Promessas de Trump foram vitória para Putin no debate sobre guerra na Ucrânia

Casa Branca sedia nova reunião sobre guerra da Ucrânia

A expectativa de um acordo de paz é cada vez maior

Frank Gardner
da BBC

O presidente americano, Donald Trump, recebeu nesta segunda-feira (18/8) o governante ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca para um encontro com mais sete líderes europeus. Sobre a mesa, o fim da guerra da Rússia contra a Ucrânia, que poderia ocorrer a partir de um possível encontro trilateral entre o americano, Zelensky e o presidente russo, Vladimir Putin.

Trump afirmou que falaria com Putin ainda nesta segunda após a reunião, que ocorreu três dias depois que o republicano se encontrou com o russo no Alasca, sem que um acordo fosse firmado. Mais amigável que no primeiro encontro, ocorrido em fevereiro e que terminou em tensão entre ambos, a reunião desta vez teve risadas, troca de cumprimentos e foto de líderes.

GARANTIAS – Acenando para as possibilidades, Trump prometeu garantias de segurança para a Ucrânia, mas não ficou claro de que forma essa proteção seria garantida, se liderada pela Otan, ou se poderá contar com outro envolvimento americano.

“Acredito que as nações europeias vão assumir grande parte do fardo”, afirmou. “Vamos ajudá-las.”

Trump disse não acreditar que um cessar-fogo seja necessário para o fim da guerra, em uma postura que indica uma reversão de sua posição anterior às conversas com Putin na sexta-feira no Alasca. “Estrategicamente, isso [um cessar-fogo] pode ser uma desvantagem para um dos lados”, disse Trump a jornalistas. A afirmação de Trump é música para os ouvidos de Putin, que insiste há muito tempo que somente um acordo de paz abrangente nos termos de Moscou deve vir primeiro, seguido de um cessar-fogo.

BOM CLIMA – O encontro se iniciou com uma breve conversa entre Zelensky e Trump no salão Oval, em frente às câmeras, passando depois para algumas perguntas de jornalistas antes deles se sentarem com mais sete líderes europeus.

Participaram da reunião, além de Trump e Zelensky, o chanceler alemão, Friedrich Merz, o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Diante do clima hostil de sua última visita ao Salão Oval, em fevereiro, o presidente ucraniano se esforçou para ser cordial e conquistar seus anfitriões americanos. Antes da reunião começar, ainda no salão Oval, Zelensky disse “obrigado” a Trump e ao governo americano seis vezes nos primeiros minutos em que falou. Na visita anterior, Zelensky havia sido repreendido pelo vice-presidente JD Vance por supostamente não demonstrar gratidão suficiente pelo apoio dos EUA à Ucrânia durante a guerra.

Trump, por sua vez, agradeceu a Zelensky por estar nos EUA e disse que “progressos estão sendo feitos” para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente ucraniano entregou então uma carta de sua esposa, Olena Zelenska, para a primeira-dama americana, Melania Trump, agradecendo a ela por seus esforços empenhados em trazer de volta para casa as crianças ucranianas mantidas na Rússia.

PRECISA DE TUDO – Zelensky foi questionado por jornalistas sobre quais garantias deseja dos EUA. O líder ucraniano disse que precisa de “tudo”, incluindo equipamentos e inteligência.

No início da conversa, houve um momento descontraído em que Zelensky foi elogiado por um repórter por sua vestimenta — o mesmo jornalista que criticou o traje de Zelensky em fevereiro. Desta vez, Zelensky apareceu de terno escuro, em vez de seu tradicional uniforme militar, e tinha pronta uma piada quando foi questionado sobre o traje. Depois de ouvir que estava “fabuloso”, respondeu: “É o mesmo terno da outra vez”, arrancando risadas dos jornalistas, de Trump e de outros presentes.

Como seriam as garantias de segurança à Ucrânia? FNo cerne de qualquer futuro acordo de paz permanente entre a Ucrânia e a Rússia estará algum tipo de garantia de segurança visando dissuadir a Rússia de atacar a Ucrânia novamente.

SEM COMPROMISSO – Até agora, os EUA têm relutado em assumir qualquer compromisso nesse sentido, deixando a tarefa para a Grã-Bretanha e a França, com sua chamada “coalizão dos dispostos”. Mas comentários da Casa Branca sugerem que os EUA podem agora estar preparados para ajudar. Existem, em linhas gerais, quatro possibilidades:

Tropas no local. Esta é considerada a menos provável. Donald Trump vê esta guerra como um problema da Europa, algo que “nunca teria acontecido se ele estivesse no poder”. Para ele, enviar tropas terrestres, mesmo em uma função de manutenção da paz, para um conflito que profundamente o desagrada, seria uma grande reviravolta;

Patrulhas aéreas e marítimas. Isso é mais concebível. A Força Aérea dos EUA já opera voos de vigilância sobre o Mar Negro e outros lugares para monitorar o curso desta guerra. Mas é claro que há uma enorme diferença entre um voo de reconhecimento ou patrulha marítima sem confronto, e um que esteja preparado para se envolver em um confronto armado com uma potência nuclear como a Rússia;

Inteligência. A inteligência aérea e por satélite dos EUA provou ser vital para ajudar a Ucrânia a conter o avanço das forças invasoras russas. No caso de um acordo de paz firmado por todas as partes, esta é uma área em que os EUA provavelmente ficariam felizes em ajudar;

Logística. Qualquer que seja a forma que a “força de segurança” liderada pelo Reino Unido e pela França eventualmente adote no caso de um acordo de paz, ela precisará de muito apoio logístico. Embora o governo Trump tenha indicado que está buscando reduzir sua presença militar na Europa, esta é uma área não letal na qual Washington provavelmente ficaria feliz em ajudar.

PELO TELEFONE – Enquanto Trump, Zelensky e os líderes europeus se preparavam para o encontro, Putin se ocupava ligando para seus homólogos em outros países. O líder russo fez uma chamada para vários governantes: o presidente Lula; Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul; Narendra Modi, da Índia; e Emomali Rahmon, do Tajiquistão.

Segundo informações oficiais do Kremlin, Putin estava atualizando as outras lideranças sobre sua reunião no Alasca no fim de semana. Em nota, o Planalto afirmou que o líder russo avaliou o encontro como positivo.

“Após abordar os diversos temas discutidos com o presidente Trump, Putin reconheceu o envolvimento do Brasil com o Grupo de Amigos da Paz, iniciativa conjunta com a China”, disse o governo russo em nota.

8 thoughts on “Promessas de Trump foram vitória para Putin no debate sobre guerra na Ucrânia

  1. Trump late e não morde…

    Late pra Moraes

    Late pra Lula

    Late pra Maduro

    Late pra Putin

    Late pra Xi

    Pior do que o meu cachorro idoso no portão que late pra todo mundo que passa.

    Moto barulhenta, então, ele odeia.

    Cachorro banguela.

  2. “Não vamos dividir a Ucrânia em duas como fizemos com a Alemanha. Pega tudo de volta que você mandou para a Venezuela e a deixe para nós”

Deixe um comentário para Carlos Pereira Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *