Bolsonaro e seus eleitores não vão sumir por uma sentença judicial

Como Bolsonaro tentou se defender na avenida Paulista - Nexo Jornal

Perseguir e render Bolsonaro vai fortalecer muito a direita

J.R. Guzzo
Estadão

O Brasil tem há seis anos um único problema político realmente sério, e nada indica que esse problema esteja a caminho de uma solução. O problema se chama Jair Bolsonaro. A questão não é, não era e nunca será a sua pessoa física, nem suas qualidades ou seus vícios, nem o que fez ou o que não fez. A charada que não se resolve é o esforço para colocar de pé uma democracia em que o candidato mais popular, goste-se ou não dele, não pode disputar eleições, nem ficar solto.

Bolsonaro estava proibido de se candidatar até 2030, por decisão dos funcionários que dirigem o sistema eleitoral brasileiro. Aparentemente sua redução ao estágio de inelegível não resolveu o problema. Tenta-se contra ele, agora, uma condenação criminal que no papel pode chegar a 28 anos de cadeia. Seus julgadores são os mesmos que o acusam desde o começo, de forma que a única sentença coerente que podem dar é a condenação.

NÃO VAI SUMIR – Tudo faria muito sentido se a sua prisão, a do presidente do seu partido e de outros fizesse Bolsonaro sumir. Mas Bolsonaro não vai sumir por uma sentença judicial – e também não vão sumir os 60 milhões de eleitores, ou coisa parecida, que votaram nele na última vez em que foram chamados para se manifestar a respeito do assunto.

O que fazer com eles? Ninguém sabe. Não vão mudar de ideia. Vão votar de novo. Não acham que foram salvos. O fato é que Bolsonaro provocou um terremoto ao ser eleito em 2018 para a presidência da República, e o chão continua mexendo até hoje.

Ele não podia, por nenhum critério, ganhar a eleição; todas as análises mostravam que a população jamais iria fazer uma escolha dessas. Mas ganhou, e desde então a política do Brasil vive com uma fratura exposta.

IMPASSE – Seus adversários não podem acabar com as eleições, pois uma democracia tem de ter eleição. Mas as eleições não podem ter Bolsonaro, pois aí há o risco de que ele ganhe.

O indiciamento do ex-presidente não é uma questão jurídica. Não interessa o que há ou não há nas 880 páginas de acusações que a PF entregou à PGR; o STF, que vai decidir o caso, nunca se incomodou com provas, e não é agora que vai se incomodar. O caso é 100% político: como tirar Bolsonaro, para sempre, da vida pública brasileira, seja lá o que ele fez ou não fez. O consenso, no regime em vigor, é que eleição com Bolsonaro é uma ameaça à democracia.

Se o Brasil tivesse instituições de verdade, e não a contrafação marca barbante que está aí, a solução seria o voto popular. Que ele dispute eleições livres: se perder some do mapa para sempre, se ganhar espera-se pela solução biológica. Os Estados Unidos fazem isso com Trump. Aqui a opção é perenizar o problema.

Queriam matar Lula, Alckmin e Moraes? Mas quem iria? E como?

Charge do dia 23/11/2024

Charge do Cau Gomez (Tribuna da Bahia)

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Todo golpe fracassado é ridículo e todo golpe vitorioso é heroico. O de Jair Bolsonaro fracassou. Passados dois anos, o Brasil livrou-se das turbulências militares chacoalhadas a partir do Palácio do Planalto. Isso não é pouca coisa.

A Polícia Federal divulgou uma representação de 221 páginas, prendeu quatro pessoas, inclusive um general da reserva, e indiciou 37 cidadãos. Bolsonaro encabeça a lista na qual estão quatro ex-ministros, três dos quais com altas patentes militares. A Justiça decidirá o que fazer com cada um deles. Sabendo-se como o Judiciário baixou o pano da Operação Lava-Jato, é melhor economizar expectativas.

FALTOU APOIO – Pode-se olhar de duas maneiras para o golpe de Bolsonaro. Primeiro, por que fracassou. Depois, como ele tentou ficar de pé. Fracassou porque pretendia cancelar o resultado das urnas e, até por isso, não teve o apoio de comandantes militares relevantes.

Na conta de um coronel palaciano, no dia 17 de dezembro de 2022, o placar no Alto Comando do Exército era o seguinte: “Cinco (generais) não querem, três querem muito e os outros (sete), zona de conforto. É isso. Infelizmente.”

Quando militares se metem na política e vivandeiras civis se metem nos quartéis, brilham os generais falantes (quase sempre da reserva). Como os profissionais não falam, tornam-se invisíveis, mas decidem as paradas.

NÚCLEO GOLPISTA – O golpe de Bolsonaro tinha um núcleo golpista, essencialmente palaciano. Seus generais e coronéis comandavam os motoristas de seus carros oficiais. A eles juntaram-se milhares de vivandeiras acampadas diante de quartéis.

Em julho de 2022, quando Bolsonaro levantava o fantasma de uma possível fraude na eleição de outubro, o comandante do Exército, general Freire Gomes, disse, numa reunião, que não tinha notícias de irregularidades.

Dois dias depois do segundo turno, ao ser consultado sobre a minuta de um golpe subsequente à decretação do estado de defesa, ele condenou a ideia.

HOUVE DESÂNIMO – Nas semanas seguintes, Bolsonaro acreditou que suas vivandeiras atropelariam os oficiais que pretendiam respeitar o resultado das urnas. Enganou-se.

No dia 6 de dezembro, o caminhoneiro Lucão, acampado na frente de um quartel, escreveu ao general Mario Fernandes:

“O povo aqui em São Paulo começou a desistir já, cara. Já tem barraca sendo desmontada. Né? As pessoas têm trabalho, têm convívio social, o pessoal não tá mais aguentando não, cara. 35 dias nas ruas. Eu mesmo tô desmotivado (…). Esses três últimos dias tomando chuva direto lá, cara, voltando pra casa, porra. (….) Sapato encharcado, roupa encharcada.”

GENERAL DO PUNHAL – O general Mario Fernandes foi preso na quarta-feira e precisa de bons advogados. Ele estava na reserva do Exército e na ativa como palaciano. Era o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e foi um ativo articulador do golpe. Frequentava o acampamento de Brasília e, uma semana depois do segundo turno, imprimiu no palácio o “Plano Punhal Verde Amarelo”, um manual para o levante.

Previa a possibilidade de atentados contra Lula e Geraldo Alckmin, seu vice. Isso e mais um ataque ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Cinco dias depois da impressão do “Plano Punhal Verde Amarelo”, o major Rafael Martins, que servia no Batalhão de Operações Especiais, trocou mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro. Discutiram os recursos necessários para tocar o bonde e concluíram que seriam necessários R$ 100 mil.

MODELO CARO – Não se sabe se algum dinheiro apareceu, nem de onde veio, mas no dia 7 de dezembro, o major comprou um iPhone 12, pagou R$ 2.500 (em espécie) e colocou o aparelho em nome da mulher. Era um modelo caro. Seria usado para iludir a vigilância.

Nesses dias, Lula e o ministro Alexandre de Morais eram campanados. No dia 9, uma equipe de seis militares começou a chegar a Brasília. Usavam codinomes e se comunicavam por celulares. Primeiro veio Áustria (major Rodrigo Azevedo, preso na semana passada). Na noite de 12, a sede da Polícia Federal foi atacada. Visitando um acampamento, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, garantiu:

“O Bolsonaro não vai decepcionar ninguém.”

Às 20h do dia 15, o major Rafael, Austrália, Gana, Japão e Alemanha estavam a postos, no caminho de Alexandre de Moraes, para a Operação Copa 2022. Às 20h59m receberam ordens para abortar a ação. Como mostrou o repórter Ranier Bragon, não se sabe quem acionou a missão nem quem a abortou. Essa é uma das lacunas do relatório apresentado pela Polícia Federal.

QUEM? COMO? – É possível que as 800 páginas que acompanham os 37 indiciamentos esclareçam as dúvidas. Queriam envenenar Lula? Quem, como? As 221 páginas do relatório da Policia Federal mostram uma investigação minuciosa, mas à parte, a denúncia da intenção dos atentados e a profundidade do envolvimento do general da reserva Mario Fernandes, pouco acrescentam de substancial às conclusões da CPI Mista do Congresso e à parte já conhecida do acervo documental do ministro Alexandre de Moraes.

De prático, o “Plano Punhal Verde Amarelo” do general Mario Fernandes resultou na compra de um iPhone pelo major Rafael.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGExcelente artigo de Elio Gaspari. É preciso descobrir e provar quem iria matar Lula e os outros. Aliás, por que Alckmin seria morto? Por causa do metrô e da corrupção antiga? Não faz sentido. (C.N.)

Gonet não tem pressa e só vai decidir sobre denúncia em 2025

Quem é Paulo Gonet, o novo procurador-geral da República

Gonet vai decidir sobre a denúncia de cada indiciado

Mônica Bergamo
Folha

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, bateu o martelo: ele só vai decidir no próximo ano se denunciára Jair Bolsonaro (PL) por participar de uma tentativa de golpe de Estado no país.

Gonet pretende estudar de forma detalhada o inquérito da Polícia Federal para, depois disso, enquadrar o ex-presidente nos crimes que a PF conseguir comprovar.

Os procuradores sabem que o caso tem ampla exposição, e que é necessário ser até excessivamente cuidadoso e preciso na denúncia.

GRANDE INTERVALO – Eles querem evitar também um grande intervalo entre a apresentação da denúncia e o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) —que entra em recesso em dezembro.

A PF afirmou em seu relatório que Bolsonaro, e outras 36 pessoas, cometeram os crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Mas todos eles negam que tenham tentado dar um golpe no Brasil.

Do total de indiciados, 25 são militares. Entre eles há estrelas como Braga Netto e Augusto Heleno.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É preciso entender que não há processo em grupo. Se houver denúncia, cada réu será julgado individualmente, como está acontecendo no caso dos terroristas inventados por Moraes. Quanto aos verdadeiros terroristas, os “kids pretos”, nenhum deles será processado. Isso é Brasil. (C.N.)

Inelegível e indiciado, Bolsonaro não deixará Tarcísio ser candidato?

Bolsonaro admite que Tarcísio não conhecia São Paulo antes de ser governador – Política – CartaCapital

Tarcísio pretende acatar a decisão de Bolsonaro em 2026

Tales Faria
do UOL

Nem o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), nem ninguém, inclusive sua mulher, Michelle Bolsonaro (PL). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende registrar seu próprio nome como candidato a presidente da República em 2026, mesmo estando inelegível ou até condenado nos processos que correm na Justiça.

É isso que ele tem confidenciado aos aliados mais próximos. E não é uma decisão impensada.

CONFUNDIR O ELEITOR -A estratégia do ex-presidente é colocar um de seus filhos como candidato a vice. No caso de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indeferir o pedido de registro —o que é esperado— a chapa continuará encabeçada por “Bolsonaro”.

Isso servirá para confundir a cabeça de boa parte dos eleitores que pensará estar votando no Bolsonaro pai. E quanto mais tempo o TSE demorar para impugnar a candidatura, mais tempo o ex-presidente terá para fazer campanha como se fosse um candidato de verdade.

“Serei candidato de qualquer maneira”, tem dito Bolsonaro.

IGUAL A LULA – O ex-ministro do TSE Henrique Neves explica que a Justiça Eleitoral já viveu situação semelhante com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, quando ele estava inelegível por conta da Lava Jato:

“Em 2018, Lula acabou substituído pelo [Fernando] Haddad. Em princípio, conseguiu fazer campanha até que o plenário do TSE indeferiu o registro. A substituição, em qualquer caso, só pode ocorrer até 20 dias antes da campanha. Naquela época, o TSE julgou o processo rapidamente, e o registro do Lula foi indeferido no final de agosto, logo no início da fase de propaganda no rádio e na TV.”

15 A 20 DIAS – Neves é um dos maiores especialistas do país em direito eleitoral. Questionado se acredita que Bolsonaro conseguirá fazer campanha por alguns dias, o ex-ministro do TSE respondeu:

“Há muito tempo defendo que todas essas questões —para saber se alguém pode ou não ser candidato— tinham que ser resolvidas antes mesmo das convenções partidárias. Até para dar segurança aos partidos no momento da escolha. Mas não creio que mudem muita coisa para 2026. Qualquer pessoa pode pedir o registro, mesmo sem ter nenhuma chance. A Justiça eleitoral negará, mas isso deve levar uns 15 a 20 dias.”

QUAL FILHO? – A coluna apurou que Bolsonaro ainda não decidiu qual de seus filhos será o candidato a vice. Hoje, o nome mais cotado é o do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cuja possibilidade de candidatura ao Planalto já foi anunciada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

O ex-presidente gostaria de ver o filho candidato a governador de São Paulo. Mas teria que descartar Tarcísio, que ele avalia já estar praticamente reeleito. Tarcísio pode servir melhor como cabo eleitoral da candidatura de Eduardo ao Planalto.

Se o filho de Bolsonaro perder, ele terá uma vaga no secretariado do governador de São Paulo.

MICHELLE – Michelle Bolsonaro também tem o sobrenome considerado adequado, mas o ex-presidente não cogita tê-la como candidata a vice-presidente. Bolsonaro só confia mesmo nos filhos.

Vale lembrar que o ex-presidente chegou a provocar um racha familiar quando sua primeira mulher, Rogéria, quis ser candidata a vereadora no Rio de Janeiro. Ele lançou o filho Carlos para impedir que os votos do sobrenome “Bolsonaro” fossem para Rogéria.

Se tudo ocorrer como espera o ex-presidente, em 2026, o nome “Bolsonaro” constará nas urnas eleitorais de todo o país.

Era impossível matar Jeca, Joca e a Professora na data marcada

Lula assina acordos com catadores de materiais recicláveis e doa imóvel da União

Lula estava assim, no encontro com catadores de lixo

Weslley Galzo
Estadão

O general e os conspiradores “kids pretos” presos nesta terça-feira, 19, pela Polícia Federal (PF) escolheram o dia 15 de dezembro de 2022 para executar o plano que previa assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, segundo as investigações.

Na data escolhida pelos militares para realizar o golpe de Estado, as três autoridades – apelidadas de Jeca, Joca e Professora – estavam em agendas públicas fora das sedes dos Poderes.

NATAL DOS CATADORES – Lula, na ocasião, presidente eleito, estava na Associação Nacional dos Catadores, em São Paulo, onde participou de uma confraternização de Natal. A associação fica localizada no centro da capital paulista, na Rua 24 de maio, no bairro da República.

Já Alckmin participou do evento “Pacto pela Aprendizagem”, organizado pela Unesco e pela ONG Todos pela Educação, no B Hotel, localizado na área central de Brasília, e despachou da sede do governo de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), também na capital federal, que mantinha algumas atividades abertas ao público durante aquele período.

O ministro Alexandre de Moraes, que à época exercia o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), participou de um evento em um condomínio de luxo na Asa Norte de Brasília. O Condomínio ION, onde foi realizado o 4º Seminário STF em Ação, conta com uma série de salas de conferência e escritórios. Os organizadores do encontro venderam ingressos ao público interessado em assistir às palestras de Moraes e outros ministros do STF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Entre planejar e executar, há quilômetros de distância. Justamente por isso, a lei não considera crime o mero planejamento, sem haver, pelo menos, a tentativa de cometê-lo. No caso, como matar Lula, Alckmin e Moraes no mesmo dia? Nem Osama Bin Laden conseguiria. (C.N.)

Mauro Cid explodiu com seu advogado e o obrigou a se desmentir

Tenente-coronel Mauro Cid fala com advogado Cezar Bitencourt

Advogado inventou uma declaração que Mauro Cid não fez

Igor Gadelha
Metrópoles

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid explodiu com seu advogado, Cezar Bitencourt, após prestar novo depoimento ao ministro do STF Alexandre de Moraes na tarde da quinta-feira (21/11).

O motivo da irritação, segundo aliados, foram as entrevistas dadas pelo advogado para falar sobre a oitiva. Em uma delas, Cezar afirmou que Cid teria dito que Bolsonaro sabia do plano para matar o presidente Lula envenenado.

O ex-ajudante de ordens negou a interlocutores que tenha dado essa informação no depoimento. O militar ressaltou, nos bastidores, que ele próprio negou a Moraes que tivesse conhecimento sobre o suposto plano para matar Lula.

TUDO ERRADO – Na oitiva, Cid confirmou que houve uma reunião na casa do general Braga Netto, em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022 com outros militares para tratar de um plano golpista. Ele reiterou, porém, que teria ido embora mais cedo.

Irritado com as entrevistas, o ex-ajudante de ordens ligou para seu advogado na tarde da sexta-feira (22/11) e pediu que ele recuasse da declaração de que Bolsonaro saberia do plano para matar Lula. O advogado Cezar Bittencourt assim fez.

A interlocutores, Cid relatou ter contado no depoimento ao STF que Bolsonaro tinha conhecimento sobre o plano golpista defendido por militares para evitar a posse de Lula, o que não envolveria a morte do atual chefe do Palácio do Planalto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Com um advogado desse nível, que só trabalha em Justiça Militar, Mauro Cid nem precisa de inimigos. Agora, o tenente-coronel vai bater de frente com o general Braga Netto, que desmente a reunião em sua casa no dia 12 de dezembro, quando os “kids pretos” barbarizaram Brasília, tentando invadir a sede da Polícia Federal, incendiando carros e ônibus e promovendo o caos. Braga Netto diz que pode provar que não houve a reunião e exige uma acareação.(C.N.)       

Plano de golpe: denúncia da Procuradoria contra Bolsonaro fica para 2025

Relatório de 800 páginas exige análise minuciosa das provas

Pedro do Coutto

A Procuradoria-Geral da República decidirá se fará a denúncia contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse a interlocutores, entretanto, que ‘dificilmente’ concluirá ainda neste ano a análise do material apresentado pela Polícia Federal no âmbito do inquérito que investiga um plano para assassinar o presidente Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

Bolsonaro foi indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A expectativa é pelo oferecimento de denúncia contra o ex-presidente e demais envolvidos no caso. Gonet, no entanto, ainda quer tempo para estudar as 884 páginas do relatório final da PF. A análise do material também levará em conta outras investigações, a exemplo do extravio de joias sauditas e fraude no cartão de vacina.

DECISÃO –  Procuradoria-Geral da República pode, além de denunciar os envolvidos, optar pelo arquivamento ou pedir novas diligências. A decisão sobre cada um dos 37 indiciados é individualizada. Esta é a terceira vez que a PF diz haver indícios de crimes nas condutas do ex-presidente. Em julho, a corporação concluiu que Bolsonaro cometeu os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa ao atuar para desviar joias dadas de presente pela Arábia Saudita enquanto era presidente.

Não há dúvida que a nova denúncia contra Bolsonaro deve prosperar uma vez que são muitas as evidências contra o ex-presidente, incluindo agora as perspectivas até de assassinatos, as mais radicais que poderiam existir. Bolsonaro assim percorreu todas as escalas possíveis que o conduzem ao patamar que leva até ao crime comum, deixando apenas dúvidas quanto à forma de praticá-lo.

Falou-se em envenenamento, mas como isso poderia ser praticado? Durante um almoço, jantar ? É difícil prever, pois para isso seria necessária a cumplicidade de algum auxiliar do entorno do governo atual, capaz de conduzir a mão assassina.

SUBVERSÃO – Um assassinato do vice-presidente Geraldo Alckimin seria mais simples, menos sofisticado, porém mais violento. Mas não se pode ter ideia de como seria executado, o mesmo ocorrendo em relação ao ministro Alexandre de Moraes, que é sem dúvida o mais odiado por parte do bolsonarismo que a ele atribui medidas que inviabilizam as ações subversivas, incluindo a ordem contra o bloqueio dos ônibus que transportavam eleitores entre as cidades do Nordeste onde se concentravam os maiores redutos de apoiadores de Lula.

Talvez fosse para atentar contra a vida do ministro Alexandre de Moraes, a bazuca encontrada entre os armamentos em posse dos dispostos a praticar os assassinatos em Brasília. Difícil, entretanto, saber como seria transportada a arma de grande potência para o seu uso fatal. Quem seria capaz de tal feito criminoso sem chamar a atenção do sistema de segurança governamental?

Agora, tais fatos e ideias levarão os que idealizaram a trama inevitavelmente à condenação e, consequentemente, a uma pena de prisão. Tal projeto vai se incorporar à História do Brasil como parte integrante da invasão de Brasília no 8 de janeiro, pautados na ideia de impedir o que o povo decidiu pelo voto através da democracia e da liberdade.

A antítese de Castro Alves, em sua incansável luta abolicionista

Um desesperado poema de Castro Alves, que morria de amor pela belíssima  atriz Eugênia Câmara - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta baiano Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), símbolo da nossa literatura abolicionista, motivo pelo qual é conhecido como “Poeta dos Escravos”, no poema Antítese, justifica o emprego do título pela descrição oposta, contrária entre homem branco (livre) e o negro (escravo).

ANTÍTESE
Castro Alves

Cintila a festa nas salas!
Das serpentinas de prata
Jorram luzes em cascata
Sobre sedas e rubins.
Soa a orquestra … Como silfos
Na valsa os pares perpassam,
Sobre as flores, que se enlaçam
Dos tapetes nos coxins.

Entanto a névoa da noite
No átrio, na vasta rua,
Como um sudário flutua
Nos ombros da solidão.
E as ventanias errantes,
Pelos ermos perpassando,
Vão se ocultar soluçando
Nos antros da escuridão.

Tudo é deserto. . . somente
À praça em meio se agita
Dúbia forma que palpita,
Se estorce em rouco estertor.

— Espécie de cão sem dono
Desprezado na agonia,
Larva da noite sombria,
Mescla de trevas e horror.

É ele o escravo maldito,
O velho desamparado,
Bem como o cedro lascado,
Bem como o cedro no chão.
Tem por leito de agonias
As lájeas do pavimento,
E como único lamento
Passa rugindo o tufão.

Chorai, orvalhos da noite,
Soluçai, ventos errantes.
Astros da noite brilhantes
Sede os círios do infeliz!
Que o cadáver insepulto,
Nas praças abandonado,
É um verbo de luz, um brado
Que a liberdade prediz.

Perseguir Bolsonaro vai fortalecer a direita e enfraquecer a esquerda

charge - Epidemiologia

Charge do Fr@nk (Arquivo Google)

Carlos Newton

Por enquanto, não se consegue envergar a verdade. Somente após superada essa fase de furor uterino na paixão política, digamos assim, os analistas terão condições de raciocinar melhor sobre o atual momento político, que desde 2019 está manchado pelo excesso de partidarismo.

Passada essa fase, os historiadores registrarão que foi um erro o Supremo ter-se imiscuído em política, ao tirar Lula da Silva de merecida cadeia, na tosca justificativa de se tratar do único nome de esquerda capaz de enfrentar o radicalismo de direita liderado por Jair Bolsonaro. Para atingir esse ignóbil objetivo, o STF transformou o Brasil no único país da ONU (são 193) que não prende criminoso após condenação em segunda instância. Foi o que aconteceu, uma vergonha mundial.

FICHA LIMPA – Muito pior ainda foi o mesmo Supremo trafegar outra vez fora da lei, em 2021, para limpar a ficha imundo de Lula e possibilitar que um criminoso notório pudesse disputar as eleições presidenciais no ano seguinte. E vencê-las.

É assim que os livros de História registrarão essa fase em que vivemos hoje. Ficará marcada a decadência do Supremo, com a criação da “presunção de culpa” que cassou o deputado federal Deltan Dallagnol, com o fim da suspeição de magistrados e com a debochada anistia concedida a muitos dos empresários mais corruptos do mundo.

Essas teratologias jurídicas, que mais parecem uma escatologia institucional, mancharam o país, e isso ficará assinalado na História.

CIDADÃO-ELEITOR – Como dizia Helio Fernandes, muitos cidadãos-contribuintes-eleitores não aceitam essas distorções. Os aficionados de direita estão revoltados, porque sentem que a Justiça está claramente perseguindo Bolsonaro e seu grupo político.

Como explicar que Valdemar Costa Neto esteja indiciado. Tem um passado nebuloso, mas o que foi que ele fez nessa trama rocambolesca?

Alexandre de Moraes é tão idiota quanto os golpistas e vai passar o trator sobre os indiciados, considerando que houve “tentativa” de golpe e não apenas “planejamento”.

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P.S. 1 –
O país está dividido ao meio. Essa perseguição à facção de Bolsonaro vai fortalecer a direita e enfraquecer a esquerda. A meu ver, é uma idiotice, não interessa a ninguém. O Supremo melhor faria se voltasse a respeitar as leis e não ficasse se metendo em política. Ora, se os doutos ministros não compreendem a enorme diferença entre “planejamento” e “tentativa”, deviam voltar aos bancos escolares e perguntar às professoras de verdade, porque Moraes e seus alunos da Polícia Federal desconhecem. (C.N.)

Braga Netto nega o golpe e diz que manteve a lealdade a Bolsonaro

PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno e mais 34 pessoas por  participação na tentativa de golpe de Estado em 2022

Braga Netto responde através do advogado de defesa

Sarah Teófilo
O Globo

O general Braga Netto, ministro (Casa Civil e Defesa) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou neste sábado, por meio de sua defesa jurídica, ter sido um dos poucos que se manteve leal ao lado do ex-chefe, Jair Bolsonaro.

O ex-presidente, Braga Netto e outros 35 homens, a maioria militares, foram indiciados pela Polícia Federal nesta semana por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.

“Durante o governo passado [Braga Netto] foi um dos pouco, entre civis e militares, que manteve a lealdade ao Presidente Bolsonaro até o final do governo, em dezembro de 2022, e a mantém até os dias atuais, por crença nos mesmos valores e princípios inegociáveis”, escreveu a defesa em uma nota publicada nas redes sociais de Braga Netto.

CORREÇÃO ÉTICA – A nota ressalta ainda que o militar “sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais”.

“A defesa do general Braga Netto acredita que a observância dos ritos do devido processo legal elucidarão a verdade dos fatos e a responsabilidades de cada entende envolvido nos referidos inquéritos, por sujas ações e omissões”.

O ex-ministro escreveu, junto com a nota, que “nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém”. Segundo investigação da PF, o plano de tomar o poder e manter Bolsonaro na presidência envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de 2022.

DIZ A PF – Ex-ministro e candidato a vice na chapa à reeleição de Bolsonaro, Braga Netto teria atuado na incitação contra membros das Forças Armadas que não aderiram à tentativa de golpe, conforme apuração da PF. Mensagens mostram que ele ordenou críticas aos então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior.

Além disso, a casa de Braga Netto teria usada para reunião no dia 12 de novembro de 2022, quando, segundo a PF, foi discutido o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. De acordo com a investigação, o monitoramento do ministro do STF começou a ser feito “logo após a reunião”.

Também depois desse encontro, os investigadores descobriram que os militares à frente do plano compartilharam um documento com uma estimativa de gastos para “possivelmente viabilizar as ações clandestinas que seriam executadas”.

GABINETE DA CRISE – As investigações identificaram ainda que o grupo alvo da operação previa que Braga Netto e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno ficassem no comando de um “gabinete de crise”.

Documentos apreendidos pelos investigadores apontam que a ideia era que esse gabinete fosse formado imediatamente após os assassinatos serem concretizados.

A Polícia Federal também aponta Braga Netto como elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos montados em frente aos quartéis do Exército que pediam intervenção militar após a vitória de Lula.

DELAÇÃO DE CID – A apuração tem como base a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. De acordo com o relato dele à PF, Braga Netto costumava atualizar Bolsonaro sobre o andamento das manifestações golpistas e fazia um elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos antidemocráticos.

Em nota divulgada na quinta-feira, a defesa do general repudiou a difusão de informações do inquérito e disse que aguardaria o recebimento oficial “dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado”.

Putin e Trump adotam o ‘manda quem pode’, e Zelensky fica em maus lençóis

Trump lança oficialmente campanha pela reeleição em 18 de junho | Agência  Brasil

Trump quer parar a guerra logo no início de seu governo

Wálter Maierovitch
do UOL

O direito internacional público não incorporou o ditado popular do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. O autocrata russo Vladimir Putin e o antidemocrático Donald Trump adotam o “manda quem pode”. Referentemente à paz na Ucrânia, ambos estão com divergências mínimas.

Volodymyr Zelensky, por sua vez, está em situação complicada. Em breve, ficará sem o apoio de Joe Biden. E a recente autorização dada para usar mísseis de longo alcance (até 300 km) made in USA será cassada por Trump. Certamente, Zelensky terá de pensar em poupar os civis da fúria de Putin.

MANDA QUEM PODE – As normas do direito internacional, o chamado direito das gentes, são conhecidas, e a carta constitutiva das Nações Unidas continua em pleno rigor, apesar de constantemente desobedecida — por exemplo, na invasão da Ucrânia pelos russos, em 24 de fevereiro de 2022.

Da parte de Trump, o “manda quem pode” estará em vigor a partir de 20 de janeiro, data da posse presidencial. Trump e Putin, pelo que se sabe, já teriam acertado, pelos seus prepostos diplomáticos e telefonema secreto revelado pelo Washington Post, um plano de paz para colocar fim à guerra na Ucrânia.

Trump prometeu em campanha eleitoral resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia, em 24 horas, daí a busca de acerto com Putin. Isso não é mais novidade para os 007 dos serviços de inteligência.

GENERAL INVERNO – Como notado no final de semana pelos especialistas militares em geoestratégia, Putin recoloca, bombardeando pesadamente Kiev, o seu plano de ataque de inverno. Pretende enfraquecer ao máximo o poder de resistência da população ucraniana. Deixar os ucranianos sem fonte de aquecimento e luz é, de novo, o objetivo do presidente russo.

Os pesados ataques de final de semana miraram na infraestrutura civil de sustentação à cidade de Kiev. As forças russas dispararam, entre sábado e domingo passados, 120 mísseis e utilizaram 90 drones.

Uma outra estação invernal privada de aquecimento e com alargamento dos limites dos territórios apossados, darão a Putin maior musculatura numa negociação de paz.

REFERENDO – Putin, que já fez um referendo nas zonas ocupadas, com soldados a intimidar e distribuir cédulas nas casas, já considera, como integrantes da Federação Russa, os territórios de Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson. Para a apropriação, baseou-se no tal referendo.

Com o plano de paz costurado a quatro mãos, o presidente Zelensky, a União Europeia e a Otan serão avisados apenas para engolir o sapo, sem nem poder cortar as unhas dele ao deglutir.

Trump estaria disposto a deixar com os russos os territórios já ocupados: hoje os russos controlam cerca de 20% do território ucraniano.

ZONA DESMILITARIZADA – Sua ideia, além daquelas de terminar com as ajudas econômica e militar à Ucrânia, seria criar uma zona-tampão, desmilitarizada.

Essa zona desmilitarizada teria 1 km e caberia a vigilância a uma força de paz europeia, com despesas cobertas apenas pela Europa.

Zelensky, sem Biden, até já concorda em ceder territórios, mas quer o ingresso da Ucrânia na Otan, para o país ter segurança. Mas Trump e Putin não querem a Ucrânia na Otan. O presidente eleito deseja que Ucrânia seja um “Estado neutro” e desmilitarizado.

FUTURO DISTANTE – Pelo seu lado, a Otan diz estar disposta a aceitar a Ucrânia, num futuro distante e o prazo de deliberação a começar a contar após o fim da guerra.

Para surpresa, a Otan já emite sinais de concordar com as anexações da Criméia e boa parte de Donbass. Certamente, a ponte de ligação entre Crimeia e o Donbass, no mar de Azov, não precisará mais ser mantida em super vigilância por Putin.

A Europa teme o avanço da Federação Russa e volta a lembrar uma eventual tentativa russa de anexação do enclave da Transnistria, na Moldávia.

NOVA BIELORRÚSSIA – Os governos europeus, Alemanha, Itália e França à frente, temem que a Ucrânia transforme-se numa Bielorrússia, onde Putin manda e desmanda no ditador Alexandre Lukashenko

Ao invadir a Ucrânia, o presidente russo justificou a ação bélica. Segundo sustentou, seria para colocar fim ao nazismo na Ucrânia, tudo em defesa de cidadãos russos dos enclaves, de fala russa.

Agora, a jogar de mão com Trump, Putin já poderá pensar na consolidação da parte meridional, de Mariupol ao mar do Azov. Também na parte oriental da região de Kherson, e cerca de 90% de Zaporizhzhia e 75% do Donbass. Isso tudo daria 20% da Ucrânia. Enfim, um novo mapa da Federação Russa.

Bolsonaro ironiza a “historinha de golpe”, como “narrativa” de Moraes

Vídeos: Bolsonaro corta cabelo e acaba cercado por moradores no interior de  AL - Portal do Alex Braga

Jair Bolsonaro corta do cabelo no interior de Alagoas

Patrícia Nadir
da CNN

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou o inquérito que apura um plano de golpe para mantê-lo no poder de “historinha”. Segundo ele, a investigação é uma “narrativa inventada” pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) com a Polícia Federal (PF).

“Não acredito nessa historinha de golpe. Golpe em que ninguém viu um soldado sequer na rua. Um tiro. Ninguém sendo preso. Alexandre de Moraes fica inventando narrativa com a Polícia Federal bastante criativa”, disse em conversa com apoiadores em Alagoas neste sábado (23).

PLANTAR BATATA – A PF indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por supostamente tramar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre Moraes. O relatório aponta crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

“O que eles estão fazendo agora com essa historinha de golpe. Iam sequestrar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes para que? E depois envenenar? Vai plantar batata onde você bem entender. Pelo amor de deus. Deixa de perseguir as pessoas por interesse pessoal”, declarou Bolsonaro.

Sobre o 8 de Janeiro, o ex-presidente afirmou que os investigados pelos atos “são pobres coitados, inocentes, chefes de famílias, que não têm culpa de nada”. Segundo ele, uma minoria invadiu e entrou na Câmara, Senado e Supremo.

CULPAR OS MILITARES – Bolsonaro afirmou ainda que o pacote de corte de gastos do governo federal envolvendo o Ministério da Defesa é uma forma do governo Lula “culpar” as Forças Armadas pela suposta tentativa de golpe de Estado.

“O governo está indo para cima dos militares para tirar mais dinheiro da previdência deles. No tocante aos projetos estratégicos, foram congelados. Eles querem culpar as forças armadas e a mim a tentativa de golpe, como se Lula fosse defensor da democracia”, disse Bolsonaro.

A equipe econômica do governo Lula tem discutido medidas para conter as despesas para manter a viabilidade das regras fiscais e equilibrar as contas públicas. Na proposta, o governo prevê alterações nos gastos com a aposentadoria dos militares. Ainda está em fase de ajustes a progressão de carreira dos militares, que ocorre em cadeia.

Se Bolsonaro for preso, o país pode enfrentar uma convulsão social?

Tribuna da Internet | Medo de Bolsonaro ser preso está na origem e no desfecho da trama do golpe

Charge do Lattuff (Brasil de fato)

Diogo Schelp
Estadão

As digitais de Jair Bolsonaro estão por toda parte nas evidências levantadas pela investigação da Polícia Federal que embasou seu indiciamento, nesta quinta-feira, 21, junto com outras 36 pessoas, por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, em 2022. O relatório da PF precisa ser analisado pela Procuradoria-Geral da República, que decide se apresenta denúncia.

Se sim, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) transformar Bolsonaro em réu, se avaliar que há elementos para isso. Até que se obtenha uma eventual condenação e, aí sim, a detenção do ex-presidente, podem-se passar muitos meses. Antes disso, só se houver o entendimento de que ele está interferindo no processo ou se houver risco de fuga, entre outras razões que justificam, na lei, uma prisão preventiva.

AINDA NÃO – Não há, portanto, sinais, por ora, de que uma prisão de Bolsonaro seja iminente. Mas é essa possibilidade que está na cabeça de todos os brasileiros – e, certamente, na de Bolsonaro, pois ele próprio já mencionou esse risco em alguns instantes cruciais das investigações que se desenrolaram contra ele nos últimos dois anos.

 Nessas horas, Bolsonaro e seus aliados sempre tratam de difundir a ideia de que enfiá-lo na cadeia levará o País a um estado de caos social.

Mesmo antes das eleições de 2022, Bolsonaro recorria a um manjado espantalho contra uma eventual vitória de Lula: o de que isso jogaria o País em uma guerra civil.

PLANO VIOLENTO – Mal sabíamos que logo depois disso, supostamente, ele tramou para que militares colocassem em prática um plano violento para impedir a troca de governo.

A tal guerra civil não aconteceu, ainda que as mentiras de Bolsonaro a respeito da lisura do processo eleitoral tenham tido a capacidade de mobilizar bloqueios em estradas e acampamentos diante de quartéis, com pequenas multidões ansiosas por uma reviravolta armada.

Aliados de Bolsonaro classificavam essas iniciativas como “manifestações pacíficas e democráticas”, mas fato é que desembocaram no ato de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, com claro intuito de provocar uma intervenção militar que resultasse na deposição de Lula, recém-empossado.

Em meio às detenções que ocorreram nas semanas seguintes ao fracassado levante golpista, falava-se também na possibilidade de Bolsonaro acabar preso.

CONVULSÃO SOCIAL – Seus apoiadores mais próximos passaram a pintar com tintas fortes um cenário de convulsão social generalizado no país, caso isso acontecesse. A quebradeira de 8 de janeiro seria brincadeira de criança perto do que poderia acontecer se Bolsonaro fosse parar atrás das grades.

O senador Flávio Bolsonaro chegou a dizer, em fevereiro de 2023, que a prisão de seu pai seria “burrice” e que o transformaria em um “mártir” da direita.

Quase dois anos depois, dois indiciamentos (pelas suspeitas de fraude de cartão de vacinação e de venda de joias da Presidência) e duas condenações na Justiça Eleitoral depois, a probabilidade de que a prisão de Bolsonaro, se e quando ocorrer, resulte em uma guerra civil ou até mesmo em uma grande convulsão social é muito remota.

DESTINO CARCERÁRIO – É possível que ele consiga produzir imagens de milhares de apoiadores indo às ruas em protesto ou carregando-o nos braços antes de se entregar à polícia, como fez Lula em abril de 2018. Mas isso não será capaz de mudar seu destino carcerário, como não mudou o de Lula, que ficou 580 dias preso.

Há pelo menos três motivos pelos quais é baixo o risco de convulsão social caso Bolsonaro seja preso. O primeiro é que seu capital político e sua capacidade de mobilizar multidões se desgastou nos últimos dois anos.

 Mesmo os bolsonaristas mais arraigados podem ter sentido sua fé no mito abalada em alguns momentos ao serem confrontados com detalhes sórdidos sobre as suspeitas que resultaram nos seus dois primeiros indiciamentos e, agora, sobre o suposto envolvimento em um complô que incluía matar três figuras importantes da República.

EM QUEDA – Inelegível, Bolsonaro se tornou um líder sem perspectiva de poder. A adesão aos atos públicos convocados por ele está em queda. A última manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 7 de setembro, teve 45,4 mil pessoas no auge, em comparação com o público de 185 mil pessoas registrado em fevereiro deste ano, convocado após a operação da PF que expôs a hipótese de uma possível participação dele e de pessoas próximas em uma tentativa de golpe.

Se ele for preso, Bolsonaro até pode ver revigorada sua capacidade de reunir multidões. Mas daí a uma guerra civil, vai uma grande distância.

Bolsonaro e seu entorno querem fazer crer que o Brasil é um barril de pólvora e que sua prisão seria a faísca capaz de levar tudo pelos ares. Mas é só um fósforo molhado.

Caso de Rose, amante de Lula, enfim será julgado na Comissão de Ética

Rosemary Noronha, ex-assessora de Lula, em foto de 2009

Lula criou uma cargo para a amante com carro e motorista

Mônica Bergamo
Folha

Um caso envolvendo a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha e outros três alvos de uma operação de 2012 da Polícia Federal entrou na pauta de julgamentos da Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República. O processo é de 2013 e está entre os que serão analisados na reunião desta segunda-feira (25), podendo levar à pena de censura ética.

Além de Rosemary, que foi assessora especial do presidente Lula (PT) e trabalhou com ele durante décadas, o caso envolve o ex-advogado-geral adjunto da União José Weber Holanda Alves e os irmãos Paulo Vieira e Rubens Carlos Vieira, ex-diretores da ANA (Agência Nacional de Águas) e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

VENDA DE PARECERES – Todos foram investigados pela PF na Operação Porto Seguro, que mirou um esquema de venda de pareceres de órgãos públicos a empresas privadas. Em 2021, a Justiça Federal em São Paulo considerou nulas as provas obtidas na época e encerrou ações penais do caso que tinham os quatro como réus.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas deles para comentar o caso da Comissão de Ética.

O processo corre em sigilo e chegou a entrar na previsão da sessão de julgamentos do mês passado, mas foi retirado da pauta por solicitação do relator, o advogado Manoel Caetano Ferreira Filho, que também é o presidente do órgão.

CENSURA ÉTICA – A pena máxima aplicada pelo colegiado é a chamada censura ética, uma advertência que fica disponível nos registros oficiais e pode ter consequências na nomeação para cargos, por exemplo. Quando a apuração veio à tona, os alvos foram exonerados ou afastados de seus postos.

A Operação Porto Seguro foi deflagrada em novembro de 2012 e incluiu buscas no escritório da Presidência da República em São Paulo.

Na época, a presidente era Dilma Rousseff (PT). Nos mandatos anteriores de Lula (2003-2010), Rosemary foi também nomeada para cargos de assessoria.

DEFESA NEGA – Desde o período da abertura da ação, a defesa da ex-assessora nega as suspeitas de irregularidades.

Uma decisão da CGU (Controladoria-Geral da União) em decorrência das investigações impediu Rosemary de ocupar cargos públicos, sob a justificativa de prática de improbidade administrativa.

Em 2023, segundo a revista Veja, ela teve negado um recurso para que a punição fosse revista, após usar como argumento sua absolvição na esfera penal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria requer tradução simultânea. Rosemary, secretária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, era amante de Lula desde os anos 90. Ao ser eleito, Lula criou o cargo de chefe de Gabinete da Presidência em São Paulo, montou para ela um escritório luxuoso, com secretárias, assessores, carro oficial, motorista e combustível liberado. Para serviços de cama e mesa, Lula levou a amante ao exterior 34 vezes, pagando diárias em dólar. Os acusados de vender pareceres na Agência Nacional de Águas e na Aviação Civil eram primos de Rose. Eles não foram absolvidos. O processo foi anulado por quebra de sigilo irregular. Lula nomeou também a filha de Rose, que dizem ser filha dele, pois nasceu quando os dois já eram amantes. Em qualquer país minimamente civilizado, Lula teria sido expulso da vida pública por comprar serviços da amante pagando com recursos públicos. Mas aqui tudo é festa. (C.N.) 

Sucessão de hostilidades indica que a Terceira Guerra está no ar

Veículo verde com um tubo para carregar míssil nuclear passa à frente do Kremlin

Um míssil transcontinental teria sido usado por Moscou

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Discursando no G20, Lula foi genérico: “não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”.

Há duas semanas, o jornalista americano George Will foi específico em sua coluna no Washington Post: “a Terceira Guerra Mundial já começou”. Will é um veterano conservador, independente e erudito. Ele lembra que a Segunda Guerra começou cronologicamente em setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, depois de uma “cascata de crises”.

HOSTILIDADES – Àquela altura, o Japão já havia ocupado a Manchúria (1931). Some-se a isso que o Terceiro Reich já havia engolido a Áustria (março de 1938) e um pedaço da Tchecoslováquia (dezembro de 1938). A Itália atacou a Abissínia em 1935 e invadiu a Albânia em abril de 1939.

Will lembra que a Rússia anexou a Crimeia em 2014 e invadiu a Ucrânia em 2022. Para ele, a participação americana na Segunda Guerra começou em 1940, quando a Marinha patrulhou as rotas marítimas do Atlântico Norte.

Já a mobilização dos Estados Unidos nesta Terceira Guerra começou antes mesmo da remessa para Israel de um escalão de cem soldados para operar um sistema de defesa antimísseis. Os Estados Unidos abastecem com informações os governos da Ucrânia e de Israel.

CRISE EM ALTA – Depois do artigo de Will, a crise escalou. O presidente Joe Biden autorizou as forças ucranianas a disparar mísseis americanos de médio alcance contra tropas russas que estão em seu território. Na outra ponta, hierarcas russos falam no risco de uma guerra, e as tropas de Vladimir Putin receberam um reforço de 10 mil soldados norte-coreanos.

Para Will, a cascata de crises se espalha por 6 dos 24 fusos horários do planeta, indo da fronteira ocidental da Rússia até os mares da Ásia, onde a China aperta as Filipinas. Enquanto isso, nenhum dos dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos parecia perceber o tamanho do problema.

Para o americano comum, a Segunda Guerra só começou em dezembro de 1941, quando os japoneses atacaram a base naval de Pearl Harbor, no Pacífico. Para os russos, ela começou seis meses antes, em junho, quando o aliado alemão invadiu a falecida União Soviética. Eram os maremotos da cascata de crises.

EIXO DO MAL – Will fala de um eixo que junta a Rússia, China, Irã e a Coreia do Norte. Tratando da China, o falecido Henry Kissinger escreveu, em 2012, que o país e os Estados Unidos construíam uma rivalidade semelhante à da Inglaterra e da Alemanha nos primeiros anos do século passado. A Primeira Guerra Mundial começou em 1914.

A cascata de crises está na mesa. Talvez a Terceira Guerra ainda não tenha começado. Caso ela comece, os primeiros anos desta década serão vistos como se olha hoje para a segunda metade dos anos 30 do século passado.

Todos os maus augúrios não levam em conta que, em janeiro, Donald Trump assumirá a Presidência dos Estados Unidos. George Will foi republicano e, em 2020, votou em Joe Biden. Na última eleição, anunciou que votaria em Kamala Harris.

Mourão diz que plano é ‘fanfarronada’ e não houve tentativa de golpe

Mourão diz que não existe golpe sem apoio do Exército

Thaísa Oliveira
Folha

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o plano revelado pela Polícia Federal é “sem pé nem cabeça” e rechaçou que o país tenha sofrido uma tentativa de golpe após a vitória de Lula (PT).

A declaração do senador foi dada ao último episódio do podcast dele, “Bom dia com Mourão”, publicado nesta sexta-feira (22). Esta foi a primeira manifestação pública de Mourão após a revelação de um plano para matar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.

DIZ MOURÃO – “Nós temos um grupo de militares, pequeno, a maioria militares da reserva, que em tese montaram um plano sem pé nem cabeça. Não consigo nem imaginar como uma tentativa de golpe. É importante que as pessoas compreendam que tentativa de golpe tem que ter o apoio expressivo das Forças Armadas”, disse.

Desde as primeiras informações sobre os planos para que Bolsonaro, mesmo derrotado, continuasse no poder —como a minuta para mudar o resultado das eleições—, o senador busca minimizar as revelações com o argumento de que as ideias ou não seriam factíveis ou não teriam respaldo militar.

CRÍTICAS IRÔNICAS – Ao falar sobre o encerramento do inquérito da PF sobre o caso, o senador classificou o plano como “fanfarronada” e disse que “não houve o deslocamento de tropa”. Mourão também afirmou que o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes era “sem pé nem cabeça”.

A investigação aponta, com vários indícios, que militares do Exército com formação em forças especiais se mobilizaram de fato em dezembro de 2022 nas imediações de endereços onde estariam Moraes com o objetivo de prendê-lo, sequestrá-lo ou assassiná-lo. A operação foi abortada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mourão tem razão. O golpe, em si, é uma bobajada. Acrescentando-se a morte de Lula, Alckmin e Mourão, passa a ser uma tremenda insanidade. Todos sabem que o Estado Maior do Exército recusou o golpe. E se o Exército não aceitou o golpe, logicamente iria reprimi-lo, se fosse tentado. Isso só aconteceu na cabeça do Moraes, onde não tem nada – nem cabelos nem ideias. (C.N.)

Braga Netto ia dar o golpe dentro do golpe e Bolsonaro fugiu

A dura reação no Exército às descobertas da PF sob... | VEJA

Heleno passaria a ser vice na ditadura de Braga Netto

Roberto Nascimento

Em qualquer governo militar, o líder é um general. Trata-se do princípio da hierarquia, um dogma das Forças Armadas, respeitado por gregos e troianos, sejam generais, brigadeiros e almirantes.

Aqui no Brasil, começou com o marechal Deodoro da Fonseca, que deu o golpe. Um ano e meio depois, o marechal Floriano Peixoto deu o golpe dentro do golpe e assumiu o governo ilegalmente, sem convocar novas eleições.

PÓS-VARGAS – O único golpe que fugiu à regra foi em 1930, quando os militares sabiamente entregaram o poder a um civil, o líder gaúcho Getúlio Vargas.

Durou 15 anos, até Getúlio Vargas eleger o marechal Eurico Gaspar Dutra, seu ministro da Guerra, como era chamado na época o todo poderoso chefe do Exército.

Quando o presidente-general Costa e Silva sofreu um AVC em 31 de agosto de 1969, houve um golpe dentro do golpe para impedir a posse do jurista e vice presidente Pedro Aleixo. Assumiu uma Junta Militar, composta pelos ministros do Exército, da Aeronáutica e da Marinha. Um ano depois, a caserna entronizou o novo presidente, o general Emílio Garrastazu Médici.

GOLPE DE FROTA – No governo Ernesto Geisel, (1974-1979) também houve mais uma tentativa de golpe dentro do golpe, sob liderança do ministro do Exército, general Silvio Frota, integrante da linha dura. Geisel soube da trama, convocou o Alto Comando para reunião em Brasília e comunicou a demissão do general Frota.

Na mesma hora, se dirigiu para o Forte Apache, quartel-general do Exército, e comunicou a demissão ao general. Ordenou que ele voltasse imediatamente para o Rio de Janeiro, porque a mudança iria depois.

O golpe tinha sido descoberto pelo general Hugo de Abreu, chefe de gabinete de Geisel e primeiro na lista de promoção do Exército. Mas o presidente preferiu promover o general João Figueiredo, para que pudesse ser presidente.

ABREU NA RESERVA – O general Hugo de Abreu foi automaticamente para a reserva, ressentido, magoado com Geisel, e escreveu um livro devastador: “O Outro Lado do Poder”.

Logo, não é uma ação isolada a tentativa de golpe dentro do golpe, agora novamente vivenciada. Neste golpe fracassado, o chefe de governo provavelmente seria o general Braga Netto. Acho que Bolsonaro intuiu esse desfecho, de bobo ele não tem nada.

Afinal, quem foi mais poderoso no governo Bolsonaro, o general Braga Netto ou o general Augusto Heleno? Como todos sabem, Braga Netto era mais poderoso e radical do que Heleno. Assim, seria ele o autor do golpe dentro do golpe. Mas Bolsonaro percebeu, fugiu para os Estados Unidos e o golpe fracassou. Foi isso o que aconteceu.

Plano criminoso reflete a insanidade dos agentes envolvidos

Charge do Cláudio (Arquivo do Gogle)

Pedro do Coutto

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e 25 militares, entre eles os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, integrantes do governo passado, por conspiração, visando um golpe de Estado contra a posse dos eleitos em 2022 através de um plano sinistro que previa o assassinato do presidente Lula da Silva, do seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moares.

A execução de Lula previa envenenamento ou uso de químicos. A ideia dos militares, segundo a PF, era colocar o plano em prática em 15 de dezembro de 2022, três dias após Lula ter sido diplomado presidente eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral.

PLANO – “Para execução do presidente Lula, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, diz a PF. Militares presos chegaram a se deslocar até a casa de Alexandre de Moraes em Brasília em 15 de dezembro, mas mensagens e registros de antenas de celular e deslocamento de carros indicam que eles desmobilizaram de última hora após a sessão do STF que estava ocorrendo no dia ser encerrada mais cedo.

Segundo a PF, os militares já estavam monitorando os trajetos feitos pelo ministro e tinham levantado os armamentos necessários para sequestrar ou executar o ministro. O documento apreendido com o general Mário Fernandes falava em “danos colaterais possíveis e aceitáveis”, que incluíam a morte de toda a equipe de segurança do ministro do STF.

AGRADECIMENTO – O presidente Lula disse que tem que agradecer por estar vivo, após a revelação do plano golpista.“Sou um cara que tem que agradecer agora muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de envenenar eu e o Geraldo Alckmin não deu certo, estamos aqui”, disse.

Lula prosseguiu com recados ao ex-presidente Bolsonaro, investigado na condição de mentor nas iniciativas golpistas: “Não quero envenenar ninguém, não quero nem perseguir ninguém. Quero é que, quando terminar meu mandato, a gente desmoralize com números aqueles que governaram antes de nós. Quero medir com números quem fez mais escolas nesse país, quem cuidou mais dos pobres, quem fez mais estrada, mais ponte, mais salário mínimo. Isso que quero medir, isso que conta no resultado da governança”, afirmou.

SEM ARGUMENTOS – Os integrantes do plano criminoso não possuem argumentos capazes de sustentar as suas ideias que ficaram evidentes e caíram no vazio, sobretudo no meio militar. Braga Neto, que concorreu à Vice-Presidência na chapa de Bolsonaro, é um dos indiciados pela PF.

Talvez isso explique o motivo pelo qual o general Hamilton Mourão, hoje senador pelo Rio Grande do Sul, tenha preferido se afastar da disputa política junto ao ex-presidente para não se envolver na denúncia tendo como personagens os que planejavam cometer atos criminosos. Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, tomar os depoimentos dos indiciados em sessão da Corte Suprema. Portanto, Moraes e Bolsonaro estarão frente a frente em breve.

As poéticas chuvas de verão do mestre Fernando Lobo, pai do Edu

O rádio faz história: Fernando Lobo: radialista boêmio

Fernando Lobo, um grande compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O jornalista, radialista e compositor pernambucano Fernando de Castro Lobo (1915-1996), ao compor “Chuvas de Verão”, retratou na letra o clima de confissões amorosas que prolongavam ou encerravam romances iniciados nos anos 40 e 50.

A música, gravada originalmente por Francisco Alves, em 1949, pela Odeon, talvez não se tornasse um clássico, conforme reconheceu o próprio Fernando Lobo, não fora a versão gravada por Caetano Veloso, vinte anos depois.

Caetano Veloso, juntou a beleza já existente na composição ao clima de rompimento amoroso, com uma delicadeza de tratamento que faltou à gravação original; a canção tem seu momento culminante no verso que repete o título, definindo com lirismo e precisão a transitoriedade dos romances de ocasião.

CHUVAS DE VERÃO
Fernando Lobo

Podemos ser amigos simplesmente
Coisas do amor nunca mais
Amores do passado, do presente
Repetem velhos temas tão banais

Ressentimentos passam como o vento
São coisas de momento
São chuvas de verão
Trazer uma aflição dentro do peito.
É dar vida a um defeito
Que se extingue com a razão

Estranha no meu peito
Estranha na minha alma
Agora eu tenho calma
Não te desejo mais

Podemos ser amigos simplesmente
Amigos, simplesmente, nada mais

Únicos terroristas no 8 de Janeiro eram os “kid pretos” do Exército

invasão aos Três Poderes

Vejam os “kids pretos” ensinando como se faz vandalismo

Carlos Newton

Com o indiciamento de Jair Bolsonaro e outros 36 envolvidos na segunda versão do golpe que foi planejado mas não chegou a ocorrer, a partir de agora cessa a estupefação e pode-se começar a analisar com mais seriedade os acontecimentos, embora sejam pavorosamente ridículos.

Desde o início das investigações sobre o 8 de Janeiro, já se sabia que existiu a preparação do golpe de estado antes mesmo da eleição e o gatilho seria a famosa fraude na urna eletrônica ou na apuração, que vem a ser a mesma coisa.

Assim que se comprovasse a fraude, haveria prisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, com anulação do resultado e decreto do estado de emergência, até ser convocada nova eleição – este era o plano, que tinha aprovação entusiástica das Forças Armadas.

TUDO ERRADO – Sonhar não é proibido e os gênios que assessoravam Bolsonaro não conseguiram provar a fraude, porque os resultados de cada urna são impressos e afixados no mural da respectiva Vara, não há mesmo como fraudar.

Assim, na reunião decisiva com Bolsonaro, os comandantes do Exército e da Aeronáutica abandonaram o golpe, somente a Marinha manteve o apoio, e os generais do Planalto passaram a procurar outro gatilho. Foi quando se intensificou a trama envolvendo os “kid pretos”, que foram chamados para semear o caos em Brasília na noite de 12 de dezembro, após a diplomação de Bolsonaro.

Apesar da violência, com a malta tentando invadir a Polícia Federal, incendiando ônibus e automóveis, invadindo postos de gasolina e roubando botijões de gás, mesmo assim não havia clima para o golpe e Bolsonaro desistiu desse segundo gatilho para decretar estado de emergência. 

GOLPE FRACASSADO – Assim, essa história de matar Jeca, Joca e a Professora era uma fantasia que pontuava o verdadeiro plano, para criar um terceiro gatilho capaz de justificar estado de emergência, que seria a explosão do caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília, na véspera de Natal, porque poderia morrer muita gente.

O certo é que Bolsonaro viu as coisas saírem de controle, ficou apavorado, com medo de ser preso pela Professora, e fugiu para a Flórida no dia 30 de dezembro.

Sem Bolsonaro para atrapalhar, os golpistas chamaram novamente os “kids pretos” e armaram a depredação do 8 de Janeiro, para forçar Lula a baixar o estado de emergência. Mas Lula não caiu na esparrela e o golpe morreu ali mesmo, com a prisão de mais de 1,5 manifestantes, que Alexandre de Moraes transformou em perigosos terroristas.

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P.S.
Os únicos terroristas de verdade foram os soldados “kids pretos”, que até hoje não sofreram investigação e nada vai acontecer com eles. Mas quem se interessa? (C.N.)