Arthur Lira já tem aval de ala do PT para estender a anistia a Bolsonaro

Charge da Semana - Anistia • atualidade

Charge do Fred Ozanan (Arquivo Google)

Deu na Folha

Um assunto que nos microfones divide claramente petistas e bolsonaristas, a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023 entrou na mesa de negociações da eleição para o comando do Congresso, a ser realizada em fevereiro, com aval tanto de Jair Bolsonaro (PL) como de uma ala do partido de Lula (PT).

Nesta terça-feira (29), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), retirou o projeto de tramitação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, onde poderia ser aprovado nesta semana, e criou uma comissão especial para analisá-lo.

TROCA-TROCA – A medida, que adia a tramitação do projeto, tem o objetivo de angariar apoio dos dois maiores partidos da Câmara, os antagônicos PL e PT, a Hugo Motta (Republicanos-PB), nome que Lira escolheu para sucedê-lo e cujo anúncio oficial ocorreu também nesta terça.

Se por um lado a reviravolta agradou opositores da anistia, pela tramitação mais demorada e até com mais chances de ser inviabilizada, nos bastidores ela envolve também outros interesses.

Em visita de surpresa ao Senado, Bolsonaro deixou claro que a atitude de Lira foi previamente discutida com ele e com aliados e que traz nas entrelinhas a forte possibilidade de, nessa comissão, ser acrescentada emenda para que o ex-presidente se livre de sua inelegibilidade e possa disputar a Presidência da República em 2026.

NADA ESCRITO – Bolsonaro foi questionado se a sua própria anistia foi colocada à mesa como condição para o apoio do PL a Motta na Câmara e a Davi Alcolumbre (União Brasil) para presidir o Senado.

“Tem certos acordos, não vou enganar vocês, que a gente faz no tête-à-tête, não tem nada escrito, nem passa para fora. (…) A gente conversa, poxa, na mesa [de negociação] é igual namoro, você conversa tudo, vou casar: vai ter filho, não vai ter filho, vai morar onde, o que você tem, o que você não tem.”

A medida de Lira foi elogiada também pelos presidentes do PL, Valdemar Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira, ex-articulador e ainda um dos principais aliados de Bolsonaro.

APOIO À ANISTIA – O PL reúne nesta quarta-feira (30) suas bancadas na Câmara e no Senado e, segundo Bolsonaro, a tendência é declarar apoio a Motta e a Alcolumbre.

Integrantes da cúpula do PT afirmam que a medida de Lira permite a abertura de conversa com Hugo Motta ao afastar o risco de votação do projeto agora na CCJ. A exclusão do projeto seria uma condição do PT em uma negociação que incluiu a reforma tributária.

Um dirigente do PT avalia que a comissão vai para as calendas, a exemplo do que aconteceu com a comissão do PL das Fake News. Mas uma ala petista vê com desconfiança a iniciativa de Lira, por ser um aceno claro aos bolsonaristas.

MELHOR PARA LULA – Alguns setores da esquerda chegam a considerar que uma anistia a Bolsonaro poderia representar um cenário eleitoral mais benéfico a Lula em 2026, sob o argumento de que, apesar do grande apoio ao ex-presidente, a sua rejeição o impediria de vencer novamente uma disputa nacional, o que não ocorreria com o pelotão de nomes da direita que almeja ocupar esse posto daqui a dois anos.

A anistia é hoje uma das principais bandeiras de Bolsonaro. Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid.

Ele também é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro, mas isso estaria incluído na anistia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Conforme assinalamos ontem aqui na Tribuna, Lira retirou de pauta a anistia para reapresentar depois ainda com maior apoio. Assim, Bolsonaro será mesmo candidato em 2026, para enfrentar o envelhecido e envilecido Lula da Silva. E os dois têm de torcer para Tarcísio de Freitas não se candidatar, porque leva fácil. (C.N.)

Embate entre Gleisi e Padilha reflete realidade que atingiu o PT após as eleições

Gleisi diz que Padilha ofende PT fazendo ‘graça’

Pedro do Coutto

A troca ácida entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro Alexandre Padilha, que tinha ao seu cargo a articulação política do governo, mostrou uma realidade que atingiu o partido na medida em que elegeu apenas 200 prefeituras.

Nesta segunda, após ter se reunido com o presidente Lula em Brasília, Padilha disse que a legenda, embora tenha aumentado nas eleições o número de prefeituras que comandará, precisa fazer uma “avaliação profunda” porque ainda não saiu do Z4 – em uma referência ao grupo de times que luta contra o rebaixamento no Brasileirão.

“O PT passou de 183 prefeitos eleitos em 2020 para 252, em 2024, mas os próprios petistas reconhecem que o resultado foi ruim, tendo em vista que se trata do partido do presidente da República”, afirmou. Gleisi Hoffmann reagiu à fala de Padilha e disse que o correligionário ofendeu a legenda e fez “graça” ao abordar o resultado eleitoral.

FOCO – Em uma rede social, Gleisi disse ainda que o ministro deveria “focar” nas articulações políticas. Integrantes da cúpula do PT ouvidos nesta terça-feira pela GloboNews disseram que a reunião da Comissão Executiva Nacional do partido nesta segunda foi marcada por “muita insatisfação” com Padilha. Avaliaram também que o embate público entre Hoffmann e o ministro foi “desnecessário”.

“Ontem, na reunião do PT, [houve] muita insatisfação com o Padilha”, afirmou à GloboNews, de forma reservada, um integrante da Executiva Nacional do partido. Um outro integrante da Executiva Nacional confirmou, também sob a condição de anonimato, a “insatisfação” dos presentes com a declaração de Padilha. Mas acrescentou que, para ele, tanto o ministro quanto Gleisi Hoffmann erraram no episódio.

“Como filiado do PT, achei muito ruim, os dois foram equivocados. Nós saímos de uma eleição em que a vitória foi aquém do que a gente precisava. Nós ganhamos, aumentamos o número de prefeitos, aumentamos o número de votos. Agora, de cabeça quente, as pessoas acabam jogando por terra todo um processo de construção que fizemos”, afirmou.

ALINHAMENTO – A responsabilidade do fracasso está contida num projeto que, no fundo da questão, seria do presidente Lula da Silva que, como disse o governador Ronaldo Caiado numa entrevista à GloboNews, “perdeu a vontade de governar”. Era preciso que os projetos governamentais se alinhassem aos municípios. Isso não era difícil. Bastava ajustar uma coisa sobre a outra, as ações federais com as necessidades municipais, oferecendo à população soluções para os problemas que se eternizam. Não era complicado colocar o projeto de política nacional com os de âmbito municipal, mesmo porque ninguém vive na União ou no Estado, mas no município.

Era preciso que o partido tivesse repensado a sua estratégia, colocando a potência da União à disposição dos municípios que precisam ter abastecimento federal para cumprir as suas metas. Não é a primeira vez que o ministro Padilha falha na articulação. São sucessivos os seus erros no panorama nacional, já verificados em casos anteriores.

Seria fácil um levantamento das necessidades municipais e os recursos necessários para administrações eficientes que estavam visíveis a todos integrantes do partido. Gleise Hoffmann nos debates com Alexandre Padilha tem razão, pois tudo depende de uma articulação maior quando se tem a máquina federal na mão. O abalo foi grande e a recuperação será difícil.

Augusto dos Anjos desafiava quem pudesse domar um coração de poeta

Se algum dia o amor vier me procurar,... Augusto dos Anjos - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, professor e poeta paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) admitia que seu coração era ”Vencedor”, porque ninguém pode domar um coração de poeta.

VENCEDOR
Augusto dos Anjos

Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E à rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração – estranho carniceiro!

Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pode domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois de um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem…
E não pude domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!

De volta à política, Dirceu é “um pote até aqui de mágoas”, em relação a Lula

Condenações de José Dirceu na Lava Jato assinadas por Sergio Moro são anuladas

José Dirceu já fez tanta plástica que está difícil reconhecê-lo

Carlos Newton

Já faz tempo que José Dirceu começou a voltar à política, de maneira discreta, por não estar no gozo dos direitos políticos, devido às sucessivas condenações. Ainda assim, ele marcava presença nos atos de manifestação ou congraçamento do PT, mas sempre distante das mesas diretoras, para não ter o desprazer de cruzar com o presidente Lula da Silva e outros dirigentes que o abandonaram no meio do caminho.

Dirceu pode ter sido “inocentado” ou “descondenado” pelas decisões sucessivas de Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, mas seus crimes de corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro foram mais do que comprovados. É um mau político, desprovido de caráter, sem a menor dúvida.

FIM DE CASO – Desde agosto de 2015, quando a Polícia Federal fez uma operação na luxuosa empresa de lobby que Dirceu montou em São Paulo, prendendo o ex-ministro, o irmão dele e um assessor, o relacionamento com Lula terminou.

Eles já estavam afastados e a última vez em que o Lula recorreu a Dirceu tinha sido em novembro de 2012, quando a Operação Porto Seguro envolveu Rosemary Noronha e membros de sua família num esquema de venda de pareceres em agências reguladoras.

Dirceu era amigo da amante de Lula e fez um belo trabalho. Contratou três grandes escritórios de advocacia, com diferentes especializações, para armarem juntos a defesa de Rose, e a empreitada foi bem-sucedida – apesar do excesso de provas, há alguns anos ela foi declarada inocente.

ALÔ, ALÔ… – Lula nunca mais atendeu a nenhum telefonema de Dirceu. O presidente não usa celular e manda que liguem para um aparelho que fica com a segurança. Dirceu nunca mais teve acesso a Lula.

Mas não passou recibo. Continuou a tocar sua vida, escreveu livros, rodou pelo Brasil, voltou a frequentar os eventos do PT, preparando a volta.

Em março, deu uma festa de aniversário que parou Brasília. Até o vice-presidente Geraldo Alckmin, com quem nunca teve relações, fez questão de comparecer. E agora, depois de Gilmar Mendes passar alvejante em sua ficha suja, Dirceu vai começar a campanha para ser eleito deputado por São Paulo.

UM MOMENTO – Vai chegar um momento em Lula e Dirceu se encontrarão, cara a cara, em circunstância de grande constrangimento. Será um momento cavernoso, seria conveniente que se encontrassem antes para combinar o que dizer no dia D e na hora H.

Não duvido nada que até se abracem, ensaiem um choro compulsivo, pois são dois farsantes, desprovidos de caráter e dignidade.

Lula, o presidente que criou um cargo elevado (chefe de gabinete da Presidência) para sustentar regiamente a amante, mandando montar luxuoso escritório para ela, com assessores, secretárias, motorista e carro de luxo, com tudo pago em cartão cooperativo; e Dirceu, o revolucionário esquerdista que se vendeu por 30 dinheiros, desviando recursos públicos para enriquecer ilicitamente.

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P.S.
Agora, só falta o Gilmar Mendes descondenar o Sérgio Cabral, para completar a lambança. Todos sabem que lugar de criminoso é na cadeia, mas esqueceram de combinar com os ministros do Supremo. (C.N.)

Samba do PT! “Não deixe a polarização morrer, não deixe a polarização acabar”

Nem Lula nem Bolsonaro? - Revista Oeste

Bolsonaro e Lula dependem da polarização para existisem

Mario Sabino
Metrópoles

Foi um divertimento acompanhar a cobertura jornalística sobre a derrota nas eleições municipais do PT e adjacências, consagrada com os resultados do segundo turno. Os comentaristas televisivos estavam especialmente aparvalhados com o tamanho do fracasso de Guilherme Boulos em São Paulo.

Na sua falta de rumo, enfatizavam a derrota do bolsonarismo raiz nas capitais para uma direita fofinha, todos em busca de um empate menos desonroso para o lulismo.

FALSO EMPATE – No embalo para proclamar o empate, já se foi decretando o fim da polarização ou o início do seu fim, vá lá, como se houvesse possibilidade de o PT não vir a radicalizar na eleição presidencial e definir qualquer adversário — qualquer um, repita-se — como fascista, extremista de direita, racista, entreguista, vendido, neoliberal perverso, representante das elites exploradoras do povo e delicadezas que tais.

Lembrem-se, amiguinhos, de que foi o PT a disseminar o rancor do “nós contra eles”, e isso foi bem antes da ascensão de Jair Bolsonaro, quando o seu principal oponente era aquele Mussolini chamado Fernando Henrique Cardoso. Os bolsonaristas toparam o jogo e cresceram nele.

O PT é um partido de extrema esquerda eleitoral, que difere pouco da extrema direita eleitoral.

GELEIA GERAL – Muito radical nas campanhas e, uma vez no poder, disposto a se compor com os exploradores do povo, porque o patrimonialismo sempre fala mais alto, não importa o sinal ideológico, e o sistema político brasileiro é o da geleia geral.

Ainda bem, porque o pior é quando o PT encontra um jeito de aplicar um pedacinho do seu programa. O dado tão pitoresco quanto revelador é que os mesmos comentaristas que decretaram o fim da polarização ou o início do seu fim, vá lá, já começaram a pintar Tarcísio de Freitas, grande vencedor em São Paulo e provável candidato da direita ao Palácio do Planalto, em 2026, com as tintas escuras de bolsonarista raiz.

Os comentaristas estão em sintonia com o PT, que nunca deixou de considerá-lo dessa forma, haja vista uma entrevista recente de Fernando Haddad à Folha de S.Paulo.

VOTO DO PCC – Como é que Tarcísio de Freitas pode ter voltado a ser bolsonarista raiz, se pouco antes era tido como um dos fofinhos que derrotaram Jair Bolsonaro?

É que ele disse, com as urnas ainda abertas para votação, que a inteligência da administração penitenciária havia interceptado um “salve” do PCC que orientava o voto em Guilherme Boulos.

Escândalo para os acusadores! Tarcísio de Freitas “rasgou a fantasia”, revelou ser como o seu padrinho político e, assim, joga sujo, não tem escrúpulos, divulga fake news, cometeu crime eleitoral — como se o PT e Guilherme Boulos houvessem mostrado melindre ao repetir continuamente, sem provas, que Ricardo Nunes estava no bolso do PCC e que o candidato apoiado por Tarcísio de Freitas era representante dos espancadores de mulheres.

LIVE COM MARÇAL – Isso tudo, para não falar da live derradeira de Guilherme Boulos com Pablo Marçal, capítulo curto, mas empolgante, da história paulista da infâmia.

Tudo de uma conveniência ululante. “Não deixe a polarização morrer, não deixe a polarização acabar, o PT foi feito de polarização, de polarização para gente polarizar”.

Esse é o samba de uma nota só do PT e da imprensa imparcial que o apoia.

 

Venda de julgamentos em Tribunal de Justiça será investigada pelo Supremo

Eu vou cobrar maior presença do magistrado dentro da comarca" - Correio do  Estado

O chefe da gangue é Sérgio Martins, presidente do Tribunal-MS

Luísa Martins e Lucas Mendes
CNN, Brasília

A investigação sobre um suposto esquema de venda de sentenças por desembargadores do Mato Grosso do Sul foi enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF). O caso estava no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A investigação ficará sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin. Um outro caso, envolvendo suspeitas contra desembargadores do Mato Grosso, também foi direcionado ao magistrado. Conforme apurou a CNN, as apurações se conectam porque um mesmo lobista atuaria no esquema.

OPERAÇÃO – O STJ foi responsável por autorizar uma operação da Polícia Federal (PF) na quinta-feira (24) contra os magistrados do Mato Grosso do Sul. A decisão foi do ministro Francisco Falcão.

Zanin já é responsável no STF por supervisionar a investigação sobre suspeitas de venda de decisões em gabinetes do próprio STJ. O ministro encaminhou o caso para avaliação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Caberá ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, definir os próximos passos da apuração. Ele deve analisar, por exemplo, se os autos devem permanecer no STF ou se devem ser enviados à primeira instância da Justiça.

OPERAÇÃO – A operação deflagrada pela PF na quinta (24) contra vendas de sentenças no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS) foca principalmente em cinco desembargadores.

São eles: Sérgio Fernandes Martins; presidente do TJ-MS; Sideni Soncini Pimentel, futuro presidente do TJ-MS; Vladimir Abreu Da Silva, futuro vice-presidente do TJ-MS; Marcos José de Brito Rodrigues; e Alexandre Aguiar Bastos.

Os cinco foram afastados dos cargos por decisão do STJ. Martins é o atual presidente do TJ. Ele é apontado pela PF, em um relatório enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), como alguém que teria recebido dinheiro vivo sem declarar e comprado carros e mais de 80 cabeças de gado, sem registros de saques das quantias, conforme mostrou a CNN.

MÚLTIPLOS CRIMES – Segundo a PF, a operação batizada de “Última Ratio” tem o objetivo de investigar possíveis crimes de corrupção nas vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul.

Com base na investigação da PF, o STJ determinou o afastamento do exercício das funções públicas dos servidores, a proibição de acesso às dependências de órgão público, a vedação de comunicação com pessoas investigadas e a colocação de equipamento de monitoramento eletrônico.

Ainda na quinta-feira (26), o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) informou, em nota, que está ciente da operação que ocorre nas dependências da Corte.

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NOTA DA PRESIDÊNCIA DO BLOG
Muita espuma e pouco chope, diria a comentarista Mário Assis Causanilhas, ex-secretário de administração do governo RJ. Fazem um escândalo danado, para depois aposentar os cinco criminosos com os salários que recebem hoje, de aproximadamente R$ 200 mil. Nada mal, não é mesmo? (C.N.)

Aos poucos, vão caindo as acusações contra o ex-ministro Anderson Torres

Torres diz que documento encontrado foi vazado "fora de contexto" | Agência  Brasil

Ex-ministro Anderson Torres prometeu provar que é inocente

Eduardo Barretto
Metrópoles

A Polícia Federal (PF) recuou e pediu o arquivamento de um processo interno contra o delegado e ex-ministro da Justiça Anderson Torres relacionado à apreensão das aves de Torres. O documento foi assinado no último dia 24 e enviado à Corregedoria da PF.

Em agosto, a PF havia indiciado Torres por ter gerado repercussão negativa à imagem da corporação após ter 55 pássaros apreendidos.

DIREITO DE DEFESA – A reviravolta acontece duas semanas após o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspender outro processo disciplinar da PF contra Torres, pela atuação do ex-ministro no 8 de Janeiro, quando ele era secretário de Segurança do DF.

Na decisão, a juíza apontou que a PF violou o direito de defesa de Torres e o devido processo legal. A Polícia Federal investigava Torres por duas transgressões incompatíveis, o que contraria a Controladoria-Geral da União.

O delegado à frente das duas investigações é Clyton Eustáquio Xavier, demitido em 2021, quando Torres era ministro da Justiça do governo Bolsonaro. A demissão diminuiu em R$ 14 mil o salário de Xavier. A PF rejeitou pedidos da defesa de Anderson Torres para afastar o delegado do comando da apuração interna.

INDICIAMENTO – Em agosto, Torres foi indiciado pela PF com base em uma lei de 1965 por “praticar ato que importe em escândalo ou que concorra para comprometer a função policial”. Na Justiça, o processo de criação irregular de pássaros foi arquivado a pedido do Ministério Público Federal em maio deste ano.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fez duas operações na casa de Torres no começo do ano passado, quando ele estava preso por ordem do STF, sob suspeita de atuação no 8 de Janeiro.

Foram confiscados 55 pássaros na casa do ex-ministro. O agente do Ibama que apreendeu os animais fez ataques públicos a Bolsonaro na campanha de 2022.

DESCASO – Ao menos 16 das 55 aves de Torres morreram sob a guarda do Ibama. Além das mortes dos animais, Torres pediu que a PF investigue o sumiço de sua ave mais cara.

Procurada, a Polícia Federal não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.

Também procurada, a defesa de Anderson Torres afirmou que não faz comentários fora dos autos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Torres foi preso espetacularmente, por decisão de Alexandre de Moraes. As provas contra eles são apenas circunstanciais. As acusações vêm caindo, uma a uma. A defesa não dá entrevistas, porque está se saindo muito bem. (C.N.) 

“Inocentado” por Gilmar, Dirceu quer voltar à Câmara nas eleições de 2026

Dirceu fez harmonização facial e agora quer começar tudo de novo

Igor Gadelha e Milena Teixeira
Metrópoles

A decisão do ministro do STF Gilmar Mendes de anular todas as condenações de José Dirceu (PT) na Lava Jato abre o caminho para o ex-chefe da Casa Civil de Lula disputar as eleições de 2026.

Aliados de Dirceu disseram à coluna que o petista mira uma vaga na Câmara dos Deputados. Ele pretende disputar o pleito por São Paulo, estado com maior número de cadeiras na Casa.

É CANDIDATO – Foi já de olho nas próximas eleições, inclusive, que o ex-ministro passou uma temporada na capital paulista, durante a campanha municipal de 2024, ajudando Guilherme Boulos (PSol).

Ao ser questionado pela coluna na manhã desta terça (29/10), Dirceu não negou a possibilidade de ser candidato em 2026. “Veremos no final de 2025”, disse o ex-ministro de Lula.

Petistas ouvidos pela coluna dizem não ver problemas na candidatura de Dirceu à Câmara em 2026. Segundo essas fontes, mesmo após o mensalão, o petista mantém forte influência no partido.

FORA DO GOVERNO – Os aliados de Lula rechaçam, entretanto, qualquer possibilidade de o ex-todo poderoso ministro da Casa Civil voltar a ocupar um cargo no terceiro mandato do petista à frente do Palácio do Planalto.

Conforme noticiou o Metrópoles, Gilmar Mendes anulou todas as condenações contra José Dirceu na Lava Jato. O ex-ministro havia sido condenado pelo então juiz Sergio Moro em 2016.

Juntas, as condenações na Lava Jato somavam 23 anos de prisão. Ele foi condenado por crimes como corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro. Agora, Gilmar Mendes estendeu os efeitos da decisão da 2ª Turma do STF, que havia declarado Moro suspeito para atuar em processos contra Lula, e anulou as condenações de Dirceu.

Eleição demonstrou que existe um sentimento de repúdio à política e aos três poderes

O voto em branco - Espaço Vital

Charge do Duke (O Tempo)

Roberto Nascimento

Uma coisa é unânime, entre gregos e troianos. Os dois maiores líderes nacionais, são Lula da Silva e Jair Bolsonaro, os outros estão na parte de baixo da tabela. Por enquanto, é claro.

O Brasil não é para principiantes. O alto índice de votos brancos e nulos, principalmente no segundo turno, é exemplo claro da insatisfação da sociedade com os políticos, magistrados e administradores públicos.

TUDO ERRADO – Há um clima de revolta contra as ações corporativas, a leniência com a corrupção nos três poderes, o orçamento secreto, com emendas de bancada e emendas PIX, além da roubalheira sem precedentes em governos estaduais, prefeituras, assembleias legislativas e câmaras municipais, enquanto o eleitor luta para sustentar a família e sofre com o péssimo atendimento público, sobretudo nas filas dos transportes e no terrível atendimento nas emergências e nos hospitais públicos lotados.

Tudo isso vem resultando no fortalecimento da direita e no sentimento antipetista, demonstrados no troco da sociedade nas urnas.

Pessoalmente, eu já começo a considerar e advogar a anistia para Bolsonaro disputar as eleições de 2026, como uma medida que se impõe, justificando a marca da sociedade brasileira de pacificação entre suas correntes políticas e libertando os manifestantes do 8 de Janeiro.

ATOS GOLPISTAS – Importante salientar que os inquéritos sobre os atos golpistas estão em fase de conclusão e quando forem entregues pela Polícia Federal ao relator Alexandre de Moraes para decisão, o plenário do Supremo se manifestará votando com o ministro ou não, porque a pressão pela anistia aumenta progressivamente.

Assim, mesmo na hipótese de uma nova condenação de Bolsonaro, o Congresso pode optar por uma anistia, ampla, geral e irrestrita.

O fato é que a decepção com a política é cada vez maior. Exemplo solar, o eleitor paulista disparou sua inconformidade com uma abstenção em massa. Mais de 3 milhões de paulistanos se abstiveram do direito ao voto, ultrapassando a votação do prefeito eleito, Ricardo Nunes, que somou 3 milhões e pouquinho.

HÁ CONTROVÉRSIAS – A alegria, o riso nervoso, os pulos, os abraços no comício da vitória, tudo isso não se coaduna com a rejeição do povo da maior metrópole do país ao prefeito eleito e ao adversário, Boulos, que perdeu para a rejeição, manchado pela alcunha de radical, colocada na testa dele pelos adversários devido a seu passado de invasões sociais de casas e apartamentos.

Em Porto Alegre, os gaúchos preferiram votar no candidato inoperante das inundações, um prefeito apático e mal gestor nas calamidades, do que na deputada Maria do Rosário, do PT, porque ela também é identificada como radical de esquerda.

O mesmo fenômeno ocorreu em outras grandes cidades, no segundo turno, porque está acontecendo uma aversão medonha à política, mais notadamente aos corruptos e radicais de esquerda. Os políticos sabem o que fizeram no verão passado, mas ignoraram que o povo poderia lembrar de tudo que eles têm aprontado.

Bolsonaro inelegível boicota Tarcísio  e já indica um filho como candidato

Valdemar Costa Neto comanda ala da direita que conseguiu êxitos na eleição de 2024, como a costura que incluiu Tarcísio de Freitas e Bolsonaro na chapa de Ricardo NunesCarlos Andreazza
Estadão

Guilherme Boulos sai menor das urnas. Teve o apoio do PT e muita grana para campanha. Colheu a mesma votação de 2020. O teto da rejeição se lhe impôs. Parece limitação incontornável – comunica a incompetência.

Foram quatro anos e nenhum programa para minimizar a imagem negativa, sendo estarrecedor haver quem supusesse que algo positivo poderia ser extraído da submissão desesperada à sabatina com Marçal.

TREMENDA SOLIDÃO – Boulos sai também sozinho. A lavação de roupa suja petista, processo delirante, já atribui o revés ao que seria escolha errada de candidato; como se o PT contasse, em seu deserto de renovação, com opção paulistana competitiva; e como se o partido não tivesse se lançado a enfrentar o prefeito da tragédia em Porto Alegre com a única candidata que o faria menos rejeitado. Sebastião Melo venceu no Sul.

Ricardo Nunes, em São Paulo. Seu papel doravante sendo o de amarrar o MDB ao plano de Tarcísio de Freitas e lhe garantir espaços à acomodação de aliados. O prefeito reeleito foi corpo para um projeto-piloto. Que reuniu o conjunto heterogêneo de jogadores de que o governador precisará em 26.

Estavam lá o bolsonarismo, a direita Valdemar – aquela, oportunista e ilegítima, que paga casa e salário ao mito – e o PSD de Kassab, líder de um bloco de centro que, lendo o ritmo das marés, ora pende à direita e é financiado pelo fundo eleitoral paralelo em que se constituíram as emendas parlamentares. Grupo de equilíbrio precário.

TUDO AMARRADO – O “líder maior” Tarcísio – definição de Nunes – é subordinado ao líder maior inelegível, Bolsonaro, de quem precisa tanto quanto de Kassab. Gestão difícil. Não à toa acarinha frequentemente o bolsonarismo.

Foi o que fez, urnas ainda abertas, ao instrumentalizar a condição de governador para divulgar – sem apresentar provas – o que seria “salve” do PCC pela candidatura de Boulos.

Barbaridades assim podem não ser suficientes. Porque há desconfianças, no bolsonarismo, sobre o bolsonarista Tarcísio, que estaria mais para direita Valdemar. E precisará também de sorte. Para que não lhe apareça um desafiante à moda Marçal, agente que denuncia a associação a Kassab, afrouxa o controle da família Bolsonaro sobre o rebanho e faz se insinuar um bolsonarismo sem Bolsonaro.

DIREITA VALDEMAR – Bolsonaro não foi vencedor agora em 2024. Ou seja, as vitórias do ex-presidente estariam contidas no êxito da direita Valdemar.

Bolsonaro está contido na direita Valdemar. O bolsonarismo, desconfortável com isso. O sangue da inelegibilidade do mito está na água e os nikolas farejam.

Bolsonaro reage aos ensaios de autonomia demarcando território e se apregoando como o candidato da direita em 26. Candidato que não será. Candidato – candidatos – que haverá.

Quando Gleisi quer regulação das redes, o que ela pretende é aprovar a censura

Ministro de Lula é criticado por Gleisi Hoffmann por fala sobre desempenho  do PT nas eleições municipais - Blog do BG

Gleisi Hoffmann tenta explicar e justificar a derrota do PT

Victor Ohana e Iander Porcella
(Broadcast)

Após as eleições municipais em que seu partido teve desempenho abaixo do que esperava, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu regulação das redes sociais para que a esquerda deixe de ser “massacrada”. A dirigente petista afirmou ainda que o PT “paga um preço” nas eleições municipais pela formação de uma frente ampla no governo federal.

A declaração ocorreu nesta segunda-feira, 28, na sede do diretório nacional do PT, em Brasília, após uma reunião da Executiva e da bancada de parlamentares do partido. “É óbvio que, por ter a Presidência da República, havia uma expectativa de o PT ter números maiores do que teve”, disse.

PROTAGONISMO – Gleisi afirmou que vê como necessidade para o PT e a esquerda ter mais protagonismo nos municípios, mas ponderou que “nunca foi o forte” desse campo político ganhar a maioria das eleições locais.

“Embora tenhamos administrado muitos municípios, a verdade é que nós temos um projeto nacional. Mas precisamos atentar para o que é necessário melhorar, enquanto partido e enquanto governo”, declarou.

A petista acrescentou: “É importante frisar que a gente faz parte de um governo de coalizão. Então, o PT também paga um preço por isso, porque muitos aliados no plano nacional são os que disputam conosco no plano local”.

DERROTA NATURAL – A presidente do PT também ressaltou o alto índice de reeleição, o que faz o partido ver como “natural” que os candidatos que disputaram contra petistas terminassem vitoriosos.

O partido elegeu 252 prefeitos, 69 a mais do que em 2020, e 290 vice-prefeitos, 84 a mais que na eleição municipal anterior. No 2º turno, o PT disputou eleições em 13 municípios e venceu em quatro: Fortaleza (CE), Camaçari (BA), Pelotas (RS) e Mauá (SP).

O destaque vai para a vitória de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, a única capital conquistada pelo partido neste ano, sendo que em 2020 a legenda não teve nenhuma. A sigla também disse ter eleito 3.129 vereadores, 466 a mais que o último pleito.

“REGULAÇÃO” – Gleisi defendeu a regulação das redes sociais. Ela admitiu que o partido tinha expectativas de resultados melhores nas eleições municipais deste ano.

“Claro que vocês vão perguntar: o PT precisa modernizar e ampliar o seu discurso. Eu ouço muito isso. É verdade, nós precisamos modernizar e ampliar nosso discurso, sem perder de vista os princípios e o programa que nos trouxe até aqui”, afirmou.

Gleisi prosseguiu: “Tem uma base que veio conosco até aqui e enfrentou os piores momentos, quando nós estávamos nos piores momentos. Não é esquecendo que a gente vai ampliar”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, quando Gleisi Hoffmann fala em “regularizar” ou “regulamentar”, na verdade está querendo “censurar” as redes sociais, mas isso não funciona em democracia, somente nas ditaduras. Mas é surrealismo puro ver o PT defender censura. A que ponto chegamos… (C.N.) 

Bolsonaro faz balanço das eleições: “O PT morreu, só falta jogar a terra”

Gostaria que saíssem às ruas como eu', responde Bolsonaro a Maia e  Alcolumbre | CNN Brasil

Bolsonaro diz que Lula não tem coragem para andar na rua

Deu em O Globo

Após o segundo turno das eleições municipais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o resultado apontado pelas urnas representa uma vitória para a direita. O antigo chefe do Executivo disse também que o “PT morreu” ao comentar a derrota do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

— Em São Paulo, foi muito bom. A vitória foi do povo conservador, da direita, do povo de bem. Eu estou feliz! Cada vez mais a população se afasta do mal, do vermelho, que aflige o mundo todo. O PT morreu. Já desceram o caixão. Só falta jogar a terra na catacumba — afirmou Bolsonaro à CNN.

DERROTAS – O ex-presidente também comentou os resultados desfavoráveis em Fortaleza e Goiânia. Segundo Bolsonaro, a perda em algumas cidades teve gosto de vitória.

— Em Fortaleza, tivemos um jovem que arrastou multidão, lutando contra a máquina. A capital está totalmente dividida. Foi uma derrota com sabor de vitória, porque a diferença foi pouca — disse. — Em Goiânia, uma operação da PF, quase às vésperas da eleição, atrapalhou, é evidente. Mas agora é olhar para a frente.

Partidos que mais participaram de disputas de segundo turno no domingo, o PL e o PT foram também os que amargaram mais derrotas.

RESULTADOS – A legenda de Bolsonaro, que tinha 22 candidatos disputando prefeituras no segundo turno, elegeu seis e viu 15 saírem derrotados. Já a sigla do presidente Lula, que ainda tinha 13 candidatos nas disputas, conseguiu vitórias em quatro cidades e teve derrotas em nove.

Das 15 derrotas do PL no segundo turno, sete ocorreram em capitais, incluindo locais como Goiânia, Belo Horizonte e Palmas, onde Bolsonaro se empenhou diretamente nas disputas.

O partido de Bolsonaro também foi derrotado em colégios eleitorais relevantes de seus estados, como Santos (SP) e Santarém (PA), que foram visitados pelo ex-presidente na reta final da campanha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro está enganado. O PT não morreu. Somente morrerá quando Lula passar desta para a melhor, e isso só vai acontecer porque ele não permitiu o surgimento de herdeiros políticos, e os filhos verdadeiros querem distância dele. (C.N.)

Eleições municipais: No embate Lula x Bolsonaro, ambos mais perderam do que ganharam

PT ganhou em uma capital; e PL em quatro nas eleições de 2024

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, o PT e o ex-presidente Jair Bolsonaro foram os grandes derrotados nas eleições deste domingo que complementaram os pleitos municipais iniciados há cerca de duas semanas.  Com apenas um prefeito eleito em capitais, o chefe do Executivo e o Partido dos Trabalhadores receberam um duro recado dos eleitores brasileiros. O principal deles é de que a imagem e discurso de Lula e do PT continuam desgastados entre os eleitores medianos e que vivem nas metrópoles do País.

Nas eleições de 2024, Lula apoiou candidatos em todas as capitais e o PT lançou 13 nomes encabeçando chapa majoritária. Desses, quatro disputaram o 2º turno com alguma chance, mas apenas um foi eleito – em uma clara demonstração de que as fontes de lideranças municipais do PT são poucas ou, ao menos, não têm vigor suficiente para atingir seus propósitos e conquistar votos.

CONQUISTAS – Já o Partido Liberal, que tem como maior representante nacional o ex-presidente Jair Bolsonaro, venceu em duas capitais do Nordeste e ascendeu na região que é um reduto eleitoral para o PT. Em 2020, o PL não havia conquistado nenhuma capital da região. Em 2024, o partido garantiu o comando da prefeitura de Maceió, com João Henrique Caldas (JHC), e de Aracajú, com Emilia Correa.

Das nove capitais do Nordeste, o PL e o PT tiveram candidatos em cinco. No entanto, os dois partidos concorreram diretamente apenas em Aracajú , João Pessoa e Fortaleza. Em Aracajú e João Pessoa, o PL superou os candidatos do PT ainda no primeiro turno. Em Fortaleza, onde a disputa foi mais acirrada, o candidato do PT, Evandro Leitão, venceu com uma margem apertada de 0,76%.

Com 100% das urnas apuradas, o candidato petista recebeu 50,38% dos votos válidos, derrotando André Fernandes (PL), o candidato apoiado por Bolsonaro, que obteve 49,62% dos votos. Embora tenha ganhado na capital cearense, o sucesso eleitoral de Evandro está mais na conta da máquina do governo do Estado, que é comandada pelo PT há mais de 10 anos, do que de Lula.

DISPUTAS – Em todo o País, PT e PL disputaram o segundo turno de forma direta em duas capitais. Além de Fortaleza, Cuiabá (MT) teve nas urnas uma ‘batalha’ entre PT x PL. Ao contrário da capital cearense, por lá o PL levou a melhor com Abilio Brunini (PL), que se elegeu para a Prefeitura da capital mato-grossense com 53,80% dos votos válidos, derrotando Lúdio Cabral (PT), que conquistou 46,20% dos votos válidos.

O PL teve candidatos próprios em 14 capitais. O partido venceu quatro e perdeu em 10. Além de Maceió, Aracajú e Cuiabá, o partido venceu em Rio Branco (AC), com Tião Bocalom (PL). Por outro lado, perdeu em capitais relevantes do Sudeste e Centro-Oeste, como Belo Horizonte (MG), com Bruno Engler (PL) e em Goiânia (GO), com Fred Rodrigues, que contou com a presença de Bolsonaro em seu dia de votação. Quando consideradas as coligações — ou seja, os partidos aliados em disputa — o PT de Lula e o PL de Bolsonaro foram adversários em mais três capitais no segundo turno. São elas: Natal (RN), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Nas três, Lula saiu derrotado.

Em Natal, Paulinho Freire (União) ganhou de  Natália Bonavides (PT). Na capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB) venceu Maria do Rosário (PT). E em São Paulo (SP), Ricardo Nunes (MDB) ganhou de Guilherme Boulos (PSOL). Nunes teve o apoio de Bolsonaro, e Boulos foi o candidato de Lula na capital paulista. O tabuleiro político mais uma vez se movimenta, demonstrando que o extremismo está cedendo lugar às articulações pelo país. O quadro parece inclinar-se a uma espécie de teste para o que poderá vir em 2026.

Acredite se quiser! Gilmar Mendes anula todas as condenações de Dirceu

Nani Humor: GILMAR MENDES

Charge do Nani (nanihumor.com)

Mateus Coutinho
do UOL

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), anulou ontem (28) todas as condenações da Lava Jato contra o ex-ministro José Dirceu (PT). O processo está sob sigilo. Com a decisão, na prática, Dirceu retoma seus direitos políticos e deixa de ser considerado “ficha-suja”.

A decisão atende a um pedido da defesa para estender ao ex-ministro a decisão da 2ª Turma do STF que considerou o ex-juiz Sergio Moro suspeito para julgar Lula.

CONFRARIA – Na decisão, Gilmar critica a “confraria formada pelo ex-Juiz Sérgio Moro e os Procuradores da Curitiba”. Ele diz que a operação “encarava a condenação de Dirceu como objetivo a ser alcançado para alicerçar as denúncias que, em seguida, seriam oferecidas contra Luiz Inácio Lula da Silva”.

Ações da Lava Jato contra Dirceu eram “alicerce” contra Lula, argumentou Gilmar. O ministro do STF entendeu que as ações movidas contra o petista tinham como objetivo servir de “alicerce” para as denúncias que foram apresentadas posteriormente contra Lula.

Por isso, Gilmar decidiu estender a Dirceu o entendimento que anulou condenações de Lula.

ALEGA GILMAR – “A extensão, assim, legitima-se não como uma medida geral, que aproveita a qualquer outro investigado na Lava Jato, mas devido a indicativos de que o juiz e procuradores ajustaram estratégias contra esses réus, tendo a condenação de um deles como alicerce da denúncia oferecida contra outro”, decidiu o ministro do STF.

Ante o exposto, ante a situação particular do réu, defiro o pedido da defesa para determinar a extensão da ordem de Habeas Corpus (…) anulando todos os atos processuais do ex-juiz federal Sergio Moro nesses processos e em procedimentos conexos, exclusivamente em relação ao ex-ministro José Dirceu.

Na decisão tomada logo após o fim do segundo turno das eleições, o decano do STF recupera o julgamento do STF e mensagens da Vaza Jato.

SETE INDÍCIOS – Ao longo de 24 páginas, Gilmar menciona os sete indícios que o Supremo levou em conta ao considerar que houve quebra de imparcialidade por Moro ao julgar Lula. Ele também lista mensagens entre a força-tarefa de Curitiba e o ex-juiz reveladas pela imprensa.

Faz críticas a Moro por ter virado ministro do governo Bolsonaro ao deixar a magistratura.

Gilmar afirma que Moro tinha o desejo de “impulsionar movimentos sociais e forças de oposição ao partido político liderado pelo paciente —forças estas a que ele mesmo, em seguida, viria a aderir, quando aceitou o convite para integrar o governo de Jair Bolsonaro”, escreve o decano do STF.

OUTRO PROCESSO – O ex-ministro ainda tinha uma condenação por recebimento de propina da empreiteira Engevix no âmbito do esquema de corrupção da Petrobras.

 O STJ (Superior Tribunal de Justiça) chegou a analisar o caso em 2022 e entendeu que a pena dele deveria ser de 27 anos de prisão. A defesa do ministro, porém, havia recorrido da decisão e o caso estava para ser analisado no próprio tribunal.

Em paralelo à ação no STJ, a defesa buscava a anulação do caso por meio de um habeas corpus com o ministro Gilmar Mendes. Com a decisão do ministro do STF, na prática, este outro processo que estava no STJ deve perder o objeto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Gilmar esquece que Dirceu foi condenado por ter aberto um escritório para fazer tráfico de influência e seus atos de corrupção foram provados à exaustão. É uma vergonha nacional, mas quem se interessa? Agora, só falta devolver o dinheiro a ele e inocentar também Sérgio Cabral, aquele que confessou ser “viciado em dinheiro”. E assim o Supremo confirma ser um caso patológico, que nem Freud explica. (C.N.)

Nos olhos da amada, um grande momento do poeta Augusto Frederico Schmidt

Augusto Frederico Schmidt – poemas

Schmidt criava um galo de estimação em casa 

Paulo Petes
Poemas & Canções

O poeta, editor, diplomata e empresáriio carioca Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) revela que um grande momento acontecia romanticamente para ele, quando seus olhos conseguiam entrar pela noite fresca dos olhos da amada.

O GRANDE MOMENTO
Augusto Frederico Schmidt

A varanda era batida pelos ventos do mar.
As árvores tinham flores que desciam para a
morte, com a lentidão das lágrimas.
Veleiros seguiam para crepúsculos com as
asas cansadas e brancas se despedindo,
O tempo fugia com uma doçura jamais de
novo experimentada
Mas o grande momento era quando os meus
olhos conseguiam
entrar pela noite fresca dos seus olhos…

Altos índices de rejeição ameaçam candidaturas de Lula e Bolsonaro

Pesquisa Quaest para presidente: Lula tem 42%; e Bolsonaro, 34% - Blog do Pávulo

Bolsonaro tem 58% de rejeição e Lula está com 48% para 2026

Carlos Newton

Depois do vendaval que marcou essas eleições, com temporais  que desabaram sobre a cabeça dos maiores líderes políticos do país, é hora de discutir uma pesquisa aparentemente despretensiosa, realizada pelo Instituto Datafolha às vésperas da disputa do segundo turno na capital de São Paulo.

Ao invés de indagarem sobre os candidatos Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, os entrevistadores saíram em campo para indagar o que os eleitores da maior cidade da América Latina pensam dos principais lideres políticos do país – o atual presidente Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

PESQUISA ESPONTÂNEA – O método utilizado pelo Datafolha foi a chamada pesquisa espontânea, considerada a mais confiável, porque esse tipo de levantamento tem índice zero de indução ao entrevistado.

As perguntas feitas foram absolutamente claras e diretas: “O que você acha de Lula?”. “E o que você acha de Bolsonaro?”. Simples assim, como devem ser as coisas na política.

O resultado foi surpreendente, porque demonstrou que o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro (PL) despertam mais associações negativas do que positivas entre os eleitores da capital paulista.

RESULTADO NEGATIVO – Segundo a repórter Ana Luiza Albuquerque, da Folha, “quando perguntados sobre qual é a primeira coisa que vem à cabeça quando pensam em Lula, 48% dos entrevistados fazem menções negativas e 39%, positivas”.

No caso de Bolsonaro, o resultado é ainda pior: 58% o associam a referências negativas e apenas 30%, a positivas.

As associações negativas aos dois políticos foram variadíssimas. Por exemplo, as mais comuns referentes a Lula são “bandido” ou “ladrão” (13%); “corrupção” ou “fraude” (3%); “péssimo” (2%); “mentiroso” ou “divulgador de fake News” (2%).

TRADUZINDO – Bem, em tradução simultânea, o resultado é significativo em relação à próxima disputa presidencial em 2026. Entre as citações positivas em relação a Lula, as principais foram: “bom” ou “melhor presidente” (5%); “simpatiza” ou “gosta dele” (2%); apoia a população mais pobre (2%); bom trabalho ou governo (2%); ajuda o povo ou o país (2%).

No caso de Bolsonaro, as referências negativas mais citadas foram: “péssimo” (5%); “não gosta dele” ou “não deixou saudades” (4%); “não foi um bom presidente” (3%); “gestão ruim” (3%); “doido ou insano” (3%); “bandido ou corrupto” (2%); “não votaria nele” (2%).

Já as principais associações positivas ao ex-presidente foram: “bom” ou “melhor presidente” (7%); “votaria nele” (2%); “bom trabalho” (2%).

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P. S –
A pesquisa espontânea é a mais confiável, porém a margem de erro máxima também é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. De toda forma, o resultado deve ser considerado auspicioso, porque políticos com grau de rejeição de 58% (Bolsonaro) ou 48% (Lula) têm mais chances de vitória quando um enfrenta o outro, o que pode facilitar a ascensão de candidatura de terceira via. (C.N.)

Lula e Bolsonaro saem destas eleições rebaixados do comando do espetáculo

Eleições 2022: quais são as propostas de Lula e Bolsonaro? - BBC News Brasil

Os dois mitos realmente estão em queda no eleitorado

Dora Kramer
Folha

Eleição municipal atípica, a que termina agora, dá um sinal claro para a próxima, daqui a dois anos, coisa que normalmente não ocorria: duas das mais relevantes lideranças políticas no plano nacional não obtiveram vitórias significativas. Ou, por outra, tiveram derrotas eloquentes.

Isso não antecipa necessariamente o cenário de 2026, mas evidencia que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e o antecessor Jair Bolsonaro (PL) não comandam o espetáculo da política na dimensão em que ambos acreditaram ou talvez ainda acreditem.

AMBOS PERDERAM – No cômputo geral dos resultados nas capitais, a aparência foi de prevalência de Bolsonaro, cujo partido elegeu quatro prefeitos contra apenas um do PT de Lula. No detalhe, porém, vê-se que ambos perderam, e muito em função de erros de cálculo sustentados em excesso de confiança nos respectivos tacos.

Lula já tivera uma ideia ruim quando impôs Dilma Rousseff em 2010 apostando numa volta fácil em 2014. Agora teve três más ideias: chamar a polarização à cena, confiar na transferência de votos e considerar a aliança com Marta Suplicy receita de sucesso.

O presidente gabaritou no equívoco: o eleitorado preferiu julgar gestões e Guilherme Boulos (PSOL) manteve o patamar de votos de 2020, quando não tinha dinheiro nem presidente na retaguarda. Além disso, houve o retraimento de Marta, que por impossibilidade de falar mal de Ricardo Nunes (MDB), de quem foi secretária de Relações Internacionais, não foi a debates de vices e recusou-se a dar entrevistas.

CHEIRO DE QUEIMADO – Bolsonaro perdeu para o próprio ego ao se confrontar com governadores e parlamentares de seu campo, comprovando-se mais uma vez desleal. Nesse quesito, também perdeu para Lula, que soube detectar o cheiro de queimado a tempo de se distanciar de embates com partidos aliados em Brasília.

O presidente levou em conta o dia de amanhã, mas seu antecessor preferiu combater ao sol e à chuva sem cacife robusto o suficiente para ganhar. Contratou desafetos na forma de potenciais adversários futuros.

Juntos no estrelato em 2022, Lula e Bolsonaro terminam 2024 unidos no infortúnio.

Entre a cadeira de prefeito e a honra, Boulos errou ao escolher a cadeira

O candidato Guilherme Boulos  (PSOL) durante coletiva de imprensa após resultado da final da apuração das eleições municipais em São Paulo

Boulos errou ao fazer a sabatina com Marçal, que o ofendeu

Marcelo Godoy
Estadão

Maquiavel dizia que sem piedade se podia empalmar o poder, mas não a glória. Há várias formas de se empalmar o poder, além da união entre a Fortuna e a Virtù para eleger o príncipe ou o prefeito. Os tempos mudaram e Guilherme Boulos, o candidato do PSOL, pareceu querer se adaptar a ele e, assim, não ser dobrado pelos ventos novos. Derrotado, ele disse ontem: Perdemos, mas recuperamos a dignidade da esquerda”. Será?

Por essa e outras, o eleitor da capital paulista viu exemplos formidáveis nesta campanha. Além do ex-coach Pablo Marçal, cujas razões de sucesso – e do fracasso final – já foram debatidas à exaustão, há outra candidatura que merece uma sessão de terapia: a do próprio deputado federal Boulos.

ACEITOU SABATINA – O psolista foi além da esquerda que troca a defesa dos direitos trabalhistas e da distribuição da riqueza pela mudança de pronomes: em sua luta para ganhar uns votos a mais no segundo turno, o Boulos resolveu aceitar o desafio de Marçal para uma sabatina em suas redes sociais.

Em 14 de agosto, no debate promovido pelo Estadão, pela Fundação Armando Álvares Penteado e pelo Terra, Marçal insinuou que Boulos consumia cocaína. Na plateia, assessores do candidato do PRTB fungavam fortemente quando o deputado psolista começava a falar. Até que o ex-coach resolveu exorcizar Boulos, exibindo-lhe uma carteira de trabalho, como se fosse um crucifixo.

Boulos reagiu de forma intempestiva: tentou retirar de Marçal a carteira. Virou meme. Enquanto isso, o ex-coach não perdia a oportunidade de dizer que ia revelar uma bomba contra o “comunista”. Seria no último dia de campanha.

CHORO DA FILHA – O deputado do PSOL chegou a relatar o choro da filha diante dos ataques do adversário. Marçal parecia não ter limites. Nem se conter. E angariava votos na mesma medida em que ameaçava os favoritos Nunes e Boulos.

Seus adversários alertavam para o passado do candidato e para a proximidade de aliados do ex-coach com o Primeiro Comando da Capital (PCC) até que ele levou em um debate um golpe com um banquinho desferido pelo tucano José Luiz Datena.

Visto como um pária na campanha eleitoral, Marçal queria mesmo se vender assim, como alguém contra todos os que ele chamava de “consórcio”. Teve 28% dos votos e ficou um ponto porcentual abaixo de Boulos e 1,5 ponto abaixo de Nunes, os candidatos que passaram para o segundo turno.

E o que fez o psolista para tentar vencer a aritmética desfavorável que indicava Nunes como herdeiro dos votos de Marçal? Tentou mimetizar a estética, as ideias e até o caráter da candidatura de Marçal.

Foi assim que no dia 23 de outubro, o deputado publicou um vídeo no X, o antigo Twitter, no qual eleitores que diziam ter votado em Marçal decidiam escolher Boulos no 2º turno. Terminava com um deles retirando o boné com a letra M, símbolo da campanha do ex-coach, trocando-o por um da mesma cor e modelo, mas com a letra B.

BOA IDEIA? – Parecia uma boa ideia. Pode-se dizer que a mensagem se dirigia aos eleitores. Mas a identificação de Boulos com os símbolos de Marçal era algo que não se imaginava possível no dia 5 de outubro.

Naquele dia, o deputado pedira a prisão e a cassação de Marçal, depois de o ex-coach divulgar à noite anterior o falso laudo que imputava ao adversário “ideias homicidas” em um estado de “surto psicótico” pelo consumo de cocaína.

Logo no mesmo dia 23, Boulos anunciou que aceitava o convite de Marçal para a sabatina que o ex-coach propunha com os candidatos. Era a aposta final do deputado para conquistar um eleitor improvável e baixar a sua rejeição nas pesquisas.

A manobra rendeu a Boulos 42 publicações na rede X – 25 delas no dia da sabatina, 25 de outubro – e outras 20 no Instagram.

OPRESSOR E OPRIMIDO – Em uma delas, Boulos anunciava: “Jesus é inspiração para todos nós. Isso eu aprendi no movimento social”. Contou com 12,6 mil visualizações. Um apoiador respondeu-lhe: “Acho que Jesus largou a cidade de São Paulo faz tempo, olha o absurdo que temos que assistir: o opressor e o oprimido do primeiro turno”.

Se conquistou algum voto, é difícil saber. No domingo à noite, as urnas mostravam que o psolista tivera 40,65% dos votos, um pouco mais do que os 40,21% que obtivera quatro anos antes.

Para muitos de seus colegas de partido, ao aceitar o convite de Marçal, Boulos mostrava a degradação de quem busca conciliar com o que não há conciliação. Entre a honra e a cadeira de prefeito, ele escolheu a cadeira. E acabou sem ambas. Não teve Virtù, nem lhe abraçou a Fortuna.

Eleições exibiram a força do Centrão, o maior vencedor na política nacional

Charge do Zé Dassilva: Ministério do Centrão - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Merval Pereira
O Globo

As eleições municipais chegam ao fim hoje marcando uma mudança importante na política partidária brasileira, colocando a centro-direita no topo da preferência dos eleitores, e reduzindo a importância da esquerda, que está no governo central, mas já não tem o controle da situação como em outras épocas.

O presidente Lula evitou envolver-se nas disputas regionais por ter uma ampla base de apoio no Congresso, que é dominada pela centro-direita, embora essa tendência não seja respeitada na formação ministerial, nem na tomada de decisões.

CONTRADIÇÃO – O terceiro mandato de Lula vem sendo marcado por essa contradição, não é nem de esquerda, nem de centro, muito menos de direita. Mas vagueia entre tendências, sem ter condições políticas de ditar o rumo.

Somente na política externa a direção é ditada pela esquerda tradicional, provocando muitas críticas, sem conseguir demonstrar que defende os interesses nacionais quando adere ao BRICS ampliado, que dilui a importância do Brasil e o leva a ser minoritário entre tradicionais ditaduras e governos esquerdistas que querem transformar o grupo em uma instituição antiocidental sem futuro prático, mas com presença política relevante para os interesses da China e da Rússia.

DESAGRADO – Mesmo nesse aspecto o governo Lula se afasta da maioria do eleitorado, que desaprova nossa união com essa aliança do Sul Global que se afasta das grandes potências europeias e dos Estados Unidos.

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, mostrou-se surpreso com as críticas, alegando que “pelo que me consta, o Brasil faz parte do Ocidente”. Tem toda razão, e por isso mesmo é estranhável que faça parte de uma associação internacional que só reúne países que se colocam em confronto com os valores ocidentais.

A democracia já não é uma condição sine qua non para se fazer parte dos BRICS, o que define de pronto a tendência do grupo.

POLÍTICA EXTERNA – Esse aspecto do governo não faz parte da temática das eleições municipais, e nem mesmo nas campanhas nacionais nossa política externa ganha relevância, a não ser para que Lula seja criticado por imprimir uma direção esquerdista a nossas posições nos fóruns internacionais.

Recentemente, as posições brasileiras em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra de Israel contra os grupos terroristas Hezbolah e Hamas têm sido aproveitadas pela direita nacional como instrumento de combate político, o que fragiliza ainda mais o governo.

Assim como o presidente do PL, Waldemar Costa Neto brada aos quatro cantos que a direita não tem condições de derrotar Lula em 2026 se não se juntar ao centro, também a esquerda não tem condições de ganhar a eleição sem se aproximar do centro.

CENTRÃO, O VENCEDOR – As eleições municipais estão mostrando a força eleitoral do Centrão, o verdadeiro vencedor. Diz-se que as eleições municipais não têm a ver com as nacionais, mas essa generalização também está errada. Prefeitos e vereadores têm influência na formação do futuro Congresso, que se avalia venha a ser um Congresso mais à direita do que o atual.

Tudo indica que, mesmo sem a presença de Bolsonaro na disputa, o centro-direita tem condições de vencer se não se dividir. Caso Lula também não possa concorrer, seja por que razão for, a projeção é de que teremos uma eleição tão diversificada quanto a de 1989, quando nada menos que 22 candidatos concorreram à primeira eleição direta depois da ditadura.

Pode vir a ser um marco do reinício da disputa partidária no país, como foi a de 1989. O resultado daquela não foi, no entanto, dos mais felizes. Collor foi eleito e acabou impedido pelo Congresso de continuar no governo dois anos depois. Lula, que disputou com ele, admitiu anos depois que não estava preparado para o cargo naquele momento.

Recordista em prefeituras, PSD invade redutos de PSDB, MDB e União Brasil

Presidente do PSD, Gilberto Kassab festejou o saldo da sigla nas eleições deste ano: “Este é um partido que nunca teve crise”.

A estratégia da Kassab (PSD) é só apoiar quem vai vencer…

Felipe de Paula
Estadão

O Partido Social Democrático (PSD), legenda que elegeu o maior número de prefeitos no pleito municipal, avançou principalmente sobre redutos consolidados do União Brasil, MDB e PSDB, de acordo com levantamento do Estadão. A análise levou em consideração as fusões e incorporações partidárias, além dos resultados das eleições municipais desde 2000.

Entre as 887 prefeituras conquistadas pelo PSD (segundo o resultado divulgado oficialmente pelo TSE), 236 eram gerenciadas há 12 anos ou mais por um dos três partidos. Proporcionalmente, 26,61% dos prefeitos vencedores pelo PSD em 2024 elegeram-se em municípios tradicionais do MDB, PSDB e União Brasil (neste caso, considera-se também DEM e PSL, partidos que formaram o União Brasil por meio de uma fusão em 2021).

PSDB EM BAIXA – O maior prejudicado entre as siglas foi o PSDB, que teve 102 redutos capturados, principalmente no interior de São Paulo, região histórica de atuação tucana. A “desidratação” partidária para a legenda de Gilberto Kassab, entretanto, começou já após a eleição de 2020, quando prefeitos eleitos pelo PSDB migraram para o PSD visando disputar a reeleição com mais chances de vencer.

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmou que essa movimentação entre as duas siglas minou a atuação do partido em São Paulo, mas sua avaliação do pleito ainda é positiva.

DIZ PERILLO – “Nós saímos muito mal das eleições de 2022. Perdemos o governo de São Paulo depois de 28 anos, sete mandatos consecutivos. E, consequentemente, logo em 2023, perdemos quase todos os nossos prefeitos. Em 2020 nós elegemos 174 prefeitos em São Paulo e ficamos com 23. Com isso, reduzimos muito o número de prefeitos no PSDB. Em todo o Brasil, foram eleitos 525 em 2020 e agora sobraram 296,” afirmou Marconi.

Essa estratégia de migração partidária utilizada pelo PSD é uma das técnicas mais efetivas de expansão eleitoral, segundo a coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart.

A pesquisadora acrescenta que, para este ano, o PSD priorizou candidaturas mais plurais, que pudessem abarcar grande parte do eleitorado da centro-direita e centro-esquerda.

SEM RESTRIÇÕES – “O PSD montou nominatas com bastante maleabilidade, com pessoas de diferentes perfis ideológicos. Então é um partido que tem como estratégia a maximização eleitoral nos diferentes territórios do Brasil,” explica Mayra.

O MDB, partido que desde a redemocratização liderou em número de prefeituras, viu a maior parte dos redutos serem absorvidos pelo PSD no Paraná e em Santa Catarina. No total, o MDB perdeu 88 municípios para o partido de Kassab, sendo que 63 estão nas regiões Sul e Sudeste do país.

A queda de braço entre PSD e MDB pelo maior número de prefeituras é uma “verdadeira competição”, segundo o cientista político e coordenador do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), Vinicius Alves.

DISPUTA DIRETA – Segundo o pesquisador, o MDB divide espaço na arena municipal com outros partidos de centro há alguns anos, e essa tendência de embate direto entre as grandes legendas vem crescendo nas últimas eleições.

Por outro lado, o pesquisador ressalta que os emedebistas ainda preservam uma competitividade significativa no plano nacional. Por mais que o MDB tenha perdido o posto de sigla com maior número de prefeituras, o partido cresceu em relação ao pleito de 2020, quando elegeu 793 prefeitos em todo o País.

Neste ano, o MDB angariou mais 63 prefeituras, chegando a 856 municípios —e venceu no voto popular em São Paulo pela primeira vez.

KASSAB FESTEJA – Presidente do PSD, Gilberto Kassab festejou o saldo da sigla nas eleições deste ano: “Este é um partido que nunca teve crise”.

Em entrevista ao Estadão logo após o primeiro turno, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, revelou o desejo de lançar o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), como candidato à Presidência da República em 2026.

“Se nós tivermos um candidato, é o Ratinho. Nenhuma decisão, mas o que eu posso afirmar é que se a gente tiver, será ele. A não ser que ele não queira”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lembrando que Kassab também é secretário de Governo de São Paulo na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), ele tem uma estratégia de só apoiar quem vai vencer. Na dúvida, não apoia ninguém e espera a eleição. Por enquanto, Tarcísio tem mais chances do que Ratinho, caso Bolsonaro não seja anistiado e continue inelegível. Vamos aguardar. (C.N.)