-news/?fbclid=IwZXh0bgNhZW0CMTEAAR1FO6jSds4nFmW8XKnLiwe31ALcSQt2wTbXQCjTjk99ZErZe7SOSf9UbVA_aem_AaSqmHwhivFSi7pJN59TiX6Ruayzc3ghBSEsrrIBwP2VmylYFHGwWmp9liwL3wx9QpzQ6RQGZviGe9-yMnP53iVk#comment-40416

  4. Confesso ter que negar a tentativa de compreender o que o articulista tenta transmitir.
    Desconfio que ele emprega negacionista no lugar de bolsonarista. Mas não posso afirmar.

  5. Um jornalista canalha, que escreve um artigo canalha. É por essas e outras que há mais de 30 anos não leio, não assino e não assisto nada que venha destas chamadas de imprensa tradicional. Nada do que escrevem se aproveita. Serve somente pra jogar na privada e dar a descarga.

    • Era disso que Pulitzer falava.
      ” Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

  6. Antes de ler os comentários, pensei(?): O que este cidadão quis transmitir???!!!
    Logo o senhor Walsh clareou . Nada com nada e todos os comentários abaixo corroboraram.

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