Lobby e soberania: o caso Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo

Eduardo Bolsonaro e aliado citaram sanções cinco vezes por dia

Pedro do Coutto

A reportagem de Dimitrius Dantas, publicada neste domingo em O Globo, expõe de forma minuciosa e inédita um fenômeno que extrapola as fronteiras da disputa política doméstica brasileira: a construção deliberada de um lobby nos Estados Unidos, capitaneado pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro e pelo influenciador Paulo Figueiredo, com o objetivo central de pressionar o governo norte-americano a impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e, por extensão, a outras autoridades do Supremo Tribunal Federal (STF) e do próprio governo brasileiro.

Segundo a análise apresentada, a atuação da dupla deixou de ser episódica para se tornar sistemática. Entre março e o início de agosto, Eduardo e Figueiredo falaram de sanções o equivalente a cinco vezes por dia em seus canais no YouTube, totalizando mais de 700 menções diretas ao tema. O nome “Alexandre” apareceu mais de duas mil vezes — mais do que o dobro das citações ao presidente Lula.

ARTICULAÇÃO – Trata-se, portanto, de uma campanha coordenada, persistente e com alvos bem definidos, articulada junto a parlamentares republicanos e figuras ligadas diretamente ao presidente Donald Trump. O que inicialmente parecia bravata política passou a ganhar relevância geopolítica quando, em 9 de julho, Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e citou a atuação do STF contra Jair Bolsonaro como justificativa.

Ainda que os próprios articuladores do lobby afirmem que não recomendaram essa medida específica, o episódio reforça a ligação direta entre a pressão exercida nos bastidores e as decisões da Casa Branca. Mais grave: Eduardo e Figueiredo passaram a ventilar, recentemente, a possibilidade de medidas ainda mais severas, como a exclusão do Brasil do sistema Swift, essencial para transações financeiras internacionais.

É uma escalada que, se concretizada, teria repercussões econômicas profundas e imprevisíveis, atingindo desde o comércio exterior até a vida cotidiana da população. Não é a primeira vez que atores políticos brasileiros buscam respaldo ou intervenção estrangeira para sustentar agendas internas. No entanto, como destaca o professor Felipe Loureiro, da USP, a imposição de medidas econômicas unilaterais pelos EUA contra o Brasil com base em “ameaça à segurança nacional” é sem precedentes na relação bilateral.

VULNERABILIDADE – Essa novidade coloca o país em uma posição vulnerável, pois sinaliza que disputas políticas internas podem ser instrumentalizadas como justificativa para ações externas de grande impacto.

As conexões de Paulo Figueiredo com o universo trumpista — incluindo sua relação empresarial com o ex-presidente americano — e o trânsito de Eduardo Bolsonaro junto a congressistas e ex-assessores de Trump compõem um cenário de alinhamento ideológico e estratégico. Ao mesmo tempo, levantam questionamentos legítimos sobre a legalidade e legitimidade dessas articulações, sobretudo à luz do inquérito aberto pelo STF para investigar a atuação do deputado nos EUA.

DILEMA – O caso vai além do embate entre governo e oposição. Trata-se de um teste à resiliência da soberania brasileira e à maturidade de suas instituições. Quando um parlamentar eleito e um influenciador político se dedicam, de forma sistemática, a convencer uma potência estrangeira a sancionar autoridades e, potencialmente, prejudicar economicamente o próprio país, estamos diante de um dilema grave: onde termina a liberdade de expressão e onde começa a sabotagem institucional?

Ao que tudo indica, a disputa que se desenrola não é apenas jurídica ou diplomática, mas também simbólica. O lobby de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo é um capítulo de uma narrativa maior: a internacionalização das batalhas políticas brasileiras, que agora se travam não apenas no Congresso e nas redes sociais, mas também nos corredores de Washington. Se a história recente nos ensina algo, é que esse tipo de intervenção externa, quando normalizada, raramente termina bem para a nação que a permite.

14 thoughts on “Lobby e soberania: o caso Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo

  1. Really? O autor acha mesmo que esses dois jovens podem convencer o governo americano a sancionar o Brasil porque o capitão Bolsonaro foi punido pelo STF? E o Mouro, e o Dalagnol? Eles foram prejudicados por atuação do governo da época.
    Give me a break, parem de encher a bola desses garotos irresponsáveis. A continuar assim, eles vão até pensar que são gente.

  2. PEC da Blindagem e fim do ‘foro privilegiado’ estão sendo ‘negociados’ no Congresso

    Foi nefasta a barganha costurada para pôr fim à inaceitável ocupação da Câmara e do Senado em protesto contra a decretação da prisão domiciliar do ex-mito.

    O pacote negociado envolve a votação de projetos com o objetivo indisfarçável de blindar deputados e senadores de ações do Judiciário.

    É o caso da PEC da Blindagem, que, além de exigir aval do Congresso para um parlamentar ser investigado, estabelece que sua prisão só pode acontecer em casos de flagrante ou crime inafiançável.

    O projeto de maior destaque tenta mudar o foro em que são julgados os políticos — tecnicamente chamado “foro por prerrogativa de função” e popularmente conhecido como “foro privilegiado”.

    Os objetivos da tentativa de extinguir o “foro privilegiado” é favorecer o ex-mito, tirando do STF o processo em que é réu por tentativa de golpe de Estado.

    No entender de oposicionistas, caso sejam aprovadas as mudanças no foro, uma vez longe da mira do STF, os parlamentares se sentiriam mais à vontade para aderir à agenda mais radical.

    Fonte: O Globo, Opinião, 09/08/2025 00h10 Por Editorial

  3. Concordo com Pedro do Coutto. Figueiredo e
    “dudu” Eduardo Bolsonaro, trabalham contra o Brasil. Dia sim dia não, fazem lives nos jardins da Casa Branca, pedindo sanções mais pesadas ainda contra o Brasil e intervenção no Judiciário brasileiro, que segundo os dois, perseguem Jair Bolsonaro.

    O time de Eduardo Bolsonaro e do papai Jair, é a bandeira americana, hasteada por Donald Trump, o chefe do clube da ultra direita extremada.

    Muitos falsos brasileiros, mostraram no último comício na Avenida Paulista, que a camisa verde e amarela, são águas passadas, que não movem mais moinhos patrióticos. Se abraçaram entusiasticamente a bandeira americana, pedindo ao presidente americano, apoio para Anistiar Jair Bolsonaro.
    Entendo até, que houve uma evolução em relação aos acampamentos em frente aos quartéis, quando se abraçavam a pneus, olhando para os céus, a pedirem a continuidade do capitão Jair, no centro do Poder Central. Que loucura!

    Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, tentam de todas as maneiras, influenciar Trump e Marcos Rúbio, o Secretário de Estado todo poderoso. Vem conseguindo vitórias nessa empreitada contra o Brasil, porque o governo americano, conhece quase nada da realidade braseira e essa gente traidora a pátria, tem argumentos econômicos que fazem os olhos de Trump brilhar, quais:
    Põe o pai de volta ao Poder e garantimos a vocês, as terras raras, os minérios mais importantes e Resorts com Cassino e natureza intocável em todas as regiões turísticas do Brasil.

    Trump nem fala mais no paradisíaco Resort na Faixa de Gaza, que seria administrado por Trump e Netanihau.
    Os resorts brasileiros ,, serão muito mais rentáveis. E, afinal, os atuais políticos da extrema direita,vão pensam em dinheiro e nada mais.

    • “Entendo até, que houve uma evolução em relação aos acampamentos em frente aos quartéis, quando se abraçavam a pneus, olhando para os céus, a pedirem a continuidade do capitão Jair, no centro do Poder Central. Que loucura!”

      Sr. Roberto, acho ainda mais insano, se enrolar na bandeira dos EUA.
      Isso sim é loucura da braba.

      Acho mais sadio, abraçar os pneus. rsrs…

      Um forte abraço,
      José Luis

  4. Sr. Pedro do Coutto, fale-nos de Biden, USAID, Barroso, Moraes, Lava Toga (2), CIA e como todos esses agentes juntos atuaram contra o Brasil e sua soberania em 2022. Sinceramente, não creio que tenhas coragem para tanto.

    • Caro Eliel … Pelo que sei em 2022 tudo foi feito dentro das chamadas 4 linhas da CIDADÃ …
      Tenho dito há anos – e você deve se lembrar – que a CIDADÃ é muito forte … Há relatos de influencers estrangeiros de que a CIDADÃ está mais poderosa do que a dos States KKK

      Abraço.

    • “Segundo jornalistas, intelectuais, políticos de esquerda — e até membros do Judiciário — Eduardo Bolsonaro teria mais influência internacional do que Lula, o Itamaraty, os 38 ministros, a câmara dos deputados, senado federal, Celso Amorim, a embaixadora em Washington e toda a máquina estatal brasileira… juntos!

      Vocês têm noção do que estão dizendo?
      Acreditam mesmo, em plena consciência, que o secretário de Estado Marco Rubio, o presidente Donald Trump e diversos congressistas americanos foram manipulados por um deputado federal brasileiro?

      Se vocês realmente acreditam nisso, então estão admitindo publicamente que o governo Lula é incapaz, incompetente e totalmente irrelevante diante dos Estados Unidos.
      E o mais trágico: reconhecem que um “fazedor de sanduíche” sozinho é mais eficaz que toda a estrutura diplomática do Brasil.”

      • Acredito sim, e não escreveria se não estivesse essa convicção.

        Eduardo Bolsonaro, é ainda deputado federal e se autoexilou para ser ponta de lança do pai, Jair Bolsonaro junto só governo Trump.

        É cristalino como água, que juntou a fome com a vontade de comer. Trump tem a alma vingativa correndo em suas veias, portanto, tem um componente de troco contra Lula, que apoiou Joe Biden e Kamala Harris, na eleição do ano passado, vencida por Trump.

        Uma ação política, nunca vem sozinha, como em acidentes aeronáuticos, quem tem fatores contribuintes na tragédia, nunca um fator somente para a queda da aeronave.

        Fatores contribuintes para o tarifaço de Trump contra o Brasil:
        BRICs,
        Bigtecks ,
        Vingança de Trump,
        Conquista das Terras Raras, e
        Manipulação de Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, transmitindo mentiras sobre o STF e do governo brasileiro, para fazer chegar a Trump e membros de seu governo, a visão de mundo do Bolsonarismo, em atos impatriótica e covardes, em prejuízo da nação brasileira.

        Simples assim, sem a manipulação grosseira dos fatos e suas conclusões estapafúrdias.

        Quem e contra a liberdade de expressão, é aquele que falou: ” O erro da Ditadura foi torturar e não matar no mínimo 30 mil”. Hoje, posa de perseguido político, num mi mi mi que só engana, quem acredita nas manhas dele. Há coitado, tão bonzinho, só falta asas de anjo.

  5. Gozado essa análise desse petista Pedro do Couto, o Eduardo Bolsonaro não era o bananinha, porquê agora estão valorizando suas ações. Deve estar doendo no bolso dessa mídia vendida.

  6. Com todo o respeito à “LIBERDADE DE EXPRESSÃO” do Sr. Pedro do Couto, gostaria de ver um artigo do magnânimo comentarista sobre a “vaza toga 2”.

  7. Senhor Panorama , infelizmente o saudável ” Instituto do foro privilegiado ” , vem sendo deturpado ao longo dos tempo , sendo que sua criação e institucionalização fora preservar o parlamente de sofrer represálias por suas ideias , e não para cometerem crimes como vem ocorrendo a algum tempo no Brasil , mas os próprios juízes do STF validaram e aprovaram as sucessivas mudanças ” deturpadoras e desvios de finalidades ” nesse instituto visando dar carta branca e salvo conduto para os parlamentares Brasileiros cometerem toda sorte de crimes , com o agravante de que os próprios juízes STF , delegaram aos parlamentares a ultima palavra ao julgarem e condenarem um de seus pares , abrindo mãos de suas prerrogativas legais e constitucionais , e agora mais uma vez me aparecem de forma criminosa com a dança do ” Foro Privilegiado ” .

  8. Pedro do Couto não é jornalista especializado em falar de corda em casa de enforcado. Isso sempre foi mania da esquerda, escondem o feio para mostrar o que acham bonito.

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