Gustavo Franco
Estadão
Muitos economistas gostam de embelezar suas teses usando uma sabedoria de Tolstoi (1828-1910), e mais especificamente do parágrafo inicial de “Ana Karenina”. Funciona mais ou menos assim: todas as economias que dão certo se parecem, e todas as que fracassam, o fazem de um jeito único.
“Ana Karenina” começa falando de famílias: as felizes todas se parecem, as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. Jared Diamond em seu consagrado livro “Armas, germes e aço”, sobre o “destino das sociedades humanas”, chega a enunciar um “princípio” a propósito da domesticação de animais: os não domesticáveis o são a seu próprio modo.
SEM INVENTAR… – É fácil de estender a fórmula, pois tem a ver com padrões, e fácil de entender o seu encanto: é como afirmar que existe apenas um caminho para “dar certo”. Daí a popularidade de Tolstoi entre doutores em desenvolvimento econômico otimistas ou pessimistas: siga as melhores práticas e não tente inventar.
Porém, Tolstoi podia perfeitamente estar enganado sobre a natureza humana, bem como sobre a economia, e há boas razões: era (descrito como) um anarquista cristão, encantado com as teorias econômicas de Henry George (um reformista radical que a História esqueceu) e não gostava de Shakespeare (de quem dizia faltar naturalidade e sinceridade e sobrar imoralidade).
Na verdade é muito fácil, inclusive, inverter o teorema de “Ana Karenina”, e afirmar o exato oposto: todos os fracassos se parecem, os sucessos é que são únicos, cada qual seguindo uma fórmula muito caracteristicamente individual.
PADRÕES NAS CRISES – Ou seja, há padrões nas crises econômicas, tanto que, quando o tempo está nublado, carregado e quente, como agora, todos ficam a procurar os sinais da próxima crise. Há sempre uma montanha de sinais, mas as crises são muito raras. E quando ocorrem sempre se consegue identificar os avisos que as pessoas ignoraram.
É sempre respeitável alertar para os riscos de uma crise, com o cuidado de não se comprometer com a previsão, nem de parecer agourento. Há conforto no pessimismo, ao menos em não parecer ingênuo nem mal informado. O consenso das previsões, geralmente expresso na voz do mercado, é quase sempre meio pessimista, no entender de Paul Samuelson, a quem se atribui uma ótima tirada: “O mercado previu dez das últimas cinco recessões”.
Claro que há amplas razões para preocupação. Não sei o que é pior, olhar para Washington ou para Brasília. Governantes hiperativos buscando popularidade, criptomoedas, há sempre razões para preocupação.
Muito bom !
Ótimo…
Ate o velho Tolstoi tem sua chance na Tribuna nesta quinta feira, agora o sólido e emocionado discurso do ministro Alexandre hoje, contra os absurdos e sorrateiros ataques a ele e todos nós, por parlamentares, advogados e governo estrangeiro, ficaram esquecidos…vá lá que eles gostam.
A tão propalada justiça, começa em casa…e a censura também.
Tostoi é aquele que descrevei a depetitiva ação petista sobre os brasileiros, em “Os Miseráveis”!
Digo: repetitiva
Prezado Schossland,
“O autor de “Os Misseráveis” é Victor Hugo!
Corrigindo: “Os Miseráveis”.
Grato pela lembradas correção, Caro Dr
Werneck.
Penso em errar mais! kkk
Toda bicha possui algo de teatral.
Garimpar teses de escritores do passado não deixa de ser uma boa leitura.
Vou continuar preferindo Voltaire.
“Certas pessoas são como peixes que são movidos de tanques, não fazem ideia que é para serem comidos na quaresma.”