
Defesa já acena que pedirá a conversão do regime fechado
Pedro do Coutto
Os desdobramentos da condenação de Jair Bolsonaro e de seus sete aliados pelo Supremo Tribunal Federal abriram uma nova fase no processo: a definição do regime de cumprimento da pena. A defesa do ex-presidente já acena com a possibilidade de recorrer pedindo a conversão do regime fechado em prisão domiciliar ou, ao menos, em regime aberto.
O argumento central se ancora na idade — Bolsonaro completou 70 anos — e em seu histórico de saúde, marcado por cirurgias, internações e sequelas do atentado sofrido em 2018. A Lei de Execução Penal, em seu artigo 117, permite a concessão de prisão domiciliar a maiores de 70 anos ou a portadores de doenças graves, mas a aplicação não é automática: depende de laudos médicos, análise individualizada e decisão fundamentada do Judiciário.
REQUISITOS – O ponto sensível está em que, embora Bolsonaro reúna condições para pleitear esse benefício, não é plausível que todos os oito condenados tenham requisitos semelhantes. A extensão indiscriminada de prisão domiciliar ou regime aberto a todos os envolvidos esvaziaria o sentido da condenação e fragilizaria a percepção pública de justiça.
A experiência recente com outros políticos, como Fernando Collor, mostra que o STF já concedeu medidas humanitárias, mas sempre de forma restrita e justificada. A preocupação agora é evitar que prerrogativas legais específicas se transformem em estratégia coletiva de impunidade.
O caso, contudo, não se esgota na esfera jurídica. A pressão política, tanto doméstica quanto internacional, já se faz presente. Declarações de Marco Rubio, secretário de Estado do governo Trump, classificando a condenação como perseguição e insinuando represálias americanas, foram recebidas com firmeza pelo Itamaraty, que reafirmou a independência do Judiciário brasileiro.
POLARIZAÇÃO – Ainda assim, a retórica externa alimenta a polarização interna e oferece munição discursiva a setores que insistem em tratar a punição como um ato político, e não como resposta institucional a um crime de extrema gravidade contra a democracia.
Nesse contexto, o STF enfrenta um teste decisivo: aplicar a lei com rigor, mas também com equilíbrio, distinguindo situações em que a idade ou a saúde realmente impõem tratamento especial daquelas em que tais alegações se revelam apenas estratégia de defesa.
RISCO – Se ceder a pressões políticas ou criar exceções artificiais, a Corte arrisca corroer a credibilidade do julgamento. Se, por outro lado, agir com firmeza, ainda que reconhecendo a dignidade humana em casos excepcionais, reafirmará o compromisso do Brasil com a justiça democrática.
A execução da pena de Bolsonaro e seus aliados, portanto, não é apenas um ato burocrático; é um capítulo crucial que mostrará até onde o país está disposto a ir para proteger sua democracia sem abrir mão da humanidade.
Bolsonaro, um cadáver insepulto
A condenação de Jair Bolsonaro e de seus associados por tentativa de golpe de Estado não significa que esses dejetos da democracia tenham sido eliminados da vida nacional.
Pelo contrário: sob inspiração do ex-presidente, um cadáver político insepulto convertido agora numa espécie de El Cid da direita reacionária nacional, a tropa liberticida pretende continuar a atazanar os brasileiros, criando sucessivas crises institucionais e prejudicando o Brasil com o objetivo último de desmoralizar a democracia – raison d’être de Bolsonaro.
(…)
O Estado de S. Paulo, Opinião, 13/09/2025 | 03h00 Por Editorial
https://www.estadao.com.br/opiniao/bolsonaro-um-cadaver-insepulto/
Ao chamar, em Editorial, Bolsonaro e seus asseclas de “dejetos da democracia” e usar outros termos baixos, os donos do Estadão parecem descer ao padrão do próprio ex-mito.
Pensar em agir humanamente é nobre. Também é nobre impor as leis.
O condenado muitas vezes mostrou não dar a mínima para o bem estar alheio (“e daí, porra, eu não sou coveiro!’; eu sou Messias mas não faço milagres!). Além desse desdém pela sorte dos outros, o bonitão ainda queria se tornar ditador. Deu com os burros nágua!
Agora nossa justiça deveria agir para passar a limpo as sujeiras antigas do Lula. Aí, minha gente, nosso país se tornaria exemplar e invejável!
Sr. Sablons,
VEJA, AO VIVO E A CORES:
https://youtu.be/unjwCA9RdSk?si=CnYn_OKlkZwxakJ9
Um ótimo Domingo democrático.
José Luis
Agora nossa justiça deveria agir para passar a limpo as sujeiras antigas do Lula
Impossível: há muito dinheiro em jogo.