Para salvar Bolsonaro, aliados querem que EUA apoie anistia e CPI do STF

Com rito acelerado, a anistia pode ser aprovada este mês na Câmara

Charge do Eri (Arquivo Google)

Guilherme Caetano
Estadão

Com Jair Bolsonaro condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão, o bolsonarismo deve abrir ao menos três frentes de batalha para tentar salvar o ex-presidente e contra-atacar o Judiciário: duas no Congresso e uma no âmbito internacional, em especial nos Estados Unidos de Donald Trump.

O deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição e o aliado de Bolsonaro mais presente na plateia da Primeira Turma do STF durante o julgamento, avalia que a “brecha jurídica” aberta pelo voto dissidente do ministro Luiz Fux deve ser usada para tentar reverter o quadro do ex-presidente.

Fux foi o único dos cinco ministros que compõem a Primeira Turma do STF que repetiu as alegações apresentadas pelas defesas, votou pela nulidade do processo e rechaçou o teor golpista dos episódios que precederam o 8 de Janeiro. Os demais ministros condenaram Bolsonaro pelos crimes de organização criminosa, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

VOTO DISSIDENTE – A saída traçada pelos bolsonaristas para salvar o ex-presidente passaria por instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista — com deputados e senadores — para investigar eventuais abusos e irregularidades do Poder Judiciário. A empreitada tem apoio até mesmo da ala moderada do bolsonarismo, como o senador Marcos Pontes (PL-SP).

A ideia da CPI nasce do crescente sentimento entre os bolsonaristas de que o julgamento encerrado no último dia 11 de setembro foi um “jogo de cartas marcadas” entre magistrados que querem perseguir o ex-presidente.

“O poder corrompido não trata quem pensa diferente como adversário, mas como inimigo a ser eliminado. Nesse cenário, uma reorganização e fortalecimento (do bolsonarismo) são necessários. Assim como o Brasil precisa estar livre, todos os presos políticos — incluindo Bolsonaro — também precisam. É por essa liberdade que trabalharemos”, diz a deputada Júlia Zanatta (PL-SC).

ADESÃO À CPI – Os bolsonaristas têm mantido um site, registrado no nome do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), para monitorar a adesão dos parlamentares à ideia de criação da CPI e pressionar os demais. O placar apontava, na tarde da sexta-feira, 12, um total de 184 assinaturas a favor nas duas Casas, 145 contrários e 284 indefinidos. Zucco diz estar reunindo as últimas assinaturas necessárias para protocolar o pedido de instalação da comissão.

“Nós temos discutido a CPI da Vaza Toga. A gente entende que, como não temos como recorrer em nenhuma instância (dentro do Brasil), possamos levar isso para tribunais internacionais. Vamos tratar com o Filipe Barros (presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara) a possibilidade de ida de parlamentares ao parlamento americano, a entidades jurídicas internacionais, para levar as denúncias”, afirma ele.

APOIO DOS EUA – Nessa frente internacional mencionada por Zucco estaria a articulação que vem sendo feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo comunicador Paulo Figueiredo.

Os dois têm feito reuniões em Washington para pressionar a Casa Branca a sancionar ministros do STF e tentar impedir punições contra o ex-presidente.

“Só há uma postura possível (a partir da condenação): uma luta incessante em cada front por uma anistia ampla, geral e irrestrita. Congresso, governos, Estados, lideranças religiosas, comunicadores, setor empresarial e, claro, os Estados Unidos com os demais países da comunidade internacional”, diz Figueiredo, questionado pelo Estadão sobre qual frente priorizar.

OFENSIVA DE TRUMP – Os Estados Unidos aparecem como nova fronteira da direita brasileira, uma vez que Trump já demonstrou, na ocasião do tarifaço e da imposição da Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, estar atento ao julgamento de Bolsonaro e que pode usá-lo como munição para outra ofensiva contra o Brasil.

O Partido Liberal (PL) vê surgir mais uma vez, após sucessivos fracassos, um novo momento político para avançar com a anistia. A bancada federal está definindo as estratégias de atuação e espera ver o tema ser pautado no Colégio de Líderes no mesmo dia.

Apesar da pressão bolsonarista, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), vem fazendo o que pode para empurrar a discussão da anistia. Ele segue sem dar previsão de votação nem indicar relator para o tema.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A resistência de Motta tem limites. O regimento da Câmara determina que, se houver apoio da maioria absoluta dos deputados ou assinatura de líderes de partidos que representem esta maioria (metade mais um), o presidente da Câmara é obrigado a reconhecer situação de “urgência urgentíssima” e tem de pautar o projeto na primeira sessão. Para vocês terem uma ideia, na História Republicana já houve “urgência urgentíssima” para atrasar o relógio do plenário e não perder o prazo. (C.N.)

17 thoughts on “Para salvar Bolsonaro, aliados querem que EUA apoie anistia e CPI do STF

  1. Sr. Newton

    Como todo nós sabemos que o Demônio Comunista chamado de Frei não sabe ler nem escrever, algúem precisa ler este artigo para ladrão corrupto que destruiu a vida de milhões de idosos aposentados….

    “..Aposentados permanecem no mercado de trabalho mesmo após a conquista da aposentadoria

    Brasil tem 23 milhões de aposentados, mas benefício nem sempre é suficiente para cobrir todos os gastos e se torna uma forma de complementar renda

    Por Clarice Viana

    Na Rua Visconde do Rio Branco, número 11, centro de Niterói, uma senhora segue a mesma rotina 3 vezes por semana: chega às 7h40 da manhã, vai à padaria comprar pão, faz café para todos do prédio, e começa a se preparar para limpar o local. Copeira há 24 anos, a funcionária sai do trabalho às 17h e, quando chega em casa, precisa fazer tarefas domésticas e cuidar do seu filho. Zuleide de Oliveira, carinhosamente apelidada de “Zuzu” pelos outros funcionários do local, tem 69 anos, trabalha na Secretaria de Conservação e Serviços Públicos de Niterói (SECONSER) e se aposentou com 60 anos, mas nunca parou de trabalhar. Assim como ela, no Brasil, outros diversos aposentados continuam trabalhando mesmo após a conquista da aposentadoria.

    De acordo com o Sistema Único de Informações de Benefício (Suibe), o Brasil possui 23 milhões de aposentados. Segundo ele, quase 70% dos estados brasileiros possuem moradores dependentes de benefícios pagos pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que o número de beneficiários da Previdência pode dobrar até 2060, chegando a 60 milhões, enquanto o número de contribuintes tende a diminuir. Em 2022, o número de trabalhadores que contribuiam para o INSS era de 61,8 milhões. Em 2060, a estimativa é de que esse número caia para 57,2 milhões.

    Zuleide, antes de trabalhar na SECONSER, foi gari da Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói (CLIN). Mesmo tendo se aposentado há quase uma década, a senhora nunca pôde parar de trabalhar, pois o valor recebido não é suficiente para cobrir todas as suas despesas essenciais. “Está difícil, só a aposentadoria não dá, infelizmente não tem como eu parar de trabalhar”, contou a copeira.

    https://jornalocasarao.uff.br/2025/01/16/aposentados-permanecem-no-mercado-de-trabalho-mesmo-apos-a-conquista-da-aposentadoria/

    • Para o economista Victor Leonardo, a reforma da previdência foi danosa para a população brasileira. “Até então, o cálculo da aposentadoria levava em consideração a média dos 80% maiores salários, e a Reforma da Previdência de 2019 instituiu a média dos 100% dos salários no cálculo do benefício. Então isso reduz o valor da aposentadoria. Eu não vejo nenhuma mudança positiva nas mudanças aprovadas em 2019”,

      • “Estou recebendo benefício, aposentadoria, mas com um salário mínimo só não tem como a gente sobreviver, né? Tem que pagar o remédio, isso, aquilo. Aí não sobra nada. Então, eu ajudo meus filhos, para complementar a renda”, diz o trabalhador, que vive em Mogi das Cruzes (SP).

          • Eduardo Cunha, o ‘padrinho’ de Mottinha

            Voto secreto: Hugo Motta imita Eduardo Cunha ao não aceitar derrota e repetir votação para ganhar

            Hugo Motta não inventou a roda ao torcer o regimento da Câmara e promover nova votação para reverter uma derrota em plenário.

            A manobra foi copiada de seu padrinho na política: o deputado cassado Eduardo Cunha, ex-presidente da Casa.

            Em julho de 2015, Cunha sofreu uma derrota ao tentar aprovar a redução da maioridade penal para 16 anos. A proposta teve 303 votos favoráveis, cinco a menos que o necessário para mudar a Constituição.

            No dia seguinte, o então presidente da Câmara articulou uma emenda aglutinativa para recolocar o tema em votação. Desta vez, garantiu 323 votos, e o texto foi aprovado.

            Nesta quarta-feira, Motta patrocinou uma manobra idêntica à do padrinho.

            Depois de ver o plenário rejeitar o voto secreto para autorizar a abertura de processos criminais contra parlamentares, ele patrocinou uma emenda aglutinativa, repetiu a votação e conseguiu emplacar a mudança na PEC da Blindagem.

            Fonte: O Globo, Opinião, 17/09/2025 14h43 Por Bernardo Mello Franco

    • “…MPF diz que Jovem Pan é ‘indigna’ de concessão e pede cassação das outorgas…”

      MPF pede cassação de concessões da Jovem Pan por desinformação

      Emissora ainda pode ser condenada ao pagamento de R$ 13,4 milhões como indenização por danos morais coletivos ..””

      PS>

      A Joven TucanaPan nunca foi de “direita” ultra-mega-superconservadora” como querem os Demo-Comunas…

      A propósito, já assisti alguns videos sobre o que acontecia nos bastidores dessa emissora, é de cair o ás de copa das nádegas…..

      aquele abraço….

  2. A reunião da ONU em setembro promete. Os Estados Unidos preparam uma surpresa para o LADRÃO e seus aliados do e$$eteefe durante o encontro. Dizem que trump em seu discurso, vai expor o LADRÃO e o e$$eteefe para o mundo (para as 193 nações presentes), se realmente o fizer será um desmascaramento e humilhação mundial.

  3. Qual seria a surpresa do velho Hélio Fernandes ao ver em que se transformou este espaço?

    O CN ficou 70 anos calado, como se apoiasse as falas do ex-amigo Hélio, para explodir em um bozoloide desconexo — com perdão pelo pleonasmo.

    Que vergonha alheia, Sr. Carlos Níuto.

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