Historiador judeu denuncia Israel pelo genocídio mais televisionado da história

O historiador israelense Ilan Pappe na Flip 2025

Illan Pappe diz a verdade sobre o que acontece em Gaza

Bernardo Mello Franco
O Globo

Ilan Pappe é filho de judeus alemães que escaparam da perseguição do nazismo. Nasceu em Haifa em 1954, seis anos após a criação do Estado de Israel. “Tive a infância típica de uma criança israelense”, contou na sexta-feira, na Festa Literária de Paraty.

Ao escolher o ofício de historiador, ele começou a ter contato com fatos que não eram ensinados na escola. “Tudo o que encontrava nas minhas pesquisas contradizia o que havia ouvido dos meus pais e dos professores. Fui exposto a uma história bem diferente de Israel e da Palestina”, disse.

LEVOU UM CHOQUE – Depois de uma temporada de estudos no exterior, Pappe voltou a Israel para mostrar o que havia garimpado em livros e arquivos oficiais. Sua visão crítica do sionismo desagradou amigos, parentes e colegas de academia.

“Fui ingênuo. Achei que seria recebido de braços abertos”, comentou. “Não me dei conta de que desafiar a narrativa histórica do meu próprio país seria considerado uma traição. Isso foi um choque para mim”, admitiu.

O historiador disse ter vivido um dilema comum a quem rema contra a maré. Ou se mantinha fiel às suas convicções ou “cedia à pressão e escrevia o que as pessoas queriam ler”.

UM ALTO PREÇO – “Decidi continuar com a minha verdade, sabendo o preço que precisaria pagar”, contou. O mais caro foi a demissão da Universidade de Haifa, em 2006. Sem espaço para trabalhar em Israel, ele aceitou convite para dirigir o centro de estudos palestinos da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

Autor de mais de 20 livros, Pappe veio ao Brasil lançar os dois mais recentes: “Brevíssima história do conflito Israel-Palestina” e “A maior prisão do mundo”, cujo título resume sua visão da atualidade em Gaza. “Os palestinos moram numa grande prisão desde 1967. Israel controla tudo em suas vidas. Eles vivem como detentos”, disse na Flip.

COMPARAÇÃO – “Israel lançou mais bombas sobre a Faixa de Gaza desde 2007 do que os aliados lançaram sobre a Alemanha na Segunda Guerra”, prosseguiu. Ele comparou a situação atual do território à de um campo de extermínio. “É o genocídio mais televisionado da História”, sentenciou.

Na visão de Pappe, os palestinos são alvo de um processo de limpeza étnica, com a cumplicidade das potências que dão armas e apoio político ao governo de Israel. Ele disse que a promessa de França e Reino Unido de reconhecerem a Palestina como Estado é um “pequeno passo”.

Mas defendeu que só sanções econômicas, como as aplicadas à África do Sul na época do apartheid, seriam capazes de frear o massacre em Gaza.

APENAS 50% – “Se o Ocidente fizesse 50% do que está fazendo com a Rússia (após a invasão da Ucrânia), criaria um grande problema para Israel”, disse.

Ao apresentar a mesa, a curadora Ana Lima Cecilio disse que o convite a Pappe foi a “decisão mais importante” da 23ª edição da Flip. “Houve pressão para impedir que eu falasse a vocês”, agradeceu o historiador, sob aplausos e gritos de apoio.

Ele afirmou que suas críticas não demonizam Israel nem os israelenses. “Eu falo em hebraico, sonho em hebraico”, comentou, antes de lembrar que mais da metade da população de Gaza tem menos de 20 anos de idade. “Esses jovens só conheceram uma realidade: viver sob cerco, bombardeio e destruição permanente.”

5 thoughts on “Historiador judeu denuncia Israel pelo genocídio mais televisionado da história

  1. Ele escapou do nazismo, e se sua família toda tivesse sido toda trucidada pelo Hamas.
    O número de assassinatos no dia 7 de outubro durante o ataque dos milicianos do Hamas, que tiraram a vida de 1.160 pessoas, segundo dados oficiais israelenses. O grupo islamista palestino também sequestrou cerca de 250 pessoas, das quais mais de 40 estavam no festival. Cento e trinta delas ainda estão detidas em Gaza.
    Mas, porem, Loola não acredita que houve holocausto, então o missivista está mentindo, não fugiu dos nazistas.
    Quem está mentindo, Ilan Pappe ou Dom Curro de La Grana?

    • James, 1.160 mortos e 250 sequestrados. E Israel já matou mais de sessenta mil, incluindo velhos, mulheres e crianças, destruiu as cidades, continua bombardeando e está matando o resto da população de fome, e por falta de assistência médica. Você acha isso uma troca justa? Mesmo que acredite na máxima de “olho por olho, dente por dente”? E agora Bibi disse que não vai parar até ter o controle total de Gaza. Isso é genocídio, sim. Crime contra a humanidade.

      • Genocídio não, mortandade sim.
        Israel luta contra os terroristas do Hamas que são financiados por quem quer varrê-lo do mapa.
        Os terroristas sequestram a comida e a ajuda humanitária e ainda usam civis como escudos humanos e usam escolas, hospitais como base de lançamentos de mísseis
        As guerras matam gente, em Gaza, no Afeganistão, na Ucrânia, Rússia, e mais ainda na África.
        Disse Golda Meir, no dia que terroristas palestinos baixarem as armas haverá paz, no dia que Israel baixar as armas será varrido do mapa.
        Disse mais ela, “Agora Israel tem um Exército, e jamais nos ajoelharemos para qualquer nação do mundo.”
        A primeira vítima de toda guerra, é a verdade.
        A mídia esquerdista se encarrega disso.

  2. E os reféns?Ajuda humanitária roubada pelo Hamas, 1o.a cúpula, os nossos, venda a preço de ouro, as migalhas ao povo? Genocídio, 60 mil mortos, a maioria combatentes sem uniforme, covardes, ratos escondidos em túneis, historiador hipócrita.

Deixe um comentário para Ricardo Sales Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *