Eduardo Bolsonaro e o jogo contra a democracia

Eduardo tenta o mesmo sistema democrático que o legitimou

Pedro do Coutto

Eduardo Bolsonaro tem ampliado seus movimentos fora do país, numa ofensiva que já o levou aos Estados Unidos e agora aponta para a Europa. Seu objetivo, segundo aliados e interlocutores, é buscar apoio junto a partidos e governos da extrema-direita europeia, como Hungria, Itália e Espanha, para pressionar o Supremo Tribunal Federal e desgastar o governo Lula.

A viagem, prevista para setembro, revela um alinhamento com figuras como Viktor Orbán e Matteo Salvini, num tabuleiro político que transcende fronteiras e tenta internacionalizar a narrativa de “perseguição” contra a família Bolsonaro. O paradoxo é evidente: eleito no Brasil dentro das regras democráticas, Eduardo recorre ao exterior para minar o mesmo sistema que o legitimou.

ESCUDO RETÓRICO – A democracia, nesse caso, torna-se um escudo retórico, útil para acusar o Judiciário de autoritarismo, mas dispensável quando os interesses familiares e políticos estão em jogo. Ao deslocar sua atuação para palcos internacionais, o deputado cria uma espécie de diplomacia paralela, voltada não à defesa do país, mas à tentativa de reverter investigações e enfraquecer instituições. O gesto, mais do que uma viagem, simboliza o caminho perigoso de quem vê no poder um fim em si mesmo, ainda que à custa do próprio pacto democrático.

Não é a primeira vez que líderes políticos tentam se apoiar em redes internacionais para fortalecer causas domésticas, mas o movimento de Eduardo Bolsonaro chama atenção pela clareza do seu propósito: confrontar ministros do STF, em especial Alexandre de Moraes, e construir no exterior uma base de legitimidade para o discurso de que o Brasil estaria sob ameaça de um “tribunal autoritário”.

O risco, porém, é que essa retórica não encontra eco real em governos estrangeiros, servindo mais como combustível para o público interno e como instrumento de pressão sobre as instituições brasileiras. O que se observa é uma espécie de encenação política transnacional, em que o deputado se apresenta como vítima de perseguição, enquanto estreita laços com forças políticas conhecidas por tensionar valores democráticos em seus próprios países.

CONVENIÊNCIA – Essa escolha não é acidental: orbitar ao lado de Orbán, Salvini ou Vox, na Espanha, significa compartilhar não apenas uma estética política, mas também uma visão de mundo que reduz a democracia a uma ferramenta de conveniência. Para além da retórica, a questão central é até onde essa narrativa pode corroer a confiança da sociedade brasileira em suas próprias instituições.

Cabe, por fim, refletir sobre o impacto de tais movimentos no futuro político do país. Ao buscar respaldo externo, Eduardo Bolsonaro parece apostar em um cenário de permanente instabilidade, no qual o confronto com o Judiciário se sobrepõe a qualquer agenda construtiva.

Essa estratégia pode mobilizar setores mais radicalizados, mas também expõe o Brasil a um constrangimento internacional: que democracia é essa em que um parlamentar eleito prefere atuar como embaixador da discórdia, em vez de representar os interesses nacionais. A resposta a essa pergunta definirá muito mais do que o destino de uma família política — pode marcar a solidez, ou a fragilidade, do nosso próprio pacto democrático.

20 thoughts on “Eduardo Bolsonaro e o jogo contra a democracia

  1. Nem tanto ao Lula de toga

    Nem tanto ao Bananinha

    Há excessos e perseguições de ordem política, aparelhando o Estado-controle midiático por interesses pessoais de poder.

    Dois lados imprestáveis.

    Inúteis, estorvos para o país.

    • Carta no Manga da Capital.

      Tá explicado.

      Se dependesse de Lula, os juros seriam baixados à força como Dilma-Pombini.

      E os diretores e presidentes do BACEN não teriam mandatos fixos e segurança para trabalharem.

    • Bozo foi o “homem” (movimento) errado no momento histórico certo.

      Deu no que deu.

      “Se eu errar, o outro grupo da mesma facção volta”.

      Voltaram com um belo acordo de propaganda e toga debaixo do braço.

  2. “A imprensa é muito séria, se você pagar eles até publicam a verdade”.
    (Juca Chaves)

    “A decisão do ministro Flavio Dino, embora pareça uma defesa da soberania, é inútil. A lei Magnitsky não funciona no Brasil. Ela vale para instituições financeiras que tenham relação com o ministro Alexandre de Moraes. Se um banco brasileiro fizer qualquer tipo de transação internacional com ele – cartão de crédito, transferência internacional – será punido, simples assim”.
    (Merval Pereira, 24/08/2025)

    Matando a cobra e mostrando o pau. Do mesmo Merval Pereira e mesma data:

    “Não existe interferência nenhuma nas ações internas do Brasil. As leis brasileiras valem para os bancos brasileiras. Agora, se um deles arriscar uma transação internacional com o ministro e tentar escapar da lei nos EUA, pode fazer, mas não vai dar certo”.

    Curtinhas:

    PS.: VIROU UBER
    A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara exigiu explicação do Ministério da Justiça pelo uso de avião para que o filho de Lula pudesse flanar por aí. O passeio ocorreu em 5 de maio.
    (Deu na Coluna de Cláudio Humberto, 25/08/2025)

    PS. 02: PENSANDO BEM…
    …estão ainda reciclando a madeira que vai construir a mesa de negociações com os EUA.
    (Coluna Cláudio Humberto, 25/08/2025)

    PS. 03: CRIME CONTRA IDOSOS: EX-SOGROS DE BOLSONARO SÃO VÍTIMAS DE ASSALTO E FEITOS REFÉNS NO RIO.
    Ex-mulher e ex-sogros de Bolsonaro são feitos reféns no Rio de Janeiro.
    O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que sua mãe e seus avós foram feitos de reféns em assalto onde moram em Resende, no Rio de Janeiro.

  3. Pela primeira vez, assistimos uma família, um clã atuando no exterior contra o Brasil. O deputado federal, Eduardo Bolsonaro, em concluio com o pai Jair, implementaram ações deletérias em flagrante delito, ao requererem junto a potência estrangeira, no caso o presidente Donald Trump para pedir sanções contra o Brasil, até que Jair Bolsonaro seja beneficiado com ANISTIA, Ampla, Geral e Irrestrita.

    Segundo o deputado Eduardo, o que interessa de fato é a Anistia para o pai. Em nenhum momento, há referência aos réus dos núcleos envolvendo militares de alta patente presos, o núcleo dos civis e os vândalos do oito de janeiro, que foram julgados e estão cumprindo penas.

    São ações impatrióticas, que envolvem líderes religiosos, governadores de Estado ( Tarcísio, Zema, Castro e Caiado) e empresários anti nacionais.

    O Brasil está sendo minado por sua própria gente brasileira, que usava a bandeira brasileira em comícios e agora queima o símbolo nacional em fogo brando, que falava em Pátria e se jogam contra a Pátria para atingirem seus objetivos pessoais. Quanto a Família, pouco se importam com os efeitos do tarifaço aplicado por Trump, nas famílias dos desempregados, principalmente na São Paulo do governador Tarcísio, um forasteiro carioca em Sampa.

    E ainda tem gente, fora da política, que apoia a sangria dessa família contra o Brasil. Que fazer?

  4. A pretexto de combater a corrupção, a liberdade de expressão, as injustiças, quando se dizem patriotas, que falam em recuperar o nosso país, na realidade são narrativas que visam recuperar o Poder perdido.

    Só querem voltar a mandar para nada fazerem pelo povo e pela pátria. O objetivo é patrimonialista, enriquecerem ainda mais, pelo voto ou pelas armas. Por isso tentaram o Golpe de Estado, porque em junho de 2022, pesquisas encomendadas por esse grupo bolsonarista golpista, davam a eleição como perdida.

    Tentaram o Golpe, mesmo sabedores que custaria a vida de mais de 30 mil brasileiros, porque os kidpretos já tinham a lista de quem iria morrer ou viver.

    Advogados, processos no STF, Habeas Corpus, liberdade de expressão, seriam figuras de retórica, o Tribunal Revolucionário não iria precisar desses recursos da Democracia.
    A nação escapou por pouco de uma guerra civil, porque diferente de 1964, o Golpe não tinha adesão total nas Três Forças Armadas. A nação seria banhada em sangue, irmãos lutando contra irmãos, como ocorre nas redes sociais sem controle e sem educação.

  5. Dia do Soldado. Viva os soldados, os guardiões das fronteiras nacionais. Que se mantenham na função constitucional de defesa da pátria, dentro dos quartéis, técnicas e profissionais.

    • “Que se mantenham na função constitucional de defesa da pátria, dentro dos quartéis”
      PS. Verdade! Ali estão os graduados inimgos!

  6. Carlos Bolsonaro chamou os governadores de ratos, principalmente os que discordaram no convescote de bois de Barretos.
    Tarcísio, Zema, Caiado e Jorginho Mello, fizeram cara de paisagem.

    Safra de governadores vassalos de Bolsonaro. O silêncio covarde, desses governadores, é uma fraqueza de caráter e a certeza, de que não seriam governadores sem o apoio de Bolsonaro. Como querem ser presidentes, se dependem do Bolsonaro, até para se elegerem como Executivos em seus Estados,?

    Dão claras evidências de falta de musculação política e imploram ajuda de Bolsonaro. Tal e qual o tiozão Malafaia disse sobre Eduardo, esses governadores são babacas ao cubo.

    Atrás de migalhas eleitorais de Bolsonaro. Se chegarem lá no Planalto, vão trair Bolsonaro,.porque naquelas carinhas ridículas, escondem um Judas Escariotes.

  7. Uma correção. O governador de Mato Grosso se insurgiu contra as falas de Eduardo Bolsonaro. Ponto para ele. Mas, esse governador não estava em Barretos.
    A direita está assanhada e feliz, com a via sacra de Bolsonaro. Acham, que vão se livrar dele em setembro.
    O Centrão já optou pelo vassalo Tarcísio, o pior de todos os governadores.

    E o presidente de fachada do PL, Valdemar da Costa Neto, em discurso em São Paulo comparou Bolsonaro a Che Guevara. Na prática, disse que o golpista Bolsonaro é um guerrilheiro da Direita, porque esquerdista e revolucionário como Che, o Bolsonaro nunca foi e nunca será.

    Seu Valdemar,.o lindão de Mogi das Cruzes, porque não te calas. O presidente do PL só abre a boca para falar besteira. Na prática, o presidente do PL, chama-se: Jair Bolsonaro, a eminência parda do Partido Liberal.

  8. Na mídia e aqui a ordem é esculhambar os adversários da esquerda, Tarcísio e Bolsonaro.
    Não fazem a defesa e propaganda do próprio candidato, qual motivo?
    Vai ver são os politicamente corretos, aqueles que acham possível pegar um pedaço de cocô pelo lado limpo.

  9. Sr. Pedro do Coutto é um caso perdido. O LADRÃO pode roubar até o último centavo da aposentadoria dele, que continuará dizendo que a culpa do Brasil estar do jeito que esta é do Bolsonaro, mesmo o PT estando no poder já indo para 20 anos.

    “Um homem sem dentes e AINDA NEGRO, não pode representar o Brasil”

    Esse pode tudo não é mesmo seu Pedro?

    • Nenhum bolsonarista tem coragem de comentar os 30 milhões movimentados por Bolsonaro. E ainda tem a cara de pau em acusar os adversários de corruptos. Acusa os outros, quando é igual ou pior.

      Esses políticos de olhos azuis, são racistas desde criancinhas.
      Veja o caso do corrupto e golpista Donald Trump, racista de quatro costados. O alaranjado, ídolo do Bolsonaro, acaba de demitir a Diretora do Banco Central, simplesmente porque é negra, desafiando a independência do BC americano. Alegou justa causa, por problemas na hipoteca da diretora negra. Racista e homofóbico, o guri do Bolsonarismo. O clã Bolsonaro, tem um amor profundo por Trump. O mal sempre procura o mal para se relacionarem.

      E para aguentar a tragédia, Donald Trump ordenou o FBI para invadir a casa do ex- assessor, Bolton, que está escrevendo um livro contendo os bastidores da corrupção do presidente no primeiro mandato. O FBI invadiu o escritório e a casa de Bolton.

Deixe um comentário para Roberto Nascimento Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *