Gilmar Mendes rejeita anistia, mas já aceita reduzir as penas do 8 de Janeiro

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Gilmar diz que os fatos foram graves e as penas, também

Arthur Guimarães de Oliveira e Ana Pompeu
Folha

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta terça-feira (8) que não faz sentido discutir anistia aos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro, mas disse que pode haver abertura para um debate sobre a aplicação de penas menores a depender do caso.

“Não faz sentido algum discutir anistia nesse ambiente, e os próprios presidentes das duas Casas [Senado e Câmara dos Deputados] têm consciência disso. Isso seria a consagração da impunidade a um fato que foi e é extremamente grave”, declarou Gilmar em entrevista à Globonews na tarde desta terça.

CASO A CASO – Segundo o ministro, decano da corte, debater perdão aos crimes é diferente de falar do tamanho das punições. Sobre a matéria, ele afirmou defender a apreciação das situações caso a caso, não uma revisão geral das penas.

“A progressão pode se dar de maneira extremamente rápida a partir da própria avaliação do relator”, disse Mendes ao ser questionado sobre o assunto. “É possível que isso seja discutido e certamente pode haver abertura para isso.”

Ele fez referência ao caso de Débora Rodrigues dos Santos, a cabeleireira que ficou conhecida por pichar a estátua localizada em frente à sede do STF. No mês passado, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a prisão domiciliar dela, que estava presa preventivamente desde março de 2023.

CINCO CRIMES – Ré por participação nos atos de 8 de janeiro, ela responde a processo pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.

Gilmar disse, no entanto, que não se pode minimizar os fatos. “Ela estava nos acampamentos e, nesse momento, ela não estava com os filhos. Agora projetam essa situação de mãe de família e tudo mais. As pessoas assumiram um risco enorme.”

Segundo o decano do STF, ainda, o caso de Débora foi usado de forma política e uma tentativa de responsabilizar os magistrados pela situação da cabeleireira.

UTILIZAÇÃO POLÍTICA – “Eu estou longe de ser uma pessoa que defende punitivismo penal. Discuto muito a questão da [prisão] domiciliar a mães, acho até que precisam de apoio para não reincidir. Mas houve aqui uma utilização política desse caso, tentando mostrar que nós seriamos monstros insensíveis diante de uma situação que foi grave: ela participou da ocupação dos prédios. Por isso a mesma pena de outros”, disse.

O ministro afirmou não concordar com uma fala do colega Luiz Fux, de que o STF julgou os casos do 8 de janeiro sob “violenta emoção”, e ressaltou a gravidade dos fatos. “Nós estivemos muito perto de um golpe de Estado. Estivemos muito perto de uma tragédia política.”

As penas, disse, foram estabelecidas diante do entendimento dessa gravidade.

PASSEIO NO PARQUE – “A própria calibragem se deu exatamente para que não parecesse que foi um passeio no parque. Certamente o ministro Alexandre está muito atento a isso tudo. A PGR também tem perfilado posição bastante respeitosa dos direitos fundamentais”, disse.

Essa discussão, para ele, no entanto, não envolve os denunciados de serem os mentores da trama golpista de 2022. “Não estamos falando de anistia nem de supressão para mentores.”

Gilmar afirmou esperar que o andamento e conclusão desses casos se dê até o fim deste ano, com análise dos recebimentos de denúncias, recursos, instrução penal e julgamento.

SUPERSALÁRIOS –

Gilmar disse ainda ser preciso discutir e ordenar a questão dos supersalários no Judiciário. “Estamos vivendo é um quadro de salve-se quem puder, que é o pior dos mundos. Isso é extremamente grave.”

De acordo com o magistrado, o quadro estabelecido não é bom, de vencimentos que não estão sendo fixados por lei, mas por decisões administrativas que estabelecem os chamados penduricalhos.

“A rigor o princípio da legalidade foi para os ares”, admitiu.

5 thoughts on “Gilmar Mendes rejeita anistia, mas já aceita reduzir as penas do 8 de Janeiro

  1. O ministro/juiz do STF resumiu e disse tudo , a respeito da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, “ Ela estava nos acampamentos e, nesse momento, ela não estava com os filhos ” , portanto não agiu como mãe no fatídico 08/01/2023 mas sim como subversiva , mas agora a transformaram em vítima do STF e símbolo político , desprezando o fato por ela ter abandonado seus filhos e marido no interior de São Paulo . para participar da intentona golpista em Brasília .

  2. Nada mais fácil de ridicularizar do
    que um golpe fracassado.
    Se tivesse tido êxito, esses que o negam estariam à frente das divisões blindadas, sedentos de sangue e de grana.

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