Brasil não ganha nada se Lula decidir retaliar os Estados Unidos

Governo Lula termina decreto que regulamenta Lei de Reciprocidade para  retaliar EUA caso necessárioVinicius Torres Freire
Folha

Apenas a China reagiu à agressão comercial de Donald Trump. O Canadá ensaiou contra-ataque, mas recua. O restante do mundo por ora aceitou armistício em condição subalterna. O Brasil ensaia retaliação.

 O governo toma providências para que possa contra-atacar, com base na Lei de Reciprocidade, que, por falar nisso, tramitou porque o agro queria meios para reagir a restrições comerciais da União Europeia motivadas por critérios ambientais.

RISCO DE PERDER – O que o Brasil vai ganhar com isso? Nada, com risco de perder. O governo diz que tal reação pode ser meio de induzir os americanos a conversar. Não explica de onde tirou tal ideia. A desinformação a respeito do que quer Trump é total, como diz gente do governo brasileiro, em conversa reservada.

No final de um processo de meses, o Brasil poderia adotar retaliações com base nessa lei. Aumentar impostos de importação sobre produtos americanos é idiotice, prejuízo para empresas daqui. Tributar empresas de serviços baseadas no Brasil e quebrar patentes ou outros direitos seriam alternativas.

Afora o fato de que o Brasil correria riscos de reputação no mundo (quebrando patentes, por exemplo) por ganho duradouro nenhum, a medida não faria coceira nos EUA.

ALVOS PIORES – Agora ou depois, o risco óbvio de retaliar com estilingue é incentivar um ataque com mísseis em alvos ainda mais sérios do que o comércio, como finanças e investimento. Como se não bastasse, o momento é inoportuno. Nesta semana, empresas brasileiras vão aos EUA vender seu peixe e começa o julgamento de Jair Bolsonaro, outro risco de que Trump volte a dar dois minutos de atenção agressiva ao Brasil.

 

O restante do mundo engoliu o que são por ora diretrizes de acordo (ainda não há acordos), o que ajuda a ganhar tempo e a enrolar.

]União Europeia, Japão ou Coreia do Sul, entre outros, estavam aturdidos pela pancada, temiam prejuízos grandes e imediatos. Agora, fazem conta de perdas e observam a reconfiguração mundial.

FAZER ACORDOS – Ainda muito incipiente, começam a pensar em como fazer acordos ou frentes informais a fim de ainda manter o comércio ex-EUA (85% dos negócios) sujeito a alguma regra. Recuaram, talvez além da conta, a fim de se reorganizarem e lidarem com mudança ou conflito longos.

Parece improvável que a Suprema Corte aceite a decisão de tribunais que barrou o tarifaço indiscriminado de Trump baseado na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.

A corte é trumpista, seria golpe forte no poder de Trump, doméstico e externo, e problema grave para as contas do governo (que tapa parte do déficit extra de Trump com imposto de importação).

ALGUMAS MUDANÇAS –  Mas pode haver mudanças. Trump teria de recorrer a outros instrumentos legais, com tarifação mais caso a caso. De qualquer modo, além do tarifaço mundial, Trump já projeta mais tarifas sobre chips, farmacêuticos, químicos, veículos pesados, móveis, madeira, produtos de minerais críticos, aviões, motores, o diabo, como já o fez com aço e alumínio.

Haverá rodadas periódicas de abertura de novos processos, a pedido de empresas que se julguem prejudicadas. Enfim, a guerra comercial parece ser apenas o começo de um projeto diferente de domínio americano.

Para variar, o Brasil estava despreparado. Tem raras políticas de longo prazo atualizadas e pensadas. Retaliar com estilingue é não entender o tamanho da encrenca. Discurseira nacionalista é irrelevante. O momento é de atenuar prejuízos, respirar e pensar em

8 thoughts on “Brasil não ganha nada se Lula decidir retaliar os Estados Unidos

  1. Lula tem que ” sábio e sensato ” aproveitando essa oportunidade e usa-la para se afastar do julgo do mercado norte-americano , usando o falso excedente (através do arrocho salarial) de exportação produtos agropecuários e recoloca-los para consumo interno Brasileiro em benefício do povo , além de incentivar os importadores de produtos acabados com valores agregados dos EUA , e substituí-los por produtos similares nacionais , adquirindo-os no mercado interno e em outros países , incentivando a indústria local a fabrica-los no Brasil , com justos incentivos fiscais , sem que haja necessidade de retaliações , sabendo-se de antemão que esse é o objetivo de nossos inimigos internos e do governo agressor estrangeiro .

  2. China: Cúpula histórica da OCX (Organização de Cooperação de Xangai) reúne mais de 20 líderes internacionais em Tianjin, entre 31-agosto e 1-setembro-2025, com Xi, Putin e Modi à frente.
    Na pauta, a discussão do Tarifaço de Trump
    Vídeo/áudio:
    https://www.instagram.com/reel/DOCTXcjkndd/

    Com Lula cá, distante, conscientizando-se de sua irrelevância externa.

  3. O plano de Trump para reverter o declínio dos EUA dará certo? Não sei, é difícil reindustrializar os EUA ou qualquer outro país. As medidas de Trump são bastante agressivas com essas tarifas, as quais fatalmente irão impactar o custo de vida dos americanos, mas acho que não havia muita coisa diferente a fazer. Claro que algumas retaliações foram misturadas politicamente, a fim de demosntrar força.
    Uma análise bem lógica:

    https://www.youtube.com/watch?v=VOUGeOvi1QA&fbclid=IwY2xjawMis3NleHRuA2FlbQIxMQABHtC6o18795HmHeV9E61ZvPNhLJ3DYeD9Sjy187KpYonnCHMq09kIPab3DRd8_aem_DbzGGHjSVNkyR3lAGxARjA

  4. A tragédia de uma elite

    Ao tentar aniquilar Jair Bolsonaro, o regime brasileiro acendeu um alarme no coração do trumpismo: o de que nenhuma liderança conservadora estaria segura caso o precedente brasileiro triunfasse. A resposta americana, portanto, não é diplomática — é doutrinária. Não protege apenas um aliado: protege um paradigma.

    Agora, Brasília encontra-se diante de um dilema insolúvel. A perseguição a Bolsonaro, tratada internamente como jogo de poder, transformou-se em pauta de segurança internacional. Trump, diferentemente dos burocratas do Departamento de Estado, não age com distanciamento tecnocrático: ele age com a força de um imperador pós-moderno, decidido a vingar um aliado que vê como reflexo.

    Recuar é admitir fraude narrativa. Avançar é desafiar sanções que podem implodir a economia nacional. A elite brasileira, em seu delírio tecnocrático, criou uma armadilha perfeita: qualquer saída agora significa perder tudo.

    Este não é apenas um embate entre um regime e um ex-presidente. É um capítulo da nova guerra civilizacional que divide o Ocidente: de um lado, o globalismo institucional, burocrático, moralmente relativista; do outro, o populismo nacional-conservador, com raízes populares e apelo emocional.

    Bolsonaro tornou-se, por força das circunstâncias, um símbolo continental — não apenas do Brasil, mas de toda uma corrente de pensamento em ascensão no mundo. A tentativa de destruí-lo criou, paradoxalmente, sua maior blindagem: a da transcendência política.

    O mais devastador nesse episódio é a constatação de que tudo poderia ter sido evitado. Bastava sensibilidade estratégica, leitura geopolítica mínima, compreensão dos vetores do poder em 2025. Mas a elite brasileira, viciada em sua bolha midiática e seduzida por sua autopercepção iluminista, riu de Eduardo Bolsonaro e ignorou os sinais gritantes que vinham do norte. As visitas a Mar-a-Lago. Os acenos de Trump. As falas inflamadas de congressistas republicanos. A cobertura intensa da mídia conservadora americana. Tudo foi tratado como ruído. Agora, é tarde.

    O terremoto político reverbera para além das fronteiras. Governos latino-americanos observam com atenção: se os EUA intervêm — política e economicamente — para proteger um ex-presidente em outro país, qual será o novo limite do jogo hemisférico? A lição é clara: o preço da repressão política interna pode ser cobrado em escala internacional.

    E, num paradoxo cruel, o regime que buscava apagar Bolsonaro do mapa político acabou por elevá-lo à condição de ícone continental.

    Quando a história se vira contra os arquitetos do poder

    Não há mais zona cinzenta. Ou se rende completamente — com anulação de processos, restauração de direitos políticos e reconhecimento de abusos — ou se enfrenta o colapso: econômico, diplomático e moral.

    O regime criou uma armadilha da qual não consegue sair, porque a própria sobrevivência passou a depender da destruição de um homem — e, agora, desse homem depende a estabilidade do país.

    Os historiadores do futuro serão implacáveis. Identificarão 2025 como o ano em que o Brasil selou seu destino como peão no tabuleiro de uma nova guerra ideológica global. Não foi a desigualdade. Não foi a polarização. Não foi a corrupção. Foi a cegueira estratégica.

    Tentaram destruir um homem. Destruíram a si mesmos.

    E o homem de quem riam, por “fritar hambúrgueres” em Missouri, agora observa — sereno, estratégico, firme — enquanto seus adversários marcham em direção ao colapso que eles próprios arquitetaram.

    A História, afinal, não perdoa arrogância acompanhada de ignorância. E jamais subestima os homens que, em silêncio, constroem o futuro (Francisco Carneiro Júnior, autor da tetralogia “O Silêncio das Noites Escuras — Guerra, terrorismo e operações especiais”; 31/8/25)

    • Parabéns prezado Tribunario…Sr.JR…

      Texto simplesmente IRRETOCÁVEL.

      Poderia Carlão NOSSO Editor…Publica-lo como um artigo em nossa TI…
      Seria mui elucidativo.

      Parabéns…Prezado.

      Saúde e paz para a sua Casa.

      YAH O ALTÍSSIMO NOSSO CRIADOR E SALVADOR SEJA LOUVADO SEMPRE.

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