Três barracos para Lula: escândalo no INSS, novo ministro e asilo à corrupção

Frederico Siqueira, novo ministro das Comunicações, e o presidente Lula — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Lula aceitou um engenheiro e nomeou na hora, sem festa

Eliane Cantanhêde
Estadão

Tempos difíceis para o presidente Lula, que enfrenta três grandes solavancos numa semana que, com o feriado prolongado, tinha tudo para ser calma. Não foi. O escândalo do INSS envolve até R$ 8 bilhões, o jovem deputado Pedro Lucas, do União Brasil do Maranhão, esnobou o Ministério das Comunicações, e a Comissão de Relações Exteriores da Câmara convocou o chanceler Mauro Vieira para explicar o polêmico asilo para a ex-primeira-dama do Peru.

Uma palavra maldita e sensível para Lula e PT ronda os três casos: corrupção. O do INSS é como merenda escolar, ambulâncias ou vacinas, porque atinge os indefesos – no caso, aposentados e pensionistas que trabalharam muito e recebem pouco na velhice. O incidente das Comunicações tem origem no ex-ministr, Juscelino Filho, denunciado por desvios. E a asilada peruana Nadine Heredia foi condenada por propinas da… Odebrecht, atual Novonor.

FUNDOS DE PENSÃO – Corrupção nos institutos de pensão vem desde a era Getúlio Vargas, quando foram criados, continuou com a unificação no INPS e se manteve firme, forte e abusada no atual INSS, mas isso não é desculpa. Os desvios atuais, com descontos não autorizados para “associações”, começaram em 2019, no governo Bolsonaro, mas explodiram em 2023, já no governo Lula.

Com agravantes, porque não foi por falta de aviso. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, foi ministro do Trabalho no segundo governo Lula e, mantido por Dilma Rousseff, caiu justamente por desvios com ONGs.

E a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União já vinham alertando desde pelo menos 2024 que a coisa estava feia.

MUITA CONFUSÃO – Como nenhuma providência foi tomada, Lula demite o segundo presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, é pressionado a se livrar de Lupi e está sujeito a enfrentar uma CPI no Congresso − se é que a oposição quer insistir numa CPI que pode chegar ao governo Bolsonaro. E o pior é a guerra na internet, onde a realidade pouco importa, inclusive o fato de ter sido a PF de Lula quem desbaratou a quadrilha. O que pesa é a versão e a agilidade.

Lula também estava às voltas com a troca nas Comunicações, que entregou nesta quinta-feira ao engenheiro Frederico Siqueira, ex-presidente da Telebras.

Essa situação exibia toda a fragilidade do governo e toda a força do Congresso e dos partidos ditos “aliados”, como o União Brasil, vulgo Desunião Brasil, que uniu o DEM com o PSL, partido que elegeu Bolsonaro em 2018, tornou-se a terceira bancada da Câmara e está às vésperas de se unir ao PP, também bolsonarista, numa federação partidária.

VELHOS INIMIGOS – O que os três partidos (DEM, PSL e PP) têm em comum? São velhos adversários, inimigos mesmo, de Lula e PT. Apesar disso, têm ministérios e dão votos ao governo. Logo, Lula precisa deles. Foi assim que Davi Alcolumbre, presidente do Senado e homem forte do UB, indicou o primeiro, o segundo e agora o terceiro ministro das Comunicações.

E a Comissão de Relações Exteriores, comandada à distância pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, prepara uma armadilha para o chanceler. Como explicar o asilo diplomático e o envio de avião da FAB para livrar a peruana Herédia da cadeia? E como escapar de perguntas sobre Odebrecht, Lula e PT? Convites de comissão, ministro aceita ou não. Convocação, ele é obrigado a atender. Mauro Vieira, aliás, é o primeiro chanceler convocado pela comissão em duas décadas.

ANISTIA ADIADA – Tá fácil? Não, mas tende a piorar. Os líderes partidários tiveram um rasgo de bom senso, ou foram “convencidos” a adiar a tramitação da impopular e absurda anistia aos que articularam e tentaram um golpe de Estado antes, durante e depois do 8 de janeiro.

Porém, essa é a posição por ora, nunca se sabe como vai evoluir, e o PL e o Novo, que ficaram falando sozinhos, ameaçam com obstrução do plenário e das comissões, quando o governo joga suas fichas nos pacotes do IR e da Segurança Pública.

Bem… Estamos caminhando para maio e o Congresso ainda não começou, de fato, a funcionar. Obstruir o que já está obstruído?

4 thoughts on “Três barracos para Lula: escândalo no INSS, novo ministro e asilo à corrupção

  1. Os desvios atuais, com descontos não autorizados para “associações”, começaram em 2019, no governo Bolsonaro, mas explodiram em 2023, já no governo Lula

    Mentira, sua ruminante ! Se um ministro da CGU afirma que “em 2016 (!!!), o valor ficou em R$ 413 milhões, já em 2023 saltou para R$ 1,2 bilhão, enquanto em 2024 ficou em R$ 2,8 bilhões”, é óbvio que começaram – no mínimo – em 2015. A CGU deveria informar o que é irregular ou não, discriminado por contribuinte.

    Os larápios devem usar as mesmas rotinas fraudulentas em muitos outros softwares. E, sobre isso, a mocha não se manifesta.

  2. Orçamento sequestrado, País sem rumo: Executivo ficará “no vermelho”

    Hoje, as emendas de deputados e senadores – orçadas em R$ 50,4 bilhões para 2025 – representam cerca de 25% das despesas não obrigatórias.

    No Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026, apresentado no dia 15 passado, as emendas parlamentares chegarão a quase 50% dos gastos livres em 2027 e a quase 100% no ano seguinte.

    Em 2029, a ser mantido esse ritmo, tamanho será o volume de recursos à disposição de deputados e senadores que o Poder Executivo ficará “no vermelho”, incapaz de investir um mísero real em políticas públicas.

    (xxx)

    As emendas parlamentares terão um crescimento sem paralelo com nenhuma outra despesa pública. Em 2026, as emendas vão somar R$ 53 bilhões.

    No ano seguinte, R$ 56,5 bilhões. Já em 2028 serão R$ 58 bilhões à disposição dos parlamentares, quantia que sobe para inacreditáveis R$ 61,7 bilhões em 2029.

    A Presidência da República pode se tornar um simples cargo honorífico, com poder de ação bastante limitado, com o avanço do Congresso sobre os recursos do Orçamento da União.

    Uma nação condenada à mediocridade.

    Fonte: O Estado de S. Paulo, Opinião, 23/04/2025 | 03h00 Por Editorial

  3. Turismo em Roma pago com dinheiro da população?

    Lula levou uma turma numerosa na viagem a Roma, sem saberem quantos poderão ou não participar do funeral do Papa.

    Além de Janja e dos presidentes dos Poderes, foram também quatro ministros e 12 parlamentares integrando o grupo.

    Mas o Vaticano sinalizou que poderá ‘abrigar’ apenas 5 representantes por delegação. Presenças extras (bicões, gaiatos, penetras) precisariam ser negociadas com a Santa Sé, por meio da embaixada.

    Portanto, ministros e parlamentares ainda não tinham certeza se poderiam acompanhar Lula no espaço destinado aos chefes de Estado e governo.

    Ou seja, parte da delegação embarcou talvez apenas para turismo em Roma.

    Fonte: O Globo, Política, 25/04/2025 11h18 Por Rodrigo Castro / Lauro Jardim

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