Silêncio do Globo sobre viagem de Lula exibe o que significa “imprensa comprada”

Lula defende viagem à Rússia e diz que críticas são “exploração política”

Lula disse que as críticas são “especulações políticas”

Leonardo Corrêa
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Foi com dureza e precisão que Estadão e a Folha de S.Paulo reagiram à visita de Lula à Rússia. Em editoriais contundentes, os dois maiores vespertinos paulistas não pouparam o presidente brasileiro pelo gesto de confraternização com Vladimir Putin, no coração de Moscou, durante as comemorações do chamado “Dia da Vitória”.

A Folha classificou a viagem como um “erro diplomático patente”, denunciando a deferência a um autocrata que promove guerra e violações massivas aos direitos humanos. Já o Estadão foi além: evocou o peso da História e carimbou a cena com palavras que não se esquecem — “o dia da infâmia da política externa brasileira”.

SEM NEUTRALIDADE – Ambos editoriais reconheceram o gesto como mais que simbólico: viram nele a falência de qualquer pretensão de neutralidade, e a submissão da diplomacia brasileira a uma lógica antiocidental.

Lula, ladeado por ditadores latino-americanos, assistiu ao desfile de mísseis que hoje esmagam cidades ucranianas. Para os jornais de São Paulo, a presença não foi um deslize; foi um manifesto, uma escolha. Um país que diz prezar pela paz não se senta à mesa com quem abraça a guerra.

No entanto, entre as grandes redações nacionais, um nome destoou. O Globo, sempre pronto a assumir o centro do debate institucional, desta vez foi tímido. Publicou um editorial antes da visita, ainda no tom das advertências diplomáticas. Condenou a reinterpretação histórica feita por Putin sobre a Segunda Guerra Mundial, mas evitou criticar diretamente o presidente brasileiro.

SEM COMENTÁRIOS – Nem a imagem de Lula na Praça Vermelha, diante de ogivas e tanques, foi suficiente para arrancar do jornal da família Marinho ao menos uma nota à altura do que se viu nos editoriais do Estadão e da Folha.

A razão talvez não esteja nas páginas de opinião, mas nas cifras da publicidade oficial. Segundo levantamento publicado pela Veja, entre 2023 e 2024 a Rede Globo recebeu R$ 177,2 milhões da Secretaria de Comunicação do governo Lula — valor que supera o total repassado à emissora durante os quatro anos de Jair Bolsonaro.

Em 2024, sozinha, a Globo ficou com 53% de toda a verba federal de publicidade destinada às principais TVs do país. Não se trata de conjectura: trata-se de números. Dados públicos que expõem um elo financeiro robusto entre o governo e a emissora que, por décadas, se autodenominou “independente”.

LUCRO ESPANTOSO – Mais do que isso: enquanto os demais grupos de mídia receberam valores menores e até decrescentes, a Globo viu seu lucro saltar 138% em 2024, chegando a impressionantes R$ 2 bilhões, conforme revelou reportagem publicada pelo portal Teletime em abril de 2025. A coincidência entre esse crescimento exponencial e o volume de repasses publicitários da Secom é eloquente demais para ser ignorada.

Diante disso, é legítimo perguntar: por que um jornal que sempre se destacou por seus editoriais vigorosos parece agora tão contido diante de um episódio tão grave? Por que a maior emissora do país, diante do constrangimento internacional causado por um presidente que se associa a ditadores e autocratas, responde com o silêncio?

A resposta pode não estar apenas na redação, mas no caixa. Quando a crítica custa caro, a complacência vira investimento. A verdade, então, não se cala: se o Estadão e a Folha ainda cumprem o papel de imprensa livre, O Globo parece cada vez mais satisfeito em atuar como assessoria de imprensa do poder. Um poder que paga bem.

VÍCIO SISTÊMICO – Mais do que omissão, o comportamento de O Globo expõe um vício sistêmico: quando o dinheiro do pagador de impostos é usado pelo governo de ocasião para financiar o discurso, a liberdade de expressão se desfaz. Não há neutralidade possível quando o Estado banca o microfone.

A crítica se torna concessão, o silêncio vira contrato, e a imprensa deixa de servir ao público para servir ao poder. O jornalismo independente não sobrevive onde a publicidade oficial compra a pauta e entorpece a vigilância. Nesse cenário, não há pluralismo — há alinhamento. Não há voz — há eco.

Enquanto isso, os mísseis dos censores não desfilam apenas em Moscou — apontam, cada vez mais, para as redes sociais.

SEM CUSTOS – Nas redes sociais, onde não há verba da Secom, não há controle por contrato. São vozes soltas, sem pauta vendida, sem blindagem estatal. E é justamente por isso que incomodam tanto.

As plataformas digitais expõem o que os editoriais calados escondem: a opinião dos indivíduos, não a conveniência dos grupos. Onde o dinheiro público não chega, a liberdade resiste. No fim, o que se cala pesa mais do que o que se diz. A imprensa existe para ser contrapeso, não escudo. Quando falha em denunciar o poder, torna-se cúmplice dele. E quando o silêncio é comprado com dinheiro público, a verdade passa a ter preço — e o cidadão, a pagar com desinformação.

Mas há ainda quem escreva sem patrocínio, quem fale sem filtro, quem resista sem medo. São essas vozes, dispersas e indomáveis, que mantêm viva a centelha da liberdade. Mesmo quando tudo parece dominado, elas lembram que o eco não é a única forma de som.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Relevante artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas, ex-secretário de Administração do Governo RJ. Exibe a desfaçatez da imprensa comprada e destaca a importância da imprensa independente. (C.N.)

12 thoughts on “Silêncio do Globo sobre viagem de Lula exibe o que significa “imprensa comprada”

  1. Sr. Newton

    Até agora não entendi o motivo do Narco-Misógino de Nove Dedos não ficar entre os Presidentes Putin e Xing Pinga no desfile das comemorações….

    Será por causa do bafo alcoólico.??

    Colocaram o Narco-Mísógino do lado de alguns carniceiros e açogueiros africanos…

    Os jornazistas amestrados da Rede Esgoto batem na tecla todos os dias que o Narco-Ladrão é um dos maiores democratas jamais visto em todos os tempo….

    Não entendi nada…

    aquele abraço

    • OPINIÃO DO ESTADÃO

      Lula em Moscou: o dia da infâmia

      A imagem de Lula na Praça Vermelha, ladeado por facínoras para ver o desfile de mísseis que vão massacrar inocentes na Ucrânia, marcará o dia da infâmia da política externa brasileira…

  2. É só não se viabilizar a candidatura de Bolsonaro ali na frente, e o Globo solta a mão de Lula, que já está ficando ‘pesado’ para quem segura, mesmo com pagando tantos $$$.

    Acorda, Brasil!

  3. Lula em Moscou: o dia da infâmia

    A imagem de Lula na Praça Vermelha, ladeado por facínoras para ver o desfile de mísseis que vão massacrar inocentes na Ucrânia, marcará o dia da infâmia da política externa brasileira

    Ao tomar parte nas celebrações russas (…) que o autocrata Vladimir Putin usa para fazer propaganda de seu regime tirano –, o presidente Lula selou (…) um vexame moral e um fiasco geopolítico para o Brasil.

    Ao lado de autocratas de todos os cantos, Lula foi aquilo que os antigos agentes secretos soviéticos chamariam de “idiota útil”: um ocidental deslumbrado – e descartável após servir às ambições do império russo.

    O cortejo foi a peça de propaganda fabricada por um regime que encarna o que há de mais próximo ao fascismo hoje: uma autocracia que envilece sua nação e oprime seu povo, silenciando a oposição, perseguindo minorias, fraudando eleições para sustentar um líder vitalício adornado por uma iconografia imperial.

    É também um Estado predador, que desestabiliza governos, invade vizinhos e massacra civis.

    Lula (…) têm apreço por autocratas, disputa um lugar no coração de Putin e culpa a Ucrânia por uma guerra de agressão que a Rússia começou.

    Como em todos os governos petistas, Lula conduz uma política externa pautada (…) por taras ideológicas e por sua ambição de ser festejado como vedete terceiro-mundista. (…) E é assim também, à custa da credibilidade internacional do Brasil, na relação com Putin, um déspota que reintroduziu a guerra na Europa, flertando com um conflito mundial nuclear.

    Ao celebrar o imperialismo de Putin, Lula (…) conspurcou a memória dos combatentes da Força Expedicionária Brasileira que tombaram ombro a ombro com os aliados europeus em nome da liberdade na 2.ª Guerra.
    O resultado é que o Brasil (…) se aproxima da constelação sombria de regimes autoritários do novo eixo de caos.
    A imagem de Lula na Praça Vermelha, ladeado por facínoras, assistindo ao desfile de tanques e mísseis que vão massacrar inocentes na Ucrânia e outros povos, marcará na História o dia da infâmia da política externa brasileira, um dia em que o Brasil (…) bajulou criminosos de guerra e adulou ditadores.

    O Estado de S. Paulo, Opinião, 10/05/2025 | 03h00 Por Editorial

    • A Globo SEMPRE apoiou enrustidas e vermelhas ditaduras, ora pois explicadas as anteriores, meros “de-graus” ainda contidos do em sendo mundialmente implementado tsunami nazi/fascista/KHAZARIANO(BANCA, ALÇA e LOCUPLETA) “Quarto Reich”(A generalizada idéia fixa)!
      PS. Extemporãneos e re eldes vão sendo identificados, perseguidos, justiçados ou “desaparecidos”, enquanto fiéis seguidoremercenários, são blindados, anistiados, premiados para novas etapas da desmanteladora agenda!

  4. A hipocrisia é inerente ao ser humano. O que se comemorava? A vitoria da Rússia contra a Alemanha. Qualquer país ao ir nesse dia, significa apoio à invasão da Rússia na Ucrânia?

    A Rússia não faz parte dos Brics, assim como o Brasil, a China e outros países? O Brasil deveria renegar os parceiros que fazem parte dessa associação, a despeito das relações econômicas? A maioria desses países não são democráticos, mas são essenciais à economia brasileira.

    Quando invasões ou intervenções em outros países são realizados por potências ocidentais, as relações entre os países são rompidas?

    E as relações de idas e vindas da Rússia e Ucrânia são antigas, remontando à origem comum dos dos países: Rus de Kiev.

    A Ucrânia é bastante dividida em termos de influências. Uma parte tem influências ocidentais que a população deseja independência e a outra parte (Crimeira e adjacências) grande infuência Russa, com a população desejando que sua região retorne à Rússia. Parece que a paz duradoura (ou momentânea?) depende da negociação para suprir os anseios dessas populações. É algo bem difícil, sendo que os EUA aproveitaram-se dessa guerra, pragmaticamente, sem falsos escrúpulos, para forçar a Ucrânia a ceder exploração das suas riquezas minerais em troca da continuidade de apoio militar. Será que Trump deseja realmente a paz?

    • Plenamente de acordo VIDAL.

      Cerne da questão é outra meu caro Watson.
      Lula ,teve várias reuniões com chefes de estados para alavancar o comércio.

      Com relação a Putin,Xi Jinping, é fortalecimento na área de tecnologia,incluindo a bomba atômica.

      Pois os gringos do norte quer se apossar do território de Fernando de Noronha.

      PS: o resto,blá blá.

  5. O narcotraficante e ladrão Lula da Silva foi a Moscou lamber as bolas do mafioso Putin, imaginando que seria tratado como uma liderança mundial. O pelêgo decrépito quebrou a cara. Junto com a primeira mulher-dama, a Janja, ganhou um assento na 2ª fileira, ao lado dos tiranetes e narcotraficantes de republiquetas insignificantes. Na reunião com o ditador da kgb, pensando que seria convidado para participar das negociações entre a Rússia e a Ucrânia, recebeu olhares de impaciência e desprezo. Nem o assassino russo suporta a fedentina do ladrão de aposentados e inválidos.

    Quanto ao jornalismo prostituído pelo consórcio de traficantes PT/STF, presta o serviço de acordo com o que recebe. Na Globo, a ordem é fazer barba, cabelo e bigode.

  6. Caro Vidal! Todo alçado tem como subalterna e “fraterna” missão, cumprir agenda da banca(khazaria) que para tanto os locupletam. Quem não seguir ou descumprir é simplesmente eliminado, daí os quase imperceptíveis “dribles”, contando com a ignorância, omissão ou distração dos “expecta-dores”!

  7. Voltam as Vestais para defender o indefensável! Só faltou dizerem que a viagem do Ladrão a Moscou é culpa do Bozo.
    Mas, o comportamento do Estadão e da Foice de São Paulo é típico dos ratos que abandonam o navio quando pressentem o desastre. Ambos os jornais não mudaram o modo de ver os acontecimentos mas correram para se proteger do que vem em 2026. O governo petista naufragou e o Lula é um cadáver a ser enterrado.

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