A voz das ruas contra a blindagem e a anistia não dá margem a dúvidas

Protestos reuniram milhares de pessoas em várias capitais

Pedro do Coutto

As manifestações realizadas no último domingo em São Paulo, no Rio de Janeiro e em diversas capitais do país não deixaram dúvidas: a sociedade brasileira está mobilizada contra duas iniciativas que, para muitos, representam um ataque direto ao Estado de Direito — a chamada PEC da Blindagem e o projeto de lei de anistia.

Milhares de pessoas ocuparam as ruas em atos pacíficos, mas intensos, denunciando o que consideram ser uma tentativa de privilegiar políticos e enfraquecer a igualdade perante a lei. A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, prevê que o Supremo Tribunal Federal só poderá abrir processos contra parlamentares com aval prévio do Congresso.

LIMITAÇÃO – Na prática, essa medida limitaria a atuação da Justiça e abriria espaço para a impunidade, um retrocesso institucional de peso. Já o projeto de anistia, que pretende beneficiar réus e investigados por ataques antidemocráticos, é visto como ainda mais grave, uma vez que os julgamentos sequer foram concluídos.

A resposta das ruas foi clara: não há clima político nem social para blindagens ou perdões coletivos. Segundo levantamento da Veja, atos contra as duas medidas ocorreram em mais de 30 cidades e 22 capitais, em uma das maiores mobilizações deste ano.

Para lideranças como Guilherme Boulos, o recado ao Senado é direto: a população não aceitará que parlamentares se coloquem acima da lei nem que anistias sejam usadas como ferramenta de esquecimento seletivo. O tom das manifestações reflete a percepção de que tais iniciativas não são apenas extravagantes, mas também ilegítimas, pois afrontam o princípio democrático de responsabilização.

RESPONSABILIZAÇÃO – Ao lado das faixas e cartazes, o sentimento era de que a democracia só se fortalece quando todos respondem por seus atos, independentemente de cargos ou alianças políticas. No centro da disputa está um dilema maior: de um lado, defensores da blindagem e da anistia alegam que o Judiciário extrapola funções e que seria preciso reequilibrar os poderes; de outro, críticos sustentam que esse argumento não pode servir de pretexto para enfraquecer investigações e permitir que agentes públicos escapem de punições.

O risco é institucional e simbólico: se o Congresso insistir em aprovar essas medidas, poderá abrir um precedente perigoso e corroer a confiança da sociedade nas instituições. Mais do que um recado, as ruas deram um aviso inequívoco: a democracia exige limites claros ao poder, e qualquer tentativa de subvertê-los será enfrentada com mobilização popular. O Brasil vive um momento em que ignorar esse clamor não é apenas um erro político — é um atentado contra a legitimidade do próprio sistema democrático.

22 thoughts on “A voz das ruas contra a blindagem e a anistia não dá margem a dúvidas

  1. As sanções do Trump contra o lawfare totalitário da Organização Petista adoradora de ditaduras medievais e narcotraficantes e antissemita, não deixa dúvidas: O eixo Democrático não vai permitir que esta pilantragem transformem o Brasil em plataforma ocidental do Eixo ditatorial na disputa pela hegemonia da quarta Revolução Tecnológica. É a Economia, desavisado!

    Até quando estes “progressistas” que querem obstar o avanço da História e do desenvolvimento exponencial das forças produtivas, quixotescamente tarifando e censurando as big techs, vão continuar na sua viagem para trás no tempo, em sua realidade paralela metafísica.

    Trump vai ter que queimar muitos B2s pra despertar esta turma pra realidade.

    • Pra publicar textos do Pedro pela Tribuna é prova inconteste que se trata de um cara digno, escorreito, bom de serviço, mas este texto parece-me mais uma provocação dos bolsonaristas do que algo que diga o que pensa. Não é possível um jormnalista deste porte, que deve buscar fontes informacionais fidedignas possa viajar tanto na maionese.

      • Parece-me uma tática de obliteração. “Taia-se” o sangue do adversário, causando-lhe descontrole emocional e psicológico, para, enfraquecido, o ataque final.

        Porque os fundamentos elencados carecem de qualquer comprovação práxica.

        Sabe-se que os artistas que foram, o fizeram como agradecimento à caixa aberta de recusrsos públicos privatizados por estes pilantras, extraidores da mais valia absolutíssima.

        Fora uma micareta de picaretas!

  2. O “adevogado” do Trumps conhece melhor nossos artistas oportunistas, que topam tudo por dinheiro, melhor que o missivista Pedro.

    “ESTADOS UNIDOS – Advogado da Trump Media & Technology Group – empresa de comunicação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump -, Martin De Luca criticou o ato musical de esquerda que acontece em diferentes estados do país no domingo (21) e conta com nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Daniela Mercury.

    Em série de postagens no X, Martin De Luca apontou que os artistas em questão recebem patrocínio do governo para seus projetos culturais há anos.

    – Caetano teve diversos projetos aprovados pela Rouanet ao longo de décadas. Ele é a face pública das turnês apoiadas pelo Estado; frequentemente convocado para ser a atração principal de eventos oficiais, culturais ou de interesse público. Ele é um dos exemplos mais claros de como o aumento repentino de patrocínios da estatal Lula se reflete em turnês de grandes artistas – escreveu De Luca.

    Na sequência, falou sobre Gilberto Gil:

    – Gilberto Gil [é] beneficiário de longa data do Rouanet: diversos projetos aprovados para shows, turnês e gravações. Recebeu patrocínio da Petrobras, Banco do Brasil e BNDES para turnês e projetos culturais nas últimas décadas. Gilberto Gil e sua família se apresentaram em grandes festivais com patrocínio da Caixa e da Petrobras. O mais interessante é que Gilberto foi Ministro da Cultura (2003-2008), idealizador da Reforma Rouanet e defensor direto da expansão do incentivo à cultura. Seu nome é sinônimo de política cultural estadual; projetos ligados a ele ou à sua família são frequentemente aprovados – adicionou.

    De Luca também mencionou o caso de Chico Buarque, que se apresenta com Caetano e Gilberto no ato de Copacabana, Rio de Janeiro.

    – Um projeto de 2018 para um livro fotográfico sobre ele foi aprovado por R$ 417 mil; relatos mostram que R$ 280 mil foram arrecadados. Musical sobre Chico: Nossa História com Chico Buarque (Rio/São Paulo) montado com patrocínio da BB Seguros (grupo Banco do Brasil). E já realizou shows de homenagem em espaços da marca Petrobras. Chico negou consistentemente que seus próprios programas sejam financiados pela Rouanet e entrou com ações judiciais por falsas alegações. No entanto, sua imagem, catálogo e persona ancoram produções que recebem apoio da SOE/Rouanet – pontuou.

    Para o advogado, “os três nomes no cartaz do comício estão interligados ao ecossistema de financiamento cultural do Estado”.

    Em outras publicações, De Luca também criticou outros artistas, como Marina Sena, Maria Gadú e os Garotin, confirmados em Copacabana. Ele ainda mencionou Daniela Mercury, atração prevista para o ato em Salvador.

    – Oh Daniela Mercury… Daniela é a atração principal do espetáculo Uma Chica no teatro da CAIXA Cultural. O programa tem patrocínio direto da CAIXA e do Governo Federal, como parte da série CAIXA Cultural. Este é o mesmo fim de semana do cartaz do comício “Salvador nas Ruas”. Em 1º de janeiro de 2025, Mercury foi a atração principal do espetáculo de Ano Novo Pôr do Som no Farol da Barra, em Salvador. O evento foi patrocinado pelo governo do estado da Bahia (Secult-BA), que confirmou publicamente o financiamento – observou.

    – Ela é uma artista frequente no carnaval de Salvador, que recebe regularmente subsídios públicos (municipais e estaduais) para segurança, logística e programação cultural. Mercury também participou de eventos e comemorações do orgulho patrocinados publicamente, onde os governos municipais/estaduais fornecem infraestrutura e co-branding – completou.

    Os atos em questão visam protestar contra a anistia aos condenados pelo suposto golpe de Estado e também a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Prerrogativas, em discussão no Congresso”.

    Fonte: https://obidense.com.br/noticia/17138/advogado-da-trump-media-critica-caetano-chico-e-gilberto-gil

      • Um cara bem informado, jornalista, intelectual (ou mais um gênio imbecilizado?)que despreja tanto a realidade, só pode ser um provocador.

        É muita viagem na maionese falar que uma micareta de picaretas possa mudar alguma coisa no cenário, agora internacional.

        Brasil sempre teve Carnaval e nunca aconteceu nada de extraordinário na RealPolitik.

        Defender a decadente moral, civilizacional e temporal Organização Petista faz mal pro equilíbrio intelecto-emocional de qualquer um.

    • Marx explica o apoio “desinteressado” dos tais artistas pilantras:

      “Shakespeare em Tímon de Atenas:

      “Que é isto? Ouro? Ouro amarelo, brilhante, precioso? Não, deuses: eu não faço protestos vãos. Raízes quero, ó céus azuis! Um pouco disto tornaria o preto branco; o feio, belo; o injusto, justo; o vil, nobre; o velho, novo; o covarde, valente. Mas, oh, ó deuses! por que é isso? isto que é, deuses? Isto fará com que os vossos sacerdotes e os vossos servos se afastem de vós; isto fará arrancar o travesseiro de debaixo das cabeças dos homens fortes. Este escravo amarelo fará e desfará religiões; abençoará os réprobos; fará prestar culto à alvacenta lepra; assentará ladrões, dando-lhes título, genuflexões e aplauso, no mesmo banco em que se assentam os senadores; isto é que faz com que a inconsolável viuva contraia novas núpcias; e com que aquela, que as úlceras purulentas e os hospitais tornavam repugnante, fique outra vez perfumada e apetecível como um dia de abril. Anda cá, terra maldita, meretriz, comum a toda a espécie humana, que semeia a desigualdade na turba-malta das nações, vou devolver-te à tua verdadeira natureza.”

  3. A inversão de valores está na moda. E durma-se com um barulho desses. Na ONU, na presente semana, estão os grandes vilões globais. Alguns estão ausentes (Putin, Bibi, Maduro, Musk etc) e alguém com coragem inaudita deveria dar cartão vermelho a eles. Do jeito que a “coisa” está só falta marca a data do início da próxima guerra!

  4. O artigo de Pedro do Coutto, magistral como sempre, refletiu a realidade fática, sem tirar nem por.

    O povo voltou às ruas para protestar contra a PEC da Bandidagem e a vergonhosa PEC da Anistia, um liberou geral para quem tramou Golpe de Estado.

    Copacabana, princesinha do mar estava em festa, todo mundo contra os retrocessos dos bolsonaristas, esse grupo a favor de Trump invadir o Brasil, que adotaram a bandeira americana e desistiram da bandeira verde e amarela. Aquela bandeira na Av. Paulista foi uma traição a pátria, de quem usou a falácia de patriotas e depois se viu quem realmente são: capachos de potência estrangeira, no caso os Estados Unidos.

    Se defendem tanto o Donald Trump, o Marco Rúbio, que tarifam o Brasil, provocando desemprego e falência de empresas brasileiras, porque não migram logo para lá, o paraíso na Terra.

    Desde já aviso, que não poderão criticar Trump, sob pena de serem deportados para prisão em El Salvador.

    A máscara do Bolsonarismo está caindo, porque defendem nossos inimigos de corpo e alma.

    Nunca pensei, que fossem fazer isso, trocar a bandeira brasileira pela americana, porque acreditava no patriotismo dessa gente traíra. Me enganei redondamente.
    Quando a gente pensa que já viu um absurdo muito grande, o imponderável da vida humana, vem com mais força ainda.

  5. Falam aí, que as manifestações de domingo foram avassaladoras, porque os artistas cantaram no carro de som.
    Ora, ledo engano, o povo foi às ruas, indignado com a PEC da Bandidagem, um habeas corpus para o cometimento de crimes dos parlamentares.

    Ali em Copacabana, não tinha do só povo da esquerda, tinha todas as classes sociais e políticas, a classe média, os trabalhadores, o povão.

    Nas manifestações capitaneadas pelo capelão religioso, com Bolsonaro e Tarcínico, tinha também o chamamento dos cristãos evangélicos, uma ação legítima e democrática. Aqui na Tribuna, não houve nenhuma crítica, zero.
    Agora, caem de pau em cima dos artistas, que também são cidadãos com todos os direitos da livre expressão.

  6. Dom Pedro, o do Coutto, agora está valorizando a voz das ruas.
    Antes a voz das ruas não queriam dizer nada, agora dizem tudo.
    O PT é um partido safo, quando sentiu que Caetano, Gil e Chico, os anistiados, levavam mais fãs que pão com mortadela às ruas, abriu mais os cofres.
    Não precisam de correr o risco que o cara da mortadela sumisse com a grana e só distribuíam pão seco sem nada dentro.

  7. Esse ato contra a PEC da bandidagem e da anistia aos golpistas foi realizado por quem é verdadeiramente patriota e democrático.

    Os adeptos à ditadura ficaram mordidos, porque a adesão foi grande. E não foi só gente pertencente à esquerda. Quem se importa realmente com o país, apoiou essas manifestações, mesmo quie não tenha comparecido aos atos.

    Serviu de aviso aos congressistas que insistem em pautas pessoais, sem levar em conta da maioria do povo.

    Espero que haja um despertar das classes sempre espoliadas e que manifestações com pautas de caráter econômico que beneficiem a maioria, sejam ainda maiores.

    Pautas defendendo costumes só servem para engambelar os incautos ou analfabetos políticos..

    • “Serviu de aviso aos congressistas que insistem em pautas pessoais, sem levar em conta da maioria do povo.”

      Eles já estão de olhos bem abertos, xará.

      A vaca foi pro brejo e levou o gado junto. rsrs…

      Um abração,
      José Luis

    • Exatamente isso, prezado José Vidal. O Bolsonarismo é um disco arranhado, tocando o bumbo da pauta de costumes e a pregação religiosa, sob a inspiração do capelão evangélico de palanque. Quanto a melhoria das condições do povo, tais como maior oferta de emprego, saúde de qualidade e educação de excelência, a direita bolsonarista não dá a mínima. Pelo contrário, não ajudam e só atrapalham e atrapalharam em quatro anos de governo.

      O líder do PL, deputado pastor da Assembléia de Deus de Madureira, Sóstenes Cavalcante, tentou aprovar o Projeto de criminalização das mulheres, a PEC do Aborto, com pena máxima de 20 anos. O estuprador só pode pegar 10 anos. Eles não gostam de mulheres, porque para o homem 10 para a mulher 20, o dobro senhor deputado bolsonarista?

      As mulheres ocuparam ruas e praças em todas as capitais. Assustado, Sóstenes Cavalcante pediu arquivamento temporário dessa absurda PEC, esperando um momento mais adequado para retornar com esse monstrengo contra as mulheres. No Senado, a Damares Alves apoiou a tese.
      Que fazer?

      Esse mesmo deputado, senhor Sóstenes, que pede 20 anos de pena para as mulheres, deseja Anistia para os homens golpistas e blindagem para deputados, que cometerem crimes no exercício do mandato.

      Uma loucura em cima da outra. Parem o mundo, que quero descer.
      Essa tragédia humana, esse retrocesso Homérico, vem atingindo todas as partes do globo terrestre.

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